Forças Armadas vão auxiliar na logística e segurança do Enem

Forças Armadas vão auxiliar na logística e segurança do Enem

Por Agência Brasil

A pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pela aplicação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), as Forças Armadas vão prestar apoio logístico ao Ministério da Educação (MEC) na realização da edição de 2020.

Por causa da pandemia do novo coronavírus, as provas impressas serão aplicadas nos dias 17 e 24 de janeiro. Na versão digital, o exame será nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Na portaria, publicada nesta quarta-feira (18) no Diário Oficial da União, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva autoriza a atuação das forças.

Segundo o Inep, há 5.783.357 inscritos para o Enem, sendo 5.687.271 para o exame impresso e 96.086 para o digital, que é novidade nesta edição. Esta não é a a primeira vez que militares são requisitados para auxiliar na logística e também na segurança do exame.

Negros de 14 a 29 anos desempregados são quase o dobro dos brancos

Negros de 14 a 29 anos desempregados são quase o dobro dos brancos

Por Correio Braziliense

Encontrar trabalho é mais difícil para os jovens e um desafio ainda maior para a juventude negra e parda. A quantidade de pessoas negras de 14 a 29 anos buscando emprego é quase o dobro da de jovens brancos. Dos mais de 12 milhões de desempregados no país, 6,7 milhões têm de 14 a 29 anos. Nessa faixa etária, estão desocupados 4,36 milhões de jovens negros e 2,32 milhões de jovens brancos.

No país, mais de 65% dos jovens que não estudam e não concluíram o ensino superior são negros. De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das 23,7 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos nessas condições, 15,6 milhões são pretas ou pardas.

“Temos uma desigualdade educacional que se manifesta desde o ensino fundamental e se agrava ao longo do percurso escolar. Isso porque os motivadores do atraso e abandono vão se acumulando e atingem o ápice no ensino superior”, explica Luanda Botelho, analista socioeconômica do IBGE.

A disparidade no ensino afeta diretamente o desempenho no mercado de trabalho. No entanto, o contraste é notável mesmo entre aqueles que estão no mesmo nível educacional. “Não ter ensino superior já é uma desvantagem no mercado de trabalho, mas seria equivocado atribuir somente a essa característica os resultados desiguais”, afirma Luanda, mestra em sociologia pela Universidade do Estado do Rio Janeiro (Uerj).

“As pessoas pretas ou pardas estão mais desocupadas e, entre as ocupadas com o mesmo nível de instrução, o rendimento do profissional branco é maior do que o do preto ou pardto”, diz. A pesquisa do IBGE revela que, enquanto brancos com ensino superior completo ganham, em média, R$ 33,90 por hora, pretos e pardos recebem R$ 25,50. “É uma diferença de 44%”, pontua.

Caminho da educação

A educação é fundamental para conseguir melhores condições de emprego e renda. Nesse sentido, apesar das melhorias ao longo de décadas, há muito a avançar na oferta à população negra.

A meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece que, até 2024, 33% dos jovens de 18 a 24 anos devem estar no ensino superior. “Essa meta já foi alcançada para os jovens brancos. Para os jovens negros, alcançar a meta ainda está distante: 18% deles nessa faixa etária estão na faculdade”, compara a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Tatiana Dias Silva.

No ensino superior particular, o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Financiamento Estudantil (Fies) também se mostraram fundamentais para a inclusão dos negros, apesar de não haver reserva de vagas para eles.

Nas universidades federais, graças a cotas, pretos e pardos são 51% dos alunos, segundo pesquisa do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis (Fonaprace), vinculado à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Para Tatiana, as ações afirmativas são fundamentais para mudar este cenário, porém, não são suficientes, isoladamente, para acabar com a discriminação. “Se a gente compreende o racismo como questão estrutural, essas medidas somente, mesmo que fossem 100% efetivas, são uma parcela de um projeto antirracista que temos de ter como sociedade”, explica.

“Elas são parte de uma construção histórica que reconhece a necessidade de atuação do estado não só para reprimir o racismo e valorizar a cultura negra, mas, também, para pensar no desenvolvimento brasileiro a partir da inclusão de todos.” A fim de promover essa inclusão de fato, “as políticas públicas devem ser estruturadas de modo que pensem no negro e não criem mais desigualdade”.

