Comissão aprova PEC que exclui possibilidade de Ministério Público investigar crimes

 

O Ministério Público pode ser impedido de realizar investigações criminais por conta própria. Uma comissão especial da Câmara aprovou nessa quarta-feira a Proposta de Emenda à Constituição 37/11, que atribui exclusivamente às polícias Federal e Civil a competência para a investigação criminal. De autoria do deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), a PEC deixa claro que o Ministério Público não pode conduzir a investigação e deve atuar apenas como titular da ação penal na Justiça.

O relator da PEC na comissão especial, deputado Fabio Trad (PMDB-MS), lamentou a decisão da comissão. Ele havia modificado o texto original da PEC, permitindo que o Ministério Público investigasse, em conjunto com as polícias, os crimes contra a administração pública – como corrupção – e delitos praticados por organizações criminosas. Durante a votação da PEC, no entanto, os deputados derrubaram o artigo que permitia essa investigação subsidiária do Ministério Público.

Para Fabio Trad, a medida é prejudicial à sociedade. “Hoje, lamentavelmente, perdemos a oportunidade de ter polícia e Ministério Público juntos no combate à criminalidade.” O relator disse que vai tentar retomar o texto do seu substitutivo na votação da PEC em Plenário. A proposta ainda precisa ser votada em dois turnos na Câmara, antes de seguir para o Senado.

Competência das polícias
O deputado Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG) foi quem apresentou o destaque para votação em separado que impede definitivamente a atuação do Ministério Público nas investigações. De acordo com o parlamentar, o texto da Constituição deixa claro que a competência para investigar crimes é das polícias Civil e Federal.

Vasconcellos lembrou que, por causa de interpretações diferentes, o Ministério Público passou a também realizar investigações criminais. “Houve alguns erros de interpretação durante os anos, mas (as competências) são muito claras e dividem os poderes. Até porque uma pessoa não pode, ao mesmo tempo, investigar e oferecer denúncia.”

Procuradores
O vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti, disse que a aprovação da PEC é um retrocesso provocado pela pressão dos delegados de polícia.

“Da forma como foi aprovada, é muito ruim para o País. Principalmente com o cerceamento puro e simples [do Ministério Público]. Todas as provas criminais passarão a ser produzidas apenas pelos delegados de polícia. Não apenas o Ministério Público foi atingido, como também o Executivo. Toda a produção de provas por órgãos como a CGU e o TCU teria que ser repetida na mão de um delegado de Polícia Federal.”

Cavalcanti disse esperar que a PEC seja derrubada quando for votada no Plenário da Câmara.

Divergência
O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) considerou que a votação na comissão especial foi inválida, uma vez que o presidente do colegiado, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), não permitiu que ele apresentasse aos parlamentares o teor de seu voto em separado, que também modificava o texto original da PEC.

Molon afirmou que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) contra a decisão do presidente. Ele espera que a CCJ anule a votação da comissão especial.

Da Agência Câmara

 

 

Mais três pessoas serão ouvidas nesta quinta-feira sobre acidente na Avenida Recife

Três pessoas que já haviam sido ouvidas pela polícia sobre o acidente que vitimou o metalúrgico Rafael José Alves Borborema, 22 anos, serão ouvidas novamente nesta quinta-feira pelo delegado Carlos Couto, da Delegacia do Ipsep.

Rafael estava indo trabalhar quando foi atingido. Foto: Reprodução/TV Clube

Nessa quarta-feira, um nova testemunha também prestou depoimento ao delegado e ajudou a esclarecer algumas dúvidas da investigação. Segundo o delegado, essa nova pessoa trabalhava na mesma empresa da vítima e chegou ao local minutos depois do acidente.

Câmeras da CTTU filmaram o acidente. Foto: Reprodução/TV Clube

Também já foram interrogados os amigos do soldado da PM Walbert Antônio de Oliveira, 28, que estaria dirigindo o Palio que atropelou Rafael. O PM acabou preso em flagrante e negou que estivesse dirigindo o carro. A defesa do militar pediu o relaxamento de prisão do PM, mas segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o juiz responsável pelo caso vai aguardar o parecer do Ministério Público (MPPE) para dar ou não a ordem.

