A transmissão dos jogos do grandes clubes do estado em 2017, através da Globo Nordeste, começou em 29 de janeiro, com o Clássico das Emoções pelo Campeonato Pernambucano. A exibição na televisão ocorre em sinal aberto para todo o estado, com duas partidas por semana. Em termos de mensuração de audiência, o Kantar Ibope costuma estimar o público sintonizado na Região Metropolitana do Recife. São dados para consumo interno, do instituto e da emissora. Assim, a audiência média das partidas é divulgada publicamente a conta-gotas. De toda forma, o blog compilou as cinco principais audiências em seis semanas de bola rolando, com horários e competições distintas.
A liderança (provisória) do Clássico das Multidões não surpreenda, pois é, disparado, o jogo de maior apelo popular no futebol local. Porém, a presença massiva do Sport na Copa do Brasil talvez seja um indício da força do mata-mata neste cenário, mesmo considerando as fases prévias. Até o momento, o hiato entre a maior e pior audiência é de 234 mil pessoas por minuto, ou quase dez pontos no Ibope. O blog vai seguir atento ao assunto…
O recorde local data de 18/02/2009, com Colo Colo 1 x 2 Sport, na Libertadores, com 57 pontos. Na época, correspondeu a 1,29 milhão de telespectadores.
753 mil (31,0 pontos) – Santa Cruz 1 x 1 Sport (18/02, sábado, Estadual)
670 mil (27,6 pontos) – Boavista 0 x 3 Spot (08/03, quarta, Copa do Brasil)
636 mil (26,2 pontos) – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (12/03, domingo, Nordestão)
570 mil (23,6 pontos) – Salgueiro 0 x 1 Santa Cruz (05/03, domingo, Estadual)
519 mil (21,4 pontos) – Sport 1 x 1 Náutico (01/03, quarta, Estadual)
Jogos com dados não divulgados: Náutico 1 x 1 Santa Cruz (29/01), Santa Cruz 0 x 0 Belo jardim (01/02), Juazeirense 0 x 1 Sport (05/02), CSA 1 x 4 Sport (08/02), Campinense 2 x 0 Náutico (12/02), Guarani 1 x 0 Náutico (15/02), Sport 3 x 0 Sete de Dourados (22/02), Uniclinic 0 x 2 Santa Cruz (25/02)
Com a Copa do Brasil de 2017 já em andamento, a CBF anunciou um aumento de R$ 17 milhões nas cotas de participação previamente divulgadas. O montante foi distribuído da primeira fase até a semifinal, com acréscimos variando entre 19% e 20%. O reajuste, obtido pela entidade através de fornecedores, alcançou todos os 91 participantes da edição vigente, dos 80 times que largaram no primeiro mata-mata (com repasses diferenciados de acordo com o ranking nacional) aos 11 pré-classificados às oitavas de final.
Inicialmente, considerando todas as oito etapas do torneio e o grupo 1 nas duas primeiras fases, o campeão poderia arrecadar até R$ 11,68 milhões. Agora, pode chegar a R$ 12,8 milhões, com um aumento absoluto de 9,5%. Os clubes em disputa a partir das oitavas, incluindo o Santa Cruz, como atual campeão nordestino, podem ganhar até 9,745 milhões de reais, ou 6,7% a mais que a meta anterior (de 9,13 mi). Entre os clubes pernambucanos, por sinal, a mudança na Copa do Brasil resultou numa injeção imediata de R$ 580 mil.
Abaixo, os novos ganhos dos quatro representantes do estado no torneio. R$ 1,93 milhão – Sport, até a 3ª fase (+310 mil) R$ 1,05 milhão – Santa Cruz, a partir das oitavas (+170 mil) R$ 300 mil – Náutico – R$ 297 mil, eliminado, na 1ª fase (+50 mil) R$ 300 mil – Salgueiro – R$ 297 mil, eliminado, na 1ª fase (+50 mil)
Confira as cotas originais da Copa do Brasil, de 2012 a 2017, clicando aqui.
Em 12 jogos oficiais na temporada, o Náutico já disputou 5 clássicos. Nos últimos dois domingos, vitórias alvirrubras sobre Sport e Santa Cruz, ambas na Arena Pernambuco. No triunfo mas recente, válido pelo Nordestão, o timbu foi superior ao rival a tarde inteira. O 45 minutos analisou o terceiro Clássico das Emoções de 2017 destacando os pontos positivos e problemas dos dois times (individuais e coletivos), além da briga pela classificação, agora polarizada no grupo A. Estou neste podcast com Celso Ishigami e Fred Figueiroa. Ouça!
