Sessão de biodança em uma das unidade do Núcleo de Apoio em Práticas Integrativas (Napi), que também atende pelo SUS. Foto: Inaldio Lins/ PCR/Divulgação

As pessoas estão mais conscientes sobre os cuidados que devem ter com o corpo, mas é imperativo lembrar que, tão importante quanto cuidar do corpo, é cuidar da mente. A máxima “mente sã em corpo são”, nunca foi tão necessária, considerando a sociedade altamente acelerada em que vivemos. Não por acaso, é cada vez maior o número de pessoas com distúrbios como depressão e ansiedade e, por isso mesmo, é preciso entender o momento de dar sossego às ideias.
Essa inquietude é um traço da sociedade contemporânea. Para o psiquiatra Dimas Luiz, a ansiedade nada mais é do que um mecanismo de defesa, extremamente necessário para a preservação da vida. “O sinônimo de ansiedade é preocupação. Se você está indo para casa e sabe que na região está tendo assaltos, você se preocupa. É uma ansiedade natural. Você procura alternativas para se defender disso. Procura outra rua, vai em grupo. Porém, a ansiedade a partir de determinados limites passa a ser patologia, doença.”

Nos termos médicos, a ansiedade é caracterizada por um estado de preocupação que dura a maior parte do dia e se prolonga por, pelo menos, três semanas (a referência são 21 dias porque a recuperação, para quem não está doente, é bem mais rápida). Já a depressão está relacionada a tristeza e/ou perda da vontade e da capacidade de sentir prazer. “Se você teve uma perda grande, dentro do normal, em menos de 21 dias você se recupera. Passou desse período, você está com depressão. Daí vêm os sintomas que chamamos de satélite, como Irritabilidade, agressividade, distúrbio do sono e da lamentação, dificuldade de concentração, cansaço exagerado e dores pelo corpo,” explica o psiquiatra.

Ao lado da psicoterapia e da medicação, recomendações básicas para quem está sofrendo de ansiedade ou depressão, são as práticas auxiliares, como meditação, esportes ou artes marciais. A experiência da autônoma Mônica Maria de Arruda, 48 anos, chamada por uma amiga para conhecer as atividades integrativas do Centro Integrado de Saúde (CIS), é um bom exemplo da eficácia desse suporte: “Eu estava muito mal, com uma depressão profunda. Pensei em suicídio duas vezes. Fazia ginástica e não adiantava, nada adiantava. Minha vida não tinha graça”, recorda a autônoma, ressaltando que a evolução do seu quadro foi “maravilhosa”.

Mônica Maria conseguiu sai de uma depressão profunda frequentando o Centro Integrado de Saúde (CIS): ” Eu não falo em melhora, eu falo em cura”. Foto: Rodrigo Silva/ DP/ D.A.Press

Frequentando o Centro Integrado de Saúde há 3 anos, Mônica Maria comenta a importância de receber o carinho e a atenção da equipe do CIS. “ Eu não falo em melhora, eu falo em cura. Voltei a dirigir, a andar sozinha, recuperei a minha força de vontade e autoestima”.

 

 

Acolhimento no Napi
O gestor e psicólogo do Núcleo de Apoio em Práticas Integrativas (Napi), Nícolas Augusto, conta que o acesso às unidades se dá através de encaminhamento da rede SUS ou de forma espontânea. “Após o encaminhamento, as pessoas passam pelo que chamamos de acolhimento. Uma entrevista humanizada e completa para a criação da programação terapêutica de acordo com cada um”. A equipe conta com profissionais de medicina, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, educação física, nutrição, farmácia, assistência social e terapia ocupacional. Mais de 20 atividades estão disponíveis nas unidades de referência. Entre elas, acupuntura, automassagem, arteterapia, biodança, contação de histórias, dança e percussão, fitoterapia e Yoga. “Temos uma diversidade de público muito grande. Homens, mulheres, crianças, adultos, idosos. Muita gente procura a acupuntura, mas apesar de pouca gente conhecer a biodança, por exemplo, eles aderem com muita força”, conta o gestor.

“As atividades paralelas ao tratamento psicoterapêutico e medicamentoso trazem grandes benefícios. Você vai ocupar seu tempo, vai ocupar sua mente. O que adoece o ser humano geralmente é a mente. Uma coisa interessante quando você está praticando esporte ou está correndo, por exemplo, é que você não pensa. Quando você está dançando, se entrega, não pensa em nada”, reforça o psiquiatra Dimas Luiz. O especialista afirma que a terapia absoluta seria o cidadão aprender a não pensar Como isso não se dá no cotidiano da maioria das pessoas, o esporte entra como uma espécie de meditação. “E a definição de meditação é não pensar, esvaziar a mente”, explica o médico.