Falsa campanha enganava garotas

Uma falsa campanha contra o câncer de mama era a isca usada por um suspeito de pedofilia, morador de Santo Amaro, no Recife, para obter fotos dos seios de adolescentes e chantageá-las. O caso, que está sendo investigado pela Polícia Federal desde 2013, foi divulgado ontem.

Segundo o chefe de comunicação da PF em Pernambuco, Giovani Santoro, três adolescentes prestaram queixa, alegando que estavam sendo ameaçadas depois de mandarem suas fotografias através do Facebook.

“As vítimas contaram que foram atraídas pela rede social com a promessa de receber R$ 1,5 mil para disponibilizar suas fotos. Depois que elas enviavam as imagens, começavam a ser exigidas a encaminhar fotos nuas de corpo inteiro. O suspeito dizia que, em caso de recusa, mataria os namorados das garotas. Ele afirmava que sabia onde os rapazes trabalhavam e moravam”, contou Santoro, acrescentando que as fotos também foram divulgadas na internet.

Outros dois homens, um morador do Morro da Conceição, em Casa Amarela, e outro de São Lourenço da Mata, também prestaram depoimento por suspeita de publicar na internet e armazenar fotos de crianças e adolescentes nuas. A operação foi intitulada pela Polícia Federal de Trapaça Virtual.

Cinco discos rígidos e um cartão de memória foram apreendidos com os suspeitos em cumprimento a mandados de busca e apreensão expedidos pela 13ª Vara da Justiça Federal. O trabalho envolveu 18 policiais federais de três equipes. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na sexta-feira.

Ainda de acordo com Giovani Santoro, os três suspeitos foram intimados e levados à sede da PF, no Cais do Apolo, Bairro do Recife, onde prestaram depoimento e, em seguida, foram liberados.

“Todos negaram que tivessem cometido os crimes, mas a quebra do sigilo telemático apontou que das máquinas deles foram publicadas fotos de adolescentes sem roupas”, completou o chefe de comunicação da PF no estado. Como não foram encontradas as imagens na checagem inicial dos investigadores, os suspeitos foram liberados.

Perícia
Os cinco discos rígidos, sendo três do suspeito de Santo Amaro, passarão por uma perícia mais detalhada. Caso seja detectada a presença de material pornográfico infantil, eles serão indiciados pelo crime de possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente. A pena é de um a seis anos de prisão.

Essa é a quinta ação de combate à pornografia infantil deflagrada neste ano em Pernambuco pela Polícia Federal. Até agora foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, 16 endereços fiscalizados e dois suspeitos autuados em flagrante.