Entre o céu e o inferno

Rangers x CelticA rede de TV norte-americana CNN divulgou nesta semana uma lista com os clássicos de maior rivalidade no futebol mundial entre clubes. O Top 10 reserva algumas surpresas, como o 4º do maior jogo do… Egito! Com justiça, porém, o derby escocês entre Rangers x Celtic (conhecido como “Velha Firma“) ficou na ponta.

O duelo de Glasgow ultrapassa a barreira esportiva, entrando no fanatismo religioso e político dos torcedores.

A torcida do Celtic é predominantemente católica (alguns chegam a exaltar o IRA), enquanto os seguidores do Rangers são protestantes, fiéis à rainha do Reino Unido. O primeiro clássico da terra do uísque aconteceu em 28 de maio de 1888. Exatamente… Os dois rivais discutem coisas como “o meu time melhor” ou “o meu é o maior” há 120 anos. Só mesmo com algumas doses para aguentar uma discussão desse nível.

Sobre os demais clássicos listados pela CNN: é claro que a lista é discutível. E muito.

Flamengo x Vasco, Grêmio x Internacional e Cruzeiro x Atlético-MG, só para indicar alguns. Os argumentos egípcios precisam ser muito fortes para convencer a ausência de pelo menos um desses jogos. Do Brasil, apenas Palmeiras x Corinthians foi citado. Segundo a matéria, o diferencial foi o início da rivalidade paulista: ”O Corinthians era o único time da cidade, mas um grupo de italianos fundou o Palmeiras.”

Divisão das torcidas em Glasgow: Celtic x RangersConfira a lista do site da CNN:

1º) Celtic x Rangers (Escócia)
2º) Roma x Lazio (Itália)
3º) Boca Juniors x River Plate (Argentina)
4º) Al Ahly x Zamalek (Egito)
5º) Galatasaray x Fenerbahce (Turquia)
6º) Olympiakos x Panathinaikos (Grécia)
7º) Estrela Vermelha x Partizan (Sérvia)
8º) Wydad x Raja (Marrocos)
9º) Corinthians x Palmeiras (Brasil)
10º) Peñarol x Nacional (Uruguai)

Abaixo, um documentário sobre os hooligans do clássico Celtic x Rangers. Ajuda um pouco a explicar o 1º lugar.

Post com a colaboração de Márcio Cruz

Argentina 9 x 6 Brasil

Verón marca o segundo gol na vitória do Estudiantes sobre o Fogão, em La PlataA verdadeiro mata-mata começou na terça-feira, quando o Botafogo foi derrotado por 2 x 0 pelo Estudiantes (tricampeão da Libertadores, 68/69/70), na abertura das quartas-de-final da Copa Sul-Americana

O time de La Plata venceu com gols de Boseli e Verón (golaço, na foto ao lado). Nesta quarta, mais dois times brasileiros irão encarar clubes argentinos na competição. Às 21h05, o Palmeiras, com um time misto, enfrentará o Argentinos Júniors (campeão da Libertadores de 1985) no Palesta Itália.

No mesmo horário, no Beira-Rio, o Internacional receberá o Boca Juniors (que dispensa apresentação). O misto, nesse caso, será o Boca, que sequer inscreveu as estrelas Palermo e Palácio na copa. Riquelme também está em Porto Alegre. De fato, encarar clubes argentinos sempre foi uma missão complicada para os brasileiros nesta competição (em qualquer uma, para falar a verdade).

Inter não sai do 0 x 0 com o Boca Juniors no Beira-Rio, em 2004. O Colorado havia perdido o primeiro jogo por 4 x 2A Copa Sul-Americana foi realizada pela primeira vez em 2002, mas o Brasil só começou a participar na edição seguinte. Desde então, já foram realizados 15 confrontos Brasil x Argentina, com 9 triunfos “deles” e 6 do nosso país. Nos 31 jogos disputados (já contando com o revés do Fogão em 2008), foram 10 vitórias, 9 empates e 12 derrotas.

O Inter, por exemplo, tentará contra o Boca melhorar um pouco o seu desempenho contra o maior clube de Buenos Aires. O Boca já eliminou o Colorado 2 vezes, em 2004 (foto ao lado, no Beira-Rio) e 2005, com direito a duas goleadas na Bombonera, 4 x 2 e 4 x 1, respectivamente.

