Por uma vida melhor

Semifinais da Série A-2 do PernambucanoOs dois clubes classificados para o Pernambucano de 2009 serão conhecidos nesta quarta-feira, com a disputa dos jogos de volta da fase semifinal da Série A-2.

Apesar dos tradicionais América e Vitória estarem sediados no Recife e em Vitória de Santo Antão, respectivamente, eles não jogarão em “casa”. O primeiro “receberá” a Cabense em Timbaúba, às 20h (1 x 1 no Cabo). No mesmo horário, o Vitória enfrentará a Afogadense em Limoeiro (2 x 2 em Afogados da Ingazeira).

Por não ter estádio na capital, o América vem disputando a competição em Timbaúba, já que a prefeitura local cedeu o estádio Ferreira Lima, enquanto o Vitória vem jogando fora por problemas políticos, uma vez que o Carneirão seria o seu palco natural.

Quem vencer estará garantido na final da Série A-2 e, conseqüentemente, assegurado na Primeirona. Em caso de novo empate, a vaga será decidida nos pênaltis. Abaixo, saiba mais sobre os candidatos a uma vaga no Pernambucano de 2009.

Associação Acadêmica e Desportiva Vitória das Tabocas
Fundação: 3 de agosto de 1990, como A.D. Vitória (mudou para o nome atual em 6 de maio de 2008)
Estádio: Carneirão, com capacidade para 10 mil pessoas (o time, porém, vem jogando em Limoeiro, a 77 km do Recife, no Agreste)
2 Copas Pernambuco: 1995 e 2004
Vice-campeão pernambucano da 2ª divisão: 2004
13 participações na 1ª divisão (3º lugar em 1991)
Site oficial: http://www.vitoriadastabocas.com.br
Sede: Vitória de Santo Antão (125 mil habitantes), a 53 km do Recife, na Zona da Mata

Afogadense Futebol Clube
Fundação: 2005
Estádio: Valdemar Viana, com capacidade para 2 mil pessoas
Nenhuma participação na 1ª divisão
Sede: Afogados da Ingazeira (35 mil habitantes), a 386 km do Recife, no Sertão

América Futebol Clube
Fundação: 12 de abril de 1914
Estádio: Municipal Ferreira Lima, com capacidade para 6.500 torcedores (em Timbaúba, a 98 km do Recife, na Zona da Mata)
6 Campeonatos Pernambucanos: 1918, 1919, 1921, 1922, 1927 e 1944
77 participações na 1ª divisão
Sede: Recife

Associação Desportiva Cabense
Fundação:  6 de junho de 1952, como Destilaria E.C. (mudou para o nome atual em 26 de novembro de 1995)
Estádio: Municipal Gileno de Carlo, com capacidade para 5 mil pessoas
Vice-campeão pernambucano da 2ª divisão: 2006
8 participações na 1ª divisão (5º lugar em 1997)
Sede: Cabo de Santo Agostinho (169 mil habitantes), a 33 km do Recife, na Região Metropolitana

Você pode ler mais sobre a 2ª divisão do Pernambucano AQUI.

O “clássico” que importa

Estrela do Norte x Ajax, um clássico das peladas!Um cenário que prova pela enésima vez que o futebol é mesmo uma paixão nacional. Não importa o tamanho do time, a estrutura do campo, o nível técnico, a concorrência desleal…

Começa o plantão de domingo na editoria Esporte Total. A cobertura? O Clássico dos Clássicos, é claro. Eu e Ana Paula Santos fomos escalados para ir até a Ilha do Retiro. Saímos da redação do Diario, em Santo Amaro, por volta de 16h20.

Também seguiram no carro do jornal os fotógrafos Helder Tavares e Alexandre Gondim, guiados pelo motorista Gilson Bezerra. Seguíamos pela Joana Bezerra, um caminho com menos trânsito, num ensolarado domingo.

Antes de cruzar a ponte Gregório Bezerra, que liga o bairro ao estádio rubro-negro, passamos por um campo de pelada ao lado da pista, bem na entrada da comunidade do Coque. Uma cena que chamou a atenção de todos, e que precisava ser registrada.