As iniciativas não devem se restringir à reserva de vagas em universidades públicas e em concursos públicos, observa Tatiana. “É preciso pensar na tributação, na política social, na distribuição de renda. Se a gente não incorporar realmente a diversidade racial, a gente não se desenvolve”, aponta.

Em busca de estudo

Leilany Raquel Ramos, 29 anos, sabe da importância de buscar educação e sonha fazer faculdade. Ela trabalha na conservação de uma academia há três anos, fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2019 e conseguiu uma bolsa do ProUni para cursar enfermagem numa instituição particular.

A jovem entregou a documentação e fez a matrícula, mas não conseguiu nem começar a frequentar as aulas porque uma reviravolta aconteceu na família. “Minha mãe faleceu há quatro meses. Ela teve câncer e ficou internada por três meses. Minha vida virou de cabeça para baixo”, conta.

Leilany morava com o filho de 10 anos e a mãe, com quem dividia as contas e os cuidados com o menino. Depois da morte dela, precisou mudar de casa para pagar um aluguel mais em conta. “Fiquei um mês afastada do trabalho e ainda estou resolvendo questões do enterro”, diz.

Era a mãe dela que ficava com o filho da funcionária da limpeza enquanto ela estava no trabalho. “Saio de casa às 5h20 e retorno por volta das 16h30.” Agora, Leilany estuda para recomeçar a batalha por uma vaga no ensino superior e fará o Enem, marcado para janeiro de 2021. Ela sempre gostou muito de ler, e, mesmo longe das salas de aula há muito tempo, conseguiu tirar 860 pontos na redação.

Racismo

Antes de trabalhar na academia de ginástica, Leilany ficou três anos desempregada, época em que fazia bicos como faxineira e entregadora de panfletos. Apesar de ter feito várias entrevistas, não era selecionada. Ela conseguiu o emprego atual por meio da mãe, que era vigilante no condomínio onde mora o dono da academia.

As experiências anteriores da jovem foram como recepcionista num escritório de advocacia, atendente num restaurante e vendedora numa loja de shopping. Ela identificou racismo até mesmo nos processos seletivos e, algumas vezes, viu-se forçada a aceitar imposições discriminatórias para conseguir emprego.

Foi o caso da posição que ocupou como vendedora. “A gerente disse que gostou do meu perfil, mas só me contrataria se eu pintasse o cabelo e usasse ele escovado, pois disse que ele estava muito armado”, relata. Na época, Leilany estava com o cabelo pintado de vermelho.

“Eu tinha acabado de me separar, meu filho tinha apenas 2 anos e eu precisava nos sustentar. Fiz o que ela pediu”, diz. Ela sabe que a imposição foi racista, mas aceitou pelo “desespero do desemprego”. Segundo Leilany, havia outras funcionárias negras na loja e todas usavam o cabelo escovado.

O racismo se apresentou também em outras ocasiões, como quando foi vacinar o filho no posto de saúde. “Meu filho é branco, e a enfermeira pediu para chamar a mãe dele, sendo que eu já estava ali.”

No trabalho atual, Leilany se sente respeitada e integrada, mas já percebeu olhares discriminatórios por parte de frequentadores. “Uma aluna questionou por que eu usava o mesmo banheiro que ela.” Leilany relatou o caso para a gerente, e a aluna foi advertida.

As irmãs gêmeas Andreia e Andreza Ramos, 26 anos, fizeram faculdade graças a programas que facilitam a inserção no ensino superior particular. Andreia formou-se em educação física, em 2018, com 50% de bolsa, e Andreza acaba de concluir o curso de enfermagem, custeado pelo Fies. Ambas trabalharam e fizeram estágios durante a formação para se manter.

Andreia atuou como operadora de telemarketing no início da graduação, foi também vendedora e operadora de caixa. “O pessoal pedia para eu escovar o cabelo. Eu não sentia tanta dificuldade nisso, mas tinha dias que eu não queria escovar”, lembra. “Se eu fosse com ele preso, reclamavam. Eu aceitava isso para não perder o emprego, mas não entendia o porquê dessa exigência.”