Animado pela vitória sobre o Sport há uma semana, pelo Estadual, o Náutico partiu para o tudo ou nada em outro clássico, desta vez contra o Santa, onde jogaria suas últimas fichas na Lampions. A conta era bem complicada. Precisava vencer os dois jogos restantes e secar adversários dentro do próprio grupo, para terminar em 2º lugar, e nas outras chaves, para ser um dos três melhores vice-líderes. Mas, como fica claro, o primeiro passo cabia ao próprio time. Já os corais foram à Arena com a tranquilidade que a campanha permitia, em busca da classificação antecipada (em caso de vitória). Só não mostraram organização.
Sem a pegada de outras partidas, o tricolor foi inoperante no ataque, mesmo tendo um controle maior da bola (55%). No primeiro tempo, sequer assustou o ex-goleiro Tiago Cardoso. Para ser justo, o Náutico também pouco fez, com Erick bem marcado. Para completar, Milton Cruz – que havia tido problemas para escalar a cabeça de área – foi obrigado a mudar duas vezes no primeiro tempo, com jogadores pedindo para sair, Tiago Alves e Marco Antônio.
Na primeira troca, aos 18 minutos, um cenário incrível. Nirley foi acionado, para finalmente estrear pelo timbu. Lá do meio-campo, acenou para Dudu, pedindo para o meia esperar na cobrança de escanteio. O zagueiro, então, correu para área e, livrinho, cabeceou para as redes. Um toque e apenas 14 segundos em ação pelo clube até o primeiro gol. Àquela altura, o Campinense já vencia com folga o Uniclinic (terminaria goleando por 4 x 0), mantendo o Náutico numa situação delicada em termos de classificação às quartas de final.
Na etapa final, os primeiros dez minutos foram de pleno domínio timbu, marcando a saída de bola e chegando bastante à meta de Júlio César, que evitou o pior. Sem mudar a postura do visitante, Eutrópio promoveu a estreia do atacante argentino Parra, após dez meses inativo. E, basicamente, passou mais um dia assim. Satisfeito nos quinze minutos finais, o Náutico segurou o 1 x 0 e ganhou sobrevida no Nordestão. Para isso, torce por outro revés do Santa dentro de dez dias. Resta saber se o tricolor voltará a jogar tão mal…
Troféu Gena* 4 pontos – Santa (1v, 1e, 1d) 4 pontos – Náutico (1v, 1e, 1d) * Título em homenagem ao centenário do clássico, somando os duelos em 2017
Com a Copa do Brasil de 2017 já na terceira fase, a CBF anunciou um aumento nas cotas de participação no torneio. Em nota enviada a todas as federações estaduais, a entidade justificou o adicional após “intensas negociações com fornecedores”, como destaca a ESPN. O acréscimo foi de R$ 17 milhões, sendo proporcional em todas as fases, com 91 clubes envolvidos. Porém, a circular não detalhou o quanto isso representa especificamente. Vamos lá…
O recifense Douglas Batista calculou a premiação total, fase por fase (quadro acima). Com isso, o novo aporte corresponde a um aumento de 19,1% sobre o valor bruto até então, passando R$ 89 mi para R$ 106 milhões. Considerando todas as oito etapas e o grupo 1 nas duas primeiras (com valores diferenciados aos times de melhor ranking nacional), o campeão poderia arrecadar até R$ 11,68 milhões. Agora, pode chegar a R$ 13.916.963.
Onze clubes vão largar somente nas oitavas de final (incluindo o Santa Cruz, como atual campeão nordestino). Para esse bolo, o título subiu de 9,13 mi para 10,87 milhões de reais. O anúncio mudou diretamente os ganhos dos quatro representantes pernambucanos no torneio vigente. De cara, R$ 571 mil a mais.
R$ 1,929 milhão – Sport, até a 3ª fase (+309 mil) R$ 1,048 milhão – Santa Cruz, a partir das oitavas (+168 mil) R$ 297 mil – Náutico – R$ 297 mil, eliminado, na 1ª fase (+47 mil) R$ 297 mil – Salgueiro – R$ 297 mil, eliminado, na 1ª fase (+47 mil)
Confira as cotas originais da Copa do Brasil, de 2012 a 2017, clicando aqui.
Abaixo, a projeção de cotas somando todos os clubes, fase por fase.
