Marisa Barbosa atesta que entre idas e vindas do local onde fica a feira, o melhor é no centro da cidade. Foto: Peu Ricardo/DP
Município de Goiana precisa se estruturar para capitalizar os ganhos de ter um polo automotivo do porte do que começou a operar há um ano
Hoje, o Polo Automotivo Jeep celebra o primeiro ano de operação, mas há muito a fazer para que Goiana capitalize os resultados de um projeto que surgiu para mudar vidas na Zona da Mata Norte do estado. “Em Goiana, existe uma fuga de renda, pois muitas pessoas não moram lá. A saída é um investimento em infraestrutura urbana. A população precisa sentir que pode morar lá e pode contar com o que precisa no município. É preciso gerar renda e mantê-la no município e em seu entorno”, pontua Rafael Ramos, economista do Instituto Fecomércio-PE.
A Prefeitura de Goiana, embora reconheça os ganhos com a chegada do Polo Automotivo, admite que o município não estava pronto para receber o empreendimento. “Houve um impacto muito grande com a instalação da fábrica, com ganhos e perdas significativas pelo fato de não terem sido realizados os investimentos necessários em infraestrutura e no social no tempo devido”, informou a prefeitura em resposta aos questionamentos da reportagem.
A falta de estrutura urbana também rebateu sobre a procura por moradias de quem veio de outros estados para trabalhar no polo. Mesmo com os deslocamentos, as capitais Recife e João Pessoa ficam entre as opções mais viáveis. “Os gestores com melhores condições moram em outra cidade, em um local mais desenvolvido. A demanda não fica no local e, para que haja o desenvolvimento, a população precisa residir no município e usufruir de benefícios e serviços oferecidos e criados”, reforça Ramos. “Goiana vende como investimento, mas com a melhora da infraestrutura os resultados da chegada da Jeep só devem se concretizar entre cinco a 10 anos”, completa o empresário Maurílio Carvalho, dono de imobiliária.
Os desdobramentos sobre a receita de arrecadação de impostos e do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) também frustraram o município. O Polo Automotivo da Jeep, inserido no Programa de Desenvolvimento do Setor Automotivo do Estado de Pernambuco (Prodeauto), tem direito a desconto de 95% do crédito presumido do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por 20 anos. Segundo a prefeitura, este ano a arrecadação própria sinaliza uma queda de 50%, comparada a 2015.
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