Na época, ela ainda não sabia que se tratava de racismo. “Eu demorei a processar isso. Se acontecesse hoje, eu questionaria e exigiria uma explicação plausível. Se fosse necessário, poderia contestar até juridicamente”, diz. Desde o início do ano, Andreia é professora de contrato temporário da Secretaria de Estado de Educação (SEE-DF) e se esforça para conseguir ensinar e engajar os estudantes a distância.

Em sala de aula, Andreia nunca se sentiu discriminada, mesmo considerando-se “radical” com o cabelo, por frequentemente usar cores extravagantes e cortes diferentes. “Estar dentro de sala de aula com o cabelo enrolado também traz representatividade.” Hoje em dia, a educadora física indigna-se com o racismo e percebe que os negros precisam fazer um esforço acima da média para terem reconhecimento.

“Na faculdade, eu era muito preocupada em estar entre os primeiros da turma e dar o meu melhor. O preto tem que tentar ser o melhor e, ainda assim, ele pode não conseguir oportunidades, o que dá muita raiva”, afirma Andreia, mãe de um menino de 1 ano.

Processo de aceitação

Andreza terminou o curso de enfermagem em outubro, ainda vai colar grau e está se preparando para fazer um concurso de residência de saúde em urgência e emergência. Há um mês, começou a trabalhar como secretária num escritório de advocacia para se manter enquanto não arranja uma chance na área da saúde. Ao mesmo tempo, cursa uma pós-graduação em UTI.

“As pessoas dizem que o racismo acabou ou não existe, mas várias atitudes provam o contrário”, desabafa Andreza. Numa empresa em que trabalhou como operadora de telemarketing, ela e outro trabalhador negro foram demitidos de maneira discriminatória. Andreza usava rastafári na época e, seja com tranças, seja com cabelo natural, acabava chamando atenção.

“A gente vira um ponto de referência, é mais fácil nos visualizar”, percebe. Vários funcionários de diversas áreas estavam numa fila. Algumas pessoas perto dela começaram a falar mal da companhia. “Estávamos calados ali e os dois negros foram os que levaram a culpa”, indigna-se.

Além de chamar a atenção, o cabelo de Andreza foi motivo de comentários depois que ela parou de alisar, pois as pessoas se sentem no direito de expressar a “opinião” delas. “Quando parei de usar chapinha, ouvi frases como: eu preferia antes, isso não combina com você”, conta.

Na faculdade, colegas diziam que ela não podia se sentar nas cadeiras da frente porque o cabelo “alto” atrapalhava. Os comentários pararam depois que Andreza deixou claro que poderia processá-los. “As pessoas não são obrigadas a gostar de mim, mas precisam me respeitar”, exige.

Para ela própria, gostar do cabelo natural exigiu um processo. “Eu não me aceitava de jeito nenhum pelo simples fato de ninguém gostar e de ver essa imposição desde criança.” Hoje, Andreza se enxerga de modo diferente e estimula que a filha, de 6 anos, goste do cabelo do jeito que é.

Ela percebe certa dificuldade para arrumar emprego e, quando consegue, é porque são empresas de estilo alternativo e mais diversas. No escritório de advocacia onde trabalha, Andreza se sente incluída porque a maior parte dos advogados é de negros. Em locais de equipe majoritariamente branca, via um tratamento diferente. “Queriam me explorar mais por seu ser negra.”

Programas de trainee em alta

Os processos seletivos de trainee estão entre as mais cobiçadas portas de entrada para o mercado de trabalho voltadas para jovens universitários e recém-formados, pois preparam iniciantes para assumirem cargos gerenciais. A concorrência passa de 2 mil candidatos por vaga dependendo da empresa.

No entanto, apesar de, muitas vezes, haver grande diversidade entre os inscritos, isso não costuma se refletir entre os aprovados. Os processos seletivos das empresas não estão livres de vieses racistas, uma vez que o racismo é estrutural e se apresenta em todas as esferas da vida em sociedade.

Além disso, várias seleções incluem pré-requisitos que, apesar de, em tese, não serem discriminatórios, acabam privilegiando um grupo racial que não é preto nem pardo, como explica a pesquisadora de igualdade racial Tatiana Dias Silva. Pensando em mudar esse sistema, a varejista Magazine Luiza lançou um programa de trainee exclusivo para negros como ação afirmativa.