No primeiro confronto, em 2004, o Inter, treinado por Muricy Ramalho, curtia a sua volta às disputas continentais. Tanto que no jogo de ida, na Bombonera, mais de 4 mil colorados foram ao estádio (foto abaixo). Segundo o jornal Olé, aquela foi a maior presença de uma torcida brasileira em Buenos Aires em todos os tempos.

Mais de 4 mil torcedores do Inter foram até a Bombonera em 2004 (anel superior), mas voltaram para Porto Alegre com uma derrota por 4 x 2Brasil x Argentina na Copa Sul-Americana

2003 – São Paulo x River Plate – eliminado
2004 – Inter x Boca Juniors – eliminado
2005 – Corinthians x River Plate – classificado
2005 – Cruzeiro x Vélez Sarsfield – eliminado
2005 – Fluminense x Banfield – classificado
2005 – Inter x Rosário Central – classificado
2005 – Inter x Boca Juniors – eliminado
2006 – Corinthians x Lanús – eliminado
2006 – Santos x San Lorenzo – eliminado
2006 – Atlético-PR x River Plate – classificado
2006 – Fluminense x Gimnasia y Esgrima – eliminado
2007 – Vasco x Lanús – classificado
2007 – São Paulo x Boca Juniors – classificado
2007 – Goiás x Arsenal – eliminado
2007 – Botafogo x River Plate – eliminado

Fotos: Olé e site oficial do Inter

História é fonte de renda

Museu do Barcelona recebe cerca de 1.200.000 visitantes por ano. Duas vezes a população de Jaboatão dos GuararapesInaugurado em 1984, o Museu do Barcelona recebe anualmente cerca de 1,2 milhão de visitantes. Para os não sócios, o ingresso para conhecer a rica história do clube catalão custa o equivalente a R$ 36 (para adultos), com direito ao “Camp Nou Tour”, no estádio.

Somente com a visitação, o Barça arrecada mais de R$ 30 milhões. Sem contar que no final do passeio, devidamente acompanhado de um guia, o turista ainda encontra a loja oficial do clube. Ou seja, depois de viajar no tempo, você ainda é levado a gastar algo mais… E acaba gastando mesmo.

Na área de 3.500 metros quadrados estão expostos troféus – de competições locais até as taças das Ligas dos Campeões da Uefa de 1992 e 2006 -, fotos dos grandes esquadrões (e foram muitos, repletos de brasileiros), uniformes de todas as épocas da centenária agremiação, além de um arquivo audio/visual. E no centro disso tudo, uma maquete do Camp Nou. Para quem gosta de futebol, e história, deve ser realmente fantástico.

Museu do Santos é potencializado pela presença de PeléMas nem é preciso ir tão longe para conferir um memorial tão espetacular. Em Buenos Aires, o Museu Boquense, do campeoníssimo Boca Juniors, atrai 500 mil pessoas por ano. O destaque é a sala com o áudio da torcida. Um show à parte. Apesar de ser uma excelente fonte de renda, os clubes brasileiros ainda engatinham nesse segmento.

Um dos mais modernos é o Memorial das Conquistas, do Santos, que tem uma área de 380 metros quadrados, e tem na geração de Pelé o seu ponto forte. A entrada custa R$ 7, e segue o modelo do Barcelona e do Boca, com passeio monitorado e visita ao campo da Vila Belmiro. Inaugurado em 17 de novembro de 2003, o local sai da mesmice das salas de troféus. Provavelmente por isso, é o museu de um clube de futebol mais visitado no Brasil. Em 2007 foram 100 mil pessoas.

Museu do Grêmio. Um dos destaques é o troféu da Série B de 2005No país, São Paulo, Corinthians e Grêmio também têm museus sofisticados. No do Tricolor Paulista, por exemplo, ainda existem exposições, como os “85 anos de Leônidas da Silva” e “Um traço tricolor”. No Gaúcho, uma atração é a visita virtual dentro do próprio museu, que foi inaugurado em 2004, durante as festividades dos 50 anos do Olímpico.

Além dos troféus do Mundial de 83 e das Libertadores de 83 e 95, uma das peças mais procuradas é a da Série B de 2005, quando o Grêmio venceu a “Batalha dos Aflitos“. O memorial gremista é o 2º em número de visitas no país. Na última temporada foram 85 mil.

