O futebol silenciado por Sócrates, o Brasileiro

Sócrates na Seleção Brasileira. Foto: Fifa/divulgação

Luto no futebol brasileiro com a morte do “doutor” Sócrates, neste domingo, aos 57 anos. Craque com os pés e com as palavras. Personalidade dentro e fora do campo.

O blog teve a oportunidade de entrevistá-lo em 2008, aqui no Recife (veja aqui).

Mais do que uma entrevista coletiva, todos os jornalistas presentes naquele evento, o Toque de Classe, com a presença de outros craques do passado, prestaram atenção (e se divertiram) com as histórias do Magrão, misturando sempre futebol e política. Abaixo, causos e opiniões daquele dia, começando com um episódio de 1981.

“Numa folga lá, fomos para um bar e começamos a beber cerveja. Paulo Cezar Caju chegou falando francês e pediu champanhe. Olhei desconfiado, mas a diversão do grupo seguiu. Depois, ele pediu mais uma taça. Minutos depois, Paulo foi para o banheiro. E nunca mais voltou. Estava sem dinheiro. Os outros jogadores tiveram que pagar a conta dele. E ali nascia a ‘Democracia Corintiana.’”

A declaração contextualizou o episódio com o movimento que entrou para a história do Timão, no qual todas as ações eram decididas no voto, entre todos os funcionários.

Apesar das brincadeiras, também houve espaço para seriedade, como no momento em que falou sobre o jogador brasileiro.

“O jogador brasileiro é uma criança, e é fácil de ser manipulado. Um jogador só deveria se profissionalizar se tivesse pelo menos o ensino fundamental. Mas não… O cara nasce na favela e quer sair do buraco jogando bola, como o ídolo dele, que nunca estudou também. Ele precisa estudar, porque se não der certo no futebol, já teria um caminho para conseguir outra formação.”

Depois, criticou o modelo de gestão da maioria dos clubes brasileiros, após ser questionado sobre a então situação do Santa Cruz.

“Não existe um modelo padrão para comandar um clube. O que existe é uma boa gestão. Não tem mais espaço para aquele dirigente cego pelo time, que faz tudo pelo seu clube do coração, mas que não é preparado para a função. O dirigente precisa ser profissional e responsável. A legislação precisa passar a punir de vez os responsáveis pelas grandes crises nos times.”

Finalizou comentando sobre o seu gol mais bonito. A resposta foi curiosa…

“Não lembro de um gol mais bonito. O que eu tinha mais prazer mesmo era dar o passe para o gol. E aí, todos foram bonitos.”

O futebol que falava… Fará muito falta.

Sócrates na Seleção Brasileira. Foto: Fifa/divulgação

2011, um bom ano para o futebol pernambucano

Semáforo

Foram 1.403 votos na enquete, avaliando o desempenho do trio de ferro da capital pernambucana. Alvirrubros e tricolores aprovaram bastante a temporada.

Os rubro-negros, mesmo reticentes com a irregularidade, acabaram convencidos pelo acesso de última hora, apesar de a maioria ter achado o ano no máximo “regular”.

Bom mesmo, para o futebol local, foi ver que a opção “ruim” não chegou sequer a 10% em nenhum dos rivais, mesmo com algumas lambanças dos cartolas.

Ou seja: acesso triplo na conta, mas sem esquecer eliminação na primeira fase da Copa do Brasil, derrota na final na Série D, calote e acusação infundada de suborno…

Qual é o seu balanço sobre a temporada do seu clube em 2011, considerando os resultados no campo e a administração?

SportSport – 835 votos
Bom (41,68%, 348 votos)
Regular (48,98%, 409 votos)
Ruim (9,34%, 78 votos)

NáuticoNáutico – 311 votos
Bom (77,49%, 241 votos)
Regular (20,58%, 64 votos)
Ruim (1,93%, 6 votos)

Santa CruzSanta Cruz – 257 votos
Bom (87,55%, 225 votos)
Regular (8,17%, 21 votos)
Ruim (4,28%, 11 votos)

Signal Ilha do Retiro Park

Arena Sport. Crédito: Sport/divulgação

Oficialmente, a Arena da Ilha do Retiro terá capacidade para 45.796 torcedores.

