MEC apresenta guia para retorno de aula presencial na educação básica

MEC apresenta guia para retorno de aula presencial na educação básica

Por Agência Brasil

O Ministério da Educação (MEC) apresentou, nesta quarta-feira (7), o Guia de Implementação de Protocolos de Retorno das Atividades Presenciais nas Escolas de Educação Básica. O documento foi produzido pelas secretarias de Alfabetização, de Educação Básica e de Modalidades Especializadas de Educação e oferece informações para que as redes estaduais e municipais possam se preparar para um retorno seguro.

O guia reúne normas técnicas de segurança em saúde e recomendações de ações sociais e pedagógicas a serem observadas pelos integrantes da comunidade escolar para um retorno seguro. A decisão de retorno às aulas presenciais, no entanto, é exclusiva de estados e municípios. Entre as orientações, estão o uso obrigatório de máscaras, a garantia de um distanciamento mínimo de um metro entre os alunos, o uso de equipamentos de proteção individual para os profissionais de ensino e a adoção de regimes de revezamento de equipes, para diminuir a circulação de pessoas. O documento está disponível no site do MEC.

Segundo o MEC, o guia foi elaborado com base nas orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), além do Ministério da Saúde. Além disso, no Guia, também, foram considerados os documentos e as sugestões produzidas pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), além dos cuidados relativos à educação alimentar e nutricional e à segurança dos alimentos, elaborados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Estudo investiga se bolsas impactam o desempenho acadêmico de alunos

Estudo investiga se bolsas impactam o desempenho acadêmico de alunos

Eles sempre estudaram em escola pública, autodeclaram-se pretos, pardos ou indígenas e a renda mensal de toda a família não ultrapassa cinco salários mínimos. Em comum, ingressaram em uma das principais e mais concorridas universidades públicas do País: no caso, a USP. Receber um auxílio financeiro que permita se dedicarem somente aos estudos poderá impactar no desempenho acadêmico deles? Esta é a investigação que uma pesquisa do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP, em São Paulo, está realizando com um grupo de 90 estudantes beneficiários de uma bolsa patrocinada pelo banco Itaú-Unibanco.

Os jovens ingressaram na USP em 2018, através do vestibular organizado pela Fuvest. O programa de bolsas é uma iniciativa do banco em parceria com a Reitoria. Ele prevê o pagamento de um auxílio de R$ 800 ao mês, custeado pelo Itaú-Unibanco durante todo o período da graduação.

A seleção dos beneficiários foi baseada no critério de cotas sociais (estudantes pretos, pardos e indígenas oriundos de escola pública), socioeconômicos (renda familiar menor do que cinco salários, grau de instrução do responsável) e matriculados em cursos da USP na capital. O número final de candidatos às bolsas chegou a 621 jovens, e os escolhidos saíram de um sorteio feito através de um software.

O pagamento do benefício começou no segundo semestre de 2018 e é renovado a cada seis meses, caso os alunos atendam a alguns requisitos: não ter mais do que duas pendências por semestre, se for reprovado em alguma disciplina, é possível cursá-la de novo, mas precisará ser aprovado; entregar relatórios regulares sobre as disciplinas que estão cursando e o desempenho nelas; e relatar as principais dificuldades nas matérias. A gestão fica por conta da Pró-Reitoria de Graduação (PRG) da USP e quem não cumpre as regras perde a bolsa.

Durante todo o período de vigência do programa, o desempenho acadêmico dos alunos será acompanhado por um estudo liderado pela professora Marta Arretche, do Departamento de Ciência Política da USP e pesquisadora do CEM.

Análises preliminares de 2018 e 2019

Neste segundo semestre de 2020, o programa de bolsas está completando dois anos. Os pesquisadores divulgaram os resultados preliminares sobre como os beneficiários têm se saído em relação aos outros estudantes da USP.

Um dos pontos analisados na pesquisa do CEM foi em relação à evasão escolar registrada até o primeiro semestre deste ano. Dos 11.035 ingressantes na USP em 2018, 1.699 deixaram de prosseguir com seus estudos na graduação que escolheram.

A maior parte dos desistentes foi entre o grupo Fuvest (demais) – 1.016, seguido do Sisu – 531 e do Fuvest (EP+PPI) – 150. Já entre os bolsistas, apenas dois deixaram os seus cursos.

“É forte dizer que a relação é causal, que a bolsa é o único fator que configura para esse resultado, mas é um dado muito impressionante que a taxa de evasão entre os alunos que recebem essa bolsa é muito mais baixa”, comentou Arretche.

