Completando as 29 relíquias

Em 1952, coube a dois pernambucanos de nascimento, mas que viviam no Rio de Janeiro, dar início à saga de atletas do estado em Olimpíadas. Na cidade de Helsinque, Vavá e Ilo Caldas fizeram parte da seleção brasileira de novos, que pela primeira vez disputava o futebol na história dos Jogos. Depois deles, vieram outros, que superaram as dificuldades geralmente enfrentadas pelos nordestinos, principalmente no passado. Ao longo dos últimos domingos, o Superesportes buscou resgatar a história desses pernambucanos olímpicos. Como chegaram aos Jogos, as experiências que viveram na Vila, o que ficou da experiência olímpica. Pela primeira vez, foi feito o levantamento de todos os atletas nascidos no estado a disputar uma Olimpíada. Ao todo, foram 29 personagens que representaram o Brasil em nove modalidades. Dos dois primeiros, em Helsinque, aos sete que disputaram os Jogos de Londres, em 2012. Neste domingo, a série Relíquias Olímpicas é concluída com as histórias que faltavam para a galeria.

Eduardo Agra

Eduardo Agra

basquete

Los Angeles-1988

Eduardo Agra foi um talento precoce no basquete. Em 1979, aos 21 anos, já havia deixado Pernambuco e atuava no Sírio, em São Paulo, o principal clube do basquete brasileiro. Aos 22 decidiu deixar o país. Ingressou na Universidade de Kansas City, disputando a Liga Universitária dos Estados Unidos. Foram quatro temporadas. Em 1983, voltou ao Brasil e foi chamado para participar dos treinos da seleção brasileira de basquete, que se preparava para disputar a Olimpíada de Los-Angeles- 1984. Agradou e ficou entre os 12 da lista final, ao lado de nomes como Oscar e Marcel.

Paula Baracho

Paula Baracho

natação

Atenas-2004

Mais uma nadadora revelada pelo técnico João Reinaldo Nikita, Paula Baracho fez parte da equipes de revezamento 4x200m livre que fez história em Atenas-2004. Ao lado da conterrânea Joanna Maranhão, e de Mariana Brochado e Monique Ferreira, foi à final e terminou na sétima colocação, batendo o recorde sul-americano da prova na época (8m05s29). A marca durou 11 anos e só foi quebrada em 2015. Na foto, Paula em 2010, época em que era treinadora em Nikita. Ao seu lado, Etiene Medeiros.

Ivan Raimundo Pinheiro

Ivan Raimundo Pinheiro

handebol

Barcelona-1992 e Atlanta-1996

Ivan Raimundo abriu as portas da seleção de handebol para os pernambucanos. Natural de Petrolina, ele incorporou o nome da cidade ao nome. É conhecido até hoje como Ivan Petrolina. A sua história difere um pouco de outros atletas. Ao contrário da maioria, ele deixou o estado tardiamente para jogar. Somente aos 23 anos foi a São Paulo para fazer um teste no Corinthians. Aprovado, ficou. A história na seleção começou em 1989 e durou 12 anos. Nesse período, Ivan Petrolina participou de duas Olimpíadas, numa geração que abriu caminhos no esporte. Barcelona-1992 foi a primeira vez do país na modalidade. O país terminou num modesto 12º lugar. Quatro anos depois, em Atlanta-1996, esteve lá novamente. A seleção terminou a Olimpíada em 11º lugar. Fica o lamento por não ter conseguido ir uma terceira vez. A derrota na final do Pan-Americano de Winnipeg-1999, para Cuba, tirou a vaga do Brasil em Sidney-2000.

Jaqueline

Jaqueline

Vôlei

Pequim-2008 e Londres-2012

A trajetória mais vitoriosa. Jaqueline vai fazendo história com a seleção feminina de vôlei. Foi peça fundamental nos dois títulos olímpicos conquistados pelo Brasil sob o comando de José Roberto Guimarães. Destaque no colégio, deixou o Recife ainda cedo. Sabia que para seguir no vôlei precisava arriscar. Deu certo.Aos 17 anos, já fazia parte da seleção brasileira juvenil. Foi tão bem que, logo depois, foi convocada também para a equipe adulta. Durante a carreira, teve que lidar com lesões e até uma trombose. O problema a impediu de participar da sua primeira Olimpíada,Atenas-2004. Deu a volta por cima quatro anos depois. Foi campeã em Pequim-2008, sendo decisiva na semifinal, diante da China. Mais marcante ainda foi o título em Londres-2012. Jaqueline levou o Brasil a mais uma vitória sobre os Estados Unidos, sendo a maior pontuadora da final, com 18 pontos, e eleita a melhor jogadora em quadra.