Pernambuco – No estado, a situação está ainda mais longe. O único projeto em andamento é o do Sport, que pretende inaugurar o seu memorial até o final de 2009. Ele ficará ao lado da loja Espaço Sport. Troféus, padrões e imagens históricas, e até mesmo arquivos de vídeos, ficarão à disposição da torcida. Já foram catalogados mais 1.700 objetos do clube.

Ao seu lado direito da Espaço Sport está a área reservada para o Memorial do SportTrês dos troféus mais importantes da história rubro-negra já têm o seu lugar garantido: a taça Leão do Norte, conquistada em 1919 após uma vitória por 3 x 2 sobre o combinado Remo-Paysandu (que deu origem ao mascote), e os troféus do Brasileiro de 1987 e da Copa do Brasil de 2008.

O Náutico, por sua vez, até reformou a sua sala de troféus neste ano. Porém, a visitação é restrita aos sócios. Já a sala do Santa Cruz não vem sendo aberta ultimamente. Dinheiro jogado fora.

$érie B fez bem ao Timão

A queda do "incaível"... Grêmio 1 x 1 Corinthians, no Olímpico, em 2007. Começava o calvário. Que nem durou tanto assim

“Isso tá acontecendo mesmo, mano? É nóis na B?” (sic) Muitos pensaram assim. No dia 2 de dezembro do ano passado, a segunda maior torcida do Brasil chorou a queda do Corinthians para a Série B do Brasileiro. Mas você acha que isso fez mal aos cofres do Timão? Não mesmo. O time paulista continua com a mesma mídia (os seus jogos sempre passam ao vivo no sábado) e conseguiu patrocinadores ainda mais fortes do que no período em que esteve na elite nacional. Um fenômeno de marca bem sucedida.

Se forem contabilizados os balancetes financeiros de 2007 e 2008, isso fica ainda mais claro. No 12 meses da última temporada, o clube teve um prejuízo de R$ 23,2 milhões. No entanto, de 1º de janeiro até 31 de agosto de 2008, o Corinthians teve um superávit de inacreditáveis R$ 13,3 milhões. Uma diferença agregada de R$ 36,6 mi. Dinheiro suficiente para armortizar quase 10% das dívidas do clube. E olhe que o ano, obviamente, não acabou… Abaixo, alguns motivos para um crescimento tão maluco em um ano que tinha tudo para ser de receitas bem menores. Para os padrões de um Timão.

O técnico Mano Menezes estava no comando do Grêmio, quando o Tricolor rebaixou o Timão. Agora, se redime levando o time de volta à elite2008
Patrocínio da Medial Saúde – R$ 16,5 milhões
Lucro com renda (8 meses) – R$ 12,494 milhões
Licenciamento e franquias – R$ 1,032 milhão

2007
Patrocínio da Samsung – R$ 12 milhões
Lucro com renda – R$ 8,393 milhões
Licenciamento e franquias – R$ 214 mil

Você pode ver o balanço completo clicando AQUI.

A administração do clube mudou nesta temporada. Assim como arcaico estatuto. No futebol, o Corinthians vem tem tendo um ano positivo. A vaga na Libertadores bateu na trave, com o vice na Copa do Brasil, após a derrota para o Sport, na Ilha. Mas o time reagiu na Segundona. E agora só está passeando na Série B.

Até agora, em 30 jogos, o time tem um aproveitamento incrível de 71,11% (contra apenas 38,59% na Série A de 2007). O técnico Mano Menezes está diretamente ligado a todo esse turbilhão. Em 2007, estava no banco de reservas do Grêmio, no Olímpico, quando o Tricolor rebaixou o clube paulista. Numa daquelas reviravoltas típicas do futebol, agora é o principal expoente da retomada do Corinthians, firmando o seu nome como um dos principais técnicos do Brasil. Com toda justiça.

Post com a colaboração de João Vitor Fazani

Maracanazo, a dor do Rio

Final da Copa de 1950: Brasil 1 x 2 UruguaiFoi a maior derrota da história do futebol brasileiro. Difícil imaginar algo pior. Mesmo com a vantagem do empate naquele 16 de julho de 1950, o Brasil vencia o Uruguai por 1 x 0, na final da Copa do Mundo, em um Maracanã abarrotado com 200 mil torcedores. Mas os uruguaios viraram o jogo, silenciando o maior estádio do planeta. Os campeões chamaram aquele episódio de “Maracanazo”.

