Em uma semana na qual correntes políticas uniram-se e a torcida foi mobilizada através de promoções, a vitória sobre o CRB era a única forma de alimentar alguma esperança de recuperação na Série B. Triplicando a presença na arena, com 4.289 torcedores, o alvirrubro pernambucano lutou, sendo até melhor em alguns momento. Marcou um gol com Erick, corretamente anulado por impedimento, e na reta final, em mais uma falha defensiva, Zé Carlos (aquele mesmo, que chegou e saiu do Santa em janeiro) se aproveitou da sobra, invadiu a área e tocou com categoria sobre Tiago Cardoso, 0 x 1. Mais uma derrota, a 9ª na competição, mantendo o timbu na lanterna, num buraco cada vez maior em termos de rebaixamento.
Com 28% dos jogos disputados, o clube pernambucano já está a dez pontos do penúltimo lugar. Simplesmente não pontua, chegando a seis derrotas seguidas. Hoje, já tem a pior largada da história da segundona, considerando o formato de pontos corridos, desde 2006. Igualou a campanha do Vila Nova, de 2014. Que caiu, diga-se. Entre os que escaparam, depois de ocupar a lanterna neste recorte, a pontuação mínima foi de 4 pontos. Aconteceu com o próprio Vila, em 2010, terminando com 46 pontos. Para o timbu alcançar esta pontuação, precisaria, a partir de agora, de um aproveitamento de 54%, num índice superior ao do América, 6º lugar após as dez primeiras rodadas. Ou seja, o Náutico precisaria de uma arrancada, hoje, distante… Improvável.
O lanterna da Série B após 11 rodadas (e a situação após a 38ª) 2006 – 9 pontos, Remo (12º, 46 pts) 2007 – 9 pontos, Paulista (17º, 45 pts) 2008 – 8 pontos, América-RN (15º, 46 pts) 2009 – 6 pontos, Campinense (19º, 37 pts) 2010 – 4 pontos, Vila Nova (16º, 46 pts) 2011 – 3 pontos, Duque de Caxias (20º, 17 pts) 2012 – 4 pontos, Ipatinga (19º, 31 pts) 2013 – 6 pontos, ABC (14º, 46 pts) 2014 – 2 pontos, Vila Nova (19º, 32 pts) 2015 – 6 pontos, Mogi Mirim (20º, 23 pts) 2016 – 6 pontos, Sampaio Corrêa (20º, 27 pts) 2017 – 2 pontos, Náutico
Na década atual, o campeão pernambucano sempre teve como característica a liderança conjunta no ranking de público. Foi assim com o Santa Cruz em 5 oportunidades e com o Sport em 2, a última agora em 2017, já marcada como a segunda edição mais esvaziada desde que a FPF passou a contabilizar a presença média de torcedores na competição, em 1990. Caiu pelo terceiro ano seguido, chegando a 2.402 pessoas. Em termos absolutos não teve jeito. Com 209 mil espectadores, entre pagantes e não pagantes, foi a pior edição.
Para se ter uma ideia, o índice leonino não chegou nem a 10 mil pessoas, sendo a primeira vez entre os dados levantados pelo blog, a partir de 2005 (gráfico abaixo). Até porque jogou 6 vezes com formações reservas. Não por acaso, o seu maior público (e também do Pernambucano) foi bem modesto, com 22 mil torcedores no jogo de ida da final. E a grande decisão, no Sertão, acabou sendo a de público mais baixo que se tem notícia no futebol local: 5.544 torcedores. Além da capacidade reduzida do Cornélio, pesou, bastante, a desorganização do torneio, com seguidas mudanças de data.
Naturalmente, a arrecadação seguiu a mesma curva descendente. E o dado geral assusta. Em 87 jogos com borderô, pois 8 partidas sequer puderam ter público devido à falta de laudos técnicos, a bilheteria foi de R$ 2,4 milhões, com queda de 43% em relação a 2016, com R$ 4,7 mi ao todo. Com direito a 8% de todas rendas, a FPF ficou com R$ 213 mil.
