Viva a democracia clubística (também)

Urna eletrônica

Estamos na semana de mais uma eleição no futebol pernambucano.

No futebol, a palavra “consenso” quase sempre é usada na data que antecede a eleição para presidente de um clube. Bate-chapas são raros no país… Acaba mesmo é ocorrendo uma continuidade da gestão. Boa em alguns casos, péssima em outros.

Acaba não havendo um espaço para debates, novas ideias, novas diretrizes.

No Santa Cruz, Antônio Luiz Neto (situação) e Sérgio Murilo (oposição) vem debatendo, apresentando ideias e acusações. E não deixam os tricolores tão confiantes assim. O pleito no dia 28 vai dar sequência à tradição local de disputas nas urnas.

Em 1º de dezembro de 2006, o oposicionista Edson Nogueira bateu Alberto Lisboa nas urnas por uma diferença de apenas 57 votos, com 731 x 674. Foi a primeira vez que a situação foi vencida nas urnas na Cobra Coral, numa eleição histórica (veja AQUI).

Aquela foi a segunda eleição consecutiva no Tricolor, pois Antônio Luiz Neto, então na oposição em 2004, perdeu para Romerito Jatobá por 895 x 442, em 2 de dezembro.

No Sport o bate-chapa é ainda mais comum. O consenso por lá virou ilusão.

Em 16 de dezembro de 2008, Silvio Guimarães venceu a disputa contra Homero Lacerda numa eleição com 3.457 votos na Ilha do Retiro (saiba mais AQUI).

Foi o 4º bate-chapa do Leão desde 2000. Na Ilha, até a urna eletrônica já foi utilizada, devido ao número de eleitores. Confira todos resultados das votações clicando AQUI.

Já o Náutico passou 30 anos sem eleições. A última disputa em Rosa e Silva havia sido no distante 1979, quando João de Deus venceu José Antônio de Oliveira Ventura por apenas 55 votos de diferença para o biênio 79/80. Desde então, acordos para uma paz forçada sempre foram costurados. Nem sempre deu certo.

Em 2009 ocorreu, enfim, um pleito nos Aflitos. Mas foi complicado. Primeiro, as chapas de Toninho Monteiro (situação) e Francisco Dacal (oposição) desistiram no último instante. Dias depois, em 21 de dezembro, após juntar os cacos do processo de sucessão, Berillo Albuquerque venceu Paulo Alves por 121 votos a 39 (veja AQUI).

Até mesmo o interior pernambucano já foi alvo de políticas “partidárias”. O Central registrou a sua primeira eleição na década no dia 15 de dezembro de 2009, quando o oposicionista João Tavares venceu Cícero Monteiro, da situação, por 123 votos a 66.

Após quatro anos, os tricolores voltam às urnas para definir o futuro do Arruda.

O tempo é escasso para decidir o rumo do clube, mas é preciso.

Depois, no domingo, a eleição mais importante do país. Vote consciente. Nas duas.

45 minutos clássicos

Série B-2010: Sport 1 x 1 Náutico. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Um primeiro tempo fraquinho e uma segunda etapa eletrizante.

Aliás, vale pena comentar somente os últimos 45 minutos do Clássico dos Clássicos.

Com o Náutico abrindo o placar logo no primeiro minuto (em lance impedido), com um revigorado Bruno Meneghel no ataque, e com o Sport perdendo um pênalti com Marcelinho Paraíba – uma penalidade bem assinalada, na opinião do blog.

Com duas bolas na trave de um aguerrido Timbu, consciente de sua limitação técnica, mas que não fugiu do jogo. Arriscou bons contragolpes e poderia ter vencido.

E também vale ressaltar o volume de jogo do Sport durante todo o segundo. Uma equipe desarrumada em campo, mas tentando impor uma pressão na base do abafa.

A necessidade de vitória dos dois lados deixou os últimos 45 minutos (na verdade, foram 50 com os acréscimos) bem animados na Ilha do Retiro, na tarde de sábado.

Os 25 mil torcedores viram um empate em 1 x 1 em condições idênticas ao duelo do primeiro turno, nos Aflitos, com o mandante em melhor situação na tabela, mas com o visitante se desdobrando em campo. Foi justo.

No pós-jogo, esse torcedores, e outros tantos que acompanharam pela televisão ou pelo rádio, ficaram preocupados com a tabela dos rivais centenários na Série B. Os rubro-negros perderam (mais) uma chance de encostar no G4.

De fato, a diferença caiu para 2 pontos. Hoje, porém, poderia ser de “zero”.

O Náutico somou um ponto longe dos Aflitos após 11 derrotas seguidas. Já era hora, ainda mais com os times da zona de rebaixamento querendo respirar um pouco mais, com vitórias improváveis. O Náutico está em 16º lugar, no limite do Z4.