O Náutico passou a estampar a marca da Caixa Econômica Federal na área nobre de seu uniforme em setembro de 2016. Na ocasião, o alvirrubro tornou-se o 17º clube patrocinado pela instituição bancária. Contudo, o contrato foi curto, de apenas quatro meses, com aproximadamente R$ 300 mil mensais. Agora, um novo acordo com a Caixa. Duradouro. O extrato saiu no Diário Oficial da União (abaixo), com aporte de até R$ 3,7 milhões em 2017. Porém, o valor considera possíveis bonificações, como R$ 500 mil pela Série B e Copa do Brasil e R$ 300 mil pelo Nordestão, no novo modelo adotado pelo banco. Logo, 2,4 mi líquidos.
A Caixa deve seguir como a maior patrocinadora do futebol brasileiro. Em 2016 o banco patrocinou 21 clubes, com períodos de 2 a 12 meses. Nesta temporada, ainda que as equipes mantenham a marca “master”, o anúncio oficial vem a conta-gotas. Com as certidões negativas regularizadas (exigência da Caixa), o Náutico é apenas o 9º confirmado, o terceiro nordestino. Também na segundona, o Ceará receberá no máximo R$ 3,4 mi, uma vez que ficou de fora da Lampions.
No Dia Internacional da Mulher, eis as homenagens de Náutico, Santa Cruz e Sport em 2017, através de suas páginas oficiais nas redes sociais.
Nada mais justo, com as mulheres cada vez mais presentes com os uniformes locais e nos estádios, num momento de amplo debate sobre o tema, sobre o respeito às torcedoras. Levando em conta a última divisão por sexo divulgada em uma pesquisa de torcida, da Paraná Pesquisa, em dezembro de 2016, seriam mais de 2,5 milhões de mulheres apaixonadas pelo três clubes da capital. Correspondem a mais da metade de cada um, 52%! Esse número deveria receber muito mais atenção das agremiações. Na web, elas já se organizam à parte, para jogos de futebol e eventos, através das Timbuzeiras, Fechadas com o Santa e Elas e o Sport. Abaixo, as projeções das torcidas femininas do Trio de Ferro no âmbito nacional. Na sequência, as mensagens dos clubes.
Estimativa de torcida feminina
1º) Sport – 1.393.110
2º) Santa Cruz – 750.136
3º) Náutico – 443.944
Entre as 2.587.190 torcedoras do trio de ferro, os percentuais absolutos são os seguintes: Sport 53,8%, Santa Cruz 29,0% e Náutico 17,1%.
Já é dia 8 de março e é dia das mulheres! Parabéns a todas as Leoas, que fazem do Sport cada dia maior e mais forte! Pelo Sport Tudo! pic.twitter.com/tTJcj6GK63
Com a forte demanda do carnaval pernambucano, seja nas ladeiras de Olinda ou no Recife Antigo, evita-se jogos de futebol de grande porte na capital durante a Quarta-feira de Cinzas. Com o apertado calendário de 2017, não só teve jogo como um clássico, o primeiro duelo entre rubro-negros e alvirrubros. Além da ressaca momesca, é preciso considerar que o Sport escalou um time reserva e o Náutico estava em péssima fase, quase fora do Nordestão. Na Ilha, o reflexo disso tudo, com apenas 3.430 espectadores, no menor público do Clássico dos Clássicos neste século. E o desinteresse se estendeu à televisão.
A transmissão na Globo Nordeste registrou uma audiência aquém, com 21,4 pontos no Grande Recife. Bem abaixo do índice da competição (28 pontos, dados de 2016), ainda mais considerando que, embora atrapalhe o torcedor in loco, o jogo das 21h45 na quarta-feira é o pico de audiência televisiva.
A audiência do 1 x 1 foi informada por Vinícius Paiva, do blog Teoria dos Jogos. A partir deste dado, chega-se à quantidade de telespectadores, 519.812. Apesar da robusta escala, houve uma queda de 25,7% sobre a média do torneio, de 700 mil, via Ibope. Para se ter ideia, o clássico anterior, Santa 1 x 1 Sport, teve 753 mil telespectadores, com 31 pontos. De fato, era um jogo de maior apelo, mas ocorreu num sábado à tarde, horário com menos aparelhos ligados.