Carro e moto se chocaram na Avenida Recife. Foto: Reprodução/TV Clube

O soldado continua preso no Centro de Reeducação da PM, em Paulista. Walbert afirma que não estava dirigindo o carro. Segundo ele, quem estaria conduzindo a direção seria Ednaldo Roberto de Melo Júnior, 28, que assumiu a culpa em depoimento à polícia.

 

 

 

Depois da mordida no bolso, um sopro de alívio

Uma portaria conjunta das secretarias de Administração, Fazenda e Defesa Social do estado que considera a necessidade de repremir com mais eficácia os crimes contra o patrimônio, em especial os que envolvem instituições financeiras e aqueles com restrição de liberdade e as ocorrências de sequestro resolve estipular um valor de diárias para os policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) e da Companhia Independente de Operações Especiais (CIOE). A “bondade” veio depois de três meses sem os servidores receberem um centavo de gratificação.

Alegando a necessidade de manter os policiais das duas unidades especializadas  em regime de pronto emprego, para agir em qualquer região do estado, os secretários Ricardo Dantas (Administração), Paulo Câmara (Fazenda) e Wilson Damázio (Defesa Social), definiram os valores a título de diária, por dia trabalhado, limitado a 30 dias, para os servidores e militares da SDS que estiverem em serviço na campanha de ordem pública que ocorrerá durante o período de 08/11/2012 a 21/12/2012.

A portaria do Diário Oficial diz que tantos os civis como os militares  receberão a diária de R$ 54,01 para cada dia trabalhado. A pechincha vai ser paga a todos os profissionais, sejam de alta patente ou operacionais de cargos mais baixos. No entanto, o que alguns policiais revelaram ao blog é que há três meses nem o GOE nem o CIOE estavam recebendo mais gratificações. Depois que foram criados os PJEs (programa de jornada extras) os benefícios deixaram de ser pagos. Para os beneficiados, essa portaria veio como uma espécie de cala-boca para que ninguém reclamasse. Porém, o que ninguém sabe, é como vai ficar a situação a partir do mês de janeiro.

 

Nove mil linhas de telefones celulares detectadas dentro dos presídios estaduais em um ano

De novembro de 2011 a novembro de 2012, mais de 9 mil linhas de celulares foram detectadas em presídios estaduais brasileiros por meio de um equipamento que se assemelha a uma maleta e que pertence ao Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça (Depen). O Ministério da Justiça ofereceu ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, os serviços do único aparelho desse tipo do Depen para ajudar a conter a onda de violência no estado.

Equipamento funciona com muita precisão. Foto: Depen/Divulgação

De acordo com Augusto Rossini, diretor do Depen, o aparelho, que custa mais de R$ 1 milhão, detecta com precisão o local onde está o aparelho celular. Os estados podem adquirir o seu próprio aparelho ou solicitar a presença de uma equipe do Depen em seus presídios.

O Ministério Público, autoridades judiciárias e a administração de penitenciárias podem solicitar o serviço de uma equipe do Depen com o aparelho. “Nossa equipe vai para o estado com a ferramenta tecnológica e com a metodologia para usá-la e, a partir da solicitação, nós conseguimos identificar as linhas que estão naquele local [presídio]”, diz o diretor.

Rossini disse que a partir da detecção do aparelho, quem solicitou o serviço pode  apreender o celular encontrado ou pode solicitar judicialmente o bloqueio da linha e uma interceptação telefônica.

Da Agência Brasil

 

Imagens podem ajudar a polícia a esclarecer morte de jornalista goiano

Muitas dúvidas ainda estão por trás do assassinato do jornalista goiano de 28 anos encontrado morto nesse final de semana no Cabo de Santo Agostinho. Nesta segunda-feira, uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) vai até o Cabo para começar a investiga o caso que teve repercussão nacional. Por enquanto, a polícia não descarta nenhuma possibilidade. Segundo os investigadores a morte pode ter sido um crime passional, um latrocínio, um crime de homofobia ou até mesmo uma morte por acidente. Leia abaixo matéria publicada no Diario desta terça-feira.

