Em 6 de setembro de 1972, o Diario registrou na sua capa e em mais cinco páginas internas o episódio mais triste de uma Olimpíada. Uma verdadeira maratona do terror. No dia anterior, depois de 18 horas de tensão, 18 pessoas acabaram mortas na Alemanha, em tragédia que teve início na Vila Olímpica e que acabou no aeroporto de Fuerstenfeldbruck, a 80 quilômetros de Munique, sede dos Jogos de 1972.

Foram 11 integrantes da delegação israelense, cinco extremistas árabes, um policial e um piloto de helicóptero. A manchete do jornal trazia dez atletas mortos, mas o número foi corrigido horas depois, quando o jornal já estava nas ruas.

Oito extremistas do grupo denominado Setembro Negro entraram na Vila Olímpica vestindo abrigos esportivos e mochilas. Era madrugada e atletas que voltavam de uma farra pensaram que eram colegas que precisavam de ajuda para pular o muro.

Não havia segurança para impedir a entrada de estranhos, até porque a vigésima edição da Olimpíada tinha o slogan de “Jogos Felizes”.  Ao invadir o prédio da delegação israelense, os extremistas mataram um treinador e um halterofilista e fizeram nove reféns.

O objetivo da ação foi comunicado às autoridades alemãs: os reféns seriam libertados se o governo israelense liberasse 234 prisioneiros da Organização para Libertação da Palestina (OLP) e se o governo da Alemanha Ocidental soltasse a dupla de radicais Andreas Baader e Ulrike Meinhof (fundadores do grupo extremista Baader-Meinhof).

Enquanto as negociações não avançavam, um terrorista encapuzado chegou a ir à varanda para verificar a movimentação policial na frente do prédio. A imagem do fotógrafo alemão Kurt Stumpf correu o mundo e foi publicada na capa do Diario.

Depois de uma série de trapalhadas pela falta de coordenação das forças de segurança, a operação de resgate tramada para o aeroporto acabou com todos os reféns mortos.

A delegação israelense sobrevivente abandonou a Vila Olímpica. Argélia, Filipinas e Egito também deixaram os Jogos, por solidariedade ou medo de represálias. O mesmo ocorreu com atletas de vários países, descontentes com a decisão de se continuarem as provas.

Quarenta anos depois, tentaram fazer com que Londres lembrasse o episódio na abertura de sua Olimpíada. Os organizadores não aceitaram. Mas redobraram a segurança.