Bruno Santana

Bruno Santana

handebol

Atenas-2004 e Pequim-2008

Na primeira vez em que participou dos Jogos, em Atenas-2004, Bruno era o mais novo do grupo. Aos 22 anos, foi chamado por Alberto Rigolo e fez parte da equipe que terminou a competição na 10ª colocação. É, até hoje, a melhor posição do país. Quatro anos depois, o pernambucano de Olinda foi novamente convocado para a Olimpíada, em Pequim-2008. Agora, estava mais experiente, assim como boa parte do grupo, já que, dos 14 convocados, oito estiveram em Atenas. O Brasil terminou em 11º lugar.

Maurício Duque e Roberto Caribé

hóquei sobre patins

Barcelona-1992

Em 1992, o hóquei sobre patins fez parte dos Jogos como esporte de exibição – a disputa não valia medalhas. Na equipe brasileira, dois pernambucanos: Maurício Duque e Roberto Caribé. A Argentina, com forte tradição na modalidade, ficou com o primeiro lugar. O Brasil teve uma boa colocação, avançando à fase final do torneio, terminando em quinto lugar. A expectativa de que o hóquei passasse a fazer do programa olímpico acabou não se confirmando nas edições seguintes. Esta foi a única participação do Brasil e dos pernambucanos.

Gustavo

handebol

Atenas-2004

Gustavo foi mais um talento pernambucano presente na campanha olímpica de Atenas-2004. Deixou o Recife aos 19 anos e com 25 selou sua participação nos Jogos. Era armador central na equipe do técnico Alberto Rigolo e chegou credenciado pelo seu histórico na seleção. Com apenas 20 anos, Guga fez parte da seleção que conquistou o vice-campeonato do Pan-Americano de Winnipeg, no Canadá. Em Santo Domingo-2003, levou o ouro e, com isso, garantiu a vaga do país em Atenas.

Dani Lins

Dani Lins

Vôlei

Londres-2012

Dani Lins tinha apenas 15 anos quando deixou o Sport e foi defender o BCN, de São Paulo. Foi destaque desde as categorias de base, fazendo parte de todas as categorias da seleção brasileira. A pernambucana quase não foi aos Jogos de 2012. Sua convocação foi motivo de polêmica na época. Mas no decorrer da competição faria jus à confiança do técnico José Roberto Guimarães. Entrou no time, que fez uma péssima primeira fase, e junto com as companheiras cresceu. Impossível não recordar a partida contra a Rússia, em que o Brasil salvou seis matchpoints. O caminho estava aberto. Ninguém mais segurou a seleção, com Dani Lins no levantamento, na conquista do ouro olímpico em Londres-2012.

Keila Costa

Keila Costa

Salto em distância

Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012

A menina que deu os primeiros saltos com o descobridor de talentos Roberto Ribeiro, em Abreu e Lima, foi mais longe do que poderia imaginar. Com uma estrutura mínima e muita vontade, foi fazendo história. A medalha de bronze no salto triplo no Mundial Júnior de Atletismo, em 2002, foi o primeiro passo. Quando as portas se abriram. O que veio pela frente foi ainda maior. Keila Costa foi a três Olimpíadas seguidas. Viveu muita coisa nos Jogos. Alegrias, tristezas, expectativas, frustrações. E assim é o esporte. Está prestes a disputar a quarta. A história ainda não acabou. E vai ganhar mais linhas. Mais emoções.

Bárbara

Bárbara

Futebol

Pequim-2008 e Londres-2012

Do futsal para o campo. Por algum tempo, os dois simultaneamente. A menina apaixonada por futebol, que aos 16 anos, já defendia a meta do Sport, foi longe. Chegou à Seleção Brasileira, esteve perto do ouro. Em Pequim-2008, nem começou como titular, mas no terceiro jogo ganhou a posição. Com o Brasil, foi até a final, que terminou com um gosto amargo. Mesmo jogando melhor que os Estados Unidos, perdeu por 1 a 0. Uma prata que doeu, mas que hoje é motivo de orgulho. Esteve novamente no grupo em Londres-2012 e deve ser titular no time do técnico Vadão, no Rio.