Jornalismo tem que ser didático. Uma lição às vezes desaprendida no corre-corre da redação. Ou, quando se tem mais tempo, na tentação de fazer projetos que buscam impressionar mais pela forma do que pelo conteúdo. Ou, quando se tem mais tempo ainda, na repetição de assuntos direcionados a um grupo específico pródigo em elogios de retorno. É impossível definir quem é o leitor ideal. Do outro lado do papel tem criança, adolescente, dona de casa, professor universitário, aposentado, às vezes todos em uma mesma casa. Por isso a missão é ser profundo sem perder de vista a superfície. Esta introdução nem tão didática assim é para destacar a premiação da série Na pegada do carbono como a melhor do Prêmio Cristina Tavares na categoria Texto – Séries, Coberturas Especiais, Reportagens Especiais e Cadernos Especiais. Publicado entre os dias 20 e 30 de outubro de 2013, o conjunto de reportagens escritas pelos repórteres Anamaria Nascimento e Ed Wanderley tinha um propósito claro: traduzir para o cotidiano do leitor um assunto que seria debatido por especialistas em um evento em Fernando de Noronha, o primeiro ambiente de Pernambuco que teria redução sistemática de carbono. O tempo era curto. O Cristina Tavares mostra que a correria com planejamento valeu a pena.
Ao invés de se publicar apenas uma reportagem sobre o projeto de Fernando de Noronha, propus uma série onde a questão da redução de poluentes seria tratada da casa à indústria, passando pelos projetos que cabem ao poder público. Definido o foco, a dupla agora merecidamente premiada saiu em campo em busca de personagens e na confecção dos infográficos, que deixariam os temas menos áridos. Cada página teria sempre duas matérias e um grande quadro com o assunto do dia. O resultado gráfico alcançado, produzido pelos ilustradores Greg, Silvino, Blackzebra e Rafael, da editoria de Arte do Diario, ganha maior dimensão quando as páginas são vistas reunidas em um único produto. A mesma importância vale para as fotografias de Teresa Maia, Bernardo Dantas e Blenda Souto Maior.
A cada página publicada, um ícone era acrescido na barra superior que identificava a série dentro do então caderno de Vida Urbana. Os símbolos foram depois reunidos para construir a capa do e-book – um dos primeiros do Diario – que compilava toda a série para os leitores do iPad. Ele agora pode ser acessado em formato PDF clicando neste link. Na internet, um hotsite ainda apresenta vídeos e material exclusivo, um material que pode ser usado por professores em sala de aula. E nem é por isso que o jornalismo tem que ser didático. É uma obrigação.
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