“De forma alguma a escola pública é pior que a escola privada. Mas isso não é muito simples de entender”
É preciso mudar o discurso sobre a educação pública para, então, melhorá-la. Dizer que escolas municipais e estaduais são, obrigatoriamente, de má qualidade, além de não ser verdade, é um obstáculo no caminho para mudanças significativas. É o que afirmam especialistas em educação. Ao defender a escola pública, eles ressaltaram que, mais do que apontar e tentar resolver os problemas, é necessário destacar o que é feito de positivo diariamente nas unidades de ensino públicas do país. Assim, o Diario publica o especial Educa PE, que valoriza a educação como um direito humano por meio das histórias de alunos, pais, professores e comunidades que fazem a diferença em escolas públicas.
Para a ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC) e atual diretora da Fundação SM, Maria do Pilar Lacerda, o conceito de educação pública – isto é, daquela que é para todos e onde os espaços escolares são efetivamente democráticos – está sendo construído desde a Constituição Federal de 1988. “Os desafios de acesso, permanência e aprendizagem devem ser cumpridos todos ao mesmo tempo. E agora. Nesse sentido, temos melhorado muito, com a inclusão de 98,2% dos brasileiros entre 6 e 14 anos (nas escolas) e a ampliação do atendimento da educação infantil e do ensino médio”, ressalta.
Na avaliação de Pilar Lacerda, consideráveis avanços relacionados à educação pública aconteceram na última década. “É importante lembrar que, até 2006, nem a educação infantil nem o ensino médio contavam com financiamento, livros, merenda ou transporte. Então, vejo com otimismo o quadro atual, mas um otimismo realista, pois precisamos garantir a equidade, ou seja, o aprendizado de todos com qualidade”, pontua.
Já a diretora de Projetos da Fundação Lemann, Camila Pereira, lembra que ignorar os problemas também não é a forma de melhorar a educação pública. Negar a possibilidade de melhoria também não. “De forma alguma a escola pública é pior que a escola privada. Mas isso não é muito simples de entender. Os resultados das públicas costumamser mais baixos (nas avaliações nacionais de ensino), mas há vários fatores que influenciam sobre eles. Esses resultados não refletem apenas o trabalho da escola. A faixa de renda dos alunos, a escolaridade dos pais, a falta de estímulo à leitura são alguns dos fatores que levam ao resultado”, enumera.
A especialista enfatiza ainda que é preciso levar em conta que, analisando dados internacionais, a educação privada do Brasil também não apresenta resultados satisfatórios. Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, do inglês Programme for International Student Assessment) mostram que o percentual de alunos com aprendizado adequado em matemática foi de apenas 35% no setor privado brasileiro na prova de matemática de 2013. “Quando você compara o topo das escolas privadas do Brasil com as piores escolas públicas de alguns países, como Chile e Finlândia, as nossas particulares ainda são piores”, compara.
Raio x da educação estadual de Pernambuco
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2015 no ensino médio da rede estadual de Pernambuco
indicador de fluxo da rede estadual de ensino
A cada 100 alunos, 11 não foram aprovados
Ideb referente aos anos iniciais do ensino fundamental
Entenda:
O Ideb é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar realizado todos os anos, e médias de desempenho nas avaliações do Inep, a Prova Brasil (para Idebs de escolas e municípios) e a Saeb (no caso dos Idebs dos estados e nacional) – avaliações aplicadas no 5º e 9º ano do ensino fundamental e no 3º ano do ensino médio.
Metas do Ideb:
O Brasil tem metas para indicar se a educação básica do país está avançando com qualidade. Essas metas foram instituídas em 2005 e são aferidas a cada dois anos pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Para verificar se o Brasil vai atingir a nota 6,0 (nível correspondente ao de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE) até 2021, foram instituídas metas bienais, que devem ser atingidas não só pelo país, mas também por escolas, municípios e unidades da Federação. A ideia é que cada instância evolua a fim de colaborar para que o país alcance a meta final.
Evolução do Ideb na rede estadual de Pernambuco
Compare:
Prova Brasil 2015
Censo escolar 2015
Dos 1.861 alunos do 5º ano da rede estadual
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809 demonstraram aprendizado adequado em língua portuguesa
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548 demonstraram aprendizado adequado em matemática
Dos 49.106 alunos do 9º ano da rede estadual
%
11.700 demonstraram aprendizado adequado em língua portuguesa
%
4.694 demonstraram aprendizado adequado em matemática
Último Censo Escolar divulgado na íntegra pelo Ministério da Educação:
escolas
estudantes
Idepe 2015
Categoria anos finais do ensino fundamental:
1º lugar: Escola de Aplicação do Recife (7,96)
2º lugar: Escola de Aplicação Professor Chaves – Nazaré da Mata (6,55)
3º lugar: Escola de Aplicação Ivonita Alves Guerra – Garanhuns (6,37)
Categoria ensino médio:
1º lugar: Escola de Referência em Ensino Médio Abílio de Souza Barbosa – Orobó (7,98)
2º lugar: Escola Dario Gomes de Lima – Flores (7,20)
3º lugar: Escola Professor Antônio Pedro de Aguiar – Orobó (6,98)
Matrículas em creches:
368 estudantes
Matrículas em pré-escolas:
1.879 estudantes
Matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental:
12.009 estudantes
Matrículas nos anos finais do ensino fundamental:
177.981 estudantes
Matrículas ensino médio:
316.036 estudantes
Matrículas Educação de Jovens e Adultos (EJA):
88.245estudantes
Matrículas em educação especial:
1.779 estudantes
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oferecem alimentação
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têm sala para professores
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têm biblioteca
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têm laboratório de ciências
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têm acesso à internet
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