Entre um porto e a história

Porto fluvial de Santa Fé, na Argentina. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Santa Fé – A portuária cidade às margens do Rio Salado tem cerca de 370 mil habitantes. Limpa e bem cuidada, Santa Fé surpreende de cara, com belos jardins e casas de arquitetura centenária, à parte da zona urbana mais moderna, que elevou o município ao 4º lugar no país em número de edifícios.

O destaque fica mesmo por conta do porto, o último na rota fluvial a receber navios de grande porte dos mares. No verão, a margem do rio vira uma espécie de “praia”. Todo esse cenário marca, também, a história da Argentina.

Lá, foi assinada a constituição país, em 1853. Há, inclusive, um passeio turístico Camino de la Constitución, com o passo a passo até a assinatura do documento que dita as regras da nação dos hermanos. Para manter a tradição, a reforma da carta, em 1994, também ocorreu em Santa Fé.

Nos primeiros anos após a sua fundação, em 1573, a cidade foi o principal acesso – terrestre e fluvial – para o Paraguai, ainda com influência na região, social e econômica.

Centro de Santa Fé, na Argentina. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Durante um rápido passeio neste sábado foi possível passar por algumas ruas e avenidas importantes, apesar do pouco movimento na cidade – ainda. Turistas de Buenos Aires e Montevidéu, ávidos pelo clássico, também estão se deslocando para Santa Fé. O ponto de encontro deve ser na Boulevard Gálvez, com palacetes e centros culturais.

Todos esses turistas, porém, vão ter um certo problema com a língua local. O espanhol tem um dialeto à parte. Basta dizer que o tradicional “bife de chorizo” é chamado aqui de “entrecorte”. A “cerveza” é chamada de “porrón”.

A 476 km de distância e com passagens de ida e volta de ônibus por R$ 150, Santa Fé surge como uma alternativa de um ou dois dias durante uma visita à Argentina.

Mas, desta vez, só uma parte dos turistas rioplatenses ficará com boas lembranças.

Centro de imprensa da Copa América 2011 em Santa Fé, na Argentina. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

De Santa Fé para o mundo

Jornal Uno, de Santa Fé, Argentina. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Santa Fé – Com poucas linhas de ônibus disponíveis até a cidade que receberá o clássico entre Argentina e Uruguai, pela Copa América, tive que viajar na madrugada.

Chegando no destino às 6h30, ainda às escuras, acabei aguardando um pouco na rodoviária para depois seguir ao centro de imprensa, que abriu apenas às 9h.

Mas foi tempo suficiente para tomar um café da manhã e ler o jornal UNO, de Santa Fé, a 476 quilômetros de Buenos Aires. Pela manchete dá para perceber de cara o quanto a partida significa para toda a cidade.

“Santa Fé recebe um jogo único e se mostra para o mundo”.

A expectativa é enorme, ainda mais por causa do jogo anterior, um 0 x 0 com a Colômbia que resultou em protestos dos hinchas argentinos.

Segundo o periódico – que custou 3 pesos -, a audiência do clássico rioplatense deverá chegar a 400 milhões de televisões pelo mundo.

A reportagem local destaca também a presença das torcidas rivais, com 31 mil argentinos e 6 mil uruguaios presentes no Cemitério de Elefantes, neste sábado.

O jornal ainda trouxe um brinde. Um poster de Lionel Messi… Vai embrulhar peixe?

Todas as imagens do Rio da Prata

Mapa de Buenos Aires e Montevidéu

Buenos Aires – O comitê organizador da Copa América de 2011 divulgou os órgãos de imprensa credenciados para a cobertura do jogaço entre Argentina e Uruguai.

O Diario de Pernambuco estará presente através do blog. Sobre a lista, vale destacar a quantidade de veículos com fotógrafos no jogo que será realizado em Santa Fé. Serão nada menos que 70 agências fotográficas, incluindo profissionais da Rússia e do Japão.

Não confunda o dado com “70 fotógrafos”. Serão 70 agências, sendo que várias delas com até três representantes no estádio… Haja imagens do clássico do Rio da Prata!

Buenos Aires e Montevidéu estão separadas por apenas 300 quilômetros, pelo rio.

Contra tudo e contra todos. Até contra o vento

Treino da Seleção Brasileira em Cardales, 15/07/2011. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Após alguns dias de trégua, o frio voltou com força ao treino da Seleção Brasileira, dessa vez acompanhado de fortes rajadas de vento, baixando bastante a sensação térmica. A solução foi recorrer à tenda da CBF.

