Três vidas forjadas na violência

Leonardo, Ronaldo e Leandro. Três jovens. Três Silvas. Três vidas marcadas pela violência. Os irmãos procurados pela polícia por incendiar dois ônibus na Estrada do Barbalho, na Iputinga, também podem ser os responsáveis por cometer assassinatos na comunidade do Detran, onde moram. Essa vida de crimes teria começado após um outro ato bárbaro: os irmãos vieram para o Recife depois que sua mãe foi estuprada e assassinada em Bom Jardim, a 104km da capital.

Policiais militares estarão de prontidão durante 24 horas. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press
Policiais militares estarão de prontidão durante 24 horas. Fotos: Julio Jacobina/DP/D.A Press

Ontem, enquanto a polícia procurava os suspeitos, a circulação de duas linhas, que tinha sido suspensa após os incêndios da noite da segunda-feira e na manhã da terça, foi retomada mediante reforço policial com 18 viaturas, três motos e 41 policiais militares.

Segundo a polícia, Leonardo Santos da Silva, 28; Ronaldo Adriano dos Santos da Silva, 27; e Leandro Lucas da Silva, 25, são irmãos de Romário Lucas da Silva, 21, preso por policiais militares, na última segunda-feira, juntamente com sua esposa de 17 anos, com 48 pedras de crack.

Dois coletivos foram incendiados na Estrada do Barbalho nesta semana
Dois coletivos foram incendiados na Estrada do Barbalho nesta semana

Os quatro fariam parte de uma quadrilha de tráfico e são considerados perigosos. Os incêndios aos coletivos seriam uma retaliação à prisão de Romário e da adolescente. Todos têm passagem pela polícia por tráfico de drogas. Contra Leonardo há ainda um mandado de prisão preventiva decretado em março, por uma tentativa de homicídio em outubro de 2014. A polícia acredita que ele seja responsável também por três mortes na comunidade do Detran e investiga os outros irmãos por envolvimento nesses assassinatos.

De acordo com o comandante do 13º Batalhão, tenente-coronel Carlos José, alguns policiais estão em pontos fixos. “Além do reforço no número de viaturas, aumentamos a quantidade de policiamento motorizado. Esse esquema será mantido até a situação ser normalizada”, garantiu o oficial. Ontem, várias viaturas foram vistas na comunidade.

Fuga a nado
Segundo o delegado Ricardo Cysneiros, os suspeitos conseguiram escapar do cerco policial nadando pelo Rio Capibaribe até a Ilha do Babanal, no Monteiro. “Abrimos dois inquéritos para investigar os casos separadamente. Até agora, temos as identificações desses três irmãos, mas pode haver mais envolvidos.”

A polícia pede que a população colabore repassando informações sobre o paradeiro dos suspeitos ou revelando nomes de outros envolvidos. “Vamos ouvir alguns passageiros que estavam nos coletivos e ver se as câmeras dos ônibus conseguiram registrar as imagens dos suspeitos”, acrescentou o delegado.

Polícia procura três irmãos suspeitos de incendiar ônibus no Detran

Três irmãos são suspeitos de queimar dois ônibus na Estrada do Barbalho, Iputinga, e causar pânico entre passageiros das linhas Monsenhor Fabrício e Barbalho/Detran, que tiveram suas atividades suspensas pelo sindicato após as ocorrências. Na manhã desta quarta-feira, a Polícia Civil fará uma coletiva de imprensa para informar mais detalhes das diligências que seguem em andamento.
Coletivos foram incendiados na segunda e terça-feiras. Fotos: Julio Jacobina/DP/D.A Press
Coletivos foram incendiados na segunda e terça-feiras. Fotos: Julio Jacobina/DP/D.A Press

Leonardo Santos da Silva, 28; Ronaldo Adriano dos Santos da Silva, 27, e Leandro Lucas da Silva, 25; são irmãos de Romário Lucas da Silva, 21, preso na segundafeira, juntamente com sua companheira de 17 anos, portando 48 pedras de crack na comunidade do Detran. O incêndio criminoso em dois coletivos – um às 20h da segunda-feira e outro às 10h30 de ontem – teria sido uma represália.

Policiamento foi reforçado na comunidade após os atos de vandalismo
Policiamento foi reforçado na comunidade após os atos de vandalismo

Os três têm passagem pela polícia por tráfico e contra Leonardo pesa um mandado de prisão por homicídio. Ontem, até o fechamento desta edição, a polícia procurava os suspeitos, que conseguiram fugir. Um carro foi apreendido.

Os dois ônibus eram da CRT. O coletivo queimado na segunda estava lotado e o que foi atacado ontem tinha 20 passageiros. Ninguém se feriu. Após a segunda ocorrência, o Sindicato dos Rodoviários anunciou a suspensão temporária da circulação de coletivos das duas linhas por falta de segurança. O serviço parou de ser oferecido ontem e a interrupção prosseguirá hoje, segundo a ent i d a d e . O Grande Recife Consórcio de Transportes, porém, i n formou que as viagens serão retomadas hoje. A Polícia Militar reforçou a vigilância e afirmou que vai garantir a segurança de motoristas, cobradores e passageiros.

Além de duas viaturas da Patrulha do Bairro, três motos e uma equipe do Gati, o 13º BPM adiantou que contará com mais dez viaturas. “O ato desta terça-feira foi praticado por homens armados que mandaram as pessoas descerem e tocaram fogo no veículo”, disse o o subcomandante do 13º Batalhão, major Daniel Dias. Antes disso, os bandidos teriam ido à Escola Casarão do Barbalho e ordenado que os estudantes fossem liberados.

Os dois coletivos foram destruídos.“ Tentei voltar para casa ontem por volta das 12h e passei muito tempo esperando o Monsenhor Fabrício. Não sabia que eles tinham parado de circular”, reclamou uma funcionária pública de 33 anos.

O delegado Ricardo Cysneiros, da Seccional do Espinheiro, investiga os crimes.OUrbana- PE, sindicato que representa as empresas, divulgou nota afirmando que “temendo por sua segurança, os rodoviários decidiram usar do direito de recusa ao trabalho.” Também segundo o Urbana-PE, a CRT solicitou apoio policial para restabelecer os serviços. “Os operadores não irão trabalhar nessas linhas hoje”, garantiu Genildo Pereira, do Sindicato dos Rodoviários.