Duas equipes devidamente uniformizadas. O Estrela do Norte, representando o Coque, e o Ajax, da Campina do Barreto. Pelo menos 50 pessoas estavam na beira do campo de terra vendo a tradicional pelada, válida pela “Copa dos Campeões do futebol participativo”. Um clássico.

Algumas daquelas pessoas em pé estavam tão uniformizadas quanto os jogadores.

Seriam os reservas? Não! Eram torcedores mesmo, do alviazulino Estrela do Norte, com direito a bandeira do time (foto acima).

Tudo aquilo a cerca de 500 metros da Ilha do Retiro, que começava a pulsar com o clássico entre Sport e Náutico. Separados apenas por um ponte.

Ponte que ligava o degrau abaixo do amadorismo ao futebol profissional da elite nacional. Mas uma ponte serve para isso mesmo… Para unir duas extremidades. Ligadas pela mesma paixão pelo futebol.

Sport x Náutico e Estrela do Norte x Ajax. Os clássicos que importam.

Foto: Helder Tavares/DP

Porto e Ypiranga na Copa São Paulo

Copa ("Taça") São Paulo. Famosa no passado. Recheada de empresários hoje em dia...A Federação Paulista de Futebol divulgou a relação completa com os 88 clubes que disputarão a 40ª Copa São Paulo de Futebol Júnior, que será realizada em janeiro de 2009. Os dois representantes pernambucanos na copinha serão os mesmos deste ano. Ambos do interior.

Porto e Ypiranga – que decidiram o Estadual de 2008 da categoria, vencido pelo time de Caruaru – levarão mais uma vez as cores do estado para os estádios paulistas. Serão 22 cidades subsedes espalhadas em toda a região, fazendo valer o nome da Copa São Paulo.

Em 2008, o Figueirense surpreendeu e ficou com o título. Os pernambucanos, no entanto, ficaram na primeira fase. Experiente – e com uma boa base para a formação de atletas -, o Porto irá para a sua 5ª participação, enquanto o representante de Santa Cruz do Capibaribe irá para a sua 2ª. Tomara que seja melhor que a primeira, na qual passou um vexame histórico. Em 12 de janeiro, na estréia do time, a Máquina de Costura levou uma lapada de 12 x 1 do Grêmio. Somente o atacante Rafael Martins (foto abaixo) marcou 7 gols.

Grêmio 12 x 1 Ypiranga. Que estréia, hein...Pernambuco, que sempre foi um celeiro de grandes jogadores, nunca teve uma participação de destaque na Copa SP. Na última década, os melhores resultados foram alcançados em 1992 e 1997, quando Santa Cruz e Sport, respectivamente, foram eliminados nas quartas-de-final.

Como ainda não será dessa vez que Sport, Náutico e Santa estarão lá, os times do Recife vão deixando passar mais uma oportunidade de colocar seus jogadores nessa vitrine de ouro (por mais que atualmente a disputa seja utilizada por empresários com clubes de aluguel).

Ao todo, foram 18 participações de Pernambuco desde 2001. Porém, em apenas 3 um time local conseguiu avançar de fase – mas mesmo assim caiu logo na etapa seguinte (oitavas-de-final). Um fiasco! Veja abaixo as campanhas pífias dos times do estado nos últimos anos.

Participações pernambucanas no século XXI
2001 – Santa Cruz (8as-de-final), Sport e Náutico (ambos na 1ª fase)
2002 – Santa Cruz (1ª fase)
2003 – Santa Cruz (8as-de-final) e Náutico (1ª fase)
2004 – Náutico, Santa Cruz (ambos na 1ª fase)
2005 – Santa Cruz, Sport e Porto (todos na 1ª fase)
2006 – Porto e Santa Cruz (ambos na 1ª fase)
2007 – Porto (8as-de-final)
2008 – Porto e Ypiranga (ambos na 1ª fase)
2009 – Porto e Ypiranga

Ano zero do futebol pernambucano – 3

Ponte a Boa Vista no Recife, no início do século XX

Por Carlos Celso Cordeiro*

Em 1910, o futebol já não era praticado somente pelos componentes da elite recifense. É verdade que os principais jogos envolviam apenas os sócios do Náutico e do Sport, além dos funcionários, geralmente ingleses, da Great Western e da Western Telegraph. Esse clubes se enfrentaram algumas vezes também, assim como times formados por marujos de navios ingleses ancorados no Porto do Recife.