Por um lado, o programa gerou polêmica e discordâncias, que incluíram mais de uma dezena de processos judiciais taxando a iniciativa de discriminatória, tendo como base o inválido argumento do “racismo reverso” — todas as ações foram arquivadas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Por outro lado, a iniciativa estimulou reflexões acerca do racismo e serviu de exemplo para outras empresas, como a farmacêutica Bayer, que lançou um programa de trainee similar. Uma ação afirmativa não deveria gerar tanta controvérsia se as pessoas em geral entendessem que seleções para trainee tradicionais carregam consigo um elemento racial.

É o que explica Tatiana Dias Silva, graduada, mestre e doutora em administração. Na avaliação dela, quando uma empresa promove uma seleção que exige que a pessoa fale duas línguas e tenha se formado em universidade de elite, por exemplo, trata-se de um processo seletivo racializado, cujo perfil selecionado será branco.

“Não que a instituição vá dizer que só quer contratar branco, mas ela acaba reproduzindo desigualdades por meio dessa seleção. Isso também pode acontecer num concurso público”, afirma a técnica de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“A gente acaba se acostumando com essa desigualdade porque ela não é nomeada e considera que essas seleções são ‘neutras’, mas não são, pois colocam a figura do homem branco hétero como universal”, observa. “Aí, quando uma empresa como o Magazine Luíza abre uma seleção para negros, dizem: agora, você racializou, mas a raça sempre esteve lá nos processos seletivos”, afirma.

Apoio para crescer

Luciana Marcondes, 25 anos, é trainee em recursos humanos na Mercedes-Benz do Brasil desde 2018. Na época em que se candidatava a processos seletivos do tipo, a jovem não era fluente em inglês nem tinha experiências internacionais. Por isso, recebeu diversas respostas negativas.

“Eu sempre achei que passar em um programa de trainee fosse uma realidade muito distante da minha. Ainda assim, tentei”, conta. A oportunidade na Mercedes-Benz era mais flexível, dispensava a necessidade de inglês e, quando aprovada, Luciana recebeu bolsa para estudar o idioma.

“Meu pai trabalhou na indústria automobilística por 20 anos e, hoje, é caminhoneiro por paixão. Minha mãe é autônoma, mas, durante anos, foi doméstica”, conta a jovem de Pindamonhangaba (SP). O curso de administração na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas) foi concluído com bolsa integral.

Agora, com a ajuda da empresa onde trabalha, Luciana começará o MBA em gestão com ênfase em liderança e inovação. Durante a graduação, ela vivenciou situações incômodas. “Em entrevistas, eu sempre usava o meu cabelo preso para não chamar atenção”, conta. Essa preocupação surgiu após ouvir de uma recrutadora, em um evento sobre diversidade, que era preferível que o cabelo dela estivesse com outra curvatura.

Hoje, o sonho em realização é poder ser quem ela é no trabalho. “Prefiro estar em um lugar que tenha esse olhar para a diversidade, o desenvolvimento de minorias e que eu consiga colocar um pouco da minha personalidade no meu dia a dia”, diz.

“Não via outros negros”

Felipe Sergio Lisboa, 28 anos, participou de dois programas de trainee e sabe que é exceção. “Nós não vemos pessoas negras nesses tipos de programa ou em cargos de liderança. Então, eu sabia que teria que fazer um esforço adicional”, diz o engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF). O jovem foi promovido de trainee a colaborador efetivo não só uma, mas duas vezes.

Em 2016, após seis meses no programa de uma empresa de logística, o carioca conquistou o cargo de analista de operações rodoviárias. Menos de um ano depois, ele trocou o emprego pelas experiências internacionais ofertadas pelo trainee da Mercedes-Benz do Brasil. Nos dois anos de treinamento, esteve em países como Alemanha, Índia e Japão.

Agora, Felipe é coordenador de projetos da empresa, em São Bernardo dos Campos (SP). “Desde pequeno, minha mãe dizia que eu teria que me dedicar mais do que as outras pessoas tanto por questões financeiras quanto por aspectos raciais”, afirma.

