Mulheres de Hollywood unidas contra o assédio
Atrizes, diretoras, agentes e executivas criam fundo para ajudar também as pessoas da vida real
Agência France-Presse (texto)
Greg (arte)
Mais de 300 mulheres de Hollywood, entre elas Meryl Streep e Cate Blanchet, revelaram ontem uma iniciativa para enfrentar o assédio sexual generalizado na indústria do entretenimento e em outros empregos “menos glamurosos” em todo os Estados Unidos. Dezenas de outras atrizes, como Jennifer Lawrence e Emma Thompson, além de escritoras, diretoras, agentes e executivas se uniram ao plano.
A iniciativa, chamada Time’s Up, inclui um fundo de defesa legal que até agora arrecadou US$ 13,4 milhões da sua meta de US$ 15 milhões para proporcionar apoio legal subsidiado a mulheres e homens que foram sexualmente assediados, agredidos ou abusados em seu local de trabalho.
“Com muita frequência, o assédio persiste porque os perpetradores e os empregadores nunca enfrentam nenhuma consequência”, expressaram as promotoras do plano em uma carta aberta publicada no site do grupo, assim como em um anúncio de página inteira no The New York Times e no jornal em espanhol La Opinión.
Time’s Up, que se traduziria como “o tempo acabou”, também pede que haja mais mulheres em postos de poder e liderança, assim como igualdade de benefícios, oportunidades, remuneração e representação para as mulheres, e insta os meios a concentrarem a atenção nos casos de abuso em “mercados menos glamourosos e valorizados”.
O movimento se formou depois de que uma avalanche de acusações pôs fim à carreira de homens poderosos do entretenimento, dos negócios, da política e dos meios de comunicação, provocada pelo escândalo de má conduta sexual do produtor de Hollywood Harvey Weinstein.
“Seguimos comprometidos a fazer com que nossos lugares de trabalho sejam responsáveis, impulsando mudanças rápidas e efetivas para que a indústria do entretenimento seja um lugar seguro e equitativo para todos”, afirma a carta.
No mês passado, o diretor da Ford Motor Company se desculpou com os empregados de duas fábricas em Chicago e prometeu mudanças, depois que o Times expôs em detalhes o assédio generalizado às mulheres nas instalações desde a década de 1990. Foi uma das primeiras investigações midiáticas importantes sobre o assédio sexual em lugares de trabalho da classe operária.
A Time’s Up presta atenção especial a pessoas com baixos salários. “Para cada mulher trabalhadora na agricultura que teve que rejeitar avanços sexuais não desejados de seu chefe, cada camareira que tentou escapar de um hóspede agressivo (…), estamos com vocês. Nós os apoiamos”, assegura a carta, assinada, entre outras, por Ashley Judd, Gwyneth Paltrow, Kate Beckinsale e Salma Hayek.
A iniciativa se comprometeu a impulsar uma legislação para fortalecer as leis sobre assédio e discriminação no local de trabalho.
Também promete contar “histórias de mulheres através de nossos olhos e vozes com o objetivo de mudar a percepção e o tratamento das mulheres de nossa sociedade”.
E chama as mulheres para se vestirem de preto na cerimônia dos Globos de Ouro de domingo, como uma declaração contra a desigualdade de gênero e racial, assim como para aumentar a consciência sobre os esforços do grupo.
Outras integrantes proeminentes do Time’s Up são as atrizes Natalie Portman, America Ferrera, Amy Schumer, Halle Berry, Julianne Moore, Keira Knightley, Nicole Kidman, Penelope Cruz, Reese Witherspoon, Scarlett Johansson, Susan Sarandon, Uma Thurman e Viola Davis; a produtora Shonda Rhimes; a presidente da Universal Pictures, Donna Langley; a escritora feminista Gloria Steinem; a advogada e ex-chefe de gabinete de Michelle Obama Tina Tchen; e uma das presidentes da Nike Foundation, Maria Eitel.