Apesar do “limite”, a margem ainda é de 5 pontos.

A cota de erros dois dos lados só fez aumentar com este empate. Os objetivos ficaram mais distantes. Para alcançá-los, restam 630 minutos para cada.

Série B-2010: Sport 1 x 1 Náutico. Marcelinho Paraíba perdeu um pênalti. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Jogo Mortal

Sugestão: antes de ler, aperte o play do vídeo abaixo.

I want to play game.

Sábado, 16h, Ilha do Retiro.

A uma semana do Halloween, o Clássico dos Clássicos. A última edição de 2010.

O futuro dos rivais na próxima temporada deve passar pelo desfecho deste capítulo.

Será o 498º da história já centenária.

Os dois lados já vibraram, já sonharam, já se iludiram, já juntaram os cacos.

E sempre provocaram. A gangorra nunca para…

Ao Sport, a regra é não perder mais pontos em casa. Contabilizando apenas as derrotas, já foram quatro, sendo três delas contra equipes mais fracas tecnicamente.

Icasa, Duque de Caxias e Ipatinga. Para subir, isso já foi além do limite.

No discurso, ainda seria possível seguir em pé sem a vitória na Ilha.

Na prática, isso é improvável. Daí, a necessidade de corresponder ao favoritismo.

Ao Náutico, 11 derrotas seguidas como visitante. O time começa a agonizar.

O Alvirrubro precisa pontuar longe dos Aflitos para não se complicar de vez neste já tenebroso cenário na luta contra o rebaixamento à famigerada Terceirona.

Nos últimos sete jogos, seis derrotas e apenas uma vitória.

Salários atrasados, crise e falta de confiança. E o alento de que é, afinal, um clássico.

Após 90 minutos, a classificação mudará independentemente do resultado.

A corda no pescoço ficará ainda mais apertada.

Apenas um deve sair vivo no seu objetivo. E um empate pode “matar” os dois…

As peças estão no gramado em plena Série B.

Live or die, make your choice.

Cálculos pré-clássico

Projeções na Série B do Brasileiro de 2010, após 30 rodadas, do Infobola (esquerda) e Chance de Gol (direita)

Projeções atualizadas após 30 rodadas da Segundona de 2010. A oito rodadas do fim.

A matemática pode ser exata, mas confira acima os dados distintos de dois dos principais sites de probabilidades no futebol do país, o Infobola e o Chance de Gol.

A vitória no Rio de Janeiro combinada às derrotas de Bahia e América/MG elevaram bastante a projeção do Sport, que agora varia entre 30% e 40% de chance de subir.

O surpreendente ASA de Arapiraca encaixou cinco vitórias seguidas, chegou a 99,99% de probabilidade de ficar na Segundona e até sonha com a elite, entre 4% e 7%.

Taí um bom exemplo para o Náutico focar nesta reta final da Série B, com o fantasma do rebaixamento à Terceirona cada vez maior em Rosa e Silva. Um índice de 17,1% apontando uma possível queda já é algo considerável.

Para recalcular as projeções, rubro-negros e alvirrubros vão passar por um tenso Clássico dos Clássicos neste sábado, na Ilha do Retiro.

Segundo o Chance de Gol, o Sport é o time com a maior chance de vitória na próxima rodada do Brasileiro, com 70,7%. Favoritismo absoluto? Não em um clássico.

Seja qual for o resultado da partida, o placar vai mudar a chance de acesso e de rebaixamento de ambos. Para mais ou para menos.

Acabando o lastro

Série B-2010: Náutico 1 x 4 Paraná Clube. Foto: Edvaldo Rodrigues/Diario de Pernambuco

Com apenas 23 minutos o placar já apontava 3 x 0.

Na verdade, 0 x 3.

Jogando nos Aflitos, o Náutico ia sendo uma presa fácil para o Paraná Clube.

Era o desfecho de mais um dia complicado em Rosa e Silva.

Antes de a bola rolar na noite desta terça-feira, os jogadores alvirrubros demoraram a subir no gramado. Greve? Os salários estão atrasados, mas o boato pareceu infundado.

Pior: teria sido a possível escalação irregular de Erick Flores, que não jogou.

De qualquer forma, era mais um indício de que as coisas não caminham bem.

A explosão daquela equipe do início da Série B está muito distante do cenário atual. O ataque está inoperando. É o 3º pior da competição.

Contra o Paraná, não houve nem tempo de impor um ritmo de jogo. Wanderson abriu o placar para os visitates logo aos 6 minutos. O atacante Rodrigo Pimpão marcou mais duas vezes, aos 8 e aos 23. Eram 51 gols sofridos em 30 jogos.