Os números de público e renda do Campeonato Pernambucano de 2017…
Os 5 maiores públicos 22.757 – Sport 1 x 1 Salgueiro (Ilha do Retiro, 06/05) 22.056 – Santa Cruz 1 x 0 Salgueiro (Arruda, 15/04) 19.541 – Náutico 1 x 1 Sport (Arena, 23/04)
15.082 – Sport 3 x 2 Náutico (Ilha do Retiro,16/04)
12.408 – Santa Cruz 1 x 1 Sport (Arruda, 18/02)
1º) Sport (7 jogos como mandante, na Ilha do Retiro) Público: 62.428 torcedores Média de 8.918 Renda: R$ 1.102.285
Média de R$ 157.469
2º) Santa Cruz (7 jogos como mandante, no Arruda)
Público: 53.299 torcedores
Média de 7.614
Renda: R$ 466.550
Média de R$ 66.650
3º) Náutico (7 jogos como mandante, na Arena Pernambuco) Público: 37.420 torcedores Média de 5.345 Renda: R$ 525.390
Média de R$ 75.055
4º) Salgueiro (10 jogos como mandante, no Cornélio de Barros) Público: 29.697 torcedores Média de 2.969 Renda: R$ 295.980 Média de R$ 29.598
5º) Central (8 jogos como mandante; 3 no Antônio Inácio, 2 no Lacerdão, 1 na Arena, 1 no Carneirão e 1 no Arruda) Público: 8.573 torcedores Média de 1.071 Renda: R$ 116.750 Média de R$ 14.593
6º) Belo Jardim (8 jogos como mandante; 5 no Antônio Inácio, 2 no Arruda e 1 na Arena) Público: 3.572 torcedores Média de 446 Renda: R$ 26.522 Média de R$ 3.315
Geral – 87* jogos (1ª fase, hexagonais e mata-mata) Público total: 209.059 Média: 2.402 pessoas Arrecadação: R$ 2.673.367 Média: R$ 30.728 * Mais 8 jogos ocorreram de portões fechados
Fase principal – 38 jogos (hexagonal do título e mata-mata) Público total: 182.724 Média: 4.808 pessoas Arrecadação total: R$ 2.444.211 Média: R$ 64.321
O Campeonato Pernambucano de 2017 teve 95 partidas, com doze clubes envolvidos na disputa. Esses dados alimentaram o ranking histórico de pontos, num levantamento a partir da pesquisa de Carlos Celso Cordeiro. O seu legado se mantém e aqui o blog atualiza a tabela (abaixo), com o Sport na liderança absoluta, com 196 pontos a mais que o rival Santa. Em relação à edição de 2017, o destaque fica com o Salgueiro, apesar do vice. O carcará foi, disparado, o clube que mais pontuou no torneio, pois liderou tanto o hexagonal do título quanto a primeira fase, que não contou com os grandes clubes da capital. Ao todo, jogou 20 vezes, com 13 vitórias, 4 empates e apenas 3 derrotas. Pulou do 14º para o 12º lugar. Está a 28 pontos do top ten.
Sobre o ranking de títulos do futebol local, clique aqui.
O blog tomou a liberdade de padronizar a pontuação e estabelecer algumas ressalvas entre os 64 clubes que já disputaram ao menos um certame local – o Afogados foi estreante nesta temporada, já aparecendo em 53º na lista.
1) Três pontos por vitória. Oficialmente, o critério só foi introduzido no Estadual de 1995. Porém, para um levantamento geral, isso acabava resultando numa distorção (para baixo) nos clubes com triunfos obtidos antes desse período.
2) Um ponto por empate. O critério pode até parecer lógico – já era assim na pioneira competição de 1915 -, porém, em alguns anos, como 1998, o empate com gols valeu dois pontos e o empate sem gols, um.
3) Clubes que mudaram de nome/escudo/uniforme, mas, oficialmente, mantiveram o registro de fundação, são considerados pela FPF como a mesma agremiação. Idem na lista. No ranking, valeu o último nome utilizado (no fim, como curiosidade, as campanhas de cada denominação).
