Craque puxa a fila

Copa América 2011: Uruguai x México. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

La Plata – Melhor jogador da Copa do Mundo de 2010, o meia Diego Forlán tem plena consciência do que representa não só para seleção como para todo o seu país.

Na chegada do ônibus da Celeste no estádio Único, às 20h30, o craque do Atlético de Madri saiu logo puxando a fila. Sequer parou no vestiário…

Ele foi logo com o grupo para o gramado, ainda de terno, para sentir o calor da hinchada uruguaia presente em grande número na cancha de La Plata.

Forlán ainda não apresentou o mesmo futebol visto na África do Sul? Ok, mas ele não fugiu da responsabilidade.

Ao pisar no campo, o grupo celeste foi ovacionado pela torcida…

O futebol charrúa está em em “casa”.

Estádio Único, literalmente

 

Estádio Único de La Plata. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

La Plata – O estádio Ciudad de La Plata, ou Único, como foi rebatizado, é um show à parte nesta Copa América na Argentina. Belíssima, a cancha é apontada como a mais moderna do continente e irá receber uma das semifinais.

Alguns detalhes: 36 hectares de área, 36 mil lugares, 180 camarotes, 8 rampas de acesso, 12 postos de segurança vom 30 câmeras de monitoramento, 12 pontos de alimentação – sendo um deles um restaurante para 300 pessoas – , 3.500 vagas no estacionamento, 4 vestiários para os times e 2 para os árbitros, 4 ginásios para o pré-aquecimento das equipes, 4 salas de entrevista, sistema de wi-fi… Além dos 4 telões, com 35 m² cada um.

Inagurado em 2003 e remodelado em 2010, o estádio custou cerca de US$ 100 milhões.

La Plata, quase cinza

La Plata. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

La Plata – Não fosse pelo Estudiantes, quatro vezes campeão da Libertadores, talvez a cidade de La Plata passasse despercebida no cenário internacional. Com um inverno mais rigoroso que o de Buenos Aires e ruas cinzentas além de seu centro econômico, o local não chama muito a atenção…

Com 560 mil habitantes na região metropolitana, a cidade é a capital da província de Buenos Aires, que, por ser a capital federal, precisou abrir mão do “título”.

A estrutura de La Plata tem inúmeras ruas em diagonais em relação ao centro – na Plaza Moreno -, o que acabou gerando o apelido de Ciudad de las Diagonales.

Uma curiosidade da fria La Plata , com termômetro de até -5º C, é o período entre 1952 e 1955, quando foi chamada de Eva Perón, homenageando a eterna Evita dos argentina. Após a queda do presidente Juan Perón, voltou à denominação original, de 1882.

O percurso até estádio Único, na região de Tolosa, passa pela zona residencial de La Plata, predominantemente “horizontal”, com pouquíssimos edifícios.

Apesar dos pesares, U2 e Aerosmith já se apresentaram por lá…

La Plata. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Indo para La Plata na sombra da Bombonera

Estrada de Buenos Aires até La Plata. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Dois dias após a decisão do título mundial Sub-17, uruguaios e mexicanos voltam a se enfrentar, agora na categoria principal. O time de Forlán tem uma chance enorme para “vingar” a prata dos meninos da Celeste.

O blog irá assistir ao jogo pela Copa América, nesta terça, em La Plata. Durante o trajeto de 60 quilômetros é possível ver o estádio La Bombonera com uma visão ampla do bairro de La Boca, em uma das regiões mais humildes da capital argentina.

No estádio Único, em La Plata, Uruguai e México vão disputar uma espécie de “oitavas de final” da Copa América, uma vez que o jogo virou um confronto de eliminação direta.

Apenas um time voltará no sentido contrário desta estrada festejando.

Invasão celeste

Torcedores do Uruguai em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Uma invasão esperada, via aérea, marítima e terrestre. Uma avalanche de uruguaios chegou na capital argentina para o decisivo confronto da Celeste na Copa América, até porque a Montevidéu está a apenas 300 quilômetros, pelo Río de la Plata.

Como o duelo contra o México será somente à noite, em La Plata, a cerca de 40 minutos de ônibus, os hinchas da República Oriental do Uruguai aproveitaram a manhã para passear em Buenos Aires. Andando pelo centro foi fácil encontrar vários deles com bandeiras, uniformes e muito otimismo.

