Sonhos com preço e data marcada

Diferentemente dos demais castelos do interior de Pernambuco, a construção localizada em Sairé, no Agreste, tem função bem definida e foi construída, sim, com base num sonho, mas amparada também em pesquisa de mercado. De pequeno porte, o município de pouco mais de 10 mil habitantes a 94 km do Recife não contava com qualquer salão de festas. Debutantes e casamentos tinham Caruaru como destino prioritário. Foi nesse cenário que um desejo infantil encontrou respaldo para sair do papel – desta vez, sem qualquer alcunha de louco, mas de “esperto” – e materializar-se na forma do Castelo Pergentino.

 

No latim, pergentino significa “caminhante, andarilho”. A ironia de fincar um imóvel dessa magnutide com tal nome bebe na mesma fonte de batismo de um dos mais tradicionais sobrenomes da vizinhança. O terreno onde funcionava a antiga fazenda de criação de gado está na família há nada menos que cinco gerações. O pretenso salão de festas, para ocupar os 22 mil m² disponíveis, deu forma à promessa “um dia vou fazer um castelo”, que Fernando Pergentino repetia desde a infância. Aos 48 anos, tem uma ligação profunda com a cidade, bem como com as oportunidades que ela oferece. Acaba de reeleger-se prefeito, pelo PSB, e possui um império de panificação na região. Justamente por isso, o reino foi herdado mais cedo pelo filho, Fagner Pergentino, 27, responsável pelo negócio e por nos apresentar os detalhes do monumento medieval.

Tairine Kelly casou-se no Castelo Pergentino, lugar que, segundo ela, é o sonho de todas as jovens que crescem na região

“O arquiteto aqui, sem formação, foi o meu pai. Ele era aficionado pela Idade Média e aproveitou as inspirações nas viagens a Fazenda Nova (Brejo da Madre de Deus) e ao castelo de Brennand (Recife) para desenhar a visão dele e aproveitar para explorar o nicho de mercado”, explica. Muitos dos apetrechos encontrados pelos grandes salões do castelo já estavam em posse da família. “Ele gostava muito de coisas antigas, aí ficou mais fácil”.

A obra, que hoje é praticamente um marco nos limites entre Sairé e Bezerros, já recebeu mais de 300 casamentos. A maior parte deles do Recife e próprio Agreste, mas a estrutura já recebeu festas de 15 anos de aniversariantes de São Paulo e até dos Estados Unidos. “Quem não iria querer fazer uma comemoração num castelo? O que a gente vende é o sonho”, diz Fagner. A comercialização desse desejo varia de R$ 1,8 mil a R$ 4,8 mil, a depender de qual dos três salões seja cedido para o evento – o maior deles, para até 500 convidados.

Com obras iniciadas em 2004, o castelo ficou concluído em tempo recorde: 2,5 anos. Há capela, estacionamento e cinco minicampos de futebol na estrutura, que conta ainda com uma espécie de torre, que serve de camarim para noivas e aniversariantes.

Quem responde ao questionamento de Fagner, sobre quem não gostaria de comemorar num castelo, é Tairine Kelly França, 25, de Bezerros. “As meninas que cresceram já conhecendo o lugar não se imaginam mais em outro lugar. A gente tem o sonho de ter um dia de princesa e ter esse dia num castelo é unir o útil ao agradável”, garante, com um grande sorriso nos lábios – o mesmo que esbanjava ao ver realizado o tal sonho: em janeiro de 2016, casou-se com Fagner, o “candidato a príncipe” de Sairé. Ambos concentram o foco agora na busca pela parte menos concreta da fábula: o tão sonhado “felizes para sempre”.

Distância do Recife

Início da construção

O diferencial nos pequenos detalhes em concreto

Fontes, estátuas, almeias e janelas com metais esculpidos enchem os olhos de pessoas de dentro e fora de Pernambuco, que buscam o espaço para casamentos, formaturas e festas corporativas em um dos três salões do local

Clique e confira as dependências do castelo em 360º

A poucos minutos do Recife, um desejo concretizável

Casa de festas apostou em arquitetura de castelo real para chamar a atenção de pessoas de todo o estado

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