Desde então, qualquer revés dos quatro grandes clubes cariocas em uma situação decisiva no mesmo palco (devidamente lotado) também é tratado como Maracanazo. Elaborei um “Ranking de Maracanazos”, com algumas das grandes frustrações no estádio Mário Filho nos últimos 25 anos (além de 1950, é claro).

Com 100 mil alvinegros no Maracanã, Botafogo não sai do empate sem gols com o Juventude e fica com o vice da Copa do Brasil, em 1999O último “caso” aconteceu no sábado, quando 81.317 rubro-negros foram ao Maraca. Mas Castillo, aos 31 minutos do primeiro tempo, e Renan Oliveira e Leandro Almeida, aos 20 e 29 do segundo, respectivamente, marcaram os gols do chocolate de 3 x 0 do Atlético-MG sobre o Fla, pelo Brasileirão.

A derrota colocou água no chope da festa encomendada pelo presidente do Mengão, Márcio Braga, que havia dito que estava preparando a “festa do hexa”. Foi uma senhora derrota do time do Rio, mas nada que se compare a outros episódios históricos.

1) 1950 – Brasil 1 x 2 Uruguai – Final da Copa do Mundo. Sem comentários…

2) 2008 – Fluminense 3 x 1 LDU (Equador) – Final da Libertadores. Caso raro de Maracanazo com vitória. Os tricolores fizeram uma linda festa antes da partida, mesmo com a derrota por 4 x 2 no primeiro jogo. Thiago Neves fez 3 gols e levou a disputa para as penalidades, mas o goleiro equatoriano Cevallos gravou o seu nome entre maiores os carrascos do Maracanã.

A maior derrota do Flamengo em sua história. Perder o títuloda Copa do Brasil, em 2004, diante do pequeno Santo André foi demais para a nação rubro-negra3) 2004 – Flamengo 0 x 2 Santo André – Final da Copa do Brasil. Santo André? Santo André…?! Poisé. Foi lá, caladinho, e fez 2 x 0, em um resultado que surpreendeu todo o país. Até mesmo os torcedores do… Santo André.

4) 2000 – Vasco 0  x 0 Corinthians – Final do Campeonato Mundial (vitória corintiana nos pênaltis). Esse jogo poderia estar numa colocação acima, pois foi em um Mundial. No entanto, cerca de 20 mil corintianos estiverem presentes naquela noite. Assim, obviamente, houve festa.

5) 1999 – Botafogo 0 x 0 Juventude – Final da Copa do Brasil. Um golzinho… Um mísero 1 x 0 e o Fogão conquistaria o seu 3º título nacional. Mais de 100 mil pessoas acreditaram nisso. Mas terminou como começou: 0 x 0, com festa gaúcha.

6) 1997 – Flamengo 2 x 2 Grêmio – Mais uma final da Copa do Brasil. O Fla estava com a taça até os 34 minutos do 2º tempo, quando Carlos Miguel empatou e levou o título para Porto Alegre.

7) 1985 – Bangu 1 x 1 Coritiba – Final da Série A (vitória paranaense nos pênaltis). A inusitada decisão foi vista por 90 mil pessoas, após a adesão dos torcedores dos grandes, que foram apoiar o time de Moça Bonita.

O último Maracanazo. Cevallos, com o troféu, pegou 3 pênaltis e levou a glória para o Equador8 ) 2008 – Flamengo 0 x 3 América (México) – Oitavas-de-final da Libertadores. Incrível, pois o Fla venceu o jogo na Cidade do México por 4 x 2. Na volta, Cabañas fez a festa.

9) 1995 – Flamengo 1 x 0 Independiente (Argentina) – Final da Supercopa da Libertadores. O Mengão, com Romário, ficou a 1 gol de levar o jogo para as penalidades.

10) 2000 – Fluminense 0 x 1 São Caetano – Oitavas-de-final da Série A. Flu jogava pelo empate contra o Azulão, que havia se classificado no Módulo Amarelo. O Tricolor havia ficado em 3º no módulo principal. Adhemar acertou um chutaço no Rio, fazendo mais uma zebra.