Ferroviário do Recife: Great Western e Ferroviário (R) Atlético Caruaru: Esporte Caruaru e Atlético Caruaru Manchete: Santo Amaro, Casa Caiada, Recife e Manchete
4) No caso de clubes de um mesmo município com características bem semelhantes (padrão, nome e/ou escudo), mas que foram inscritos (legalmente) como agremiações distintas, valeram as campanhas separadas.
Do Cabo de Santo Agostinho:
Destilaria (1992-1995)
Cabense (1996-2011)
De Vitória de Santo Antão:
Desportiva Pitu (1974)
Desportiva Vitória (1991-2006)
Acadêmica Vitória (2009-2016).
5) Em 1915, a Colligação SR jogaria 5 vezes, mas só foi a campo 2, levando o W.O. em três oportunidades. Em ação, perdeu de Santa (1 x 0) e Flamengo do Recife (3 x 0). Por isso, tem menos gols sofridos (4) que derrotas (5)!
6) As fase preliminares e hexagonais da permanência foram contabilizados com o mesmo peso das fases principais.
O Troféu Lance Final é uma tradição na escolha dos melhores jogadores do Campeonato Pernambucano, com status de seleção oficial desde 2003. Entretanto, com a enorme desorganização da competição nesta temporada, a Globo Nordeste, que prepara a premiação, optou por não realizá-la desta vez. De fato, não haveria timing para um evento do tipo, com os times já modificados, inclusive os finalistas. De toda forma, o blog, que costuma participar da votação aberta à imprensa, apresenta aqui quais seriam os indicados em 2017. O time ficaria num 4-4-2, a divisão mais utilizada, contando apenas com jogadores que alcançaram a semifinal.
No gol, Mondragon, favorito disparado – tomou a titularidade de Luciano. Na zaga, Salles foi o único representante tricolor, ganhando destaque mais pelos gols de bola parada. Ao seu lado, Ranieri, pilar da defesa menos vazada (9 gols na fase principal). Nas laterais, dois leoninos, ajudados também pela limitação dos demais. Na cabeça de área, Rodolfo Potiguar e Rodrigo Souza, ambos com mais destaque no hexagonal. Na articulação, Valdeir e Diego Souza. O primeiro levaria também como craque. Mesmo sem jogar a decisão, comandou o carcará, com 4 gols e velocidade. Já DS87 foi o líder do time campeão. À frente, duas promessas, da Copa São Paulo para o Estadual. Erick chamou a atenção na fase classificatória e Juninho decidiu a semi.
Como seria a sua seleção? É preciso puxar pela memória nesta edição..
Mondragon (Salgueiro); Samuel Xavier (Sport), Ranieri (Salgueiro), Anderson Salles (Santa Cruz) e Mena (Sport); Rodolfo Potiguar (Salgueiro), Rodrigo Souza (Náutico), Diego Souza (Sport) e Valdeir (Salgueiro); Erick (Náutico) e Juninho (Sport)
A grade de transmissão do Campeonato Pernambucano de 2017 apontou 32 jogos na televisão, totalizando 2.880 minutos de futebol ao vivo. É o maior dado desde que a competição passou a ter a concorrência da Copa do Nordeste, em 2013. Um ano antes, quando reinava sozinho no primeiro semestre local, o Estadual teve 38 partidas exibidas no Grande Recife
Na tevê aberta, a transmissão ocorreu novamente na Globo Nordeste, canal oficial desde 2000. As maiores audiências, sem surpresa, ocorreram no mata-mata, quando a competição ganha destaque, a despeito de um hexagonal sem boa presença na arquibancada. Mesmo com 52 dias de intervalo, a decisão reuniu a atenção de quase um milhão de telespectadores. Campeão, o Sport aparece com as seis maiores audiências na região metropolitana, considerando dados divulgados pelo Ibope e pela própria Rede Globo.