A data pode atrapalhar, mas tecnicamente o jogo precisa ser cativante…
As 10 maiores audiências no Estadual desde 2010*
1.153.620 – Sport 1 x 0 Náutico (05/05/2010) – final (volta, abaixo)** 1.050.763 – Sport 1 (5) x (3) 0 Santa Cruz (13/04/2014) – semifinal (volta) 1.040.976 – Santa Cruz 0 x 1 Sport (15/05/2011) – final (volta) 988.773 – Náutico 0 x 1 Sport (23/04/2014) – final (volta)** 969.817 – Santa Cruz 1 x 1 Sport (26/03/2014) – hexagonal 961.620 – Sport 2 x 0 Náutico (16/04/2014) – final (ida)** 942.762 – Sport 0 x 2 Santa Cruz (08/05/2011) – final (ida) 887.984 – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (28/04/2010) – semifinal (volta) 863.818 – Santa Cruz 0 x 0 Sport (06/05/2012) – final (ida) 853.000 – Sport 2 x 1 Santa Cruz (21/02/2016) – hexagonal
* Número de telespectadores considerando os jogos já divulgados pela emissora. Entre os não revelados, destaque para as decisões de 2013 e 2016
** Jogos realizados na noite de quarta-feira, pico de audiência no futebol
Após 75% das partidas programadas para o Campeonato Pernambucano de 2017, ou 72 de 95, a média de público segue a pior desde que a FPF passou a contabilizar o dado, em 1990. Apenas 1,2 mil pessoas, considerando os jogos com borderô – afinal, oito ocorreram de portões fechados, um recorde negativo. Até agora, apenas uma partida registrou mais de 10 mil espectadores, justamente a de maior apelo, o Clássico das Multidões. Na 6ª rodada da fase principal foi realizado o quarto clássico da competição, desta vez Náutico 2 x 1 , com 6.419 torcedores na Arena – 74% dos pagantes sendo leoninos. De tão nivelado por baixo, o dado foi suficiente para que o Timbu subisse no ranking de público, ultrapassando justamente o rival. O Santa segue à frente.
Em relação à arrecadação, a FPF tem direito a 8% da renda bruta de todos os jogos. Logo, do apurado de R$ 892 mil, a federação já arrecadou R$ 71.439.
Dados até a 6ª rodada do hexagonal do título e a 9ª rodada da permanência:
1º) Santa Cruz (3 jogos como mandante, no Arruda)
Público: 19.577 torcedores
Média de 6.525
Renda: R$ 195.630
Média de R$ 65.210
2º) Náutico (3 jogos como mandante, na Arena Pernambuco) Público: 12.410 torcedores Média de 4.136 Renda: R$ 212.970
Média de R$ 70.990
3º) Sport (3 jogos como mandante, na Ilha do Retiro) Público: 9.466 torcedores Média de 3.155 Renda: R$ 148.885
Média de R$ 49.628
4º) Salgueiro (6 jogos como mandante, no Cornélio de Barros) Público: 13.598 torcedores Média de 2.266 Renda: R$ 68.831 Média de R$ 11.471
5º) Central (6 jogos como mandante; 2 no Lacerdão, 2 no Antônio Inácio, 1 na Arena e 1 no Carneirão) Público: 7.758 torcedores Média de 1.293 Renda: R$ 112.970 Média de R$ 18.828
6º) Belo Jardim (6 jogos como mandante; 5 no Antônio Inácio e 1 no Arruda) Público: 1.765 torcedores Média de 294 Renda: R$ 16.112 Média de R$ 2.685
Geral – 64* jogos (1ª fase, hexagonal do título e hexagonal da permanência) Público total: 79.217 Média: 1.237 pessoas Arrecadação: R$ 892.993 Média: R$ 13.953 * Mais 8 jogos ocorreram de portões fechados
Fase principal – 18 jogos (hexagonal do título e mata-mata) Público total: 53.679 Média: 2.982 pessoas Arrecadação total: R$ 672.057 Média: R$ 37.336
Há precisamente 200 anos, em 6 de março de 1817, eclodiu no Recife um movimento libertário. A revolução que deu aos brasileiros uma república, um governo próprio, constituição, exército, marinha, polícia e embaixador no exterior, tudo pela primeira vez, como destaca a reportagem do Diario de Pernambuco sobre o bicentenário. Durante 74 dias, Pernambuco foi, literalmente, um país. A revolução foi controlada após a chegada de tropas do Rio de Janeiro e de Portugal, mas o sangue daqueles revolucionários sedimentou a base da independência nacional definitiva, cinco anos depois.
“A correspondência diplomática internacional, a cobertura da imprensa e a própria consciência das elites na América portuguesa revelam que a Revolução de 1817 fez o Brasil, pela primeira vez, partícipe do movimento libertador que inflamava o resto do continente”, relata o professor de história Aníbal Monteiro, em artigo enviado ao blog (íntegra na caixa de comentários).
