Economista Solange Paiva criou o fator

Morena cor de jambo, elegante e com um sorriso cativante. Com essa boa aparência,  Solange Paiva Vieira ficou conhecida no Governo em 1999 como a musa da Esplanada. Anos depois, em 2007 passou a ser conhecida como a musa da Anac, quando presidiu o órgão. Por onde passava, chamava a atenção. Economista de formação e acostumada com os números, foi da cabecinha da carioca Solange Paiva que saiu a idéia de criar o fator previdenciário, que tanto atormenta os aposentados em dias atuais e dá tanto o que falar. Em nenhum lugar do mundo se tem notícia de cálculo parecido no sistema previdenciário.

Imbuída da missão governamental de diminuir os gastos da Previdência, na época com 30 anos de idade, Paiva bolou uma fórmula e terminou por atacar direto o bolso dos aposentados em até 40%. A fórmula foi um sucesso para o INSS, mas é odiada pela maioria dos aposentados desde sua concepção. A idéia consiste em traçar uma relação entre idade do aposentado e o valor do benefício. Quanto mais se vive, conforme expectativa de vida do IBGE, menor será o valor a ser recebido mensalmente pelo segurado.

A mãe do fator previdenciário criou a seguinte fórmula, que terminou sendo aceita pelo INSS e colocada em prática na Lei n.º 9.876/99:

   

  • f = fator previdenciário;
  • Es=expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
  • Tc=tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;
  • Id=idade no momento da aposentadoria;
  • a=alíquota de contribuição correspondente a 0,31.

 

Esse mês completa 12 anos da vigência do fator previdenciário e dezenas de advogados já tentaram exterminar no Judiciário a fórmula da economista, mas até agora ninguém conseguiu.

As decisões pelo Brasil afora são em sua maioria de que deve ser aplicado o fator previdenciário, principalmente porque há anos pende no Supremo Tribunal Federal o julgamento definitivo do processo que discute a constitucionalidade do fator. Desde 01.12.1999, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos sustenta a inconstitucionalidade da fórmula no processo ADIN n.º 2111-7/DF, mas até agora o Supremo reconheceu provisoriamente que o cálculo é aplicável. Acompanhe a tramitação no STF.

No fim de 2009, uma nova cruzada no Congresso Nacional quase aprovou a extinção da fórmula, mas de última hora o ex-presidente Lula barrou a medida. O senador gaúcho Paulo Paim (PT) é um defensor ferrenho dos aposentados em acabar com o fator, mas também não conseguiu torná-lo sem efeito; por isso, tenta criar uma alternativa que venha a substituir o cálculo.

Existe na internet até site destinado à mobilizar a sociedade contra o fator previdenciário.

Eleita como um dos 100 brasileiros mais influentes pela Revista Época, Paiva é reconhecida também por ter salvo o Governo de uma crise nas contas da Previdência e ter implementado uma das principais reformas na Lei de Benefícios. Não há dúvida dos atributos físicos e intelectuais, mas o cálculo matemático da economista traz implicações no universo jurídico que colocam em xeque princípios como o da isonomia e da segurança jurídica, além de ser injusto e flagrantemente inconstitucional, apesar de até hoje o STF não entender assim.

Caso Paiva tenha começado a contribuir cedo para o INSS, quando resolver se aposentar, a criadora da fórmula sentirá os efeitos financeiros e maléficos da sua criação. Até a próxima.