Uma das tarefas mais difíceis da profissão de jornalista é escrever obituários. Ainda mais quando é de alguém próximo, um colega de profissão. Coube a Rafael Guerra, da editoria de Local, fazer o texto sobre Camila Souza, publicada na edição desta quinta-feira do Diario. Que todos do jornal assinam embaixo.
Antes do texto de Rafael, vale esclarecer a imagem que ilustra a página. A foto foi feita para a campanha dos 187 anos do Diario de Pernambuco, onde os profissionais de diversas áreas do jornal mostrariam cartazes diversos, que seriam depois transformados em vídeo na ilha de edição. A mensagem de Camila reflete a repórter cheia de planos. E por vivermos de letras, sonhamos que ela não se foi.
A vida é sonho
Calderón de la Barca
Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção;
o maior bem é tristonho,
porque toda a vida é sonho
e os sonhos, sonhos são.
Um talento que partiu cedo demais
“Bora ser feliz?” A pergunta estampa a imagem principal do perfil do Facebook da jornalista Camila Souza, de 24 anos. Repórter do Diario desde 2012, ela faleceu na manhã de quarta-feira, após 45 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Esperança. Camila lutava contra um linfoma e seu estado de saúde se agravou por causa de uma infecção. O sepultamento acontecerá nesta quinta-feira, às 10h, no Cemitério de Santo Amaro.
Camila era repórter da editoria Viver. Escreveu sobre vários estilos de música. Literatura, artes plásticas e histórias de personalidades da TV e da web também estavam no cardápio de matérias produzidas por ela.
Jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco em 2011, ingressou no Diario após passar por uma disputada seleção para estágio no Viver, onde ficou um ano. Ao concluir a graduação em jornalismo, atuou em assessoria de imprensa e, poucos meses depois, voltou à redação do Diario como repórter da editoria de Gastrô. Não demorou muito para migrar novamente para a editoria que mais gostava: Viver.
Em novembro de 2013, Camila e a repórter Alice de Souza, da editoria Local, receberam menção honrosa no Prêmio SINDHRio de Jornalismo & Saúde. A reportagem Ossos de vidro, publicada no site do Diario, contou histórias de crianças e adultos que sofrem da doença osteogênese imperfeita, provocada por alteração no gene do colágeno tipo um, proteína estrutural responsável por dar resistência aos ossos e tecidos do corpo.
A reportagem especial foi produzida inicialmente como documentário para o projeto de conclusão do curso de jornalismo, em parceria com Lilith Perboire. Com nota máxima, Alice e Camila ampliaram a reportagem para a web, com textos, infográficos e fotografias.
O velório de Camila teve início na noite de quarta-feira, na capela do Cemitério de Santo Amaro. Emocionados com a perda tão prematura, familiares, amigos e colegas de profissão compareceram à despedida. A jornalista deixou o pai, Jailson Soares de Souza, e o irmão, Pedro Souza. Sua mãe faleceu em 2011.
Conheci a camila no hospital…fui atender uma paciente na UTI do hospital em que sua mãe estava internada e como a equipe deste hospital não conseguia evoluir a paciente, eu entrei no caso e conseguimos fazer com que a mãe de Camila voltasse a andar…enfim Júlia morreu e eu fui ao seu enterro e na quinta-feira eu fui ao enterro de Camila, que me chamava de irmão…a família de Camila acreditou no meu trabalho e nos meus sonhos…estou profundamente triste porque ela não chegou a me ver realizar meu sonho…mas eu vi ela realizar o dela…e isso me faz um pouco feliz.
Prof. Geovany Silva
Fisioterapeuta/Enfermeiro
Estudante de medicina