Antes de analisar a trajetória acadêmica dos bolsistas, a pesquisa comparou a performance deles no vestibular. Na época do processo de seleção de 2018, a USP ainda adotava o sistema de bônus na nota, que acrescia pontos caso o vestibulando tivesse estudado em escola pública ou fosse EP/PPI.

A pesquisadora do CEM explica que, na avaliação, foi utilizada a nota dos bolsistas sem o acréscimo de pontos. “Para comparar a trajetória deles com os outros alunos, tenho que considerar os dados sem o bônus porque é como eles desempenharam quando fizeram o vestibular.”

Ela avalia que na “entrada do vestibular, esses alunos que são bolsistas, assim como os Fuvest (EP/PPIs), tiveram um desempenho inferior aos que são Fuvest (demais). Era de se esperar que os bolsistas tivessem mais dificuldade.”

Depois de estabelecido o desempenho dos grupos durante o vestibular, foi a vez de saber como os estudantes se saíram nos seus primeiros anos de estudo na USP. Para isso, a pesquisa analisou as notas médias dos bolsistas no primeiro e no segundo semestre de 2018 e 2019 e as comparou com os outros três grupos.

Arretche chama atenção que o desempenho de quem participa do programa de bolsas tem uma distribuição similar do grupo Fuvest (demais). Outro ponto são notas médias acima do grupo Fuvest (EP/PPI) e uma maior homogeneização do desempenho, ou seja, não há bolsistas com notas extremas para baixo.

O estudo do CEM também avaliou a performance dos estudantes de acordo com os cursos de graduação. Para obter os dados, eles avaliaram a mediana das notas dos alunos no vestibular identificando os cursos mais e menos competitivos.

Arretche dá um exemplo desse cálculo. “Reunimos a mediana das notas no vestibular de todos os 158 alunos que entraram em Medicina, o valor deu próximo a 800.” Esse procedimento foi adotado para todos os cursos. Assim, chegou-se a um intervalo de notas entre 400 e 700, que orienta os cursos menos competitivos, como licenciaturas, para os mais competitivos, como engenharias.

Depois dessa classificação por cursos, foi a hora de verificar as notas dos alunos de acordo com o perfil da graduação. No segundo semestre de 2019, o desempenho acadêmico dos bolsistas em cursos competitivos foi similar ao do grupo Fuvest (demais). Já os estudantes Fuvest (EP/PPI), que não tiveram bolsas, enfrentaram mais dificuldade. Mas seu desempenho não compromete a qualidade dos cursos.

Os dados preliminares apontam que os bolsistas entraram na USP com notas inferiores em relação aos outros estudantes, mas essa desvantagem na entrada é revertida ao longo dos semestres, com o desempenho melhor dos bolsistas e até superando outros grupos.

Para a pesquisadora, “é preciso ser cauteloso em dizer que é a bolsa a causa direta do bom desempenho dos estudantes, mas os dados são fortes, e não há evidência para dizer o contrário”. O estudo do CEM ainda continuará acompanhando os grupos até o final de 2021, quando será finalizado.

“Estamos interpretando que os bolsistas tiveram desempenho pior na entrada do vestibular, mas que depois, se tiverem condições, apoio, eles se desempenham melhor”, destaca a pesquisadora.

O estudo do CEM também avaliou a performance dos estudantes de acordo com os cursos de graduação. Para obter os dados, eles avaliaram a mediana das notas dos alunos no vestibular identificando os cursos mais e menos competitivos.

Arretche dá um exemplo desse cálculo. “Reunimos a mediana das notas no vestibular de todos os 158 alunos que entraram em Medicina, o valor deu próximo a 800.” Esse procedimento foi adotado para todos os cursos. Assim, chegou-se a um intervalo de notas entre 400 e 700, que orienta os cursos menos competitivos, como licenciaturas, para os mais competitivos, como engenharias.

Depois dessa classificação por cursos, foi a hora de verificar as notas dos alunos de acordo com o perfil da graduação. No segundo semestre de 2019, o desempenho acadêmico dos bolsistas em cursos competitivos foi similar ao do grupo Fuvest (demais). Já os estudantes Fuvest (EP/PPI), que não tiveram bolsas, enfrentaram mais dificuldade. Mas seu desempenho não compromete a qualidade dos cursos.

Os dados preliminares apontam que os bolsistas entraram na USP com notas inferiores em relação aos outros estudantes, mas essa desvantagem na entrada é revertida ao longo dos semestres, com o desempenho melhor dos bolsistas e até superando outros grupos.