Por isso, Felipe, que atualmente faz pós-graduação em administração na Fundação Getulio Vargas (FGV), dedicou-se intensamente desde a escola aos estudos. Na faculdade, investiu em atividades extracurriculares e conseguiu bolsa de intercâmbio. A preparação para as seleções de trainee também foi feita com muito cuidado. “Eu gastava muito tempo para deixar o currículo perfeito antes de mandar e me preparava para o que eu falaria e como me portaria.”

Em busca de uma vaga

No mesmo caminho de esforço está a pernambucana Ebenezaide Alves, 25, formada em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela conta que tem se dedicado exclusivamente à preparação para processos seletivos para trainee e se inscreveu em mais de 20 neste ano. “Consegui avançar apenas em três ou quatro”, comenta.

Segundo Ebenezaide, os feedbacks costumam ser genéricos, por isso, ela não consegue saber quais são os motivos da reprovação. “Sinto que a pouca experiência na área tem sido um fator, além do mercado de engenharia ser concorrido”, supõe.

Ebenezaide diz que nunca se sentiu prejudicada pelo racismo, mesmo assim, reconhece o potencial positivo de inclusão de processos seletivos exclusivos para negros propostos por algumas empresas. “Muito se fala sobre diversidade, mas pouco se coloca realmente em prática”, opina.

“Além disso, a representatividade é muito importante. A gente vê que o processo é difícil, mas não é impossível quando vê alguém igual a gente que já chegou lá”, reflete ela, que sempre estudou em escola pública e é a primeira engenheira da família.

Empregabilidade discrepante

 

Estudo do Instituto Locomotiva para a Central Única das Favelas (Cufa) mostra que 91% das pessoas acreditam que um branco tem mais chance de conseguir emprego; enquanto 94% acham que um negro tem mais risco de ser abordado de forma violenta ou de ser morto pela polícia.

A pesquisa demonstra que os brasileiros sabem que o racismo existe, mas muitos optam por não fazer nada a respeito. “O tema da desigualdade racial é muito incômodo para todos, para quem vivencia e para quem não quer enxergar que sua posição de privilégio também é racializada”, reflete Tatiana Dias Silva, pesquisadora de igualdade racial.

Pré-requisitos excluem

Segundo Tatiana, é ilusão pensar que uma pessoa negra da periferia, que estudou em escola de baixa qualidade e não teve acesso a bens culturais competirá em pé de igualdade com outros perfis. “À medida que os requisitos vão ficando cada vez sofisticados e exigentes, você elimina determinados grupos.”

A meritocracia, em muitos casos, é mito. Dependendo dos requisitos que uma seleção exige, ela determina quais grupos terão acesso às vagas. “Esses critérios podem reproduzir desigualdades e selecionar um determinado perfil de raça ou de gênero ou os dois juntos.”

Cerca de 43% dos universitários negros não têm nenhum conhecimento da língua inglesa e 44% declaram não conhecer a ferramenta Excel, considerados pré-requisitos para muitas vagas. Entre alunos pardos, ambos percentuais estão em 66%. Os dados são de pesquisa da Companhia de Estágio, consultoria em programas de estágio e trainee.

Para Tiago Mavichian, fundador e CEO da Companhia de Estágios, o alto número de candidatos negros que declaram não ter conhecimento em ambas competências se deve, principalmente, a dificuldades financeiras. “Para muitos, já é complicado pagar a graduação e ajudar em casa e dificilmente sobra para um curso complementar”, diz.

Segundo o British Council e o Instituto de Pesquisa Data Popular, 5% da população brasileira falam inglês, sendo que a fluência está em 1%. Apesar de cada vez mais requisitado pelo mercado de trabalho, o domínio da língua estrangeira acaba sendo um fator de exclusão, especialmente com relação a trabalhadores de menor poder aquisitivo.

Como os negros são 75% entre os mais pobres e os brancos, 70% entre os mais ricos, segundo o IBGE, não é difícil entender por que uma seleção que coloca língua estrangeira como pré-requisito pode selecionar um perfil que é basicamente branco. Mesmo em processos seletivos de trainee sem esses pré-requisitos, a tendência é de que haja menos candidatos negros, pois menos deles chegam às faculdades.