 

Do Diario de Pernambuco

As imagens das câmeras de segurança da Pousada Caravelas de Pinzón, onde o jornalista goiano Lucas Cardoso Fortuna, 28 anos, estava hospedado antes de ser encontrado morto, serão solicitadas hoje pela polícia. Segundo amigos, a vítima teria sido vista na noite da última sexta-feira, tentando entrar no local com um homem desconhecido. Na noite do sábado, Lucas saiu da pousada e seu corpo foi encontrado na manhã do domingo. Exames toxicológicos, sexológicos e subungueal (coleta de material nas unhas que servirá para a identificação de suspeitos por meio de DNA) também foram solicitados ao Instituto de Medicina Legal (IML), que, preliminarmente, informou que a causa da morte do jornalista foi espancamento e afogamento. O pai dele, Avelino Fortuna, e amigos acreditam, no entanto, que o assassinato teve motivação homofóbica.

Pai de Lucas veio liberar o corpo do IML. Foto: Carolina Braga/DP/D.A/Press

O gestor da Diretoria Geral de Polícia Judiciária Especializada, Joselito Kehrle, informou ontem à noite que nenhuma hipótese está descartada. “A mais frágil é o latrocínio (assalto seguido de morte), mas por enquanto é cedo para dizer que a morte foi passional ou homofobia. Pode inclusive ter sido apenas um afogamento. Os cortes podem ter sido provocados pelas pedras do mar”, afirmou. Vestindo apenas uma cueca, o corpo de Lucas foi encontrado com várias marcas de espancamento, próximo ao mar, entre as praias de Gaibu e Calhetas, no Cabo de Santo Agostinho. Um documento de identidade, sujo de sangue, também estava rasgado. A delegada Gleide Ângelo, do DHPP, irá hoje ao Cabo dar início às diligências.

Homossexual assumido, militante ativista do movimento LGBT e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Santo Antônio de Goiás, Lucas chegou à capital pernambucana na última quarta-feira para arbitrar a Série A do Campeonato Brasileiro de Vôlei Paralímpico. A passagem de volta estava marcada para o domingo, mas o jornalista conseguiu adiar por mais dois dias, que seriam usados para visitar amigos recifenses. Estava feliz com a possibilidade de se tornar um árbitro nacional. Ele pode ter sido a 30ª vítima de intolerância sexual contabilizada neste ano em Pernambuco, de acordo com o Movimento Gay Leões do Norte. Em 2011, foram 25 casos.

“A violência roubou o futuro de um jovem que contribuía e poderia contribuir muito mais na luta contra a intolerância. Espero que tudo isso não tenha sido em vão”, afirmou o pai, Avelino Fortuna. O sepultamento está previsto para hoje, em Goiás. Para Luciano Freitas, amigo da vítima e integrante do Grupo Leões do Norte, alguém teria atraído o jornalista até o local. “O que importa agora é entender o porquê de um assassinato cruel desses ter sido cometido e não quais foram as circunstâncias que o levaram para aquele local, àquela hora”, disse.

Saiba Mais

Pernambuco

30 homossexuais assassinados neste ano
25 homossexuais assassinados em 2011
20% é o aumento nos casos já registrados

Brasil

266 homossexuais assassinados em 2011
260 homossexuais assassinados em 2010

118% é o aumento de casos registrados entre 2005 e 2011
A cada 33 horas um homossexual foi assassinado em 2011

Ranking dos estados com maior número de casos (2011)

Bahia    28
Pernambuco    25
São Paulo    24
Paraíba    21
Alagoas    21
Minas Gerais    21
Rio de Janeiro    20

As formas de assassinato (2011)

70 por arma de fogo
67 por arma branca (faca, foice, machado, tesoura)
56 por espancamento (pauladas, pedradas, marretadas)
8 por enforcamento
65 outros (afogamentos, atropelamentos, carbonização, degolamentos, tortura, violência sexual)

Fontes: ONG Leões do Norte, Relatório Anual de Assassinatos de Homossexuais de 2011

 