A discussão sobre o presente, caso a revolução pernambucana tivesse resistido, seguiria para a economia (qual seria o grau de dependência na relação com o ‘outro’ Brasil?) e política (liberal, nacionalista etc), mas aqui agora vamos traçar um paralelo “lógico”, com o futebol. As regras da modalidade só seriam criadas 46 anos depois, na Inglaterra. O próprio Campeonato Pernambuco só começaria no século seguinte, em 1915. De toda forma, em algum momento o esporte faria parte da vida pernambucana. Massiva do mesmo jeito.
Antes do texto, vamos partir de alguns princípios… 1) O Brasil continuaria existindo, mas com 25 unidades federativas (Alagoas também foi incorporada no início da Revolução, o período considerado aqui) 2) No viés continental, Pernambuco teria o porte (para fins de rankings e vagas) de Paraguai, Bolívia, Equador etc. Com um país a mais, considerei que todas copas internacionais foram “ampliadas” 3) Ainda que o Pernambucano (o “Nacional”) provavelmente tivesse uma história distinta, pois as saídas e chegadas de jogadores de outros estados (outro país) seriam diferentes, vamos manter a lista histórica de resultados
Pois bem, neste “e se”, os clubes locais teriam tido 183 hipotéticas campanhas internacionais, contra 10 campanhas reais (ou 5,4% da simulação).
Seriam 129 incursões na Taça Libertadores, 8 na extinta Copa Conmebol e 46 na Sul-Americana. E olhe que esse número não considera título algum, o que renderia vagas extras. O Náutico do hexa teria chegado até onde? E o Santa de 75? O Sport da década de 1990… A presença numa copa internacional seria absolutamente corriqueira. Para se ter uma ideia, o Leão estaria presente, de forma consecutiva, desde 1990. Mesmo com apenas três títulos desde 1989, o Náutico só teria ficado ausente pela última vez em 1998. O Santa, em 2009. Ao todo, 19 (dezenove!) clubes teriam participado ao menos uma vez de torneios da Conmebol. Os rivais de Caruaru já teriam disputado onze copas, cada (abaixo, o quadro completo). Antônio Inácio recebendo o River Plate? Acredite.
Focando a disputa local, o próprio Campeonato Pernambucano seria diferente (nada de segundo plano). Tecnicamente, é difícil prever, mas em termos de organização a competição teria, provavelmente, bem mais de 12 clubes. Em vez de 9,2 milhões de habitantes, o “país” teria mais de 13 milhões. Com isso, até três divisões de 16/18 clubes, fora os torneios semiamadores. Na capital, creio, veríamos algo semelhante a Montevidéu, Buenos Aires e Santiago, com mais de uma dezena de times em cada metrópole. Afinal, com 4 milhões de habitantes, o Grande Recife teria uma demanda maior por “futebol nacional”. Clubes como Santo Amaro, Ferroviário, Torre e Tramways ainda existiriam – e não seriam andarilhos, mas com torcidas respeitáveis e estádios de 5 mil lugares no subúrbio. Com o estado-nação integrado (incluindo até Alagoas, embora a existência de CRB, CSA e ASA, atrelada a Pernambuco, pudesse ser diferente), o interior caminharia para uma representatividade forte, até mesmo pelas várias vagas internacionais distribuídas (8 por ano), pelo calendário completo e pela torcida menos sintonizada em Flamengo e Corinthians (que só chegariam via sinal internacional de tevê). Provavelmente a queixa interiorana seria sobre a exposição do Recife.
Em vez do hexagonal atual, com o campeão jogando apenas 14 partidas, o certame duraria de 8 a 9 meses. Resta saber se a história da competição principal seria próxima ao futebol brasileiro, com décadas de regulamentos distintos, quase sempre com fases de grupos e mata-mata, ou com dois torneios por ano, recorrente na Argentina, Uruguai e Chile. Fico com a primeira opção, lembrando o modelo dos Estaduais dos anos 1980, com até 47 partidas para levantar a taça (como em 1983). Com a influência brasileira (que trato aqui como grande), poderia seguir existindo torneios estaduais/regionais, à parte do nacional pernambucano, com disputas paralelas no Grande Recife, Alagoas, Agreste, Sertão e Sertão do São Francisco, cujo rio cortaria todo o sul do país.