Nos subúrbios, porém, o futebol começava a ganhar impulso. Os jornais registravam, com freqüência, a fundação de novos clubes. Entre eles:

Caxangá Foot-ball Club, Club Athletico de Pernambuco, Olinda Foot-ball Club, Brazilian Foot-ball Club, Recreio Sportivo Pernambucano, Principe Foot-ball Club, Clube Sportivo Almirante Barroso, Centro Sportivo do Peres e Minas Geraes Foot-bal Club.

No ano de 1912, as atividades futebolísticas do Sport, do Náutico e dos clubes de ingleses foram resumidas. Um jogo entre Náutico e Sport marcado para o dia 13 de maio, data do oitavo aniversário do Sport, não foi realizado. No dia 26 de maio foi realizado um jogo entre o “Mundo” (time de estrangeiros) e um combinado Sport/Náutico, com público diminuto. De uma maneira geral, contudo, o interesse pelo futebol era crescente.

Diversos estados brasileiros já realizavam seus campeonatos. Pernambuco deveria, também, organizar o seu certame. Assim, em fevereiro de 1912, sob a presidência do então conhecido “foot-baller” Eugênio Silva, foi criada a Liga Pernambucana de Foot-ball, formada pelos clubes: Internacional F. C., Mina Geraes F. C., Riachuelo F. C., Brazil F. C. e Peres F. C.

Foi organizado um campeonato, do qual algumas partidas foram disputadas. Depois toda a diretoria da Liga renunciou e suas atividades foram encerradas (o campeonato não foi oficializado depois).

*Carlos Celso Cordeiro é escritor e pesquisador do futebol pernambucano

Confira a história completa: parte 1, parte 2, parte 4, parte 5 e parte 6.

Craque da Comunidade – Michel Souza

Segue neste post a 3ª matéria da série “Craque da Comunidade”, do jornal Aqui PE. Dessa vez, quem assina a reportagem é Rodolfo Bourbon. O craque, que já atuou como profissional, domina as partidas nos campos de Roda de Fogo.

Michel, que já jogou contra Nildo. Bons temposCaneleiro, não

Jogando como volante, posição pouco valorizada, Michel, o craque da comunidade de Roda de Fogo, sonha com o Flamengo

Futebol, para o estudante Michel Souza Lacerda, 25 anos, ultrapassa a barreira do mero lazer. Como atleta, já chegou a atuar nos clubes Ferroviário de Serra Talhada, Catende e Corinthians de Caicó. Duelou contra ícones como Souza, ex-meia do São Paulo, e Nildo, antigo ídolo do Sport Recife – time de coração do jovem. Hoje, sucumbe ao anonimato como peladeiro da Roda de Fogo, comunidade situada no bairro dos Torrões, Zona Oeste do Recife. Conserva humildade. Apesar de, após o par ou ímpar, quase sempre, ser o primeiro a compor um dos times.

Craque da simplicidade, Michel arranca olhares entusiasmados do público com marcações cerradas e jogadas de efeito. As observações no campinho de várzea, no entanto, jamais partiram de olheiros ou empresários. “A nossa comunidade está cheia de bons jogadores. Mas falta investimento. Não se pode jogar à noite, por causa dos refletores queimados há mais de três anos. Não tem espaço para acomodar a torcida. Quem vai ficar se sujeitando a essas condições?”, questiona. As reivindicações não param por aí. “Sem rede nas laterais, a bola acaba batendo nos pedestres. Com a falta de vestiários, ficam todos ‘peladões’ na frente de mulheres e crianças”, critica.