Para a pesquisadora, “é preciso ser cauteloso em dizer que é a bolsa a causa direta do bom desempenho dos estudantes, mas os dados são fortes, e não há evidência para dizer o contrário”. O estudo do CEM ainda continuará acompanhando os grupos até o final de 2021, quando será finalizado.

Maioria das universidades federais retoma aulas remotas após suspensão

Maioria das universidades federais retoma aulas remotas após suspensão

Por Agência Brasil

Após um período com a maior parte das aulas suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus, a maioria das universidades federais chega a outubro oferecendo aulas remotas na graduação. De acordo com o portal Coronavírus – Monitoramento das Instituições de Ensino, criado pelo Ministério da Educação (MEC), 66 das 69 universidades federais brasileiras estão oferecendo aulas a distância para os estudantes. Outras duas estão funcionando parcialmente.

“Temos universidades que estão com calendários absolutamente distintos umas das outras. Temos unidades que conseguiram superar seus problemas de calendário e vão conseguir iniciar 2021 naquilo que seria o período normal, no início do próximo ano. Temos universidades que vão precisar de um período maior para regularizar a situação”, disse o vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Marcus Vinicius David, reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora, em seminário online para discutir os desafios da educação pública na pandemia.

As universidades federais são vinculadas ao Ministério da Educação (MEC), mas têm autonomia para avaliar, entre outras questões, as melhores decisões de acordo com o local onde estão inseridas.

A Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, retomou as atividades de ensino do primeiro semestre de 2020 apenas no segundo semestre deste ano, no dia 17 de agosto, de forma não presencial. O semestre deve seguir até o dia 18 de dezembro. Não há, na instituição, previsão de retomada das atividades presenciais.

“A decisão, quando houver, vai considerar o cenário da pandemia no Distrito Federal e no Brasil. No momento, a prioridade é manter o isolamento social e, assim, salvar vidas. O semestre 1/2020 [primeiro semestre de 2021] é atípico, com as adaptações exigidas pelo momento, mas igualmente válido”, informou a universidade, em nota.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também optou pelas aulas remotas. Antes de iniciá-las, anunciou, em junho, o programa Auxílio Inclusão Digital. A intenção era ofertar até 13 mil kits de internet, que incluíam chip ou chip mais modem, em ambos os casos com franquia de internet móvel a estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. As aulas remotas deverão seguir até o final do ano. De acordo com a instituição, as aulas presenciais serão retomadas apenas quando houver vacina para o novo coronavírus (covid-19).

De acordo com a plataforma do MEC, há previsões para o encerramento do ano letivo de 2020 nas instituições até maio de 2021. A plataforma, que pode ser acessada pela internet, é atualizada, segundo o MEC, pelas próprias instituições.

Impactos no Enem

Segundo David, esse descompasso pode significar “um problema real pela frente”. O calendário impactará o ingresso de novos estudantes, principalmente, pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, cuja versão impressa será aplicada nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021, e a versão digital, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

O exame é hoje uma das principais formas de ingresso nas instituições federais de ensino superior, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 5,8 milhões de estudantes estão inscritos para fazer o Enem 2020.

Também no seminário online, veiculado na última quinta-feira (1º), o presidente do Inep, Alexandre Lopes, disse que o MEC está atento a essas questões e que uma solução poderá ser um terceiro Sisu. O processo seletivo é feito duas vezes por ano, no entanto, por conta da pandemia, poderá ser feita uma terceira edição entre o primeiro e o segundo semestre de 2021. Com isso, as instituições que não conseguirem concluir o semestre letivo a tempo da primeira edição do Sisu, poderão participar da edição seguinte. “Aquele aluno que fez a prova, então teria três oportunidades de Sisu para o ano que vem”, disse.

A questão ainda está sendo discutida.

O ensino remoto foi uma alternativa encontrada tanto na educação básica, que vai do ensino infantil até o ensino médio, quanto no ensino superior para que as aulas seguissem de alguma forma ainda em 2020. Um dos desafios encontrados foi o acesso à internet. Um a cada quatro brasileiros não têm acesso à internet, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mesmo entre aqueles que acessam a rede, há desigualdades, nem todos os estudantes possuem um computador ou um local adequado aos estudos.