Ah, com o calendário sem Brasileiro (38 rodadas) e Copa do Brasil (até 14 jogos), haveria espaço para a “Copa Pernambuco”, descontinuada em 2011 e disputada pelos times alternativos do Trio de Ferro. Neste contexto, teria um peso maior, como torneio de primeira linha. Final em jogo único na Arena Pernambuco? Só se o Palácio do Campo das Princesas bancasse o estádio com outra finalidade. Afinal, a terrinha jamais teria recebido a Copa do Mundo. Nem em 1950 nem em 2014. Por outro lado, o empreendimento poderia ser o marco de uma Copa América no estado. Como o torneio continental foi criado em 1916, Pernambuco teria passado 51 anos se articulando para receber uma edição, até 1967. Em 75, 79 e 83, não houve sede fixa – com o Arruda escolhido nos jogos locais a cada mata-mata. Porém, há trinta anos foi formulado um rodízio de sedes. Neste formato, ao menos uma edição já teria sido realizada aqui (no máximo até 2011). Em 89, no Brasil, o Mundão recebeu dois jogos.
Com Pernambuco sendo o 11º filiado à Conmebol e com a liga local existente desde 1915 (e profissionalizada em 1937), o estado-nação teria uma presença regular na Copa América, já com 45 edições. Uma participação caseira seria determinante para o título, vide Peru em 1939 e Bolívia, em 1963. Vale lembrar que a seleção pernambucana representou o Brasil, de fato, no Sul-Americano de 1959. Ficou num honroso 3º lugar. A partir disso, imaginar uma estrela acima no distintivo da federação (ou confederação?) pernambucana não seria utopia (!).
Em relação à Copa do Mundo, o país revolucionário teria disputado todas as Eliminatórias – portanto, teria mudado todos os qualificatórios. Teria sido pioneiro no Mundial de 1930, no Uruguai, que originalmente teve apenas 13 países. Naquela época, o futebol já era consolidado no Recife e as seleções sul-americanas neste contexto foram convidadas pela Fifa. Possivelmente, pelo mesmo motivo, ocorreria isso em 1950, também com 13 seleções.
Um ponto importante para a composição da Cacareco – o apelido tradicional da seleção pernambucana – é a naturalização de jogadores de destaque no Náutico, Santa e Sport. Considerando os ‘nascidos no Brasil’ (e seriam muitos nomes), o caminho fica bem amplo. Neste modelo, aliás, a Cacareco já enfrentou a Seleção Brasileira em quatro oportunidades: 1934, 1956, 1969 e 1978, com três derrotas e um empate sem gols no último jogo. Porém, Pernambuco também fez um amistoso com a Alemanha Ocidental, em 1965. Venceu por 2 x 0 na Ilha do Retiro. Aquele time foi escalado num 4-2-4: Dudinha (Sport); Gena (Náutico), Alemão (Sport), Baixa (Sport) e Jório (Santa Cruz); Gojoba (Sport) e Ivan (Náutico); Nado (Náutico), Bita (Náutico), Pelezinho (Sport) e Lala (Náutico). E olhe que os germânicos seriam vice-campeões mundiais no ano seguinte (na polêmica final da bola que não entrou).
Numa convocação restrita aos naturais de Pernambuco, a missão seria bem trabalhosa, embora também mudasse bastante a formação da Canarinha, que não teria Ademir Menezes (artilheiro de 1950), Vavá (bicampeão em 58/ 62, marcando gols nas finais) e Rivaldo (melhor do mundo em 99 e campeão em 2002, com 8 gols em Copas).
Considerando os Mundiais nos últimos vinte anos, o time mais forte seria, na visão do blog, o de 2002 (compare no fim do post). Arrisco dizer que chegar nas quartas ou mesmo numa semifinal não seria exagero, ainda mais ao lembrarmos que Turquia e Coreia de Sul ficaram entre os quatro melhores. Dependeria sobretudo do rendimento do meio-campo, formado por Rivaldo e Juninho Pernambucano, ambos de grande fase na época. Num 4-4-2, o time seria o seguinte: Bosco (Cruzeiro); Russo (Vasco), Sandro (Botafogo), Nem (Atlético-PR) e Marquinhos (Goiás): Josué (Goiás), Cléber Santana (Sport), Juninho Pernambucano (Lyon) e Rivaldo (Barcelona); Catanha (Celta) e Araújo (Goiás). Técnico? O olindense Givanildo Oliveira, claro. No banco, nomes como Nildo (Sport,), Iranildo (Fla) e Carlinhos Bala (Beira-Mar). Levando em conta que a Revolução contou com a comarca de Alagoas e chegou a ter apoio da Paraíba, Rio Grande do Norte e até de parte do Ceará, delimitando uma região que hoje teria 20 milhões de habitantes, a ” seleção nacional” teria sido sido ainda mais qualificada. Em 2006, uma linha ofensiva mortal. A Taça Fifa estaria bem ali…
Esse devaneio todo por causa de 74 dias históricos? Mais que suficiente.