Policiais civis começam treinamento para aprimorar funções

A Polícia Civil de Pernambuco começou nesta segunda-feira (19) um treinamento para aprimorar o exercício das funções na manutenção da ordem e segurança pública no estado. O chefe de Polícia Civil, Osvaldo Morais, presidiu a aula inaugural do 1º Curso de Intervenções Táticas Policiais (CITP) da corporação. A solenidade foi no auditório delegado Fernando Machado, na Sede Operacional da Polícia Civil, na Rua da Aurora.
Evento está acontecendo na prédio da Rua da Aurora. Foto: Polícia Civil/Divulgação
O evento teve ainda a participação do delegado de polícia do Rio de Janeiro, Carlos Eduardo Pereira, convidado para ministrar uma palestra aos 21 policiais civis que iniciam o curso a partir de hoje. A primeira turma do CITP é formada por dois delegados e 21 policiais entre agentes e comissários. O objetivo do curso é qualificar o servidor policial em técnicas de abordagem e patrulha, sobrevivência em Mata Atlântica, ações táticas e antibombas, montanhismo e operações na caatinga e ribeirinhas.
Os delegados seccionais Guilherme Mesquita, Charles Gultiergue, Sérgio Ricardo, Darlson Freire e Manuel Martins, além do delegado responsável pela Assistência Policial Civil do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Darley Timóteo, também compareceram a aula inaugural. A iniciativa visa dar uma resposta rápida, um apoio imediato em situações que exijam treinamento especializado.O treinamento deve durar três meses e será dividido em quatro módulos.

Equipe do delegado preso por receber propina também será investigada

Diretores e delegados da Polícia Civil do estado passaram o final de semana monitorando a situação do delegado que está preso e internado após ter sido pego em flagrante, segundo a polícia, cobrando propina. O delegado pode seguir para a prisão a qualquer momento, mas tudo agora vai depender da evolução do seu quadro de saúde. A partir desta segunda, as investigações serão retomadas. Confira matéria publicada no Diario de Pernambuco desta segunda-feira. O texto é do repórter Raphael Guerra.

 

Policiais civis que trabalham diretamente com o delegado Carlos Gilberto Freire de Oliveira, 61 anos, preso em flagrante, de acordo com a polícia, por crime de concussão (extorsão cometida por funcionário público), também serão investigados. O objetivo é identificar se algum deles está envolvido em esquemas criminosos, como cobrança de propina, dentro da Delegacia de plantão da Várzea. O delegado passará nesta segunda-feira por novos exames no Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), onde está internado desde a última sexta-feira, quando foi preso. Após receber alta, seguirá para o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.

“Testemunhas e pessoas citadas durante a prisão em flagrante do delegado serão ouvidas ao longo desta semana. Temos dez dias até a conclusão do inquérito, que também apura se mais algum policial tem participação no crime”, explicou a delegada de Repressão aos Crimes contra a Administração e Serviços Públicos Andrea Veras. Segundo ela, mesmo com a divulgação da prisão do suspeito, nenhuma nova denúncia contra ele foi registrada na delegacia. Na esfera criminal, o suspeito pode pegar de dois a oito anos de detenção.

Carlos Gilberto foi flagrado em frente à reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no momento em que recebia R$ 700 para liberação de um caminhão apreendido pela Delegacia da Várzea, onde ele atua como plantonista. Antes, ele havia exigido o pagamento de R$ 1,5 mil, mas acabou aceitando receber menos da metade do valor. O dono do caminhão, vítima da extorsão, havia vendido o veículo a outra pessoa, que deixou de efetuar o pagamento de algumas parcelas. Na quarta-feira passada, a vítima foi até a delegacia prestar queixa e o veículo foi apreendido. Quando foi resgatá-lo, ela foi informada que deveria pagar a quantia estipulada pelo delegado.

