Na Escola Técnica Pernambucana estudam cerca de 800 alunos. Foco é a qualificação para o Polo Automotivo. Foto: Peu Ricardo/DP
Jovens em busca do emprego
Passado o boom gerado pela construção da fábrica, moradores procuraram na formação técnica oportunidade de vaga na indústria
Quando o governo de Pernambuco anunciou, oficialmente, a chegada da fábrica da Jeep a Goiana, em julho de 2011, a pequena cidade da Zona da Mata Norte entrou numa espécie de transe. Encravado entre duas usinas e com uma sustentação econômica atrelada ao setor sucroalcooleiro, o município passou a enxergar um futuro promissor: novas oportunidades no mercado de trabalho, dinamismo no comércio, educação inovadora, progresso.
O cenário, de fato, se transformou. A rotina de tranquilidade comum a algumas cidades interioranas, mudou. A população passou a vislumbrar dias melhores e uma chance de transformação de vidas. A educação foi um dos segmentos que buscou, de imediato, participar do “eldorado” que surgira. A intenção dos estudantes que buscavam os cursos técnicos profissionalizantes era fazer parte do Grupo FCA.
“Durante os três anos de construção, instalação e o primeiro de operação da fábrica da Jeep, a procura por capacitação profissional foi intensa e vai continuar, até porque Goiana recebeu outros empreendimentos de grande porte, como o Polo Farmacoquímico e o Vidreiro. O Sistema S, através do Senai, Sebrae e Sesi, foi determinante para que Goiana entendesse a importância desses projetos”, diz Walter Fernando Silva, franqueador da Escola Técnica Pernambucana (ETP).
Na ETP, de acordo com o gestor, cerca de 800 alunos estão matriculados e cursando, simultaneamente, os cursos subsequente, equivalente ao aprendizado técnico-profissionalizante, à noite, e o concomitante, equivalente ao ensino médio, pela manhã. Há 17 anos, conta Walter, graduado em eletrotécnica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), a metodologia de ensino é aprovada pelos alunos, o que garante a eficiência dos métodos de aplicação integral.
Nos corredores e salas da escola, os alunos reforçam o desejo de fazer uma carreira profissional voltada ao desenvolvimento de Goiana e região. Eles não querem ser coadjuvantes, e sim protagonistas desse enredo. “Inicialmente, quando um grande investimento se estabelece e não é do perfil do município, a população não sofre muito o impacto porque a maioria não tem qualificação. O benefício é para gerações futuras”, explica Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE.
Luiz Carlos Dias Ramalho, 14, iniciou este ano o curso de mecatrônica na ETP. No dia em que a reportagem do Diario visitou a unidade de ensino, Luiz e os colegas de sala se submetiam às provas. Concentrado e com a segurança de um adulto e, ao mesmo tempo, os sonhos peculiares à idade, foi direto quanto ao que vislumbra no mercado de trabalho. “Há duas boas empresas instaladas aqui em Goiana: a Jeep e a Klabin. Mas meu desejo é fazer parte da FCA, essa é a meta”, disse.
A esperança de Walter e de Luiz do retorno concreto dos investimentos feitos em Goiana pelo Grupo FCA ecoa diariamente, em cada lição passada nas salas de aula, rumo a uma carreira profissional sólida. “Ninguém imaginava filhos de cortadores de cana-de-açúcar construindo carros. Essa herança, embora digna, hoje mudou diante da realidade”, explica Walter. “A educação é a chave para um futuro melhor. Nós queremos fazer parte dele”, destaca Luiz.
Ninguém imaginava filhos de cortadores de cana-de-açúcar construindo carros. Essa herança, embora digna, hoje mudou diante da realidade. A educação é a chave para um futuro melhor
Walter Fernando Silva – franqueador da ETP
Walter afirma que a procura por qualificação é intensa
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