Obs. – As 4 fotos deste post são – de cima para baixo – de 1950, 1999, 2004 e 2008. Passe o mouse em cima delas e saiba um pouco mais sobre esses Maracanazos.

Concorda com a lista? Opine!

São Paulo parou para ver

Abaixo, as maiores audiências da Rede Globo nas transmissões de jogos de futebol para a Grande São Paulo no primeiro semestre de 2008. Cada ponto equivale a 55 mil domicílios, ou 220 mil pessoas.

Rede Globo1º) Brasil x Argentina – Eliminatórias (40 pontos), 8,8 milhões de pessoas
2º) Sport x Corinthians – Copa do Brasil (38), 8,36 mi
3º) Corinthians x Sport – Copa do Brasil (35), 7,7 mi
4º) Palmeiras x São Paulo – Paulistão (32), 7,04 mi
5º) São Paulo x Fluminense – Libertadores (31), 6,82 mi
6º) Paraguai x Brasil – Eliminatórias (31), 6,82 mi
7º) Santos x Corinthians – Paulistão (30), 6,6 mi
8º) Corinthians x Botafogo – Copa do Brasil (30), 6,6
9º) São Paulo x Nacional – Libertadores (29), 6,38 mi
10º) Palmeiras x Ponte Preta – Paulistão (29), 6,38 mi

Obs. Na finalíssima da Copa do Brasil, em 11 de junho, além dos 38 pontos da Globo, o jogo Sport 2 x 0 Corinthians teve ainda mais 10 pontos na TV aberta pela Band, que também passou o jogo ao vivo. Ou seja, naquela noite, 10.560.000 pessoas na maior metrópole do país viram o título rubro-negro. Definitivamente, a cidade que não pára, parou por 2 horas.

Histórias da bola

Quatro craques do passado. Quatro histórias que se cruzaram pelos gramados em grandes clássicos do futebol brasileiro.

O "Doutor Sócrates". Política, medicina e futebol, muito futebolPonta-esquerda nato, Paulo César Caju infernizava as defesas. À noite, curtia a glória em alto estilo...Um foi médico, ativista político e craque. O nome dele? Curtinho: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Dos gols de calcanhar pelo Timão até a luta pela democracia no país, em 1984. Dos estudos em Ribeirão Preto até os excelentes artigos na Carta Capital.

O segundo comandou as noites cariocas nos anos 70. De cabelo pintado de acaju, idéias avançadas para a economia do futebol da época e sempre polêmico. E isso tudo sem deixar de jogar muito bola. Paulo César Caju era o cara.

Nelinho, o Canhão do MineirãoNo início, as camisas de goleiro com as cores azul ou amarelo eram motivo de chacota. Mas o padrão virou a marca registrada de Raul. E que hoje está na modaJá o terceiro era o dono do lado direito do Mineirão. Não importava a camisa. Azul e estrelada, como a do Cruzeiro, ou alvinegra, como a do Atlético. Bola parada era sinônimo de míssil. Certeiro. Nelinho cansou de marcar golaços que faziam o Mineirão balançar.

O último defendeu o quanto pôde a camisa do clube mais popular do país. O Flamengo, a partir de sua chegada, coincidentemente, decolou. Decolou até Tóquio. Onde ganhou o mundo. O goleiro Raul Plassmann evitou a alegria de muitas torcidas.

Sócrates, hoje com 54 anos, Paulo César Caju, 59, Nelinho, 58, e Raul, 64, estarão reunidos a noite desta terça-feira na Spirit Music Hall, nos Aflitos, onde participarão da mesa debates Toque de Classe, com futebol, cerveja e boas histórias.

Tí-tu-los di-vi-di-dos

Metade da taça... Alegria pela metade?O esforço foi o mesmo, mas a conquista acaba sendo divididaAlgumas competições já tiveram apenas 2 times… Outras já passaram da barreira dos 500 clubes, como a tradicional Copa da Inglaterra. Por mais que pouquíssimos times tenham alguma chance de fato, todos eles entram na disputa pelo “título”, com o sonho de escrever o nome na galeria de campeões. Poisé… Mas nem sempre a história é assim.

Regulamentos confusos, campeonatos paralelos, polêmica na final, ou até mesmo contagem errada na disputa de pênaltis… Esses são alguns dos motivos que já levaram a várias divisões de título em inúmeras competições Brasil afora.