Antes de ir à Cidade Universitária para entregar o dinheiro, a vítima procurou a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social e denunciou o crime. Uma sindicância foi aberta para investigar administrativamente a conduta do suspeito, que tem 26 anos de experiência na Polícia Civil. Ele pode, inclusive, ser expulso da corporação. O advogado de defesa, José Pessoa Lins Júnior, afirmou que iria se reunir na noite de ontem com familiares do delegado para decidir que providências seriam tomadas. Ele disse ainda que vai se pronunciar oficialmente hoje sobre o caso. “Meu cliente foi vítima de uma armação. Tudo será esclarecido”, garantiu o advogado.

Em março deste ano, o então delegado titular de Combate à Pirataria, Tiago Cardoso, e outros quatro policiais civis foram presos por suspeita de envolvimento num esquema de cobrança de propinas a grandes comerciantes do Recife. O grupo também teria liberado mercadorias apreendidas ou deixado de realizar prisões e apreensões de vendedores de mídias piratas, em troca de dinheiro.

Leia mais sobre o caso em:

Delegado preso por corrupção está internado no Procape

 

Ex-goleiro Bruno vai ao banco dos réus nesta segunda. Conheça parte da trajetória do atleta

Do Estado de Minas

Bruno Fernandes das Dores de Souza parecia ser apenas mais um menino pobre. Na favela onde cresceu, em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte, muitos garotos também se criavam aos cuidados de pessoas que não eram seus pais biológicos. Descalços e com bolas gastas, jogavam futebol nos campinhos de terra da vizinhança. Sem dinheiro para comprar chuteiras, participavam de testes em clubes amadores e profissionais. Alimentavam o sonho de se tornarem celebridades do esporte. Entre tantas ambições frustradas, Bruno poderia ter sido somente mais um — mas não foi.

O garoto cresceu e prosperou. Defendeu três dos mais populares times do Brasil, ganhou milhões de reais, foi eleito um dos melhores goleiros em atividade. Virou ídolo. Breve foi a glória, porém. Poucos anos depois, Bruno deixou tudo escapar — e de forma espantosa. Foi denunciado por mandar matar com crueldade Eliza Silva Samudio, jovem de 24 anos que, meses antes, havia dado à luz. O motivo da atrocidade, segundo o Ministério Público, foi o fato de o atleta não querer assumir ser pai de Bruninho, nem arcar com os custos de mantê-lo. Bruno abandonou os gramados e, em julho de 2010, foi preso.

Bruno ainda adolescente em Belo Horizonte. Foto: Acervo Pessoal

O julgamento que começa nesta segunda-feira pode condená-lo a viver algumas décadas encarcerado e reforçar sua decadência. Recusando-se a acreditar que ele seja culpado, familiares e amigos gostam de lembrar o esforço do menino tímido e pobre, que chegou a vender picolé e não tinha como pagar a passagem de ônibus. No entanto, ainda na juventude, Bruno mostrou temperamento agressivo e encrenqueiro. Tanto que um antigo vizinho, sem querer se identificar, disse não ter se surpreendido “quando saiu essa história da Eliza”. Mesmo depois de famoso, o atleta continuou a arrumar confusões, principalmente fora de campo.

ASCENSÃO

Bruno nasceu em Belo Horizonte, em 23 de dezembro de 1984, antevéspera de Natal. Ao dar à luz, Sandra Cássia Souza de Oliveira tinha 17 anos. Ainda grávida, foi morar na casa da família do pai do bebê, Maurílio Fernandes das Dores, em uma favela no Bairro Santa Efigênia, Região Leste da capital. São nebulosas as circunstâncias que levaram o futuro esportista a ser criado por sua avó paterna, Estela Santana Trigueiro de Souza. Em depoimento à polícia, Estela contou que Bruno tinha apenas três dias de vida quando Sandra, “pessoa muito complicada”, o abandonou no hospital, “alegando que ele estava passando mal”. A avó, então, assumiu a responsabilidade.

No entanto, essa versão é negada pela avó materna de Bruno, a professora aposentada Lucely Alves de Souza, de 68. Segundo ela, Sandra cuidou do pequeno até se mudar para Teresina (PI) com Maurílio e Rodrigo, segundo filho do casal, dois anos mais novo que o irmão. “Ela (Sandra) foi embora acompanhando Maurílio, que tinha arrumado um emprego como motorista, não sei se de ônibus ou caminhão”, relata Lucely. “Ela não abandonou (Bruno). Deixou ele (sic) com dona Estela, que o criou direitinho, pôs pra estudar”, avalia.

