No mês de junho, o Brasil viu a população ir às ruas protestar contra a falta de mobilidade urbana, corrupção dos políticos e o péssimo atendimento dos hospitais públicos. Ninguém ouvia falar de Previdência Social. Hoje, as centrais sindicais elegeu para essa data o Dia Nacional de Lutas, que passa a tratar de uma velha reivindicação dos aposentados e sempre desprezada pelo Governo: a extinção do universo jurídico do fim do fator previdenciário.

Os aposentados jamais esquecem dessa reclamação. Já o Governo tenta se afastar ao máximo desse debate, que para ele representa uma espinha de peixe na garganta. O Governo sabe que o fim do fator previdenciário acarreta aumento das despesas. E toda vez que se nega a acabar com essa fórmula matemática atrai a antipatia da população. Justamente num momento em que Dilma Rousseff vê sua popularidade despencar.

Como o Dia Nacional de Lutas está sendo organizado por entidades políticas, as centrais sindicais, a velha reivindicação do fim do fator previdenciário volta à tona. Há certo oportunismo do movimento sindical trazer esse tema agora, já que faz tempo que ele pende de uma resposta do Congresso Nacional desde abril/2008. O projeto de lei n.º 3299 do Senador Paulo Paim está parado e enganchado, aguardando ser colocado na pauta e na ordem do dia da Câmara dos Deputados.

Esse projeto extingue o fator previdenciário para que o salário de benefício (aposentadoria) volte a ser calculado de acordo com a média aritmética simples até o máximo dos últimos 36 (trinta e seis) salários de contribuição, apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.

O protesto de hoje promete paralisar mais de 50 cidades brasileiras e tem o objetivo de pressionar o governo a ouvir as reclamações da classe trabalhadora, entre elas a desvalorização da aposentadoria acarretada pelo fim do fator previdenciário.

Além do fator, o protesto também procura encontrar maneira de dar aos aposentados melhores reajustes salariais, principalmente para quem ganha acima de um salário mínimo. A política salarial do INSS é outro assunto que causa nervosismo ao governo, já que pode onerar os gastos públicos. Os índices de reajustes dos salários dos aposentados são baixos e causam perda do poder de compra. As centrais sindicais testam a presidente Dilma, que pode querer se aproveitar da sua baixa popularidade para tentar ganhar a simpatia da população aumentando o salário pagos pela Previdência Social. Até a próxima.