No campo, tentando driblar a temperatura instável, o técnico Mano Menezes manteve o tom de mistério que vem marcando esta Copa América de 2011, incluindo os times de Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, todos na briga pelo título.

Com o colete verde-limão, os goleiros. Com o vermelho, apenas reservas. Titulares atuaram com o uniforme cinza. No entanto, não havia a formação com 11.

Nota-se que não há uma definição para a zaga, ainda mais depois dos quatro gols sofridos pela Canarinha nos últimos dois jogos. Logo o melhor setor até o início da Copa…

Para tentar conquistar o tricampeonato diante dos adversários de língua espanhola, o Brasil deverá continuar com esse esquema até o dia 24 de julho.

Mercado nebuloso e paralelo em Cardales

Neblina em Los Cardales, Argentina. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – A neblina cobriu Buenos Aires. Em Los Cardales, clima nebuloso também na entrevista coletiva da Seleção Brasileira.

Com o mercado europeu fervendo de notícias, principalmente com transações milionárias envolvendo craques do Brasil, várias perguntas dirigidas aos jogadores focaram este tema. A sondagem do Real Madrid sobre Neymar, por exemplo, é sempre comentada.

Nesta sexta-feira, o lateral-direito Maicon e o atacante Alexandre Pato foram os jogadores escolhidos pela CBF para falar com a imprensa.

Ao ala, destaque do Brasil diante do Equador, foram pelo menos duas perguntas sobre a Internazionale da Itália, à parte da Canarinha.

“Com a contratação do lateral Jonathan, do Santos, pela Internazionale, isso abre o caminho para a sua ida ao Real Madrid?”

“Maicon, como jogador da Internazionale, qual é a sua opinião sobre os campeonatos anulados na Itália (em 2006 a Inter ganhou o título revogado da Juventus)?”

instantes depois, o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, interveio sobre os questionários e limitou as perguntas apenas à Seleção.

O mercado segue aquecido, mas o caixa-forte do Brasil está fechado. Portanto, o risco de alguém pegar um helicóptero no hotel e se mandar ainda é zero…

Por dentro da pressão na Seleção

Bastidores de Brasil 4x2 Equador, em 2011. Foto: CBF/divulgação

Buenos Aires – Com o objetivo de mostrar publicamente o espírito de união do grupo verde e amarelo – após as rusgas entre novatos e veteranos -, a CBF divulgou imagens dos bastidores da Seleção no jogo que rendeu à classificação às quartas de final.

Começando com as mensagens de apoio coladas na parede do vestiário do estádio Mario Kempes, em Córdoba. A ação foi um pedido do próprio técnico Mano Menezes. As frases dos torcedores foram copiadas do Twitter.

No fim, com o 4 x 2 sobre o Equador, a foto com o agradecimento dos jogadores brasileiros em solo argentino. No discurso, Mano emendou:

“Eram quatro decisões. Vencemos a primeira, derrotando o Equador. Agora, faltam três decisões. Vamos pensar agora no Paraguai.”

A próxima decisão será neste domingo, em La Plata. A assessoria da Confederação Brasileira de Futebol deverá repetir a mesma atitude no decorrer da Copa América…

Qual seria a sua mensagem para a Seleção Brasileira na Copa América 2011?

Bastidores de Brasil 4x2 Equador, em 2011. Foto: CBF/divulgação

Único dia de Copa América em Buenos Aires

Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – O estádio Antonio Vespucio Liberti será o palco da decisão da Copa América. O campo, conhecido como Monumental de Nuñez, ainda continua em reformas.

Dessa vez não trata-se de um atraso do comitê organizador, mas do conserto das tribunas após o quebra-quebra da torcida do River Plate na queda à 2ª divisão.

Assim, essa será a única partida da competição na capital argentina. Para a final da edição de 2011 serão disponibilizados 57.921 ingressos.

O Monumental já recebeu a final da Copa América em 1946, 1959 e 1987. Nas duas primeiras edições, títulos para a anfitriã. No último, volta olímpica da Celeste.

O vídeo abaixo foi gravado nesta sexta, com Buenos Aires coberta pela neblina, durante o traslado até Los Cardales, quarto-general da Seleção ao norte da capital argentina.

Atlanta, o dono da pelota no Recife

Clube Atlético Atlanta, em Vila Crespo, Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Aproveitando a folga na tabela da Copa América 2011, com o fim da primeira fase, o blog mergulhou na história do futebol pernambucano em plena capital argentina. Indo de metrô a partir da Florida, dez estações até a Villa Crespo, bairro do Atlanta.

