O Comentarista da Palavra Abalizada

Luiz Cavalcanti. Crédito: projeto experimental O Comentarista da Palavra Abalizada

Um dos maiores nomes da crônica esportiva do estado é o de Luiz Cavalcanti.

O “comentarista da palavra abalizada”, alcunha surgida ainda na década de 1960, acompanhou durante muito tempo o trabalho do narrador Adilson Couto, na Rádio Jornal, compondo uma das transmissões mais populares do Recife.

Seu Lula, de 83 anos, começou a trabalhar no rádio em 28 e novembro de 1952, na cidade baiana de Ilhéus, onde nasceu. Chegou no Recife três anos depois, e até hoje permanece na cidade, com trabalhos em inúmeras rádios – atualmente na Olinda – e respeito absoluto de alvirrubros, rubro-negros e tricolores.

O vídeo de vinte minutos foi o projeto experimental em jornalismo de André Fontes e Ricardo Baroni, na Católica. Um resgate sobre o nosso futebol.

E o bordão clássico… Luiiiiiiz Cavalcaaaaantiii.

Luis Cavalcanti – O Comentarista da Palavra Abalizada from Ricardo Baroni on Vimeo.

Clássico em busca de uma Lua Cheia

Calendário lunar de fevereiro de 2014. Crédito: www.calendario-365.com.br

Se há um calendário que não muda sob hipótese alguma, é o calendário lunar.

As fases são cíclicas, com a lua nova, lua crescente, lua cheia e lua minguante.

Claro, ninguém usa esse calendário para produzir a tabela de um campeonato de futebol. Entre os principais pontos para esta composição estão os dias e horários com viabilidade para gerar bons públicos, a grade de transmissão na televisão, os intervalos mínimos entre as partidas de acordo com a lei etc.

Com tudo isso, ao adiar um jogo, considerando o apertado calendário brasileiro, a agenda fica asfixiada. É o caso do clássico entre Náutico e Sport na Arena Pernambuco, válido pela primeira rodada do haxagonal do Estadual.

Ainda mais ao relembrar a quantidade de tabelas lançadas.

Portanto, o jogo não será na Lua e nem marcado através do calendário lunar.

Na prática, seria difícil encontrar uma “Lua Cheia” para o clássico. A de fevereiro, no dia 14, até está vaga, mas não atende às exigências supracitadas…

É preciso ocorrer antes da 10ª rodada, em 30 de março. Qual data está livre?

O descrédito do centésimo Estadual se estende aos patrocinadores

Evandro Carvalho, presidente da FPF. Foto: FPF/assessoria

O campeonato estadual de 2014 tem quatro patrocinadores de alcance geral.

Além dos dois principais, a emissora detentora dos direitos de transmissão, a Rede Globo, e o governo do estado, através dos ingressos subsidiados do Todos com a Nota, estão na lista a empresa que adquiriu o naming rights da competição, a Coca-Cola, e a fabricante Garra, que bancou duas cotas, a de publicidade estática nos estádios e os uniformes dos trios de arbitragem.

Nos bastidores, a Megasports também comercializa outros contratos menores.

Todos os investidores apostaram no valor de mercado da edição deste ano, elevado muito antes do início pelo simples fato de representar o 100º torneio. A desorganização da competição, contudo, arranhou a imagem do Estadual.

Sobretudo junto ao torcedor, aumentando o descrédito. Não há uma conta para mensurar essa perda, mas os investidores não estão satisfeitos com a situação.

As queixas já chegaram aos ouvidos do presidente da FPF, Evandro Carvalho, com a incerteza sobre a grade da tevê, o nome da companhia de refrigerantes atrelada a um torneio iniciado de forma parcial, reservas dos ingressos do TCN abaixo da média e a falta de visibilidade das placas já pagas.