UnB retoma provas de habilidade específica para ingresso no 2º semestre

UnB retoma provas de habilidade específica para ingresso no 2º semestre

O Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) retomou a 1ª Certificação de Habilidade Específica de 2020. Os inscritos devem se atentar aos novos prazos e regras para o exame. O pagamento da taxa de inscrição pode ser feito até 17 de novembro.

Uma novidade é que os cursos de design e de arquitetura e urbanismo não exigirão a certificação para ingresso no segundo semestre de 2020 na Universidade de Brasília (UnB). As provas estavam suspensas devido à pandemia. Candidatos que se inscreveram devem acessar a página do Cebraspe e conferir as informações.

Como serão as provas

A avaliação de habilidades específicas do curso de artes cênicas terá duas etapas: escrita e etapa prática. Na fase escrita, o candidato desenvolverá um texto de até 600 palavras. Para a etapa prática, o inscrito deverá gravar em vídeo a apresentação de cena individual com duração mínima de três minutos e máxima de cinco minutos.

Para o curso de artes visuais, os estudantes deverão submeter um portfólio digital, com até cinco imagens de obras da autoria do candidato, e uma carta de intenções de até 500 palavras.

A avaliação para os cursos bacharelado e licenciatura em música compreenderá duas fases: escrita e prática. Na etapa escrita, o candidato desenvolverá um texto reflexivo de até 500 palavras, e na fase prática, o candidato deverá cantar ou tocar as peças indicadas no programa, com acompanhamento ou solo, podendo, para isso, serem utilizados os instrumentos musicais referentes a opção de performance do estudante.

Novo edital

O edital de convocação para a avaliação de habilidades específicas está previsto para ser divulgado nesta quinta-feira (19/11). O período para o envio dos arquivos referentes à avaliação será de 21 de novembro até 22 de novembro. Candidatos devem se atentar ao formato e ao meio de envio.

Para mais informações sobre as avaliações, acesse o site do Cebraspe.

Inep disponibiliza materiais de apoio para o Enem

Inep disponibiliza materiais de apoio para o Enem

A dois meses do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, participantes podem acessar diversos conteúdos para se prepararem para esta edição do exame. Responsável pela aplicação do Enem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibiliza uma série de materiais que servem de suporte aos estudos de quem vai realizar as provas do Enem. Exame está marcado para os dias 17 e 24 de janeiro de 2021 (versão impressa) e 31 de janeiro e 7 de fevereiro de 2021 (versão digital). Ao todo, 5.783.357 inscrições foram confirmadas para o Enem 2020. Desse total, 5.783.357 correspondem a inscritos na versão impressa do exame, enquanto 96.086 pessoas optaram por fazer a versão digital.

No portal do instituto, é possível ter acesso às provas e aos gabaritos das edições anteriores, além da Matriz de Referência do Enem, que determina o que será avaliado em cada área do conhecimento. Além disso, o Inep disponibiliza a Cartilha do Participante, com orientações a respeito da redação do exame. No material, há dicas sobre estrutura do texto, explicações sobre a correção, critérios usados na distribuição dos pontos e exemplos de redações nota 1000. Os participantes também podem conferir o manual de correção — uma novidade para o Enem 2020. Pela primeira vez, o Inep disponibilizou as apostilas de capacitação dos corretores de redação, elaboradas para a edição anterior.

Acessibilidade – Por meio da Plataforma Videoprova em Libras, ainda é possível acessar todas as questões das provas passadas em Língua Brasileira de Sinais. A Cartilha do Participante, com orientações sobre a redação, também possui uma versão direcionada à comunidade surda que tem Libras como primeira língua. Os participantes podem acessar o material pelo canal do Inep no YouTube. Ao todo, 52.598 pessoas solicitaram, em geral, algum tipo de atendimento especializado para o Enem 2020. Desse total, 1.353 declararam ser surdos e 2.487 informaram possuir deficiência auditiva.

