Em 1924, o Diario passaria a circular com 14 páginas, aumentando o seu espaço editorial. Por causa das agências de notícias, o leitor do jornal não poderia se queixar dos assuntos nacionais e internacionais. Através de telegramas, as personalidades eram sempre destaque em cada nova edição. Por contrato com as empresas estrangeiras, o Diario receberia imagens que usaria na seção “Figuras e Factos”, geralmente com temas relativos à Europa.

A edição do dia 27 de janeiro é histórica por reunir todos esses elementos. Foi uma das primeiras do período a estampar três imagens na capa, a principal da “senhorita Birdie Reeve, de 16 annos”, que conseguia datilografar 250 palavras por minuto, utilizando-se apenas de quatro dedos, enquanto Albert Tangora, o campeão norte-americano, não atingia o limite de 147 palavras e mesmo assim usando todos os dez dedos.
A capa do dia traz a informação, numa pequena nota, da morte de Lênin, ocorrida no dia 21. “O Berliner Tageblat, commentando a morte de Lenine diz que o fallecido chefe do governo dos soviets era uma figura tragica, sendo tambem tragica a sua memoria. O chefe dos soviets viveu bastante para verificar que suas idéas não convinham ao proletariado. O Deustche Aligemeine Zeeitung diz que os factos economicos foram mais fortes que as idéas de Lenine”.

Ao passar para a página 3 da edição de 27 de janeiro de 1924, o leitor toparia com um sujeito de bigode à la Carlitos, personagem de Charles Chaplin, grande astro do cinema mudo e já conhecido dos recifenses. Era um político em ascensão quem estava estampado exatamente na seção “Figuras e Factos” do dia. “Uma das personalidades de mais vigoroso destaque da Baviera actual: Adolf Hitler, leader do movimento emancipacionista”. Foi a primeira vez que Hitler apareceu no Diario. Ao longo dos anos seguintes, seu nome e seu indefectível bigode iriam assombrar as edições do jornal.