Até o “recorde” é dividido. O Torneio Rio-São Paulo de 1966 e o Campeonato Cearense de 1992 tiveram 4 campeões. Abaixo, algumas divisões históricas.

4 campeões

  • Torneio Rio-SP, 1966: Corinthians, Santos, Botafogo e Vasco – Falta de datas para as finais, e também por causa da proximidade da Copa do Mundo, que desfalcaria bastante os participantes.
  • Ceará, 1992: Ceará, Fortaleza, Icasa e Tiradentes – Fortaleza (que ganhou 2 turnos) e Ceará (1) fizeram a final, mas o STJD puniu o Fortaleza com a perda de 5 pontos no 1º turno. Assim, a primeira etapa ficou com o Tiradentes. Pelo regulamento, teria que haver um quadrangular final, com a presença do Icasa (índice técnico). A diretoria do Fortaleza entrou na Justiça Comum (algo proibido pela Fifa), mas a federação cearense declarou os 4 como campeões. Simples.

2 campeões

  • Torneio Rio-SP, 1964: Botafogo e Santos. Jogaram apenas a primeira partida da decisão (Fogão 3 x 2), e depois foram excursionar na Europa…
  • São Paulo, 1973: Santos e Portuguesa – O árbitro Armando Marques errou na contagem na decisão por penaltis e declarou o Peixe campeão. No entanto, a Lusa, que deixou logo o Morumbi, ainda tinha chance. No dia seguinte, a federação paulista (FPF) deu a taça para os dois.
  • Carioca, 1907: Botafogo e Fluminense – As duas torcidas esperaram 90 anos para saber o veredicto da federeção do Rio de Janeiro (Ferj), que declarou os rivais como campeões em 97, após o julgamento no STJD. Em 1907, eles não entraram em acordo na disputa da final e o título ficou sub judice.
  • Ligas paralelas de SP: 1913, 14, 15, 16, 26, 27, 28, 29, 35 e 36, os anos com mais de um campeonato (link com a lista com os vários campeões).
  • Ligas paralelas do RJ: 1912, 24, 33, 34, 35, 36 e 37, os anos com mais de um torneio (link com a lista com os inúmeros vencedores).

Sub judice

Carioca, 2002: O Fluminense foi o campeão estadual no ano do seu centenário. O Bangu, porém, entrou na justiça, pois na semifinal, entre os dois times, o goleiro Eduardo marcou o gol da vitória do time do subúrbio carioca no último minuto da prorrogação. O juiz, de maneira inacreditável, alegou que o lance foi com a mão! Neste ano, a Ferj tirou o nome do Flu da lista de campeões e colocou “sub judice“. Uma decisão poderá proclamar 3 vencedores. O Americano, vice, também seria beneficiado.

Timão sobe a ladeira

Aceita, Corinthians...Com 55 pontos em 25 rodadas, o Corinthians está 13 pontos acima do 5º lugar na Série B. Como quatro equipes serão contempladas para a Série A de 2009, o Timão – líder isolado – segue em franca recuperação após o desastre do ano passado, quando não faltou gozação dos rivais. A volta do time mais popular de São Paulo, e atual vice-campeão da Copa do Brasil, é questão de tempo.

Uma festa do acesso já está programada para o dia 24 deste mês, na 27ª rodada, contra o Bragantino, no Pacaembu. Outros grandes clubes, porém, já passaram pela Segunda Divisão, incluindo o maior rival do Timão, o Palmeiras (em 2003).

Assim, depois da lista com os clubes que foram rebaixados na Série A, agora vai um post com os times que conseguiram o acesso à elite nacional. Como no post anterior, aqui os dados começam em 1988, quando foi introduzido o acesso e o descenso no Campeonato Brasileiro. Por que não antes? Vou dar um exemplo… Os campeões das Séries B de 1971 e 1972 não foram promovidos. É suficiente?

Depois, a Segundona voltou a ser realzada apenas em 1980, com os clubes que não se classificaram à elite atráves dos Estaduais. A competição era chamada de Taça de Prata (enquanto a Série A era, obviamente, a Taça de Ouro). Com regulamentos confusos, as equipes subiam no mesmo ano, para a fase final da Primeira Divisão, ou para ano seguinte. Sport (em 1980), Náutico (1981) e Central (1986) conseguiram o acesso no mesmo ano.

