O livro estava lá, na última prateleira. Uma bem cuidada edição portuguesa cujo título – O inimigo número 1 de Salazar – chamava a atenção porque já me antecipava o conteúdo. Era o que eu precisava para contar a história do assalto ao Santa Maria, um grande navio de passageiros que virou arma de guerra contra uma das ditaduras mais longas do século 20. Um episódio de 1961 que colocou o Recife no mapa da Guerra Fria, atraindo correspondentes de todos os lugares do mundo. Duas semanas depois recebo a informação de que seria lançado um livro pernambucano sobre a história. Foi a partir daí que surgiram as duas páginas publicadas no caderno Viver do domingo. Como a própria autora do livro Último porto de Henrique Galvão – Ana Maria César – destaca, é preciso resgatar, ordenar e analisar os fatos históricos recentes.
A opção foi não ficar detalhando demais o interessante livro de Ana Maria César – que, por sinal, será lançado nesta segunda-feira, às 18h30, na Academia Pernambucana de Letras – porque não haveria espaço suficiente. Melhor seria ressaltar a comoção ocorrida numa “pachorrenta” cidade e os personagens involuntariamente engraçados numa história que poderia acabar tragicamente. O episódio do assalto ao Santa Maria ainda deve receber outras abordagens. Mas a de Ana Maria César, analisando o conteúdo dos jornais da época, é uma importante contribuição à imprensa pernambucana.