Neste 23 de agosto, o hoje unanimidade – título que ele abominaria publicamente – Nelson Rodrigues voltou às páginas de jornais brasileiros graças a uma efeméride. O jornalista, escritor e polemista completaria 100 anos, se vivo fosse. Muita tinta passou pelas rotativas para lembrar a obra deste pernambucano que se fez no Rio de Janeiro. O Diario de Pernambuco também seguiu a tradição. Nossa edição tem quatro página na editoria Viver dedicadas a Nelson Rodrigues, mostrando a sua atualidade com a exposição que será aberta no Recife e com um novo livro de crônicas inéditas.

Mas como ir além das loas impressas a Nelson? A saída foi apontada pelo trabalho dos repórteres Lucas Fitipaldi (Superesportes) e Ed Wanderley (Vida Urbana), que apresentaram inicialmente um projeto de reportagens especiais e vídeos sobre o escritor e sua obra nos dias de hoje. Como quem não se comunica se trumbica, o trabalho sofreu uma guinada no momento em que eles conversaram sobre a produção do material com a diretoria de redação. Todo o conteúdo imaginado por eles não ficaria apenas no jornal. Eu sugeri que fosse feito um registro da “vida como ela é” na única rua que leva o nome do escritor no Recife. Sérgio Miguel Buarque propôs algo mais ousado: pensar como Nelson reagiria às redes sociais. E se ele estivesse no Facebook?

Lucas e Ed toparam o desafio de incorporar um Nelson Rodrigues internauta. Tiveram duas semanas para realizar o projeto. Entrevistaram especialistas, parentes de Nelson Rodrigues, pesquisaram a obra do centenário, conseguiram fotos e vídeos históricos  e escreveram muito. Além de duas páginas no Viver, é deles a concepção e o conteúdo do “Facebook” que entrou no ar na versão online do Diario de Pernambuco. Mas nada disso seria possível sem o engajamento e dedicação do webdesigner João Bosco, que montou o perfil de Nelson praticamente linha por linha, inserindo imagens e vídeos.

O trabalho entrou pela madrugada, a tempo de os tuítes com as frases originais do escritor entrarem na blogosfera. Os envolvidos saíram todos cansados e famintos, mas com o dever cumprido. Jornalismo é isso. Dá até para curtir. Veja o resultado clicando aqui.