Todos bem acomodados em cadeiras.

O estádio foi projetado dentro do enorme caderno de encargos da entidade que comanda o futebol mundial, já apelidado de Padrão Fifa.

No entanto, o estádio, cujo complexo está orçado em cerca de R$ 600 milhõess, poderá sofrer uma ampliação considerável na capacidade de público.

Seriam mais dez mil lugares. O design desenvolvido pela DDB/Aedas não é mais o mesmo? A princípio, não é isso. A mudança está relacionada com o tipo de assento.

Em vez de ter 100% do espaço para a plateia ocupado por cadeiras, as duas gerais, atrás das metas, poderão ser apenas as tradicionais “arquibancadas numeradas”, ainda que com uma infraestrutura interna de arena, com bares, lojas, banheiros etc.

Mais. A medida seria transitória. Dependendo do jogo, cadeiras ou cimento.

A utilização de cadeiras móveis não é novidade. Um dos casos mais famosos é o do Borussia Dortmund, da Alemanha, dono da maior média de público do mundo: 76.800.

O estádio local, o Signal Iduna Park, tem capacidade para 80.552 pessoas. Porém, este número vale apenas para a Bundesliga, pois 15 mil lugares, em uma geral (foto), é para o fanático público que não costuma assistir ao jogo sentado…

Em disputas internacionais, com o regulamento da Uefa, é preciso repor as cadeiras no setor, limitando a presença a 65.718 pessoas.

Antes desse debate, para virar uma “Signal Ilha Park”, o atual estádio rubro-negro precisa ser demolido. O que deverá ocorrer em 20 de novembro de 2012…

Signal Iduna Park, estádio do Borussia Dortmund, da Alemanha

Acesso rubro-negro, via câmera institucional

Nunca duvide do Sport

Ao contrário do rival alvirrubro, que irá comercializar o vídeo do acesso à elite, o Sport produziu um filme oficial sobre a classificação à Série A de forma institucional.

Logo após a divulgação do trailer, com cerca de 10 mil visualizações, o departamento de martketing do Sport apresentou a peça completa, já no Youtube.

Trata-se de um vídeo de 22 minutos, com bastidores dos últimos jogos do Rubro-negro na suada campanha na Segundona, com um desfecho épico.

As imagens foram captadas pelos assessores de imprensa do clube, Álvaro Claudino e Lucas Liausu e também por dois jogadores, Marcelinho Paraíba e Wellington Saci. A edição contou com a colaboração da BláTV. Confira a íntegra!

Coragem para a vassourada. Competência para os reforços?

Vassoura

Oportunidades para um marco zero no futebol são raras. Valem até uma reflexão.

Eis, então, um exemplo genuinamente pernambucano…

Doze dispensas em um dia.

Em quase todas, os contratos dos jogadores seriam encerrados já no fim deste ano.

Ou seja, não houve o interesse pela prorrogação do vínculo.

Em alguns, por sinal, seria necessário renovar o empréstimo junto a outros clubes.

Pagando caro por isso. Menos um motivo para estender o acordo.

Tratando a motivação da lista exclusivamente pelo “critério técnico”, o Sport fez, nesta sexta-feira, uma das maiores vassouradas da história do clube.

A saída dos nomes ocorreu durante todo o dia. De cara, dez atletas. Depois, mais dois.

Nomes de peso no grupo, como Wellington Saci, Maylson, Robston, Gabriel e até o autor do gol do acesso, Bruno Mineiro. Nenhum deles, no entanto, se firmou.

Isso é a pauta do dia do Leão. Mas é, também, a pauta do ano na Ilha do Retiro.

Enfim, o Rubro-negro irá reformular o seu elenco, desgastado após três anos sem padrão de jogo. A classificação à Série A não apagou a campanha irregular na competição.

A instência no mesmo grupo se tornava cada vez mais um erro de planejamento.

Passaram no período treinadores como Nelsinho Batista, Leão, Péricles Chamusca, Givanildo Oliveira, Geninho, Hélio dos Anjos, PC Gusmão… Todos com algo em comum.