Como estaria o seu time em caso de um estado independente?
Total de participações internacionais* (19 clubes) 46 – Náutico 45 – Sport 40 – Santa Cruz 11 – Porto e Central 7 – Salgueiro 4 – Ypiranga 3 – Serra Talhada 2 – Recife, AGA, Itacuruba, Serrano e Petrolina 1 – Vera Cruz, Cabense, Belo Jardim, Pesqueira, América e Atlético
* Só com os resultados do Campeonato Pernambucano, à parte do Alagoano
Nº de clubes pernambucanos em torneios internacionais 1960-1965: 1 vaga 1966-1991: 2 vagas 1992-2001: 3 vagas 2002-2009: 5 vagas 2010-2011: 6 vagas 2012-2016: 7 vagas 2017: 8 vagas
Simulando as participações pernambucanas na LIBERTADORES
129 campanhas
Número de vagas de Pernambuco* 1960-1965: 1 vaga (campeão) 1966-1999: 2 vagas (campeão e vice) 2000-2016: 3 vagas (campeão, vice e 3º) 2017: 4 vagas (campeão, vice, 3º e 4º) *Seguindo a ordem da vagas dos países abaixo de Brasil e Argentina
Sport – 43 participações Como campeão: 23 vezes Como vice: 15 vezes Como 3º lugar: 5 vezes
Década 1951-1960: nenhuma Década 1961-1970: 62, 63, 66, 67, 68, 69 e 70 (7 vezes) Década 1971-1980: 72, 73, 74, 76 e 78 (5 vezes) Década 1981-1990: 81, 82, 83, 87, 88 e 89 (6 vezes) Década 1991-2000: 91, 92, 93, 95, 97, 98, 99 e 00 (8 vezes) Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09 e 10 (10 vezes) Década 2011-2020: 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17 (7 vezes) Maior sequência de participações: de 1997 a 2017 (21 anos)
Náutico – 41 participações Como campeão: 14 vezes Como vice: 21 vezes Como 3º lugar: 6 vezes
Década 1951-1960: nenhuma Década 1961-1970: 61, 64, 65, 66, 67, 68 e 69 (7 vezes) Década 1971-1980: 71, 75, 76, 77, 78, 79 e 80 (7 vezes) Década 1981-1990: 82, 83, 84, 85, 86, 89 e 90 (7 vezes) Década 1991-2000: 92, 93, 94, 95, 96 e 00 (6 vezes) Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 08, 09 e 10 (9 vezes) Década 2011-2020: 11, 12, 14, 15 e 17 (5 vezes) Maior sequência de participações: de 2000 a 2006 (7 anos)
Santa Cruz – 36 participações Como Campeão: 21 vezes Como vice: 13 vezes Como 3º lugar: 2 vezes
Década 1951-1960: 60 (1 vez) Década 1961-1970: 70 (1 vez) Década 1971-1980: 71, 72, 73, 74, 75, 77, 79 e 80 (8 vezes) Década 1981-1990: 81, 84, 85, 86, 87, 88 e 90 (7 vezes) Década 1991-2000: 91, 94, 96, 97 e 00 (5 vezes) Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07 e 10 (8 vezes) Década 2011-2020: 11, 12, 13, 14, 16 e 17 (6 vezes) Maior sequência de participações: de 2000 a 2007 (8 anos)
Salgueiro – 4 participações Como vice: 1 vez Como 3º lugar: 2 vezes Como 4º lugar: 1 vez
Década 2011-2010: 13, 15, 16 e 17 (4 vezes) Maior sequência de participações: de 2015 a 2017 (3 anos)
Porto – 2 participações
Como vice: 2 vezes
Década 1991-2000: 98 e 99 (2 vezes)
Central – 2 participações Como vice: 1 vez Como 3º lugar: 1 vez
Década 2001-2010: 08 e 09 (2 vezes)
Ypiranga – 1 participação Como 3º lugar: 1 vez
Década 2001-2010: 07
Simulando as participações pernambucanas na COPA CONMEBOL
8 campanhas
Número de vagas de Pernambuco* 1992-1999: 1 vaga (3º lugar) *Seguindo a ordem da vagas dos países abaixo de Brasil, Argentina e Uruguai