Enquanto não arruma contrato com um clube, Michel mantém a forma com partidas amadoras e corridas diárias. “Estou tentando ir jogar em alguma equipe de Fortaleza. Não desisto. Penso em, um dia, entrar no Maracanã lotado, vestindo a camisa do Flamengo”, sonha o jovem, entusiasmado ao falar da paixão pelo esporte. “Quando dei meus primeiros passos, já comecei a chutar uma bola”, brinca.

No campo da Roda de Fogo, o jogo é 11 contra 11. “É na base dos dez minutos ou um gol. Aqui, o ‘couro come’! Apanha, levanta, dá lapada”, resume o bom de bola e volante, posição pouco aclamada pela torcida. “Caneleiro” é um título que o jogador diz não sustentar. “Gosto de armar jogadas, partir no mano-a-mano, com velocidade e habilidade. E, se bobear, belisco e mando a pelota para o fundo das redes”, explica. Inserido no padrão de medidas oficiais, com terra batida e relativamente plana, o espaço tem condições de sediar a formação de craques como Michel. Basta mais zelo.

Foto: Cecília de Sá Pereira

Experiência de 1950

Copa do Mundo de 1950: Chile 5 x 2 EUA. Foto: Fifa

Na expectativa, o Recife deverá ser confirmada pela CBF como subsede da Copa do Mundo no dia 31 de março do ano que vem. Há 58 anos, porém, o estado teve a sua primeira a experiência em um Mundial.

Nunca uma Copa do Mundo ficou tão perto do Recife como na tarde do dia 2 de julho de 1950. Os pernambucanos acompanharam os mundiais anteriores pelo rádio e até por telégrafo. Mas naquele dia, no entanto, Chile e Estados Unidos entraram em uma Ilha do Retiro bem diferente da atual para uma partida válida pela 1ª fase.

Debaixo de chuva, mais de 9 mil pessoas viram a vitória chilena por 5 x 2 (foto acima), sendo este o único jogo realizado em todo o Norte-Nordeste. E não foi nem um pouco fácil para Pernambuco ser escolhido como sub-sede da Copa. As reformas no estádio do Sport duraram cerca de um ano, uma vez que os abnegados rubro-negros tiveram que cumprir todos os requisitos da Fifa no prazo estipulado.

A manchete do Diario de Pernambuco do dia 2 de julho foi “Chega ao Recife o Campeonato do Mundo”, mostrando detalhes do jogo, que previa casa cheia. Informava, inclusive, que várias caravanas de outros estados do Nordeste estavam se deslocando para Pernambuco, apenas para acompanhar aquele duelo histórico.

Apesar do público oficial de 9 mil torcedores divulgado no site da Fifa, o Diario noticiou na época que cerca de 20 mil pessoas lotaram as dependências da Ilha do Retiro. Para a decepção dos pernambucanos, porém, a partida foi uma lástima, como afirma um dos textos da reportagem do dia seguinte do Diario, onde até o termo “pelada” foi utilizado.

Os EUA chegaram a igualar a partida em 2 x 2, mas os chilenos acabaram deslanchando e golearam com gols de Cremaschi (2), Robledo, Riera e Prieto. A partida foi assistida na tribuna de honra pelo ex-presidente da Fifa, Jules Rimet, e pelo então governador do estado, Barbosa Lima Sobrinho. Abaixo, a ficha do jogo.

Chile 5 x 2 Estados Unidos

Data: 02/07/1950; Local: Ilha do Retiro; Árbitro: Mário Gardelli (Brasil); Assistentes: Mario Ruben Heyen (Paraguai) e Alfredo Alvarez (Bolívia); Gols: Robledo (16) e Riera (32 do 1º tempo); Wallace (2), John Souza (3), Prieto (15) e Cremaschi (9 e 37 do 2º tempo); Público: 8.501; Renda: 290 mil cruzeiros
Chile: Livingstone; Riera, Machuca, Prieto e Busquet; Farias, Ibanez, Cremaschi e Robledo; Alvarez e Rojas. Técnico: Arturo Bucciardi
Estados Unidos: Borghi; John Souza, McIlvenny, Pariani e Wallace; Colombo, Maca, Bahr e Edward Souza; Gaetjens e Harry Keough. Técnico: Bill Jeffrey

Foto: site da Fifa

“Pernambuco está na Copa de 2014”

Arena Coral, projeto do Santa para a Copa do Mundo de 2014Além de presidir o Santa Cruz, Fernando Bezerra Coelho segue acumulando o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. Dessa forma, FBC adiantou que a cidade do Recife será confirmada oficialmente como subsede da Copa do Mundo de 2014 em março de 2009.

