19.08

Tim Gallwey esteve no Recife para divulgar a técnica de Coaching que o tornou famoso no mundo inteiro.

Luce Pereira (texto)
Arte DP sobre foto da internet (imagem)

Parcela expressiva do mundo corporativo no Recife ajudou a lotar a enorme sala do Cinemark RioMar, na manhã de quinta-feira, para assistir à palestra do Pai do Coaching, o norte-americano Timothy Gallwey, famoso por descobrir o método conhecido como The inner game (o jogo interior). Os envolvidos são treinados para chegar a conclusões e performances surpreendentes, dando-se conta de que acharam a peça-chave do enigma alimentado por velhos conceitos e práticas, sobretudo nas relações de trabalho. E lá estava ele no palco, antes de começar a palestra, brincando com duas voluntárias e uma bolinha de tênis, símbolo do tempo em que era um jovem treinador daquele esporte, recém-saído da Universidade de Harvard e com muita vontade de descobrir uma fórmula capaz de elevar o rendimento dos seus alunos. Hoje, aos quase 80 anos, circula pelo mundo divulgando a técnica e ampliando o número de instituições e empresas com perfil para levá-la a um contingente cada vez maior de pessoas, isto porque o inner game pode ser aplicado não apenas à relação empregador-empregado, mas a qualquer situação, segundo explicou ele diante da tela imensa onde exibiam-se slides com gráficos simples e precisos.
A voz muito rouca e pouco clara do palestrante era compensada pela de um jovem e bem-humorado tradutor, que vez por outra arrancava risos discretos da plateia. É que leveza vem a ser exatamente um dos elementos do método proposto por ele, em substituição ao estresse e ao medo de errar, dois inimigos com força para comprometer as chances de bons resultados. Tim conta que pôde constatar isso durante as aulas ao descobrir que suas orientações não se transformavam em aprimoramento dos treinos porque os comandados ouviam e reagiam a elas pensando apenas em cumpri-las à risca. E porque não conseguiam sair do engessamento da obrigação de acertar, não relaxavam para utilizá-las como complemento das próprias habilidades. Era preciso, pois, prestar atenção em detalhes como a trajetória da bola, as costuras que havia nelas, a curva que fazia e assim diluir a preocupação com o acerto, deixar a jogada fluir com leveza. Pronto: vinham juntos prazer e crescimento.
Este foi o princípio da descoberta e ela acabou chegando a grandes corporações do país empenhadas em melhorar o desempenho da produção – e dos lucros, consequentemente. Mas até levar empresas como a Apple e a AT&T a uma transformação surpreendente operada a partir de treinamentos a funcionários comuns e diretores, o pai do Coaching – que na faculdade estava entre os alunos de Skinner, o às da psicologia experimental – foi provocado por um canal de TV a provar, ao vivo, que não era charlatão e que a técnica poderia ser aplicada a qualquer desafio. O seu seria ensinar tênis, em 20 minutos, a uma senhora com mais de 50 anos e mais de 20 quilos de sobrepeso. Este tornou-se um case no mundo empresarial, à época.
Simples e carismático, Gallwey – trazido pela Portela & Cavalcanti, empresa de Coaching especializada no seu método – ensinou que palavras como escolha, consciência, confiança e foco são as que abrem o caminho para se atingir a meta desejada, porém salientou que, para além das conquistas materiais, elas, quando utilizadas pela técnica, ajudam a evoluir em termos humanos. “É o que todos buscamos”, disse. Os dois primeiros livros sobre o assunto, que se tornaram best sellers (The inner game of tennis e The inner game), não são vistos facilmente em livrarias, porque as edições se esgotaram num piscar de olhos, mas vale o esforço para encontrá-los.