Alguns saíram do interior do país, como Gustavo Marquez, que viajou 600 km desde San José com um grupo de mais 15 pessoas. Fanático pelo Peñarol, diga-se.

“Vamos ganhar essa Copa enfrentando Brasil e Argentina. Será como em 2014.”

A fase atual do futebol charrúa, com nomes como Forlán, Cavani e Luís Suárez, encheu o povo de confiança, e eles vêm batendo na trave, com o 4º lugar na Copa do Mundo, vaga nas Olimpíadas de 2012, vice da Libertadores e no Mundial Sub-17.

Para os bicampeões mundiais (1930 e 1950), chegou a hora de consolidar a renovação. Então, sonham com a taça continental, que seria a 15ª da história do país. O feito tornaria o Uruguai no maior campeão da Copa América. Não é bom duvidar desta gente…

Sem aposentadoria das arquibancadas

Torcedor mexicano em Buenos Aires durante a Copa América 2011. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Sentado na praça, tranquilo, Miguel Angel Pallares tomava um isotônico depois de uma longa caminhada pelas calles da capital da Argentina. Havia acordado cedo, otimista. Colocou o boné e o uniforme da seleção mexicana e foi passear.

Ao blog, disse que já havia andado cerca de duas horas até a Casa Rosada – sede do governo federal -, onde pegou o metrô para Retiro, onde ocorreu a entrevista. Sozinho, ele vem acompanhando o México na Copa América. Antes, no último dia 8, ele esteve em Mendoza, do outro lado do país, para apoiar a sua seleção contra o Peru.

Nem a derrota por 1 x 0 diminuiu a confiança na classificação do time convidado. A motivação vem da juventude do futebol local, sobretudo da equipe Sub-17, que conquistou o título mundial da categoria no domingo, diante do próprio Uruguai.

“Ganhamos com os meninos e vamos ganhar do Uruguai na Copa América também. Não vejo nada para tirar a minha confiança. O México está crescendo no futebol e precisa de apoio. Gosto de viajar sempre para as competições oficiais.”

Pallares, de 63 anos, mora na Cidade do México, local da final do Mundial Sub-17, no estádio Azteca. No fim da entrevista ele ainda tirou uma onda.

“Você anda vai fazer essa entrevista de novo, mas em 2014, no seu país”.

Brinde exclusivo da Libertadores

Campeões da Libertadores de 1960 a 2011. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Ao todo, 22 clubes de sete países já conquistaram a Copa Libertadores da América desde 1960, quando o Peñarol ergueu o inédito troféu.

Na Argentina, além dos pontos para fotos com réplicas – como no bar Tierra de Heroes e na Bombonera -, é fácil encontrar nas ruas miniaturas dos campeões da Libertadores.

Acima, um quadro com todos vencedores. No detalhe, pela falta de espaço, o novo campeão, o Santos, ainda está “fora”. Cada peça sai em média por 10 pesos…

Os brasileiros fazem a festa. Sobretudo os torcedores de São Paulo, Santos, Grêmio, Cruzeiro, Internacional, Flamengo, Vasco e Palmeiras…

A ideia bem que poderia ser ampliada em solo nacional. Qual torcedor não gostaria de comprar a réplica dos troféus da Brasileirão e da Copa do Brasil?

Existe a chance. Abaixo, o que diz a CBF sobe o assunto, através artigo 4 do capítulo II (do troféu e dos títulos) do Campeonato Brasileiro da Série de 2011:

A CBF não permite e não autoriza a reprodução do troféu e das medalhas distribuídos com os clubes campeão e vice; a CBF pode autorizar, mediante solicitação, a reprodução de troféus em dimensões menores do que o troféu original.

A dica já foi dada pelos hermanos, diga-se.

Agulha argentina no palheiro

Copa América 2011: Argentina 3x0 Costa Rica, na Fan Fest em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – A pauta era assistir ao decisivo jogo da Argentina na Fan Fest. Ver de perto o receio de uma torcida tão fanática, próxima de um fracasso histórico, em casa.