Apesar dos elogios de Lucely, os desentendimentos entre os lados paterno e materno de Bruno começaram cedo, antes mesmo de seu nascimento. Enquanto Estela desaprovava Sandra, Lucely torcia o nariz para Maurílio. “Ele fazia um monte de coisa errada, não era flor que se cheirasse. Não queria ele dentro da minha casa”, diz a professora aposentada, que evitava visitar a filha em seu novo endereço. “Quando ia, ficava no portão, não gostava de entrar”, recorda. Por isso, quando Sandra e Maurílio foram embora, Lucely e o marido, Willer, perderam contato com o neto. “Nem sabíamos para onde dona Estela se mudou depois”, ressalta Lucely.

Atleta sempre gostou de futebol. Foto: Acervo Pessoal

Aos sete anos, Bruno se estabeleceu com a família em uma favela no Bairro Santa Matilde, em Ribeirão das Neves. Ele e outros garotos jogavam bola em campinhos de terra batida. O extinto campo atrás do cemitério, por exemplo, era conhecido como Caveirinha. Outro campo, localizado em um terreno baldio rodeado por morros, tinha o nome de Buracão. Para ganhar dinheiro, chegou a percorrer ruas da cidade vendendo picolé em uma caixa de isopor. Também capinava quintais alheios, lavava calçadas e carros. Com esses trabalhos, conseguiu comprar chuteiras quando, aos 12 anos, passou a jogar no time da Escolinha de Futebol Palmeiras, comandada até hoje pelo técnico Edson Alves, o Fera.

Bruno era quieto, de poucas palavras, descreve Edson. Muito alto para a idade, o que facilitava a vida do goleiro, o garoto apresentava deficiências quando se tratava de defender bolas baixas. “No chão, era ruim. Tanto que, em nossos jogos, ele (Bruno) entrava mais no segundo tempo, quando a gente já estava ganhando de dois, três a zero, com a vitória quase garantida”, lembra Edson. O garoto era disciplinado. “Nunca presenciei uma briga dele dentro de campo. Nunca vi xingar ou bater em ninguém”, enfatiza o técnico.

Mais tarde, Bruno treinou por alguns meses nas categorias de base do seu primeiro time profissional, o Democrata Futebol Clube, em Sete Lagoas, também na Região Metropolitana. Em seguida, apesar de continuar com dificuldade em bolas rasteiras, foi aprovado em um teste no Venda Nova Futebol Clube, sediado em Venda Nova, periferia de BH. “Tinha qualidade, mas não parecia que seria um dos melhores goleiros do Brasil”, lembra José Valmir de Menezes, de 42, técnico do Venda Nova há duas décadas. Em campo, Bruno deixava a timidez de lado. “No jogo, ele se transformava. Sempre foi líder”, constata o técnico.

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Comissão vai discutir violência contra mulher no meio familiar nesta terça-feira

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara vai discutir nesta terça-feira, em audiência pública, a violência contra a mulher no meio familiar. O Mapa da Violência 2012, elaborado pelo Instituto Sangari, mostra que 68% dos homicídios ocorrem dentro de casa. Em 86% dos casos, o assassino é alguém da família ou próximo a ela. Os parceiros ou ex-parceiros são responsáveis pela maior parte dos assassinatos de mulheres.

Vítimas sofrem agressões de diversas formas. Foto: Inês Campelo/DP/D.A/Press

Quem pediu a realização do debate foi o deputado Marllos Sampaio (PMDB-PI). Ele destaca que o estado mais violento para as mulheres é o Espírito Santo, com taxa de 9,4 homicídios para cada 100 mil mulheres. O estado que apresenta o menor índice de assassinatos dessa faixa da população é o Piauí, com 2,6 homicídios para cada 100 mil mulheres.

