A população com mais de 60 anos praticamente dobrou nas duas últimas décadas. Mas o desafio atual não é viver mais, e sim, viver melhor. O boom de uma cultura de cuidados e hábitos mais saudáveis com os avanços na medicina, o desenvolvimento de novas terapias e medicamentos, e a prática de exercícios físicos, colaboram com a longevidade. Mas não basta chegar à velhice com menor probabilidade de doenças. Interessados em viver muito, e bem, devem também equilibrar os fatores emocionais e intelectuais.
“A busca pelo envelhecimento de forma saudável começa lá atrás. O que não significa necessariamente a ausência de doenças. Uma pessoa que tem hipertensão ou diabetes controlada, pode continuar ativo”, comenta o geriatra e presidente da Sociedade de Geriatria Gerontologia da seccional Pernambuco, Lukas Gomes de Andrade. “Alguns fatores de risco podem começar no útero. Todo mundo sabe o caminho, mas nem sempre isso acontece. Tabagismo, sedentarismo, má alimentação, sobrecarga laboral contribuem como fatores de risco”, explica.
A ideia de que na melhor idade as pessoas deveriam apenas descansar, ficou para trás. Agora as ‘cadeiras da vovó’ estão sendo trocadas por pesos, alteres e tênis, por exemplo. Correr, caminhar, se exercitar. As pessoas, de todas as idades, estão mais conscientes sobre os cuidados com o corpo e a mente. “Natação, corrida, caminhada e até musculação são indicados, desde que o idoso realize uma avaliação médica. Muita gente pensa que musculação não pode ser feita, mas é o contrário”, garante o geriatra, reforçando que é muito importante manter o idoso socialmente ativo. “Leitura, atividades de socialização, trabalhos voluntários e até grupos de viagens são indicados.
Quanto mais estímulo, melhor vai ser para todos”, pontua. “É importante incentivar a independência do idoso”. No caso de Abelardo Lucena, 81 anos, administrador e técnico em contabilidade aposentado, por muitos anos árbitro de futebol, os exercícios físicos vieram como forma de amenizar as limitações causadas por um problema de coluna. “Vou à academia segunda, quarta e sexta, e as dores melhoraram de 100% para de 40% a 50%, mas a tendência é diminuir porque vou continuar. Faço quase todos os exercícios de musculação”, enfatiza.
Seguindo as orientações do filho Cássio Lucena, que é personal trainer, o aposentado percebe que os benefícios vão muito além da redução das dores. Durante as aulas de musculação, ele entra em contato com outros alunos e a festa está feita. “Quando eu chego é uma alegria geral, todo mundo brinca, fala comigo. Eu sou muito alegre, brinco muito, a gente se sente bem. Tem muita mulher bonita. Quando meu filho não está lá, outros professores me orientam sobre o exercício”, comenta animado.
O professor de educação física Adriano Vanderlei explica que, para os idosos, as vantagens da musculação são muitas. “Todo mundo a partir dos 40 anos começa a ter uma redução de massa muscular, o que com os exercícios, principalmente no caso dos idosos, pode ser retardado. Os exercícios ajudam no aumento do gasto calórico, no condicionamento, fortalecimento muscular, fortalecimento ósseo, retarda a redução da produção hormonal, oferece mais segurança na caminhada, auxilia na redução da possibilidade de acidentes”, enumera.
O professor destaca ainda os fatores sociais que são benéficos para os praticantes. “A prática valoriza a autoestima, aumenta a disposição nos próprios exercícios e eles se sentem independentes, fazem novas amizades, ficam mais ativos”, comenta. Porém, ele ressalta que para começar a praticar exercícios é indispensável a realização de uma avaliação física, de um exame clínico e um parecer cardíaco para identificar as capacidades do aluno. O geriatra Lukas de Andrade alerta, nesse sentido, que os idosos precisam ficar atentos às quedas, que não são normais, sugerindo uma ida ao médico, uma vez que isso pode ser melhorado.