Lembrando que a competição passou em outras duas plataformas, no pay-per-view e para o exterior, com a Globo Internacional replicando o Premiere para 56 países, incluindo EUA e Japão. Assim como nas decisões de 2014 e 2017, os dois jogos finais entraram na grade em sinal aberto e fechado.
Os três grandes clubes do Recife tiveram todos os seus jogos, 14 cada, exibidos na televisão, com o Sport levando vantagem na transmissão aberta, com 9 jogos na Globo – pesou o mata-mata, com quatro. Abaixo, um gráfico com o número de transmissões do Trio de Ferro (Globo, Premiere e geral). De 2012 a 2017, o número de jogos por plataforma foi o seguinte:
Total: Sport 83, Santa 77, Náutico 69 Globo: Sport 53, Santa 42, Náutico 36 Premiere: Sport 41, Santa 41, Náutico 36
Em um século de bola rolando, tricolores e alvirrubros alimentaram uma rivalidade com mais de 500 jogos e 16 finais de campeonato. Confrontos no Estadual, no Nordestão, na Série B e na Série A. Embora já não aconteça há 24 anos, o Clássico das Emoções valeu pelo Brasileirão em 17 oportunidades.
Abaixo, um apanhado de estatísticas a partir da pesquisa original de Carlos Celso Cordeiro. Os dados compõem um dos confrontos mais tradicionais do futebol brasileiro, agora com status centenário. Bem disputado desde sempre.
Antes dos números, a curiosidade sobre a origem do nome “Clássico das Emoções”, batizado em 1º de novembro de 1953, através do título no comentário de Alves da Mota, publicado no Diario de Pernambuco. O texto (trecho em itálico) apresentava o clássico do dia, nos Aflitos – e que terminaria com triunfo timbu por 4 x 2. Já eram 36 anos de rivalidade.
“Teremos hoje, à tarde, no estádio ‘Eládio Barros Carvalho’, um ‘match’ que pela excelente forma e posição em que se encontram ambos os preliantes no presente campeonato, está fadado não só a um legítimo record de bilheteria, mas a um desfecho sensacional, numa luta cheia de lances emocionantes que tanto pode fazer vibrar a grande torcida do “clube das multidões”, para cujo lado está mais pendida a preferência do público, como resultar numa espetacular vitória dos alvirrubros.”
Retrospecto geral 517 jogos* 201 vitórias do Santa 149 empates 166 vitórias do Náutico Primeiro: Santa 3 x 0 Náutico (29/06/1917, torneio amistoso) Último: Santa 1 x 1 Náutico (16/05/2017, Estadual) *O jogo ocorrido em 29 de março de 1931, durante a final do Torneio Abrigo Terezinha de Jesus, possui resultado desconhecido
Retrospecto na Série A 17 jogos 9 vitórias do Santa (última em 1984, 2 x 0) 4 empates (último em 1984, 1 x 1) 4 vitórias do Náutico (última em 1993, 2 x 1)
Retrospecto na Série B 12 jogos 6 vitórias do Santa (última em 2014, 3 x 0) 3 empates (último em 2014, 0 x 0) 3 vitórias do Náutico (última em 2015, 3 x 1)
As 16 decisões no Campeonato Pernambucano Náutico (9 títulos) – 1934, 1960, 1974, 1984, 1985, 1989, 2001, 2002 e 2004 Santa Cruz (7 títulos) – 1946, 1959, 1970, 1976, 1983, 1993 e 1995
As primeiras vitórias Santa Cruz: 3 x 0 em 29/06/1917 (no 1º jogo, num amistoso) Náutico: 3 x 1 em 30/07/1922 (no 13º jogos, pelo Estadual)
As maiores goleadas 09/07/1944 – Náutico 5 x 0 Santa Cruz (Aflitos) 06/10/1991 – Santa Cruz 5 x 0 Náutico (Arruda)
Os 7 clássicos acima de 50 mil espectadores, todos pelo Estadual 76.636 – Santa Cruz (6) 1 x 1 (5) Náutico (18/12/1983)* 71.243 – Santa Cruz 2 x 1 Náutico (28/07/1993)* 70.003 – Santa Cruz 0 x 2 Náutico (11/07/2001)* 65.901 – Santa Cruz 1 x 2 Náutico (08/02/1998) 62.711 – Santa Cruz 2 x 0 Náutico (01/08/1976)* 58.190 – Santa Cruz 1 x 1 Náutico (11/12/1983) 53.416 – Santa Cruz 2 x 0 Náutico (01/12/1985) * A finalíssima do Pernambucano
Os primórdios do futebol no Recife guardam histórias curiosas sobre um esporte flamejante e imerso no amadorismo. Detalhes essenciais eram relevados, como tempo de jogo e critérios de desempate. Num arranjo histórico, onde vale a ponderação, encontra-se o primeiro Santa Cruz x Náutico, há 100 anos, sendo o 15º clássico mais antigo do Brasil.
