Até as 23h de ontem, a capa do Diario de Pernambuco desta sexta-feira era esta que está acima. A redação já começava a se esvaziar quando as luzes se apagaram e o gerador foi acionado. Pelas redes sociais, descobrimos que a coisa era séria. Os relatos eram de um novo apagão no Nordeste. Na noite de 3 de fevereiro de 2011, já havíamos vivido este mesmo filme. Não se precisou pedir para ninguém ficar na redação. E todos já sabiam que papel cada um iria cumprir na cobertura. Precisaríamos escrever? Estávamos prontos. Montamos uma verdadeira operação de guerra. Os editores de Primeira Página, Fred Figueroa e Humberto Santos, começaram a pensar numa nova capa para o Diario, ao mesmo tempo em que interagiam com o Twitter e repassavam as informações para o site do jornal. Os editores assistentes de Últimas, Edilson Segundo, de Vida Urbana, Gabriel Trigueiro, e de Brasil e Mundo, Diogo Carvalho, também se ocuparam de atualizar as notícias e de interagir no Facebook. Tudo ao mesmo tempo agora.

Responsável pelo iPad, Érica de Paula foi às ruas com o repórter fotográfico Roberto Ramos para ver o Recife às escuras. O editor assistente de Fotografia Gil Vicente separava rápido o material obtido para a internet e também já escolhia as melhores imagens para o impresso. Ao mesmo tempo, os diagramadores Alex dos Anjos e Armando Johnson faziam a mudança da capa e da página de Últimas do Diario. Esta última iria receber o texto feito por este que vos tecla. Tudo muito rápido, porque não sabíamos quanto tempo o gerador do jornal aguentaria. O resultado é que a capa, liberada às 4h, ficou assim:

   

Como pode se perceber, a manchete de Vida Urbana e muitas outras chamadas da capa original acabaram sendo as primeiras vítimas do apagão. Na manchete, sabíamos que o leitor queria saber as causas do problema, mas acrescentamos ainda a questão do preconceito que vimos emergir nas redes sociais.  A página de Últimas antes do blecaute também sofreu uma modificação radical. Ela era assim:

Mantivemos apenas o serviço do tempo e os vídeos do iPad. O restante da página ficou com a cobertura do apagão. Além do texto principal, que compilou todas as informações obtidas com entrevistados e da colaboração dos internautas, abrimos espaço para que Érica de Paula contasse o clima das ruas e o problema do gerador do Hospital da Restauração. Acabou ficando assim:

Mesmo cansados, encerramos nosso expediente prolongado satisfeitos com o resultado alcançado. O leitor do impresso receberia o jornal com um pouco de atraso – porque o parque gráfico teve seu cronograma de rodada totalmente prejudicado – mas com um material atualizado e diferenciado. No iPad e na internet, conseguimos trazer a notícia de forma imediata, com a qualidade reconhecida que o Diario tem em grandes coberturas. Esperamos, no entanto, que não precisemos mais enfrentar um novo apagão. Senão, voltaremos a ficar assim:

Foto: Diogo Carvalho/DP/D.A Press