Foi a senha para parte da torcida timbu deixar o estádio.

Ramires ainda diminuiu no segundo tempo, diante dos poucos presentes nos Aflitos, mas o Paraná chegou à goleada, no 52º gol sofrido pelo Náutico.

A derrota contundente por 1 x 4 só fez complicar ainda mais uma semana marcada justamente pelo clássico. Em 14º lugar na Segundona, o Timbu está quase sem lastro.

Censo do blog 1 – Sport, 52,6%; Santa, 30,8%; Náutico, 12,6%

Torcidas de Santa Cruz, Sport e Náutico

Como havia sido estabelecido, eis os resultados do primeiro censo oficial do blog, cuja enquete ficou duas semanas no ar neste mês de outubro, com apenas um voto por IP.

Foram 1.295 votos na primeira edição deste “censo” via internet. Saiba mais sobre o censo do blog, que será realizado a cada quatro meses, clicando AQUI.

Do total de votos, o Sport teve 682 (52,66%), seguido por Santa, com 399 (30,81%), e Náutico, com 164 (12,66%). Somando as outras opções (clubes do interior ou de fora do estado, além da opção “nenhum time”) foram mais 50 votos, ou 3,86%.

Lembrando que a pesquisa tem, acima de tudo, o objetivo de medir a frequência de acessos do torcedores no blog. O caráter “científico” vale como diversão.

Abaixo, estatísticas considerando apenas os votos os três grandes clubes do Recife (que também escolheram a faixa etária), tendo 1.245 votos como base dos cálculos. Entre parênteses, a porcentagem geral, considerando as 9 opções clube/idade.

Os votos no Trio de Ferro correspondem a 96,13% do total. Veja a faixa etária.

Até 20 anos – 486 – 39,03%
Entre 21 e 30 anos –  462 – 37,10%
Mais de 30 anos – 297 – 23,85%

Sport – 682 votos: 54,77%
Até 20 anos – 257 votos: 37,68% (20,64%)
Entre 21 e 30 anos – 248 votos: 36,36% (19,91%)
Mais de 30 anos – 177 votos: 25,95% (14,21%)

Santa Cruz – 399 votos: 32,04%
Até 20 anos – 168 votos: 42,10% (13,49%)
Entre 21 e 30 anos – 147 votos: 36,84% (11,80%)
Mais de 30 anos – 84 votos: 21,05% (6,74%)

Náutico – 164 votos: 13,17%
Até 20 anos – 61 votos: 37,19% (4,89%)
Entre 21 e 30 anos – 67 votos: 40,85%  (5,38%)
Mais de 30 anos – 36 votos: 21,95%  (2,89%)

Observações

  • A soma dos votos de Náutico e Santa Cruz (563) é inferior ao total do Sport em 119, ou 9,55% dos votos computados nos três clubes.
  • Os rubro-negros também são superiores aos rivais somados nas três faixas etárias da amostragem.
  • Proporcionalmente, os tricolores têm a maior cota jovem de frequentadores do blog, com 42% de sua torcida.
  • A menor faixa do Sport (acima de 30 anos) e a maior do Santa Cruz (até 20 anos) são maiores que todos os votos do Timbu. O Náutico, com seus três níveis de idade, marcou 13,17% de todos os participantes.
  • O próximo censo será realizado a partir de 4 de fevereiro de 2011.

A prioridade da CBF

Mano Menezes, técnico da Seleção Brasileira, com novo painel de patrocinadores. Foto: CBF/divulgação

A Confederação Brasileira de Futebol fica mais rica a cada dia. Fato.

Só não precisava escancarar tanto…

Abaixo, o título de uma notícia no site oficial da entidade nesta quarta-feira:

Renovação de cenários de entrevistas e modernização do site são as prioridades.

Veja a reportagem completa AQUI.

Trata-se de uma renovação no “painel” oficial, colocado atrás dos entrevistados, com os principais patrocinadores (são nove), além de um cenário para entrevistas…

Tudo em busca de aumentar cada vez mais a visibilidade da Seleção no planeta.

Mais uma frase do portal da CBF. E por aí segue o ritmo de mudanças na área de marketing da Canarinha. Futebol? Deixa com o Mano.

Cada amistoso da Seleção rende 2 milhões de dólares ao cofre da CBF, ou R$ 3,36 milhões. O nível dos adversários geralmente não é proporcional ao investimento.

Nesta quinta-feira tem jogo: Brasil x Irã.

Onde? Nos Emirados Árabes. Não queira uma explicação lógica além da financeira…

W.O. virtual

Náutico no Winning Eleven

Dez derrotas consecutivas como visitante.