Vencimentos dos contratos no Pernambucano:

Rede Globo – 2018 (recém-renovado, por quatro anos)
Garra – 2015 (dois anos)
Coca-Cola – 2014 (quatro anos)
Governo do estado – 2014 (a renegociação é anual)

O mandatário da federação vem tentando contemporizar a situação, emulando um contexto irreal. Em off, a situação é completamente diferente…

Quando a democracia atrapalha uma tabela, segundo Evandro Carvalho

Exposição "Brasil, um País, um Mundo", no Recife em fevereiro de 2014. Fotos: FPF/assessoria

O presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, acredita que a “democracia” atrapalhou a composição da tabela do Estadual.

Por mais surpreendente que seja a afirmação, não é a primeira vez que o dirigente alega isso após uma confusão administrativa na FPF.

Segundo ele, o fato de ouvir todos os clubes na formatação da tabela oficial, sobretudo as principais camisas do Recife, acaba gerando inúmeros conflitos.

Tal clube quer estrear em casa, um não aceita disputar clássicos à noite e o outro não quer disputar as últimas partidas como visitante.

Tira aqui, encaixa ali, num verdadeiro quebra-cabeças… Nem sempre possível.

De forma inacreditável, a tabela de 2014 saiu somente às 20h do sábado, com a primeira rodada marcada para as 16h de domingo. Na próxima edição, Evandro promete fazer uma tabela sem consulta alguma às equipes.

Na verdade, Evandro, você até pode consultar os clubes, desde que o calendário seja revelado faltando no máximo 60 dias para o início da competição.

A partir daí, ouvir qualquer time e modificar a estrutura vira um problema.

E nem é uma questão democrática, mas sim o que preza o Estatuto do Torcedor.

Bandeira branca a meio mastro após quebra da primeira diretriz do Futebol de Paz

Futebol de Paz. Crédito: facebook.com/fpfpe

No início de 2014, o presidente do Sport, João Humberto Martorelli, teve a boa e necessária ideia de estimular uma campanha para a paz no futebol local.

O projeto Futebol de Paz foi lançado em 22 de janeiro, na sede da FPF, com a presença do dirigente e dos mandatários de Náutico, Glauber Vasconcelos, e Santa Cruz, Antônio Luiz Neto. O discurso, enfim, parecia afinado.

A ideia foi composta por seis diretrizes, todas elas com o objetivo de evitar o aumento do clima hostil no futebol pernambucano, com material de divulgação nos clubes, nos jogos e nas redes sociais. A primeira delas é a seguinte:

“As entrevistas dos três presidentes e dos diretores dos três clubes serão sempre exaltando a paz, nunca de uma rivalidade que gere promoção da rivalidade e da violência.”

Menos de um mês após a bandeira branca tremulada, logo o próprio Martorelli feriu o primeiro ponto do acordo, destinado aos gestores do esporte.

No calor da confusão sobre a tabela do Estadual, que foi parar no STJD e resultou no adiamento do clássico entre Náutico e Sport na primeira rodada – a uma data a ser definida -, o presidente rubro-negro declarou o seguinte à Rádio Jornal.

“É evidente que o Náutico está com medo de enfrentar o Sport. Isso é o que me parece mais óbvio.”

O dirigente é um advogado conceituadíssimo na região, mas à frente do futebol do clube parece ter faltado um pouco de traquejo nesta confusão.

A bandeira branca a meio mastro no Recife, mais uma vez.

Arena à espera da estreia do Santa Cruz

Site oficial da Arena Pernambuco anunciando o clássico entre Náutico x Santa Cruz, pelo Estadual 2014. Crédito: reprodução

Com um ano de operação, a Arena Pernambuco ainda vem sendo pouco utilizada pelos grandes clubes. Na prática, só tem o Náutico. O Sport mandou lá duas vezes, atuando outras duas como visitante. Já o Santa segue distante do palco do Mundial. Não por acaso, o consórcio parece contar as horas para o primeiro flerte.