“Será uma oportunidade única para o nosso estado, e o mercado já sabe disso. Pernambuco está na Copa de 2014. Agora, precisamos saber qual será o estádio”, disse FBC, que já chegou até a se encontrar o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

As 10 subsedes (ou 12, como quer a CBF) deverão apresentar o projeto definitivo dos seus estádios em novembro do ano que vem. Para o Recife, o projeto oficial ainda é a Arena Recife-Olinda (imagem abaixo), que seria construída, a princípio, no bairro de Salgadinho, em Olinda. Outras duas áreas, no entanto, estão sendo estudadas, na Ceasa e no Jequiá.

Os tricolores, porém, querem dar seqüência ao projeto da Arena Coral (imagem acima), que prevê uma reforma completa na casa tricolor, que passaria a ter uma capacidade de 68.500 pessoas sentadas (o anel superior seria ampliado).

Para Fernando Bezerra Coelho, o Santa tem dois caminhos nessa disputa local para o Mundial de 2014:

Arena Recife-Olinda, o primeiro projeto pernambucano para a Copa de 20141) A Arena Coral, obviamente. “Seria mais barato reformar o Arruda do que desapropriar o bairro de Salgadinho e construir um novo”, afirmou o mandatário coral.

O custo somente para desapropriar a área em Olinda é de R$ 100 milhões, enquanto todo o projeto do José do Rego Maciel está orçado em R$ 190 milhões.

2) Se juntar a Náutico e Sport no projeto da empresa portuguesa Lusoarenas, que tem o apoio do governo do estado para construir um novo estádio na capital pernambucana, para 44 mil pessoas.

Os três times teriam que jogar na arena durante 30 anos. No entanto, FBC propôs que os 3 clubes tenham uma cota mínima para jogar nos seus estádios também.

Você pode ler um pouco mais sobre essa polêmica da Copa de 2014 no Recife clicando AQUI.

Imortalizados por uma lente

Colaborador do blog, Osmário Marques – diagramador do Diario – vem se aventurando na fotografia, e bem, diga-se. Abaixo, uma galeria com fotos tiradas por ele nos jogos Náutico 0 x 2 Flamengo (04/10) e Sport 2 x 2 Vasco (08/10). Como o próprio autor diz, trata-se de “uma visão do futebol registrada por uma das pessoas que menos se interessa por esse esporte”. 😀

Ano zero do futebol pernambucano – 2

Recife Antigo

Por Carlos Celso Cordeiro*

Um fato novo revigorou a prática do futebol na capital de Pernambuco no começo do século passado, que foi a adesão do Náutico à prática do futebol. Uma matéria publicada no “Jornal Pequeno” de 12/05/1909 reforça a idéia de que o entusiasmo inicial pelo futebol realmente ficou arrefecido neste período e que a criação de novas equipes poderia modificar esta tendência. Abaixo, a matéria com a grafia da época.

“Reina grande animação no centro sportivo desta bella capital, tão balda em divertimentos e onde a rapaziada “smart” raramente tem ocasião de evidenciar as suas aptidões para os jogos athleticos. O reapparecimento do muito apreciado jogo de foot-ball do qual aqui tem sido infatigável propagandista o sr. Guilherme de Aquino Fonseca, tem despertado no animo da vigorosa mocidade pernambucana um verdadeiro enthusiasmo!

Basta salientar que ultimamente, depois do match disputado em Sant’Anna uns vinte dias atraz, só de uma vez, segundo ouvimos dizer, entraram mais de vinte e oito sócios para o sympathizado Sport Club. Não era comprehensivel que a rapaziada pernambucana se deixasse ficar na retaguarda dos paulistas, cariocas e bahianos, que já cultivam o foot-ball com verdadeiro delírio. Constou-nos que os rapazes do Club Náutico tratam de formar um eleven para bater-se com os do Sport Club.

Não será somente este, pois também ouvimos dizer que o sr. Arnaldo Loyo está organizando um team para jogar contra o Sport e outros. Se assim acontecer, em Pernambuco ficará então definitivamente introduzido o foot-ball, um dos jogos que mais concorrem para uma boa educação phisica e onde os moços aprendem a dominar os nervos, adquirindo a calma e tenacidade precisas para serem bons servidores da Pátria!”

Como previsto, a adesão do Náutico foi a mola propulsora desta nova onda de entusiasmo pelo futebol. O Clube Náutico Capibaribe, fundado em 07/04/1901, mas voltado apenas para esportes náuticos, aderiu aos esportes terrestres em 14/07/1909, quando foi realizada uma reunião para modificação dos estatutos da agremiação.

Náutico e Sport já estavam se tornando tradicionais adversários nas Regatas e a transferência desta rivalidade para os gramados foi muito importante para a consolidação definitiva do futebol em Pernambuco. A primeira partida entre Náutico e Sport, realizada em 25/07/1909, despertou grande interesse na imprensa escrita que, para os padrões da época, dedicou ao jogo extensas matérias. O resultado do primeiro jogo do Náutico foi: Náutico 3 x 1 Sport, com 2 gols de Maunsell e 1 de Thomas para o Náutico, e 1 de C.Chalmers para o Sport.

*Carlos Celso Cordeiro é escritor e pesquisador do futebol pernambucano

Confira a história completa: parte 1, parte 3, parte 4, parte 5 e parte 6.

Ano zero do futebol pernambucano – 1

Estação central dos trens e Praça Barão de Mauá

Por Carlos Celso Cordeiro*

No final de 1903, pela persistência de Guilherme de Aquino Fonseca, um pernambucano que estava de volta da Inglaterra, onde fora completar seus estudos, começou a ser implantado o futebol em Pernambuco.

É de se supor que ele não encontrou interesse por parte dos dois clubes esportivos que existiam na época: Internacional e Náutico. O passo seguinte teria sido procurar os funcionários ingleses dos Bancos, do Comércio, da Western Telegraph Company e da Great Western para disseminar o futebol em Recife.

A realização das primeiras práticas de futebol, no ano de 1904, animou Guilherme de Aquino Fonseca a planejar a fundação de um clube de futebol. Este plano foi concretizado no dia 13 de maio de 1905 com a fundação do Sport Club do Recife. No início, a prática do futebol era restrita a sócios do Sport, a funcionários de companhias inglesas e a times organizados por ingleses.

Além do Futebol Association, o Rugby e o Cricket eram praticados por estes desportistas. O Rugby e o Cricket foram praticados durante alguns anos, mas não se consolidaram nos costumes dos pernambucanos. O primeiro jogo de futebol em Pernambuco foi disputado no dia 22/06/1905, e envolveu o Sport Club do Recife e um time de ingleses radicados em Recife. O resultado desta partida foi 2 x 2. Não foram localizadas informações sobre os goleadores do jogo.

No local deste jogo, o campo do Derby, foi inaugurado, em 27 de abril de 1997, um monumento alusivo ao acontecimento. O marco tem 2,5 m de altura sobre o qual está uma bola estilizada em bronze. O monumento tem ainda duas placas. Numa delas está as escalações dos dois times. Depois do impulso inicial, o gosto pelas atividades futebolísticas ficou arrefecido. A prática do futebol deve ter ficado restrita aos treinos. Tanto que nos anos de 1906 a 1908, não são encontradas, nos jornais de Recife, notícias sobre a realização de jogos de futebol.

*Carlos Celso Cordeiro é escritor e pesquisador do futebol pernambucano

Confira a história completa: parte 2, parte 3, parte 4, parte 5 e parte 6.