AFP
Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL), e seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se enfrentam frente à frente nesta sexta-feira (28) no último debate televisivo, um evento que pode ser determinante a dois dias do segundo turno.
Lula, de 77 anos e favorito nas pesquisas, e Bolsonaro, de 67, debaterão durante duas horas na TV Globo, após um mês de uma campanha tomada por golpes baixos e desinformação na TV e nas redes sociais.
Na última pesquisa do Instituto Datafolha, publicada na quinta, Lula recuperou uma vantagem de seis pontos ao somar 53% das intenções de voto contra 47% do atual presidente, considerando os votos válidos, exceto brancos e nulos.
Na semana anterior, essa distância havia encolhido de seis para quatro pontos.
No primeiro turno, em 2 de outubro, Lula obteve 48% dos votos e Bolsonaro surpreendentes 43%, superando o que antecipavam as pesquisas.
Em um cenário de alta polarização, o debate é considerado fundamental.
“A única coisa que pode mudar (a situação) nesse momento é o debate. Cinquenta e cinco por cento dos eleitores brasileiros dizem que o debate é muito importante na decisão deles, o debate da Globo geralmente por ser o último tem muita audiência e isso pode fazer a diferença. Qualquer escorregão, qualquer fala mal colocada acaba sendo muito determinante”, disse à AFP o cientista político Felipe Nunes, diretor da consultoria Quaest.
No debate anterior, em 16 de outubro na TV Bandeirantes, a interação de Bolsonaro e Lula foi menos agressiva do que no primeiro turno, quando trocaram ataques diretos na presença de outros candidatos.
Bolsonaro demonstrou confiança após o resultado do primeiro turno, mas ao menos dois fatos da última semana podem ter complicado seu avanço: declarações de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre uma possível desvinculação do aumento do salário mínimo ao índice de inflação, e o polêmico comportamento do ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson, que respondeu a uma ordem de prisão com granadas e tiros que feriram dois policiais.
Sob pressão, Bolsonaro, que havia deixado de lado suas críticas ao sistema de voto eletrônico, levantou nesta semana um novo foco de suspeitas ao denunciar supostas irregularidades na divulgação de inserções de propaganda eleitoral em rádios do nordeste do país.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou as acusações por falta de indícios mínimos de provas e advertiu a campanha do presidente que a denúncia apresentada poderia constituir um “crime eleitoral” com a “finalidade de tumultuar o segundo turno” a poucos dias da eleição presidencial.
Analistas sustentam que Bolsonaro está preparando o terreno para questionar os resultados caso seja derrotado. Isto despertou temores de possíveis incidentes como a invasão do Capitólio nos Estados Unidos em 2021, após a derrota de Donald Trump nas eleições americanas.