Concebida em uma parceria público-privada (PPP), com duração de trinta anos, o consórcio vem enfrentando dificuldades para conseguir clientes e, claro, na operação – em 2013 a arrecadação em 22 jogos foi de R$ 7,4 milhões, abaixo da projeção, com uma taxa de ocupação de apenas 26,9%, ou 12.477 torcedores.

Dos três grandes clubes do Recife – ao contrário do que o governo do estado “prometeu” no projeto -, apenas um assinou. Ainda assim, a parceria com o Timbu segue nebulosa, com muitas queixas dos alvirrubros em relação à administração.

O Leão deverá assinar um contrato em breve. Contudo, em vez de três décadas, como o rival, o acordo seria de cinco anos, o tempo de construção de sua arena. Falta, portanto, o Tricolor. Irredutível e com o respaldo do conselho deliberativo.

Apertando o cerco, o governo do estado condicionou o Todos com a Nota à presença em pelo menos dois jogos como mandante no estádio em São Lourenço. Os corais bateram o pé e saíram do programa subsidiado.

Independentemente da costura de um acordo para alguns jogos como mandante, deixando o Arruda temporariamente de lado, o Santa já tem data para a “estreia”.

Em 23 de março, a Arena Pernambuco receberá o Clássico das Emoções, já contando inclusive com esquema de divulgação na capa do site oficial.

O mando será do Náutico, mas como o regulamento do Estadual reserva uma carga de 20% aos visitantes nos clássicos, os tricolores terão 9.242 ingressos à disposição. Essa degustação deverá exigir bastante dos gestores do estádio…

A primeira impressão é a que fica?

As manchetes negativas do futebol pernambucano vão se acumulando

Capas do Diario de Pernambuco e do Superesportes do dia 8 de fevereiro de 2014

As capas do Diario de Pernambucano e do caderno Superesportes deste sábado estampam em suas manchetes a absurda falta de uma tabela para o hexagonal do Campeonato Pernambucano, a um mísero dia para a primeira rodada.

Em uma resolução maior, confira as capas do Diario e do Superesportes.

Com essas capas em um dos principais jornais da região, o volume de notícias negativas sobre o futebol local vai aumentando na temporada, algo fora do normal.

Considerando o inicio do campeonato estadual de 2014, ainda no fim do ano passado, o Diario já trouxe em sua manchete a denúncia sobre os públicos fantasmas na competição, em 14 de dezembro, e a violência no primeiro jogo oficial do ano do Sport, no Nordestão, em 20 de janeiro.

Em todos os casos, as notícias negativas foram geradas por falhas gritantes na organização, longe de qualquer “agenda negativa”, a resposta vazia e costumeira.

Temas: borderô, tabela e segurança. Algo básico, mas, ao que parece, não é a grande preocupação dos gestores do nosso futebol…

Capas do Diario de Pernambuco de 14/12/2013 e 20/01/2014

Dois anos na elite nacional e um trágico balanço financeiro no Náutico

Glauber Vasconcelos, presidente do Náutico em 2014, revela o balanço da gestã 2012/2013. Foto: Brenno Costa/DP/D.A Press

O Náutico disputou a Série A do futebol brasileiro em 2012 e 2013. No primeiro ano, uma boa campanha, com o 12º lugar e a vaga na Copa Sul-Americana. Na segunda temporada, a última colocação, com o rebaixamento.

No biênio, contudo, o clube teve a maior receita de sua história. Com dados fechados, o orçamento de 2012 foi de R$ 41 milhões, mais que o dobro do ano anterior, quando o Timbu disputou a segundona, com R$ 19,2 milhões.

Mesmo com esse cenário, o clube terminou bem no vermelho…

A gestão de Paulo Wanderley foi encerrada, entrando no lugar Glauber Vasconcelos, eleito representando o Movimento de Transparência Alvirrubra.

Fazendo justiça ao nome, o MTA apresentou um balancete dos últimos dois anos. A prestação final deve ser publicada até março no Diário Oficial do Estado.

Nos dois anos mais robustos do Alvirrubro, um incrível déficit de R$ 14.774.879.

Pendências no futebol profissional, no departamento administrativo, em acordos judiciais e extrajudiciais, luvas de atletas, comissionamentos, parcelamentos fiscais e obrigações fiscais. Para se ter ideia, só com os atletas a dívida é de R$ 4,8 milhões. Bronca é dever R$ 378 mil a empresários de jogadores…

Alguns pontos surpreendem nesse anúncio. Primeiramente, o fato de o déficit oficial de 2012 ter sido de R$ 392.993, o que leva a uma conclusão (rasa?) de que somente em 2013 o rombo foi de R$ 14.381.886!

Ampliando o caos, lembremos dos aportes da Arena Pernambuco, em seu primeiro ano de contrato, e da venda do lateral-esquerdo Douglas Santos, que rendeu cerca de 4 milhões de reais, na maior negociação da história do clube.

Voltando ao presente, em 2014, o Náutico terá uma Série B pela frente, com uma sensível redução nas receitas, sobretudo nas cotas de televisão.

Nota-se que a situação financeira não é das melhores…

Saiba mais sobre os balanços de Náutico, Santa e Sport em 2011 e 2012 aqui.

Uniformes centenários na Ilha do Retiro, nos Aflitos e no Arruda

Agora centenários, Sport, Náutico e Santa Cruz também vestem as mesmas cores há cem anos. Parece óbvio, mas no futebol brasileiro as mudanças nos uniformes, cores ou estampa, é algo bem comum. Dos três clubes, aliás, um chegou a vestir outro padrão. Em seu primeiro ano, a Cobra Coral foi alvinegra. Adotou o vermelho para se diferenciar do Flamengo do Recife.

Nesta postagem, os primeiros jogos e registros fotográficos das equipes, não necessariamente nos dias das partidas pioneiras. Apesar do registro em preto e branco, percebe-se os mesmos design nos padrões oficiais atuais de rubro-negros, alvirrubros e tricolores. Tradição.

22/06/1905  – Sport 2 x 2 English Eleven (Campo do Derby)
Elenco rubro-negro em sua primeira temporada no football.

A primeira formação do Sport, em 1905

15/07/1909  – Náutico 3 x 1 Sport (British Club)
Equipe titular do Timbu registrada no ano seguinte à estreia.

A primeira formação do Náutico, em 1909

08/03/1914 – Santa Cruz 7 x 0 Rio Negro (Campo do Derby)
Equipe em 1917, com o primeiro negro a atuar no estado, Teófilo Batista.

Time do Santa Cruz em 1917

A involução do Campeonato Pernambucano, cem anos depois

Federação Pernambucana de Futebol (FPF)

O Campeonato Pernambucano de 2014 é o centésimo da história.

A dois dias do início do turno, com as estreias de Náutico, Santa e Sport, a competição viveu um de seus dias mais constrangedores em todos os tempos.

A enrolada diretoria de competições da Federação Pernambucana de Futebol conseguiu a proeza de sequer produzir uma tabela decente para a fase principal.

Após três modelos divulgados, dois deles ultrapassando o limite legal segundo o Estatuto do Torcedor, a FPF viu a sua tabela ir para o ralo numa decisão do TJD.

Vale lembrar que a tabela teria apenas seis clubes. Seis…

Curiosamente, o pioneiro Estadual, realizado no distante ano de 1915, ainda sob a chancela da Liga Sportiva Pernambucana, também teve seis clubes.

No entanto, aquele turno aconteceu normalmente, apesar das derrotas por WO da Colligação. No fim, título histórico para o Flamengo do Recife.

Acredite, há um século a tabela foi elaborada de forma melhor…

Campeonato Pernambucano de 1915. Crédito: http://www.rsssfbrasil.com/