Tonho Bora reclama da queda no faturamento, que reduziu com saída das terceirizadas. Foto: Peu Ricardo/DP
Retorno abaixo do esperado
Ponta de Pedras apostou na invasão de trabalhadores e turistas, que ocuparam inicialmente pousadas e restaurantes, mas o público se foi
Com as obras da Jeep, Ponta de Pedras se tornou o local preferido de hospedagens. “Os aluguéis pularam, em pouco tempo, de R$ 200, R$ 300, para R$ 1 mil”, conta Maria de Lourdes Barbosa, 60 anos, uma das primeiras a hospedar turistas no local, transformando o restaurante Sayonara em uma pousada, na década de 1980. O aumento de hóspedes que vieram com a construção não se manteve com o fim das obras.
Também não se perpetuou a valorização imobiliária. Maurílio Carvalho, corretor e proprietário da Goiana Imobiliária, junto com o sócio Felipe Gadelha, viu de perto o fenômeno desde o início das obras à operação da fábrica da Jeep. Com os negócios concentrados em João Pessoa (PB), Carvalho apostou no boom de Goiana, justamente no começo das obras estruturais da futura fábrica.
“É natural a especulação imobiliária, a explosão da demanda fica maior, incluindo cinturões ao redor da cidade que recebe investimentos”, ressalta Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE. “Houve o momento inicial de euforia e chegada da mão de obra. Depois, a realidade, Goiana não possuía infraestrutura para receber um projeto desse porte. A valorização imobiliária chegou a 1.000% em menos de três anos. Um aluguel de um imóvel que custava R$ 700 saltou para R$ 5 mil, R$ 6 mil”, pontua Carvalho.
Rodolfo Marinho, 30, administrador da Pousada Marinho, é outro que viveu o eldorado Jeep e hoje amarga perdas. Na carona do pico das obras da fábrica de automóveis, o pai de Rodolfo construiu um alojamento em Ponta de Pedras. Entre a reforma da pousada no Centro de Goiana e a construção do outro imóvel para alojar mão de obra na praia foram gastos cerca de R$ 2 milhões. Com o fim das obras e a operação da fábrica, apenas prejuízos.
“Na pousada da cidade, tivemos 28 quartos cedidos ao Grupo FCA. Coreanos, chineses, portugueses, alemães, franceses… Era muita gente de fora. Hoje, temos apenas três leitos ocupados. De 2012 até a metade de 2015, o movimento era frequente. Depois, veio a queda e tomamos calotes no alojamento de Ponta de Pedras e na pousada da cidade. O faturamento, de R$ 1 mil por dia, hoje chega a apenas R$ 200. É o período mais difícil desde a abertura da pousada, em 2004”, diz Marinho.
Os imóveis em Goiana se valorizaram com o início da construção da fábrica, mas concluída a obra, a demanda encolheu
+ leia mais…