Praça da República (2015) Crédito: Paulo Paiva/DP

Praça da República (2015) Crédito: Paulo Paiva/DP

 

Há 140 anos, no dia 4 de julho de 1876, uma nota no Diario de Pernambuco, na seção Revista Diaria, informava que o jardim do Campo das Princesas (existe uma postagem a respeito deste nome, clique aqui) esteve iluminado para a apresentação de uma banda marcial no seu pavilhão central. Apesar de destacar a grande afluência de pessoas, o registro no jornal criticava o que poderia tornar o passeio desagradável: “é para censurar que sejam francas as entradas ao jardim aos ébrios e pessoas que não sabem conter seus descomedimentos em lugares como aqueles”.

Os recifenses e os visitantes da capital de Pernambuco ainda estavam se acostumando ao fato de ter um belo jardim na área onde se situavam o palácio do governo e o teatro de Santa Isabel. O espaço arborizado começou a tomar forma no início de 1872. Antes, o local servia para instalação de circos, realização de bailes de carnaval e marchas militares, além de abrigar o terminal dos trens que seguiam para o interior do estado.

Foi na gestão do presidente da província, conselheiro João José de Oliveira Junqueira, que aquele trecho central do Recife, a Veneza Brasileira, ganhava ares de Paris dos Trópicos. Com grades vindas da Inglaterra e estátuas e candelabros da França, o local tornou-se ponto de reunião de famílias “nas tardes de verão e noites de luar”, como destacava a revista “Illustração Brasileira”, de 1 de agosto de 1877, em arquivo pertencente hoje ao acervo da Biblioteca Nacional.

Com o objetivo de mostrar as belezas do Império aos brasileiros e estrangeiros, a “Illustração”, editada no Rio de Janeiro, apresentava desenhos do que seriam os cartões-postais de um país que queria ser cosmopolita. O próprio imperador D. Pedro II inaugurou os jardins, segundo a publicação, no dia 25 de março de 1872, quando passou pelo Recife de volta de sua primeira viagem à Europa. Hoje o local atende pelo nome de Praça da República.

No dia 22 de março de 1875, o Diario de Pernambuco destacou que o governo provincial gastou no ano anterior a quantia de 7:962$446 para manutenção dos jardins, sendo autorizado o aumento do número de bancos por conta da grande afluência de público. Entre eles, ébrios e pessoas descomedidas…