Tudo começou com um buffet em 17 de dezembro de 1936. Fazendo valer o apelido de “boêmio”, o elenco do Atlanta fez uma despedida na calle Humboldt, em Villa Crespo. No dia seguinte, a delegação partiu do porto da capital iniciando uma longa viagem no vapor Monte Pascoal. Destino? Brasil. Pela primeira vez o Clube Atlético Atlanta jogaria no país vizinho. Ao todo, disputaria 13 partidas até março do ano seguinte.

Em janeiro, o navio argentino atracou no porto do Recife. Com a ajuda financeira da Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF) para promover o esporte local, a técnica agremiação portenha enfrentaria adversários pernambucanos. De forma inédita, então, o futebol pernambucano receberia um time do exterior. Foram duas partidas no Campo da Avenida Malaquias, antigo estádio rubro-negro.

Clube Atlético Atlanta, em Vila Crespo, Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Bem superior, o Atlanta começou com um rotundo 10 x 6 sobre o Náutico. Na sequência, um 7 x 2 sobre o Sport. Sobre os jogos, Diario de Pernambuco publicou o seguinte em sua edição de 30 de janeiro de 1937:

“O Recife pode ter assistido a jogo de conjunto superior ao do Atlanta; não nos lembramos, porém, de quando teria acontecido tal fato.”

A elasticidade deixou claro o desequilíbrio entre o fim da era amadora do futebol local e o profissionalismo dos hermanos – o Atlanta havia acabado o Nacional em 6º lugar.

Já centenário, o Atlanta segue vivo, várias décadas depois de fazer história no gramado pernambucano. Em 2011, o time amarelo e azul conquistou o título argentino da terceira divisão – com direito a DVD! – e subiu para a “1ª divisão B Nacional”, coom é chamada a segundona. Na tabela da nova competição, o confronto contra o tradicional River Plate, rebaixado pela primeira vez em sua história, com o duelo agendado para 9ª rodada, no Monumental de Nuñez – outrora até comum. À parte do bairro distante, o clube costuma fazer a sua pré-temporada ocorre em San Luis.

O blog visitou o estádio León Kolbovsky – com arquibancada de madeira até 2006 – e mostra um pouco do Atlanta, fora da elite argentina desde 1984. A hinchada segue fiel.

Casa das armas em campo neutro

Museu das Armas de Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – O Museu de Armas da Argentina guarda peças históricas do exército dos hermanos, de episódios como a emancipação do país e a Guerra das Malvinas.

O poder de fogo visto no museu no centro da cidade estará, de certa forma, no campo de batalha de La Plata, no domingo. Após as estreias sem gols, brasileiros e paraguaios calibraram o pé e fuzilaram as redes 11 vezes nas rodadas seguintes da Copa América.

Com seis gols, o Brasil acabou com o melhor ataque da fase de grupos, enquanto o Paraguai, com cinco tentos, terminou com o segundo melhor.

Na rodada de quarta, Alexandre Pato, pelo time verde e amarelo, e Lucas Barrios, pela equipe guarani, foram apontados pelo comitê do torneio como os melhores em campo, diante de Equador e Venezuela, respectivamente.

Portanto, o estádio Único vai declarar um único vencedor nesta guerra pelos gols.

Nada de Guerra do Paraguai dessa vez…

Metrô ou Subte, mas longe do futebol

Metrô da Argentina. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Traçando um paralelo entre as linhas do Recife e Buenos Aires…

Na capital pernambucana, o metrô é apontado como uma parte importante do plano de mobilidade urbana focando a Arena Pernambuco, a 19 quilômetros do Marco Zero. A estação Cosme e Damião, já em fase final, ficará a 700 metros do futuro projetado para o Mundial de 2014. Ligará o aeroporto ao novo estádio.

Os demais – Ilha do Retiro, Aflitos e Arruda – não contam com o serviço. A casa rubro-negra é a que chega mais perto, com o terminal de Joana Bezerra, mas sem um esquema integrado até o estádio.

Em Buenos Aires, apesar da estrutura mais avançada, não é muito diferente em relação aos estádios de futebol. O metrô local, chamado de “Subte”, é até extenso. Tem seis linhas distribuídas em 56 quilômetros de trilhos, com 77 estações.

No entanto, as principais canchas não contam com estações próximas, como o Monumental de Nuñez e a La Bombonera e nem linhas integradas aos ônibus. De certa forma, causa surpresa, pois a metrópole portenha tem mais de 15 clubes…

Esporte à parte, a passagem do Subte na Argentina é bem barata. Custa 1,10 peso. Na moeda brasileira, apenas R$ 0,43.

Veja as configurações do metrô de Buenos Aires. A atual, de 2010, e a futura, em 2015.

Metrô de Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco