O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) parabenizou as prefeitas e os prefeitos eleitos para governar os 5.568 municípios brasileiros. Por meio de carta aberta assinada pela representante da entidade Florence Bauer, o Fundo afirma que sabe dos “intensos desafios” que virão no novo ciclo iniciado em 1º de janeiro de 2021. Porém, pedem que os políticos deem prioridade absoluta à educação e à reabertura segura das escolas.
Confira a carta aberta na íntegra:
O longo tempo de fechamento da maioria das escolas e o isolamento social têm impactado profundamente a aprendizagem, a saúde mental e a proteção de crianças e adolescentes.
Apesar dos esforços para organizar atividades remotas para continuidade das aprendizagens, milhões de crianças e adolescentes não foram alcançados e perderam o vínculo com a escola. Elas e eles correm o risco de abandonar a educação definitivamente. Isso vai aprofundar ainda mais as desigualdades e impactar uma geração inteira.
As escolas desempenham um papel primordial na vida de meninas, meninos e suas famílias. Elas proveem, primeiramente, uma educação essencial para que crianças e adolescentes desenvolvam o seu pleno potencial, exerçam a cidadania e se preparem para o mundo do trabalho.
Mas há muito mais: as escolas também oferecem oportunidades para o desenvolvimento de competências de interação social e são essenciais à proteção contra diferentes formas de violência – incluindo a violência doméstica, que aumentou na pandemia. Além disso, um número considerável de crianças e adolescentes depende da merenda escolar para sua segurança alimentar.
Muitas famílias, muitos professores e outros profissionais de educação estão preocupados com o risco de contaminação com o coronavírus nas escolas. O Unicef compartilha dessa preocupação. No entanto, a experiência em muitos países demonstra que a reabertura das escolas não causou um aumento das infecções.
Por tudo isso, dizemos: as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir em qualquer emergência ou crise humanitária. É fundamental empreender todos os esforços necessários para que as escolas de educação básica reabram no início deste ano escolar, em segurança. É um momento-chave que não podemos deixar passar.
A forma da reabertura tem de ser adaptada à situação local e pode incluir elementos de educação híbrida, uma mistura de educação presencial e a distância, rodízio de estudantes em grupos pequenos, etc. – como sugerido nos protocolos que estão à disposição. É imprescindível envolver professores, demais profissionais da educação, estudantes, seus familiares e a comunidade escolar nessa decisão.
Diante deste cenário desafiador, o Unicef reafirma seu compromisso de trabalhar, junto com os governos e os educadores, na garantia dos direitos de crianças e adolescentes, e se coloca à disposição para apoiar todos os municípios brasileiros. No site do Unicef, há uma página com protocolos e orientações para a reabertura segura das escolas.
Além de dar início ao novo ano letivo, é essencial ir atrás de cada menina, cada menino que não conseguiu se manter aprendendo na pandemia. Antes da covid-19, já estavam fora da escola 1,5 milhão de crianças e adolescentes. Cada dia sem esse vínculo escolar aumenta o risco de abandono permanente. É preciso ir em busca de todas as crianças e todos os adolescentes, sem deixar nenhuma ou nenhum para trás.
O Unicef, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), conta com a estratégia de Busca Ativa Escolar, adaptada ao contexto da pandemia, e convida municípios a aderir à iniciativa e implementá-la como uma importante medida para enfrentar a exclusão escolar, um dos efeitos secundários da pandemia.
Fora da escola não pode. E na escola sem aprender também não. Cada criança, cada adolescente tem direito de aprender. O Unicef está ao lado de cada município para garantir que esse direito seja efetivado, e reafirma a urgência de priorizar a educação de meninas e meninos nestes tempos difíceis.
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