Nenhum deles teve uma chance tão grande de montar um plantel como Mazola Júnior.

Efetivado e com carta branca, o técnico do Sport tem uma responsabilidade gigantesca.

Há espaço de sobra para reforços. O dinheiro pode até não competir com os gigantes do Sudeste, mas também não há aquele liseu. Há caixa e diálogo com o mercado.

Houve coragem para reformular o Sport. Algo vital em momentos tão distintos.

Resta saber, agora, se haverá competência para formar um novo Sport…

Vassoura

Potes da Eurocopa e a mistura da tradição

Bola da Eurocopa 2012. Foto: Uefa/divulgação

Confira os grupos da Eurocopa, que será realizada na Ucrânia e na Polônia entre 8 de junho e 1º de julho de 2012. As chaves foram definidas nesta sexta-feira pela Uefa.

Alguma dúvida de que o grupo da morte é o “B”? Tradição pura.

Os alemães ganharam 3 vezes (1972, 1980 e 1996). Já holandeses e dinamarqueses faturaram uma vez cada, 1988 e 1992. Os lusos ficaram com o vice em 2004.

A: Polônia, Grécia, Rússia e República Tcheca

B: Alemanha, Holanda, Portugal e Dinamarca

C: Itália, Espanha, Irlanda e Croácia

D: Ucrânia, Suécia, França e Inglaterra

Atual campeã continental e mundial, a Espanha aparece como favorita, uma vez que a Itália, apesar da força da camisa azzurra, não vem em boa fase.

A força dos grupos acabou sendo potencializada por causa de ucranianos e poloneses, cabeças-de-chave devido ao status de país-sede que cada um terá na competição.

Diante de um torneio de fórmula simples, com os dois primeiros colocados de cada chave avançando, você apostaria em quem nas quartas de final…?

Pitacos: Rússia, R. Tcheca, Alemanha, Holanda, Espanha, Itália, Ucrânia e Inglaterra.

Os nove campeões desde 1960 estarão na disputa. Veja a lista de campeões aqui.

Sorteio da Eurocopa 2012. Foto: Uefa/divulgação

Programe-se para o PE2012

Enfim, a tabela definitiva do Campeonato Pernambucano de 2012.

Respeitando o Estatuto do Torcedor, a tabela havia sido divulgada pela FPF sem a confirmação do vice-campeão da segunda divisão, com o nome “a definir”. Com a vitória por unanimidade no STJD, o Belo Jardim foi oficializado na disputa (veja aqui).

Saiba mais sobre os novos integrantes do Estadual, Serra Talhada e Belo Jardim, aqui.

Íbis, o pior (melhor) das redes sociais

CT do Íbis

“Para ser o pior, é preciso valorizar novas derrotas”.

Esse foi o título do último post sobre o Íbis, tratando sobre revitalização da marca, obviamente às avessas (veja aqui).

O passo mais importante para transformação do Pássaro Preto em algo cult é a utilização das redes sociais, com as novas contas no Twitter, Facebook e Youtube.

No Twitter, o ÍbisMania já conta com quase 1.700 seguidores.

O perfil está muito longe do que encontra por aí sobre clubes de futebol…

Nada de informar sobre contratações, novidades na estrutura, planejamento etc.

O objetivo é, literalmente, tirar sarro do futebol através da fama do clube, mas relacionando com qualquer assunto. Acima, uma exemplo claro, com o “novo” CT…

Sem dúvida alguma, a ideia do Íbis foi original, uma vez que vários followers são de outros estados. Se conseguir transformar isso em receita, melhor.

Calote no futebol pernambucano, às avessas

Seu Barriga

Os negócios no futebol mudaram bastante desde a implantação do Plano Real, há 17 anos. Antes, a arrecadação dos jogos cobria boa parte da receita dos clubes.

Depois, o número foi substituído pela venda de jogadores. Atualmente, as supercotas de transmissão pela TV já representam mais de 50% do faturamento anual.

Contudo, uma coisa jamais mudou. O papel do calote no orçamento. Bronca.

O rombo causado pela verba atrasada compromete de vez a saúde financeira dos times de futebol, já debilitada por gestões acéfalas.