Combate à pandemia

Apesar de estarem com a maior parte das atividades presenciais suspensas, as universidades federais têm, desde o início do ano, um importante papel no combate à pandemia no Brasil. Também de acordo com o portal de monitoramento do MEC, são cerca de 1,7 mil ações realizadas, que beneficiam quase 25 milhões de pessoas em todo o país. As ações vão desde a produção de álcool em gel e equipamentos de proteção até o desenvolvimento de vacinas.

Estudantes recifenses recebem a maior nota do país em olimpíada de matemática internacional

Estudantes recifenses recebem a maior nota do país em olimpíada de matemática internacional

Alunos disciplinados e comprometidos colhem bons resultados. Um grupo de nove estudantes do Recife conquistou o 1º lugar geral do Brasil na Olimpíada Internacional de Matemática e do Conhecimento (OIMC), que contou com participações de alunos do Canadá, China, Austrália, Cabo Verde e Moçambique. A equipe Adiminions, composta por adolescentes do 8º e 9º ano do Colégio Núcleo, garantiu a melhor pontuação geral entre todas as categorias e escolas da disputa. A equipe é formada pelos alunos Fernando Luís dos Anjos, João Vitor Espada, José Guilherme Araújo, Luana Ferraz, Matheus de Menezes, Pedro Henrique Ramos, Malu Mayara Magno e Vinícius de Amorim, todos do 9º ano, e Paulo Cezar Ramos, do 8º ano do ensino fundamental.

“Essa competição, em especial, teve um formato interessante, com um desafio à parte, inserindo a matemática dentro de vários contextos. Os estudantes tinham que pesquisar as informações até chegar em um número. Para só então resolver os problemas de matemática”, detalha o professor-orientador que ensina matemática olímpica, Adim Mendes. A pontuação máxima possível era de 74.400 e este grupo atingiu 62.000 pontos.

O professor de matemática olímpica, Adim Mendes, foi quem orientou o grupo e inspirou o nome da equipe. Foto: Colégio Núcleo/Divulgação

“O diferencial foi ver o entrosamento da equipe na hora de competir. Eles souberam administrar bem o tempo e se saíram muito bem. Trabalhamos em grupo online e isso foi um desafio maior ainda. A olimpíada neste formato foi novidade para todos, inclusive pra mim. O que acabou se tornando uma experiência única”, comemora o professor. Ao longo dos meses de preparação, a relação entre alunos e professor se estreitou e rendeu até homenagem. “Segundo eles, eu era o ‘Malvado Favorito’ e eles, os minions, em referência ao filme de animação. Por isso, ficou Adiminions“, explica. “Temos uma rotina intensa de aulas regulares de matemática e as extras voltadas para a prática olímpica. Nosso trabalho deu muito certo”, conta o professor que se orgulha da dedicação dos alunos com idades entre 14 e 15 anos. “Foi uma conquista muito boa para toda turma, principalmente em um ano de pandemia, mostrando o quanto eles capazes”, complementa.

A OIMC é uma competição que mistura outras áreas do conhecimento, além de atualidades, história, geografia, ciências, tecnologia e artes. Podem participar todos os alunos matriculados no Ensino Fundamental e na 1ª série do Ensino Médio. “Vimos que o regulamento se encaixou perfeitamente com o projeto pedagógico do Colégio. A primeira fase é totalmente multidisciplinar e requer pesquisa com temas de várias áreas de conhecimento”, explica a diretora Olímpica e de intercâmbio do Núcleo, Thatiana Stamford. A instituição contou com mais de 100 alunos inscritos na primeira fase, que formaram 24 grupos, sendo 14 deles aprovados para a etapa seguinte, programada para 21 de outubro. Em seguida, os alunos vão disputar a etapa internacional da Hope Cup International, na China.

Estímulo
No Colégio Núcleo, os alunos a partir do 6º ano do ensino fundamental são estimulados a buscarem atividades extracurriculares. No turno da tarde, os interessados podem optar por um aprofundamento que são as aulas olímpicas de disciplinas como matemática, física, química, biologia, história, linguística, astronomia e robótica. Dentro deste projeto, os estudantes participam de mais de 30 Olimpíadas de Conhecimento. “O que emociona a gente é a dedicação. Eles estão buscando conhecimento, querem se divertir, ter contato com pessoas de outros estados e até países diferentes. É muito gratificante para qualquer educador”, comenta a diretora Olímpica e de intercâmbio do Núcleo, Thatiana Stamford.