Uma marca que aponta o pior caminho possível na Série B…

A campanha alvirrubra longe dos Aflitos virou um vexame. Em 17 de julho, contra o América/MG, o Náutico venceu fora de casa pela última vez.

Triunfo por 2 x 1 na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, a 70 km de Belo Horizonte. Aquela havia sido a terceira vitória timbu em quatro jogos longe de Rosa e Silva.

Desde então, o time não se encontrou mais. Virou uma presa fácil para os adversários. Não agride, dispõe de uma marcação frouxa e o poder de recuperação é nulo.

A confiança não existe. O time parece entrar virtualmente derrotado. Motivador, Roberto Fernandes sabe que é preciso sacudir o grupo.

Para um futuro não tão comprometedor, é preciso somar pontos fora de casa. E restam apenas cinco jogos longe dos Aflitos, incluindo um clássico.

Neste incômodo jejum de dez jogos, o Náutico sofreu 24 gols e marcou apenas 5.

Na noite desta terça-feira, mais do mesmo: ASA 2 x 0 Náutico. No Brasileiro, esse revés foi, também, a 7ª derrota nos últimos 8 jogos. Dado assustador.

Já faz tanto tempo desde a última vitória como visitante que o próximo adversário será mesmo América Mineiro… Na próxima terça, nos Aflitos. Em casa, Náutico. Em casa!

Lacuna eterna da Série A

Lista de campeões brasileiros Sub-20. Imagem: FGF/divulgação

O prejuízo por não fazer parte da Série A é enorme. De janeiro a dezembro.

Pesa na hora de buscar um patrocínio forte. O Náutico que o diga (veja AQUI).

As cotas de televisionamento são bem menores. A visibilidade é limitada.

Não só ao elenco profissional, mas como para toda a base dos clubes.

Criado em 2006, o Brasileiro Sub-20 cresce ano a ano. A competição, organizada pela Federação Gaúcha de Futebol (chancela da CBF), sempre contou Pernambuco.

Regra: todos os clubes da elite são convidados. Caso alguém desista, a vaga é cedida a algum time da Série B. Desde 2008, o número de participantes se fixou em 20.

E assim foram Santa Cruz (2006), Náutico (2006 a 2010) e Sport (2008 e 2009).

Porém, este ano o estado vai passar em branco nos gramados do Rio Grande do Sul.

A FGF divulgou a lista com os 20 times de juniores de 2010 (veja AQUI).

Todos os clubes da Série A aceitaram. Inclusive o maior desafeto, o São Paulo, que só jogou a primeira edição e depois recusou todos os convites.

O torneio ocorre sempre em dezembro, com transmissão de quase todas as partidas no canal Sportv. É uma chance única de mostrar, testar e valorizar os novos talentos.

E vale lembrar que Pernambuco já fez bonito por lá. Náutico e Sport disputaram uma semifinal histórica em 19 de dezembro de 2008, em Porto Alegre. O Leão passou nos pênaltis (vídeo). Dois dias depois, ficou com o vice-campeonato nacional.

A conta pela ausência na primeira divisão não fecha nunca… Dinheiro perdido.

Camisa limpa. Cofre limpo

Camisa oficial do Náutico temporada 2010, feita pela LupoO último patrocínio master estampado na camisa oficial do Alvirrubro foi o logo da Hipercard.

A marca pagou, também, o maior valor em um contrato publicitário na história do clube.

Por uma temporada, o Náutico recebeu cerca de R$ 1,4 milhão.

Mensalmente, cotas de aproximadamente R$ 116.700.

O cenário econômico era mais favorável. A “marca” Náutico estava na Série A, e pelo terceiro ano seguido… Atraiu investidores.

Mas o contrato com a Hipercard acabou e não foi renovado.

O patrocínio principal na camisa timbu não foi reposto. Resultado? Dez meses com a camisa “lisa”. O uniforme ficou bonito, mas, em relação à receita, o prejuízo é enorme.

Os dirigentes não divulgam os valores oficiais das propostas, mas mesmo assim é possível tentar mensurar quanto o clube deixou de arrecadar neste período.

Apesar do rebaixamento à Série B, o Timbu terá, neste ano, a transmissão dos 38 partidas, na TV aberta (para Pernambuco) e fechada, além do pacote pay-per-view.

O Náutico tenta manter o patamar no patrocínio master. É uma luta justa. Mas, ao não ceder de forma alguma ao mercado, o clube comprometeu o seu faturamento.

Vamos supor que se chegasse ao valor de R$ 80 mil por mês, com uma queda grande de 31% sobre o último patrocinador. Em um ano, a verba seria de R$ 960.000. Dinheiro suficiente para bancar duas folhas. Curiosamente, o clube deve dois meses de salário…