É a renda do jogo bloqueada pela Justiça – aí, um “calote” justo -, dinheiro antecipado da TV, sacrificando as administrações futuras, e maus pagadores entre os clubes…

Neste terceiro caso, um duto de prejuízo no próprio segmento, quase um “fogo amigo”.

Mesmo com um poder aquisitivo menor em relação às equipes tradicionais do Sul/Sudeste, não é que o trio pernambucano já sofreu calote? Relembre alguns casos.

Em 1995, o Sport negociou a dupla formada por Juninho Pernambucano e Leonardo por 3 milhões de dólares. O Vasco só pagou metade e acabou devolvendo Leonardo…

Dois anos depois, o Leão negociou outro Juninho, o Petrolina. Parte do valor total, de R$ 1,5 milhão, foi quitado pelo Atlético Mineiro de forma surreal. Sem dinheiro, o Galo emprestou o jogador ao Rubro-negro! Foi exatamente o que você entendeu.

Mas o cheque sem fundo não é exclusividade na Ilha. Os rivais também sofreram…

Em dezembro de 2007, o uruguaio Acosta trocou o Náutico pelo Corinthians, sem avisar. O Timbu exigiu R$ 3,1 milhões do Timão. Numa negociação muito confusa, o Alvirrubro acabou ganhando a causa um ano depois, mas embolsou apenas R$ 141 mil.

No ano passado, o presidente timbu, Berillo Júnior, chegou a ir até Portugal para cobrar 250 mil euros ao Braga, por causa da negociação do zagueiro Breno. O time português chegou à final da Liga Europa deste ano, ganhou dinheiro, mas…

E o Santinha? O caso atual. Emblemático, misturando Série D e Série A.

O atacante Gilberto foi negociado com o Internacional após a conquista do Estadual. Transação de R$ 2 milhões, a maior da história do Santa Cruz.

Pois o Colorado ainda está devendo R$ 850 mil… Os corais vão à Justiça.

É como se diz no jornalismo. Se um cachorro morde um homem, isso não é notícia. Mas se um homem morde um cachorro… Pois é, calote em Pernambuco.

Fontes seguras garantem timaços no Recife

Fonte de água

Não tem jeito. A cada entressafra nos gramados, a avalanche verbal toma conta do futebol. Em Pernambuco não é diferente. A transição dos elencos dos grandes clubes do Recife nas competições é fomentada por notícias diárias de bastidores.

Por muitas vezes, o assunto torna-se monotemático. Campo aberto para as especulações, para as “fontes seguras” dos jornalistas, para a informação apressadamente divulgada de que “fulano foi sondado” e por aí vai.

Os nomes aparecem em listas intermináveis, com nível pra lá de qualificado.

Nas últimas 48 horas: Carlinhos Paraíba e Marquinhos Catarina no Náutico, Ricardo Xavier e Rivaldo no Santa Cruz, Keirrison, Cléber Santana e Diego Tardelli no Sport…

Em todos os casos, sem exceção, os atletas estão num patamar financeiro bem acima da realidade local. Um nome de peso, até vai. Um pacote? Não está jorrando dinheiro.

É preciso ficar atento às rodadas de negociação nos intervalos anteriores. Quantos nomes foram divulgados? Quantos fecharam? A subtração é quantidade de “peruas”.

E o que dizer da batidíssima notícia de que o destaque de um clube foi “procurado” pelo rival? Quase sempre, a consequência é uma só: o jogador fica, recebendo um aumento acima do necessário, por causa do suposto leilão. O empresário agradece. Sempre.

Nesse período chatíssimo do futebol, na visão do blog, o torcedor costuma sonhar com a montagem de grandes equipes. É induzido a isso, pela própria imprensa, que no papel de informar acaba fazendo mais do que isso. Muitas vezes “cria” a notícia, o factóide.

Rádio, jornal, televisão, internet etc.

Obviamente, é preciso divulgar as negociações, sem ficar restrito à versão oficial. Mas uma coisa não muda, pelo menos no Recife, com o abuso da sede do torcedor.

Os craques imaginados, especulados e divulgados somem a cada apito inicial de uma nova temporada. Acredite, o seu time não vai se tornar um timaço…