O jogo aconteceu em 29 de junho de 1917, no “ground” da Liga Sportiva Pernambucana, que hoje, com outro dono, atende pelo nome de Aflitos. E não foi a única partida do dia no novo campo. Foi o 5º dos 7 jogos envolvendo oito clubes! Como houve tempo? Justamente pela releitura da história. Naquela tarde houve o Torneio Associação das Damas de Beneficência, no intervalo do Estadual, com três rodadas. O blog mergulhou no acervo de jornais da época (Diario de Pernambuco, A Província e Jornal Pequeno), relembrando o pioneiro Clássico das Emoções. Porém, os relatos focam mais festa do que nas partidas, entre “35 e 40 minutos”, dependendo do periódico. Na ocasião, os clubes misturaram o ‘primeiro team’ e o ‘segundo team’, vulgo reservas.
No sistema eliminatório, o clássico ocorreu na semifinal, com goleada coral. O Santa aplicou 3 x 0, com os autores dos gols não informados. Abaixo, a integra da reportagem original do DP. A primeira impressão é de um texto repleto de erros (victoria, annunciado, atravez), mas era a grafia da época.
A victoria do “Santa Cruz”
Realizou-se hontem, no vasto ground da Liga Sportiva Pernambucana, o annunciado torneio de foot-ball entre 8 clubs seus filiados, promovido pela Associação das Damas de Beneficencia em favor das crianças desvalidas. A festa que teve inicio pouco depois das 13 horas, revestio-se de desusado brilhantismo e grande animação, logrando uma concurrencia selecta e numerosa de familias e cavalheiros.
Tomaram parte no torneio os seguintes clubs: Casa Forte, Sport, Torre, America, Nautico, Santa Cruz, Peres e Flamengo. O jogo transcorreu sempre muito animado, tendo sido valentemente disputado atravez lances admiraveis que mereceram prolongados applausos da escolhida assistencia.
A victoria do torneio coube ao Santa Cruz, que fez jus, assim a artistica e valiosa estatueta de bronze que a Associação das Damas de Beneficencia instituira como premio ao club vencedor. O 2º lugar foi atribuido ao Sport.
O jornal trouxe a escalação das equipes durante a tarde, com as formações num incrível 2-3-5. Pois é, dois zagueiros, três meias e cinco atacantes.
Santa Cruz Ilo; Mangabeira e Jorge; Castro, Theophilo e Manoel; Pitota, Sá, Tiano, Alberto e Anizio
Náutico Nelson; Cazuza e Zé Maia; Amarinho, Davino e Bibi; Nadu, Fernando, Lopes, Ivan e Maximo
Não havia arquibancada, mas o público que cercou o campo foi numeroso, na base do “olhômetro”. Segundo A Província, “não exageramos dizendo que alli compareceram cerca de 2.000 pessoas, hontem”. O Jornal Pequeno foi além. “A grande assistencia, calculada em 5.000 pessoas, dispersou-se a passeiar em redor do campo emprestando-lhe um aspecto encantador”.
