Reserve um pouco do seu tempo para assistir a este documentário, que se chama Paul Virilio – Pensar a Velocidade. Para facilitar, é uma seleção do filme original, com legendas em espanhol. O filme original legendado em português é exibido no canal pago Curta!. Filósofo autodidata francês dos mais originais, Virilio propõe uma reflexão sobre a velocidade e como a história contemporânea se moldou à pressa das coisas. Ele defende que todos os aspectos da vida cotidiana, cultural, econômica e política estão submetidos a esta “ditadura do tempo real” (as aspas são minhas mesmo).
Para Virilio, além do tempo de larga duração e do tempo do acontecimento, inventamos o tempo acidental, um instante que não participa nem do passado e nem do futuro, e que é fundamentalmente inabitável. Um tempo que se traduz bem nas redes sociais, onde as emoções substituem o interesse comum. Exemplo claro é esta guerra política presidencial que separa amigos nem mais tão próximos fisicamente assim.
E o que dizer do jornalismo? A rapidez da informação nos tira o tempo da análise e o essencial da informação não é o imediatismo. Virilio afirma que, com a revolução industrial, houve a estandardização dos produtos e também das opiniões. As emoções foram sincronizadas, no que classifica como “globalização dos afetos em tempo real” (agora as aspas são dele mesmo).
O bom do documentário é que o futuro hoje da imprensa passa pela capacidade de situar o leitor/ouvinte/telespectador/internauta em todos os tempos possíveis. Nesta miríade de fontes de comunicação, a contextualização é o filtro do melhor conteúdo. Por isso que este blog vai ao passado e avança ao futuro, sabendo que “o melhor lugar do mundo é aqui e agora” (as aspas agora são de Gilberto Gil mesmo)