Habilidades socioemocionais na escola do pós-pandemia

Habilidades socioemocionais na escola do pós-pandemia

Por Estado de Minas

Não é de hoje que as discussões sobre o desenvolvimento de habilidades socioemocionais estão vivas na realidade da escola. O movimento, que já vem de um olhar atento desde os últimos 5 anos, ganhou força em 2020, principalmente, com a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em todo o país. Este documento, além de elencar 10 competências gerais para crianças e jovens estudantes, aborda com profundidade a necessidade de olharmos para os alunos de forma integral. Agora, mais do que nunca, aprendemos com a pandemia como é importante promover o acolhimento emocional dos nossos alunos e valorizarmos tais habilidades.

Os programas socioemocionais, entre diversas ações, buscam:

• Promover o autoconhecimento e protagonismo do aluno;
• Desenvolver o senso crítico e atuação ética na sociedade;
• Incentivar a inserção social a partir da construção de valores;
• Criar relações consistentes de maneira responsável.

No entanto, de março para cá, com os desafios que diversas instituições de ensino vêm enfrentando, desde sua organização estrutural e mínima para dar continuidade às aulas, até aqueles relacionados ao acolhimento da comunidade escolar, passamos a olhar o desenvolvimento socioemocional com foco na saúde mental. E isso é natural, afinal, a mudança brusca da forma como concebemos o espaço escolar gerou impactos emocionais que não podem ser negligenciados e que foram motivados, em especial, por alguns fatores: distanciamento, ruptura das relações humanas, incertezas e mudança no processo de ensino-aprendizagem.

Antes de mais nada, é importante considerar que a abordagem das habilidades socioemocionais no campo da escola deve promover a construção de valores de forma consistente, considerando que a inteligência emocional passa a ser desenvolvida quando o aluno se torna mais consciente de suas potencialidades e fragilidades. A partir disso, aqui vão algumas sugestões para desenvolver tais práticas em um contexto pós-pandemia, com cada segmento:

Educação Infantil
Uma das maiores preocupações com o público infantil é o impacto no desenvolvimento humano e social. As habilidades socioemocionais estão vivas neste segmento e a interação entre pares é fundamental para conhecer a si mesmo e ao outro. Além disso, é um espaço para construção de afetividade e criação de vínculos. Portanto, é muito importante que professores possam promover atividades de integração da turma, que retomem o quão prazeroso é quando estão juntos, e que também conscientizem de que mudanças na forma como nos relacionamos não diminui o cuidado o outro. Se, hoje, a professora não pode abraçar, por exemplo, como podemos promover um abraço virtual? Reúna seus alunos e incentive-os a escrever um cartão para enviar aos colegas como forma de demonstração de carinho e criação de vínculos.

Ensino Fundamental
Neste segmento, o desafio está na construção de laços e promoção da autonomia do aluno. Os alunos do Ensino Fundamental, geralmente, estão se descobrindo e criando grupos de afinidades com colegas, além de desenvolver valores mais consistentes que requerem responsabilidade. Por isso, é importante que a escola promova ações de união e espírito de time, para que eles reconheçam como os laços consistentes são fundamentais para que sejam cada vez melhores consigo e com o próximo. Procure promover atividades de reconhecimento dos pares e valorização das boas práticas disseminadas na turma.

Ensino Médio
Diferente dos outros dois segmentos, no Ensino Médio, o aluno passa a se questionar sobre seu propósito de vida e caminhos futuros, para além do cenário escolar. Especificamente na 3ª série, esse sentimento fica latente com a pressão frente ao vestibular e processos seletivos. Dessa forma, as atividades com foco em habilidades socioemocionais devem estar voltadas ao projeto de vida deste estudante, considerando habilidades necessárias para que ele projete o futuro e saiba fazer o autogerenciamento das incertezas. Vale considerar que, por viverem uma trajetória escolar marcada pelo ensino presencial, acabam sentindo dificuldades de se organizar com a quantidade de tarefas e atividades on-line, por mais que sejam nativos digitais e familiarizados com ferramentas tecnológicas. Portanto, promova atividades que deem voz a estes estudantes e relevância aos seus anseios, desenvolvendo ações de autoconhecimento, tomadas de decisões e inserção social, com olhar para objetivos pessoais e profissionais.

O mais importante é considerar que fortalecer o desenvolvimento de habilidades socioemocionais se torna essencial para preparar jovens estudantes para um futuro que ainda não conhecemos, mas que certamente vai requerer que eles saibam se conhecer para poder agir e gerar impacto na sociedade.

