Quando é preciso vencer a negociação quadrada

Criatividade

Um mês de negociação a portas fechadas. Um proposta aqui, uma contraproposta ali. Mais R$ 5 mil de um lado, menos R$ 5 mil do outro. E os valores foram se aproximando…

Mas não chegaram a um denominador comum.

E a negociação entre o Náutico e o volante Derley acabou encerrada, de maneira oficial, com direito a nota publicada pelo clube de Rosa e Silva (veja aqui).

O hiato foi de 15 mil reais. O Alvirrubro, diante de um ídolo da torcida, teria oferecido o máximo possível para o clube visando a próxima temporada, R$ 65 mil.

O jogador alega ter chegado ao seu “limite”, de R$ 80 mil, quase o dobro do que ganhou em 2011 (R$ 45 mil), na campanha do vice-campeonato da Série B.

O post, contudo, não está focado apenas nesta negociação específica, mas sim na falta de “criatividade” para fomentar certos acordos.

No texto anterior, o blog abordou o mercado superinflacionado (veja aqui).

Obviamente, existem exceções, sobretudo aquelas com apelo junto ao torcedor, como Magrão, Tiago Cardoso, Marcelinho Paraíba… E Derley, ainda ascendente.

Nesse perfil de atleta, o clube tem quase sempre uma arma secreta, também quase sempre relegada. Em Pernambuco, então, é dinheiro e oportunidades no ralo.

Derley era imprescindível para o Náutico? Sua garra era a cara da equipe? Então, o limite poderia ter sido alcançado com um plano de marketing. A diferença que faltou, cerca de 19% da pedida do volante, poderia ter sido quitada através de produtos, parcerias.

Nada daquele lema dos anos 70, “contrate que a torcida paga”.

O pagamento seria com lucro dividido. Uma camisa personalizada com porcentagem direcionada para jogadores. Cota de novos sócios com dinheiro revertido automaticamente para a despesa com o jogador. Brinquedos, quinquilharias etc.

Uma camisa do Náutico custa R$ 160. Vejamos, então, um camisa específica de Derley, pelo mesmo preço, mas com 10% do lucro para bancar os seus salários.

12 meses, R$ 15 mil (a diferença) = R$ 180 mil.

Portanto, desconsiderando 13º e férias, o clube precisaria vender 11.250 camisas especiais para quitar a “diferença” de toda a temporada de Derley.

No Santos, Neymar recebe R$ 3 milhões por mês. Mesmo sentado na grana, o Peixe ainda não tem condições de responder por esse montante. O clube paga R$ 1,5 milhão e o resto vem de patrocínios, firmados com apoio do clube.

É preciso ter muita calma com o mercado atual, astronômico, mas existem casos à parte nos clubes, ainda mais para aqueles com um marketing agressivo…

Se não for com Derley, que seja com outro. O que não pode é não utilizar esse artifício.

Atualização: às 12h22, a negociação foi encerrada; às 15h14, o contrato foi assinado.

Enfim, o denominador comum, sem marketing…