O Jornal Pequeno foi o único a escrever alguma análise sobre o clássico.
“Victoria dos tricolores sobre o Nautico pelo elevado score de 3 goals e 1 corner”
Scout de escanteios? Acredite, era este o critério de desempate no torneio – uma tradição também no antigo Torneio Início. Ou seja, mesmo que o Náutico tivesse marcado três gols, seria eliminado por ter menos escanteios a favor. Por sinal, na estreia coral, contra o América, o número de corners foi o destaque: “os tricolores fortes, ageis e seguros conseguiram estabelecer um domínio completo sobre os americanos, arrancando-lhes a victoria pela diferença esmagadora de 6 corners e 1 goal contra 1 corner”.
Eis a tabela completa do Torneio Associação das Damas de Beneficência: Quartas de final Náutico 1 x 0 Casa Forte Santa Cruz 1 x 0 América Flamengo do Recife 0 x 0 Peres* Sport 1 x 0 Torre * O Fla passou porque teve um escanteio a favor
Semifinal Náutico 0 x 3 Santa Cruz Sport 1 x 0 Flamengo do Recife
Final Santa Cruz 1 x 0 Sport
Confira o post com estatísticas sobre os 517 jogos do clássico aqui.
Nesta versão brasileira, o recurso tecnológico atua em cinco pilares: – Foi gol / Não foi gol – Foi pênalti / Não foi pênalti – Cartão vermelho direto indevido – Identificação errada do jogador punido – Em caso de impedimento, a correção será feita se o lance resultar em gol
Subjetividade à parte (faltas, expulsões etc), os lances objetivos são os mais recorrentes em jogos decisivos. Aqui, alguns exemplos discutíveis no Campeonato Pernambucano, nos quais um misero gol (irregular ou mal anulado, em tese) decidiu o campeão – e o levantamento trata apenas deste critério, entre as finais com registros audiovisuais, vários deles inconclusivos.
18/12/1983 – Santa Cruz (6) 1 x 1 (5) Náutico – Gol de Porto de pênalti? No último Supercampeonato, a taça só foi entregue após uma disputa de pênaltis, a primeira da história do Estadual. Sob os olhares de 76 mil pessoas no Mundão, foram 16 cobranças, com o alvirrubro desperdiçando três, uma a mais que o tricolor. Contudo, ficou a polêmica sobre o chute do atacante Porto. Passou ou não da linha? Na época, houve a filmagem atrás do gol, exibida no Globo Esporte no dia seguinte.
27/051990 – Santa 0 x 1 Sport – Gol anulado do Sport? Após a derrota por 1 x 0 na Ilha, o Sport devolveu o placar no Arruda, com 58.860 espectadores. Com isso, a decisão se estendeu à prorrogação, com o empate a favor dos corais. Aos 3 minutos do 2º tempo extra, o zagueiro Márcio Alcântara chegou a marcar o gol que daria o título ao leão, mas o bandeirinha Gilson Cordeiro assinalou impedimento. Sobre o lance, vale frisar que na época a “mesma linha” era impedimento – a regra mudaria em 1991.
13/12/1992 – Sport 1 x 0 Náutico – Gol anulado do Náutico? Em um campeonato equilibrado, o Clássico dos Clássicos terminou com uma vitória por 1 x 0 para cada lado. No segundo jogo, com 40.419 torcedores na Ilha, o alvirrubro precisava vencer na prorrogação, após revés no tempo regulamentar, com gol de Dinda. E chegou a marcar, com Ocimar, num chute cruzado, mas o gol foi anulado, com a arbitragem enxergando impedimento. Assim como em 90, só havia a câmera central.
13/05/2012 – Sport 2 x 3 Santa Cruz – Gol em impedimento do Santa? Numa final movimentada, os corais abriram o placar logo aos 12 minutos. Branquinho recebeu uma enfiada de bola de Caça-Rato e tocou na saída de Magrão. Entretanto, o atacante tricolor estava adiantado – mostrado num ângulo inexistente até a década de 1990. Logo depois, o leão até empatou (jogava pelo empate), mas não teve boa atuação frente ao rival.