Brasil tem, em média, menos de 1 computador para 4 alunos de 15 anos

Brasil tem, em média, menos de 1 computador para 4 alunos de 15 anos

Por Agência Brasil

No Brasil, há, disponível nas escolas, em média, menos de um computador para cada quatro estudantes de 15 anos. Essa situação coloca o país em penúltimo lugar em um ranking de 78 países e regiões com respostas para esta questão disponíveis no quinto volume de análise dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2018, divulgado hoje (29) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Aplicado a cada três anos, o Pisa avalia o desempenho de estudantes de 15 anos em leitura, matemática e ciências. Além das provas, as escolas respondem a questionários que ajudam a entender melhor a situação de cada país participante. Na última avaliação, de 2018, foram 79 países e regiões. O estudo divulgado nesta terça-feira, Políticas Eficazes, Escolas de Sucesso, é o quinto de seis volumes previstos com análises dos resultados do Pisa.

De acordo com o relatório, em média, os países da OCDE possuem cerca de um computador por estudante para fins educacionais. Países como Áustria, Islândia, Luxemburgo, Macau (China), Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos, possuem até mesmo mais de um computador, chegando a uma média de 1,25 ou mais aparelho por estudante de 15 anos.

Na outra ponta, em países como Albânia, Brasil, Grécia, Kosovo, Montenegro, Marrocos, Turquia e Vietnã, havia apenas um computador ou menos disponível para cada quatro alunos.

O estudo mostra que a relação entre um melhor desempenho dos estudantes e a disponibilidade de computadores varia. Nem sempre estudantes com maior acesso vão melhor nas provas. Mas, no Brasil, assim como, por exemplo, na Estônia, Cazaquistão, Malásia, Nova Zelândia e Ucrânia, estudantes de escolas com mais computadores pontuaram mais em leitura.

Desigualdades

Apesar de os resultados serem de 2018, antes da pandemia do novo coronavírus, de acordo com a OCDE, já é possível notar desigualdades entre países, regiões e entre escolas mais ou menos favorecidas economicamente dentro de um mesmo país que podem ter impacto neste período. Em média, entre os países da OCDE, 27% dos estudantes estavam matriculados em escolas cujos diretores relatam que a aprendizagem é prejudicada pela falta de professores e a falta de pessoal. “Aqueles que podiam, continuaram ensinando e aprendendo online; aqueles que não tinham computadores ou acesso à internet tiveram mais dificuldade”, diz o texto.

Segundo o relatório, garantir que todas as escolas tenham recursos adequados e de alta qualidade, e o apoio apropriado, é fundamental para que os alunos de todas as origens tenham oportunidades iguais de aprender e ter sucesso na escola.

Os resultados mostram que, em casa, assim como na escola, o ambiente de estudos nem sempre favorece a aprendizagem. Em média, entre os países da OCDE, 9% dos estudantes de 15 anos não têm um lugar silencioso para estudar. Essas porcentagens variam entre os países. Na Indonésia, Filipinas e Tailândia, por exemplo, mais de 30% dos alunos não têm um local para estudar.

O estudo remoto, que passou a ser amplamente difundido por conta do fechamento das escolas devido a pandemia, requer também, muitas vezes, um computador. O relatório mostra que, enquanto na Áustria, Dinamarca, Islândia, Lituânia, Holanda, Noruega, Polônia, Eslovênia e Suíça, mais 95% dos alunos relataram que têm um computador em casa para usar nos trabalhos escolares, essa porcentagem é 34% entre os alunos na Indonésia.

Já a conexão da Internet varia entre estudantes com maiores vantagens e desvantagens econômicas. Essas porcentagens chegam, no México, por exemplo, a 94% dos estudantes com maiores vantagens econômicas com acesso a internet contra apenas 29% daqueles economicamente em desvantagem.

Pisa 2018

O Pisa 2018 foi aplicado em 79 países e regiões a 600 mil estudantes de 15 anos. No Brasil, cerca de 10,7 mil estudantes de 638 escolas fizeram as provas. O Brasil teve uma leve melhora nas pontuações de leitura, matemática e ciências, mas apenas dois a cada 100 estudantes atingiram os melhores desempenhos em pelo menos uma das disciplinas avaliadas.

O desempenho na avaliação posicionou o Brasil no 57ª lugar entre os 77 países e regiões com notas disponíveis em leitura, na 70ª posição em matemática e na 64º posição em ciências, junto com Peru e Argentina, em um ranking com 78 países. China e Singapura lideram os rankings das três disciplinas. O Brasil, nos três, fica atrás de países latino americanos como Costa Rica, Chile e México. Supera, no entanto, Colômbia e Peru em leitura e a Argentina em leitura e matemática.