Canais de informação – Entre os canais de informação sobre o exame, encontra-se o aplicativo do Enem, que reúne dados da inscrição, cronograma e alertas, além de permitir que o participante confira o local de prova e, após o exame, tenha acesso ao gabarito e ao resultado. No aplicativo, o participante pode realizar um simulado do exame. Já no site do Enem, é possível verificar cronograma, dicas para antes, durante e depois da prova, além de ter acesso a um espaço com as perguntas frequentes sobre o exame. No Sistema Enem, o participante também pode acessar diversas informações desde o momento da inscrição até a divulgação dos resultados. A página do Enem, no portal do Inep, reúne toda a legislação do exame, além de outros documentos.

Enem – Realizado anualmente pelo Inep desde 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio avalia o desempenho escolar ao final da educação básica. A estrutura do exame conta com uma redação e 45 questões em cada prova das quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias.

Acesse as provas e os gabaritos de edições anteriores

Acesse a Matriz de Referência do Enem 

Acesse o Manual de correção da redação 

Acesse as Cartilhas do Participante

Estude pelas questões da videoprova em Libras

Confira a playlist Enem em Libras | Canal do Inep no Youtube

Acesse a Página do Participante

Acesse o site do Enem

Baixe o aplicativo do Enem

Acesse o Perguntas Frequentes do Enem

Saiba mais sobre o Enem

 

Videoprovas em Libras estão em fase final de produção

Videoprovas em Libras estão em fase final de produção

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) está na etapa final de produção das videoprovas em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para os participantes surdos e deficientes auditivos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. A oferta dessa modalidade de prova é direcionada à comunidade surda que tem Libras como primeira língua. A medida também faz parte do conjunto de iniciativas que compõem a Política de Acessibilidade e Inclusão do Inep.

No total, 6.121.363 pessoas se inscreveram para o Enem 2020. Desses inscritos, 52.598 correspondem a participantes que solicitaram, em geral, algum tipo de atendimento especializado. Desse total, 1.353 declararam ser surdos e 2.487 informaram possuir deficiência auditiva. A preparação das videoprovas conta com 16 profissionais, divididos entre as funções de tradutor, revisor, cinegrafista, intérprete, editor e coordenador.

A matriz de referência da prova em vídeo é a mesma da aplicada ao público geral, assim como a estrutura da avaliação, com 45 questões em cada uma das quatro áreas do conhecimento avaliadas. O conteúdo motivador e o tema da redação também são traduzidos para Libras e o próprio participante transcreve o texto para a folha de redação. Vale destacar que os portadores de deficiência auditiva e surdos — desde que tenham o laudo aprovado — possuem direito a uma banca especial de correção das redações. Essa banca leva em consideração todas as características linguísticas dessa população.

Videoprovas – As videoprovas são disponibilizadas pelo Inep desde 2017, quando a instituição também levou o tema “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil” à redação do Enem, promovendo um amplo debate sobre o assunto. Desde 2018, a autarquia utiliza o selo Enem em Libras, com o objetivo de disponibilizar todo o conteúdo relacionado ao exame em Língua Brasileira de Sinais.

Plataforma – Ainda em 2018, o Inep disponibilizou a Plataforma Videoprova em Libras, na qual a modalidade de prova pode ser acessada em interface similar à adotada na aplicação. Os vídeos ainda contêm os enunciados e as opções de respostas, permitindo que surdos e deficientes auditivos estudem no mesmo formato acessível em que elas são aplicadas. Dessa forma, os participantes podem se preparar melhor, inclusive com a possibilidade de assistir aos vídeos das questões e conferir o gabarito.

Enem em Libras – A iniciativa marca o esforço do Inep para garantir que editais, provas, cartilhas, campanhas e demais materiais de seus exames e avaliações sejam acessíveis. Desse modo, a autarquia reafirma o seu compromisso com a comunidade surda e com um futuro melhor por meio da educação. Ao longo da história do Enem, o atendimento às diferentes necessidades dos participantes surdos e deficientes auditivos tem sido uma preocupação do Inep.

Enem – Realizado anualmente pelo Inep desde 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio avalia o desempenho escolar ao final da educação básica. A estrutura do exame conta com uma redação e 45 questões em cada prova das quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias.

Estude pelas questões da videoprova em Libras

Confira a playlist Enem em Libras | Canal do Inep no Youtube

Saiba mais sobre o Enem em Libras

Saiba mais sobre o Enem