04/05/2016 – Santa Cruz 1 x 0 Sport – Gol em impedimento do Santa? Em 180 minutos de final, apenas um gol, aos 30 minutos do primeiro jogo, disputado no Arruda. O lance capital começou com Arthur cruzando rasteiro, seguindo com Grafite tocando a bola e Lelê completando. Porém, o Grafa estava em posição de impedimento, com o replay do jogo, transmitido ao vivo, mostrando um tira-teima da Globo.
Atualização: mesmo com árbitro de vídeo, teve polêmica em 2017… Veja aqui.
O Campeonato Pernambucano de 2017 já está marcado como um dos mais desorganizados da história, com inúmeros palcos vetados no interior, formações reservas em campo e falta de datas. Entre os dois jogos da final, um hiato inacreditável de 52 dias. Após uma longa costura, que envolveu até a Conmebol, devido ao jogo dos rubro-negros pela Copa Sul-Americana, finalmente chegou o momento da decisão entre Salgueiro e Sport.
Em 28 de junho, o estádio Cornélio de Barros receberá a 69ª decisão em 103 edições, após o 1 x 1 na Ilha. É a primeira vez que o jogo final ocorre fora do Grande Recife – o próprio estádio salgueirense havia recebido a ida de 2015. Vale lembrar que Sport e Santa deram voltas olímpicas em Caruaru (1997) e Petrolina (2005), mas em conquistas de forma antecipada. Numa final à vera, teremos um cenário inédito no sertão. Com capacidade para até 12.070 espectadores, o Cornélio será o 8º estádio a receber uma final. O último palco inédito no futebol local havia sido a arena, há três temporadas.
Resta saber se veremos também o primeiro campeão do interior…
Quanto ao Sport, vai pelo 41º título, tentando ampliar o recorde…
Eis os palcos de todas as finais do Pernambucano de 1915 a 2016:
Ilha do Retiro (28) Sport (15, com 52%) – 1948, 1961, 1962, 1981, 1988, 1991, 1992, 1994, 1996, 1998, 1999, 2000, 2003, 2006 e 2010 Santa Cruz (10, com 35%) – 1940, 1946, 1957, 1971, 1973, 1986, 1987, 2012, 2013 e 2016 Náutico (2, com 7%) – 1954 e 1965 América (1, com 3%) – 1944
Arruda (16) Santa Cruz (8, com 50%) – 1970, 1976, 1983, 1990, 1993, 1995, 2011 e 2015 Náutico (6, com 37%) – 1984, 1985, 1989, 2001, 2002 e 2004 Sport (2, com 12%) – 1977 e 1980
Aflitos (15) Náutico (7, com 46%) -1950, 1951, 1960, 1963, 1966, 1968 e 1974 Sport (5, com 33%) – 1917, 1949, 1953, 1955 e 1975 Santa Cruz (3, com 20%) – 1947, 1959, 1969
Avenida Malaquias (3) América (1, com 33%) – 1921 Santa Cruz (1, com 33%) – 1932 Náutico (1, com 33%) – 1934
Jaqueira (3) Santa Cruz (2, com 66%) – 1933 e 1935 Sport (1, com 33%) – 1920
British Club (2) Flamengo (1, com 50%) – 1915 Sport (1, com 50%) – 1916
Os três grandes clubes pernambucanos em entraram em campo no sábado, em um fim de semana marcado pela festa de São João. Resultados distintos para as torcidas. À tarde, pela Série B, o tricolor teve que se contentar com o empate, apesar da luta no segundo tempo. Pouco depois, já à noite, jogos simultâneos. Também pela segundona, o alvirrubro perdeu a 5ª seguida. Pela elite, o leão conseguiu a primeira vitória na Vila Belmiro. O podcast 45 minutos analisou os três jogos em gravações exclusivas, nas questões técnica e tática, além de análises individuais. Ao todo, 111 minutos. Ouça!