3 participações – Santa Cruz (92, 93 e 95) 2 participações – Sport (94 e 96) 2 participações – Náutico (97 e 99) 1 participação – Recife (98)
Simulando as participações pernambucanas na COPA SUL-AMERICANA
46 campanhas
Número de vagas de Pernambuco* 2002-2009: 2 vagas (4º e 5º) 2010-2011: 3 vagas (4º, 6º e 6º)
2012-2016: 4 vagas (4º, 5º, 6º e 7º)
2017: 4 vagas (5º, 6º, 7º e 8º) *Seguindo a ordem das vagas dos países abaixo de Brasil e Argentina
9 participações – Porto (07, 08, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16) 9 participações – Central (02, 03, 04, 10, 11, 12, 15, 16 e 17) 3 participações – Salgueiro (09, 10 e 12) 3 participações – Ypiranga (09, 13 e 14) 3 participações – Náutico (07, 13 e 16) 3 participações – Serra Talhada (15, 16 e 17) 2 participações – AGA (03 e 04) 2 participações – Itacuruba (05 e 06) 2 participações – Serrano (05 e 06) 2 participações – Petrolina (12 e 13) 1 participação – Recife (02) 1 participação – Vera Cruz (08) 1 participação – Cabense (11) 1 participação – Belo Jardim (14) 1 participação – Pesqueira (14) 1 participação – Santa Cruz (15) 1 participação – América (17) 1 participação – Atlético (17)
Cacareco na Copa do Mundo (jogadores nascidos em Pernambuco)
2002 (Coreia do Sul/Japão) Bosco (Cruzeiro, 28 anos); Russo (Vasco, 26), Sandro (Botafogo, 29), Nem (Atlético-PR, 29) e Marquinhos (Goiás, 25): Josué (Goiás, 23), Cléber Santana (Sport, 21), Juninho Pernambucano (Lyon, 27) e Rivaldo* (Barcelona, 30); Catanha (Celta, 30) e Araújo (Goiás, 25)
2006 (Alemanha) Bosco (São Paulo, 32 anos); Tamandaré (Sport, 25), Nem (Braga, 33), Valença (Santa Cruz, 24) e Lúcio (São Paulo, 27); Josué (São Paulo, 27), Cléber Santana (Santos, 25), Juninho Pernambucano* (Lyon, 31) e Rivaldo (Olympiacos, 34); Araújo (Cruzeiro, 29)e Carlinhos Bala (Santa Cruz, 27)
2010 (África do Sul) Bosco (São Paulo, 36 anos); Mariano (Fluminense, 24), Édson Henrique (Figueirense, 23), Rovérsio (Osasuna, 26) e Diego Renan (Cruzeiro, 20); Josué* (Wolfsburg, 31), Cléber Santana (São Paulo, 29), Hernanes (São Paulo, 25) e Juninho Pernambucano (Al-Gharafa, 35); Ciro (Sport, 21) e Araújo (Al-Gharafa, 33)
2014 (Brasil) Rodolpho (Chapecoense, 32 anos); Mariano (Bordeaux, 27), Édson Silva (São Paulo, 27), Kaká (La Coruña, 32) e Diego Renan (Criciúma, 24); Josué (Atlético-MG, 34), João Victor (Mallorca, 25), Cléber Santana (Flamengo, 32) e Hernanes* (Lazio, 28); Walter (Goiás, 24) e Bobô (Kayserispor, 28)
Seleção da Revolução (PE-AL-PB-RN)
2006 (Alemanha) Bosco (São Paulo, 32 anos); Russo (Sport, 30), Pepe (Porto, 23), Durval (Sport, 26) e Lúcio (São Paulo, 27); Josué (São Paulo, 27), Cléber Santana (Santos, 25), Juninho Pernambucano (Lyon, 31) e Rivaldo (Olympiacos, 34); Marcelinho Paraíba (Hertha Berlin, 31) e Aloísio (São Paulo, 31)
2010 (África do Sul) Bosco (São Paulo, 36 anos); Mariano (Fluminense, 24), Durval (Santos, 29), Pepe* (Real Madrid, 27) e Diego Renan (Cruzeiro, 20); José* (Wolfsburg, 31), Cléber Santana (São Paulo, 29), Hernanes (São Paulo, 25) e Marcelinho PB (Sport, 35). Hulk (Porto, 24) e Denis Marques (Flamengo, 29)