Clubes que conseguiram o acesso para a Série A (1988/2007)

Pedala, Robinho!1988 -Inter de Limeira e Náutico
1989 – Bragantino e São José
1990 – Sport e Atlético-PR
1991 – Paysandu e Guarani
1992 – Paraná Clube, Vitória, Criciúma, Santa Cruz, Coritiba, Desportiva/ES, Ceará, Fortaleza, Remo, União São João, Grêmio e América/MG
1993 – não houve acesso
1994 – Juventude e Goiás
1995 – Atlético-PR e Coritiba
1996 – União São João e América/RN
1997 – América/MG e Ponte Preta
1998 – Gama e Botafogo/SP
1999 – Goiás e Santa Cruz
2000* – São Caetano e Paraná Clube
2001 – Paysandu e Figueirense
2002 – Criciúma e Fortaleza
2003 – Palmeiras e Botafogo
2004 – Brasiliense e Fortaleza
2005 – Grêmio e Santa Cruz
2006 – Atlético-MG, Sport, Náutico e América/RN
2007 – Coritiba, Ipatinga, Portuguesa e Vitória

* Rebaixado em 1999, o Botafogo/SP disputou o Módulo Amarelo da Copa João Havelange no ano seguinte. Em 2001, quando o Brasileirão voltou a ser organizado pela CBF, o time disputou a Série A. Já o Remo participou do Módulo Azul (o principal) da Copa JH naquele ano, mas não disputou a elite na temporada seguinte.

Crédito da montagem: Newsfut

Olha o gás

Nelsinho, atuando no São Paulo nos anos 70
Nelsinho em ação nos anos 70

A participação na Taça Libertadores da América de 2009 vem mexendo com a imaginação dos torcedores rubro-negros, que sonham com uma bela participação. Por isso já se cobra tanto da diretoria uma melhor preparação, assim como o técnico Nelsinho Baptista também questionado direto sobre a montagem do grupo. O comandante leonino, aliás, tem experiência na competição, com três participações, tanto como jogador quanto como técnico. Após vencer a Série A de 1990 pelo Corinthians, o técnico Nelsinho foi eliminado nas oitavas-de-final da Libertadores do ano seguinte. E o algoz? Quem foi? É claro que foi o Boca Juniors, que passou 45 anos sem ser eliminado por um time brasileiro até a semifinal deste ano, contra o Fluminense.

Mas Nelsinho também já foi bem longe na “Liberta” (como os torcedores dos times coperos y peleadores costumam falar). O então lateral-direito do São Paulo na década de 70 participou da Taça Libertadores de 1974. Naquele ano, o Tricolor Paulista chegou à 1ª de suas seis finais disputadas. O São Paulo acabou com o vice-campeonato, perdendo o título para o argentino Independiente (até hoje o maior vencedor, com sete conquistas, sendo a última em 1984). Após uma vitória para cada lado na decisão, “El Rojo” venceu a negra por 1 x 0, em Santiago, no Chile, no dia 19 de outubro (gol de Pavoni).

O ex-lateral Nelsinho (na foto acima) disputou 12 das 13 partidas daquela campanha, e marcou um gol. Mas o que o agora técnico – já com saudade da Libertadores – lembra mesmo daquele ano foi da partida na cidade boliviana de Cochabamba. E foi na veeeelha altitude, com 2.560 metros acima do nível do mar. “Hoje os times se preparam bastante para jogar na altitude. Fazem a aclimatação, chegando dias antes. Ali, a gente já chegou para jogar! Eu me senti com 200 quilos naquele dia. A perna não obedecia ao cérebro. Pelo menos foi 0 x 0”, disse o técnico, lembrando da partida contra o Jorge Wilstermann (sim, esse é o nome do time). A memória do treinador está 95% certa, porque o resultado foi ainda melhor, pois o São Paulo ganhou por 1 x 0, em 14 de abril.

Questionado se apelou para os cilindros de oxigênio extra colocados à beira do gramado, Nelsinho, porém, diz logo que ele não teve problema algum. “Muitos jogadores pediram várias vezes o gás, que estava num botijão pequeno.Mas o meu condicionamento era bom, e não precisei”, falou o técnico, sem esconder a risada. Acredito que Nelsinho tenha se poupado nessa partida…