Por Gabriel Inácio

Um misto de ansiedade com incerteza. Esse foi o sentimento da maioria dos vestibulandos que enfrentaram a primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na manhã deste domingo (17). A prova incluiu 90 questões divididas entre 45 questões de Linguagens e 45 questões de Ciências Humanas, mais a redação. Por causa da pandemia da Covid-19, os portões foram abertos meia hora mais cedo do que nos outros anos, às 11h30. O tema da redação desta edição foi ‘O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira’.

Pela manhã, alguns grupos pequenos de estudantes estavam reunidos nas calçadas nas proximidades do bloco G da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), conversando e se distraindo para aguardar a abertura dos portões. Poucas pessoas não estavam munidas de máscaras. A maioria dos estudantes e familiares estava usando o equipamento de proteção. A reportagem do Diario registrou algumas aglomerações assim que os portões do centro de aplicação de provas foram abertos. Nesta edição do Enem, não foi observado pela reportagem nenhum atraso no bloco G da Unicap.

A maior parte dos estudantes, este ano, incluiu o álcool em gel entre os materiais usados durante a prova.  Uma das pessoas que se preveniram e chegaram cedo ao local de aplicação da prova foi Silvana Moraes, 24 anos. Ela está tentando passar no curso de medicina. Acompanha da mãe, a vestibulanda disse que estava confiante para a prova. “Eu fiz curso online, estudei em casa pelo computador e sempre com o auxílio dos professores”, afirmou.

Ela acreditava que o tema da redação seria algo voltado à educação. “Estão especulando muito devido aos novos programas de educação que foram criados pelo Ministério da Educação, sobre educação, alfabetização, leitura e  educação na infância. Pode ser algum tema que aborde essas questões”, disse. Silvana também vai tomar alguns cuidados especiais para a prova deste ano, usando a máscara durante a prova, higienizando as mãos com álcool e evitando as aglomerações no prédio de aplicação da prova.

“Muita ansiedade, mas temos que ter pensamentos positivos e muitas orações. Eu sempre dei muito apoio para ela”, disse a mãe de Silvana, que acompanhou toda a trajetória da filha até o dia da prova. Os estudantes podem sair do prédio a partir das 15h30 sem o caderno de provas; 18h30 com o caderno de provas e de 19h as provas são encerradas.
Acompanhando a filha Hadassa, 18 anos, a mãe Luciana Tavares, 46 anos, ficou de plantão em frente ao bloco G da Unicap, aguardando a filha terminar a prova para poderem voltar juntas para casa. Elas são moradoras do bairro de Sucupira, em Jaboatão dos Guararapes, e tiveram que sair de 8h15 da manhã de casa, mas só conseguiram pegar o ônibus de 10h.
“Eu estou um pouco ansioso por que acabei de verificar que o Enem pode ser cancelado até mesmo hoje. Acredito que o tema da redação seja sobre a valorização do Sistema Único de Saúde (SUS)”, disse Leonardo Vinícius, 17 anos. Ele está tentando o Enem pela primeira vez e quer passar no curso de administração.
Algumas mães relataram à reportagem que sentiram falta de um reforço nas linhas de ônibus. Uma mãe relatou que só havia um ônibus da linha Camaragibe/Parador e que, por conta disso, teve que chamar um carro de aplicativo para poder chegar em tempo com a filho no local de aplicação de provas. Ela, que preferiu não se identificar, mora no bairro do Jordão, Zona Sul do Recife. ” Chamei o carro e o motorista me deixou em um endereço errado, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste da cidade. A corrida de R$ 28 subiu para R$ 35, no destino”, relatou.