Marllos Sampaio afirma que o exemplo do Piauí pode ser seguido por outros estados. Por isso, ele convidou para a audiência a titular da Delegacia Especializada de Proteção dos Direitos da Mulher no Piauí, Vilma Alves. “O estado do Piauí está na contramão dessa tendência. Justifica-se, assim, convidar a Delegacia Especializada da Mulher do nosso estado do Piauí para, juntamente com demais autoridades da área da mulher, podermos elaborar medidas que possam servir de modelo para todo o Brasil.”

Crimes geralmente acontecem dentro de casa. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A/Press

Convidados
Também foram convidadas para a audiência as ministras da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário; a secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki; e o sociólogo Júlio Jacobo, autor do Mapa da Violência 2012.

A audiência está marcada para as 14 horas, no plenário 6.

Da Agência Câmara

 

Delegado preso por corrupção está internado no Procape

 

O delegado Carlos Gilberto Freire de Oliveira, 61 anos, está internado no Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), no bairro de Santo Amaro. O policial foi preso na tarde dessa sexta-feira, segundo a polícia, depois de ter sido flagrado por policiais da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) recebendo R$ 700 de propina para liberar um caminhão apreendido por sua equipe da Delegacia de plantão da Várzea.

Após ser autuado em flagrante, Carlos Gilberto, que tem problemas cardíacos, precisou ser socorrido e levado para a unidade de saúde onde permanece sob escolta policial e sem previsão de alta médica. Caso o policial seja liberado neste sábado ou domingo, seguirá diretamente para o Cotel, em Abreu e Lima. Se os médicos só derem alta a ele na segunda-feira, antes de seguir para a prisão, o delegado irá prestar depoimento na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração e Serviços Públicos.O advogado do policial afirma que ele é inocente e disse que irá provar que seu cliente foi vítima de uma armação.

A prisão do delegado foi manchete do Diario de Pernambuco deste sábado. Confira parte da matéria:

O delegado de plantão da Delegacia da Várzea Carlos Gilberto Freire de Oliveira, 61 anos, foi pego em flagrante depois de exigir o pagamento da quantia de R$ 1,5 mil para liberação de um caminhão apreendido. Ele foi denunciado à Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) e preso em frente à reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ontem, por volta das 12h, quando a vítima efetuava o pagamento de R$ 700,00. Na delegacia, ele alegou problemas cardíacos e foi encaminhado, à noite, com escolta, a um hospital não revelado pela polícia. Preso em flagrante, será encaminhado ao Cotel quando receber alta, segundo a delegada Andrea Veras.

Depois de ser levado à delegacia, por volta das 12h,<br /><br />
Carlos Gilberto Freire passou mal, no início da noite,<br /><br />
e precisou ser socorrido em uma unidade de saúde (ALICE SOUZA/DP/D.A PRESS)

Após ser autuado, delegado precisou ser socorrido. Foto: Alice de Souza/DP/D.A/Press

O caminhão foi apreendido na última quarta-feira, após uma divergência financeira de compra e venda do veículo. Segundo Andrea Veras, da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (DPRCCASP), a vítima da extorsão – que não teve o nome revelado – havia vendido o veículo a um terceiro, que deixou de efetuar o pagamento de algumas parcelas da dívida. Na quarta-feira, a vítima foi até a delegacia da Várzea prestar queixa contra o homem que estava com o caminhão, que foi identificado e teve o veículo apreendido no mesmo dia.

 (LÍLIAN PIMENTEL/ESP. AQUI PE/D.A PRESS)

Carlos tinha 26 anos na polícia. Foto: Lilian Pimentel/DP/D.A/Press

“Quando chegou à delegacia para buscar o carro, entretanto, o delegado queria receber R$ 1,5 mil para liberar o caminhão. Ele e o dono do veículo então acordaram de se encontrar na manhã de ontem, em frente à reitoria da UFPE, para que o pagamento fosse efetuado. Só que antes de ir, a vítima procurou a Corregedoria, na quinta-feira, e fez a denúncia. Ele foi ao local acompanhado de agentes, que efetuaram a prisão em flagrante”, detalhou Andrea.

A reportagem completa você encontra da edição impressa do Diario de Pernambuco.

Leia mais sobre a prisão em Delegado da Polícia Civil autuado por corrupção