A apreensão era enorme na Plaza San Martin, diante do telão, a 770 km do estádio. Muitos ensaiavam músicas como se estivessem lá, na “cancha”.

Aplausos, “alento”, tudo à distância. As camisas da Albiceleste estavam presentes, assim como as faixas da Adidas nos agasalhos da AFA, quase um sinônimo de Argentina.

Provavelmente, eu não era bem-vindo ali. Então, fiquei caladinho. No máximo, balançava a cabeça a cada boa jogada do time Messi, além de um ou outro vídeo.

O clima foi dissipado pela boa vitória dos hermanos sobre a Costa Rica.

Na volta para o hotel, a cerca de 500 metros, passei numa loja de conveniência na esquina – por sinal, quase toda esquina tem uma por aqui. O vendedor, com fone de ouvido, escutava a resenha pós-jogo. Concentradíssimo.

Com a quantidade de gente se dispensando e comemorando a classificação, o comerciante perdeu a paciência, de forma curiosa. Tirou o fone e soltou a pérola.

“Meu Deus. Isso tudo por que ganhamos da Costa Rica, e jogando em casa? Futebol é muito mais do que isso. Acordem!”

Certamente,  aquele hincha foi o argentino mais consciente da noite…

América 14 – Um dia de Messi para Messi

Copa América 2011: Argentina 3x0 Costa Rica. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – O jogador mais pressionado desta Copa América chama-se Lionel Messi.

Melhor do mundo nas últimas duas temporadas e jogando em casa, o camisa 10 da Argentina vinha sendo bastante criticado pela torcida e pela imprensa local.

Precisou o dios Maradona intervir e dizer que “bancava” o jogador para a situação se acalmar. Jogando em Córdoba, diante de 54 mil pessoas, a Argentina teria na noite desta segunda-feira o seu epílogo em busca da classificação às quartas de final.

Só o pensamento de uma queda precoce já causava asco nos hermanos.

Mas foi uma jornada tranquila, devido à “presença” de Messi. O craque do Barcelona – autor de 53 gols em 55 partidas na temporada 2010/2011 – cansou entortar a zaga da Costa Rica, de municiar o ataque, de prender bem a bola. Cansou de ser diferenciado…

Messi pode não ter balançado as redes, mas ajudou bastante para que a Albiceleste deslanchasse, com duas assistências. Dois gols de Aguero e um de Di Maria e um justíssimo 3 x 0, no maior placar até aqui no torneio continental.

A vaga na quartas de final está garantida, na 2ª posição. Agora, isso não importa mais. Será “outro” campeonato. O técnico Sergio Batista ganhou fôlego junto aos hinchas.

Messi ganhou confiança, foi ovacionado. A Argentina ganhou cara de time…

Copa América 2011: Argentina 3x0 Costa Rica. Foto: AFA/divulgação

Na calada da noite, o protesto

Protesto do River Plate na Avenida Santa Fé. Foto: Cassio Zirpoli

Buenos Aires – É algo cultural na Argentina. Costumam dizer por aqui que se protesta por tudo, até mesmo pela falta de algo para protestar.

No domingo, os hermanos foram às urnas para escolher o novo prefeito da capital federal, cargo chamado de Jefe de Gobierno.

Ex-presidente do Boca Juniors e atual prefeito, Mauricio Macri teve 47% dos votos na luta pela reeleição, mas vai disputar o segundo turno com Daniel Filmus, candidato da presidente Cristina Kirchner, que teve 27%.

Cartazes colados em paredes nas ruas, papéis no chão etc. Todo aquele lixo eleitoral proibido no Brasil fez a festa na Argentina, através dos militantes.

Esse ativismo político também está estendido ao futebol. Ídolo do clube, o ex-zagueiro Daniel Passarella acabou se tornando presidente do River Plate. Porém, com o inédito rebaixamento à 2ª divisão nacional, a torcida do Millionario já pede a sua saída.

Quase todas as noites os hinchas colam protestos nos muros da cidade. Mesmo com o órgão de limpeza urbana retirando os papéis pela manhã, o protesto volta à noite.

Em La Boca, a campanha é inversa. Querem que Passarella siga em Nuñez. Política…

Casa do Boca Juniors provocado o River Plate pelo rebaixamento. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco