Uma imagem pode contar muitas histórias. Como esta do acervo do Diario de Pernambuco, datada de 1966, sem crédito do autor. Mostra um trecho entre o Cais José Mariano e a Ponte Velha. As chaminés convivendo com os casarões, as bananeiras e o muro rompido, a água e os homens sem camisa no repouso do trabalho. Poucos nesta época e ainda hoje saberiam dizer quem era o homem que deu nome a esta parte do Centro do Recife.
Jornalista, José Mariano foi um ardoroso defensor da abolição dos escravos. Seu engajamento político rendeu-lhe prisões da parte dos poderosos e prestígio entre os necessitados. Em 1891, é eleito prefeito do Recife mas não consegue assumir. Sua biografia completa pode ser lida aqui. A relação de José Mariano com o Capibaribe, que deságua no mar a partir do Recife, pode ser lembrada em dois episódios. Junto com a esposa, dona Olegarinha, Mariano apoiava os escravos fugidos, fazendo com que escapassem em barcaças carregadas de capim, que passavam defronte da Chefatura de Polícia, na Rua da Aurora. Quando Olegarinha morreu, em abril de 1898, conta-se que muitos negros se suicidaram, envenenando-se ou jogando-se no rio.
Após sua morte, em junho de 1912, os recifenses deram o nome de José Mariano ao cais e ainda foi erigida, em sua homenagem, uma estátua no Poço da Panela. Atento a tudo e por todos.