O Brasil vai assistir

Estádio dos Aflitos

Pela primeira vez na história, o Clássico dos Clássicos será transmitido ao vivo pela TV aberta para todo o Brasil, exceto para o Recife.

O acirrado confronto entre Náutico e Sport já passou antes na televisão, obviamente. Em nível local, pelas emissoras pernambucanas, e também nacional, mas apenas na TV por assinatura, e ainda por cima com sistema pay-per-view, com um gasto extra.

Jogo com sinal aberto? Inédito. Quase surreal.

É uma responsabilidade a mais para o clássico centenário de Pernambuco, que terá o seu 497º capítulo válido pelo Campeonato Brasileiro da Série B.

Sábado, às 16h10, nos Aflitos. Transmissão da Rede TV (veja AQUI).

Fica a expectativa por um bom futebol das duas equipes, uma partida bem disputada, comportamento ordeiro das torcidas, organização da Polícia Militar e casa cheia.

Durante 90 minutos, neste sábado, o futebol pernambucao ficará em evidência. Ciro valorizado? O Brasil vai poder ver como está o atacante. Alexandre Gallo promovendo nó tático mais uma vez? Eis a chance.

É uma oportunidade rara de mostrar a nossa qualidade em 100% do campo.

Alvirrubros e rubro-negros, o Brasil está de olho!

Alta tensão

Fios de alta tensão

Semana pré-clássico. O script não muda.

Os portões sempre fecham. Câmeras proibidas. Acesso mínimo.

Treinos táticos sob poucos olhares, com esquemas táticos indefinidos (ou não). Bola parada treinada a exaustão sem pista alguma do desfecho do lance.

Jogadores orientados a não falar. E aqueles que falam acabam arcando com as consequência. Bronca garantida. Mesmo que seja após frases batidas como “Vamos buscar a vitória”, “Queremos a liderança” etc.

Os treinadores, no topo dessa organização secreta antes de um clássico, também mudam o perfil. Colocam em prática as táticas de “guerrilha”.

Alguns, adotam o silêncio absoluto, com sorrisos misteriosos a cada pergunta em entrevistas coletivas pasteurizadas durante este período.

Outros, não controlam os nervos. O discurso vai para o choque, pressionado e pressionando (veja AQUI).

Acontece isso em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Campina Grande, Maceió, Natal… E, sobretudo, no Recife.

A bola da vez é o centenário clássico entre Náutico e Sport.

Nos bastidores dos rivais, o discurso é inflamado. A vitória parece valer muito mais do que três pontos. Na prática, vale mesmo. Para muitos, vale o emprego.

Essa tensão pré-clássico (TPC) acaba sábado. A cura está nos Aflitos.

Até lá, tem gente que precisa de água com açúcar…

Fica para 2020

IBGE, censo 2010 do BrasilO Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começou nesta segunda-feira o recenseamento de toda a população do Brasil. Trabalho pesado! Veja AQUI.

Estima-se que somos mais de 192 milhões de brasileiros. Em breve, teremos esse dado exato.

O censo demográfico, que é feito a cada dez anos no país, chega à sua 12ª versão. Em 2010, a novidade será a utilização de aparelhos digitais, substituindo as antigas pranchetas.

Uma compilação de dados em altíssima velocidade, reduzindo bastante o tempo para o processamento das informações. Como ocorreu nas eleições a partir de 1996, com a implantação das urnas eletrônicas. Ok. E o esporte, onde entra no post…?

O post entra como “protesto”. Se a planilha dos recenseadores mudou, entrando na era digital, bem que poderia se pensar em colocar a velha pergunta:

“Para qual clube de futebol você torce?”

Em abril, fiz um post sobre o assunto, chamado “A culpa é sua, IBGE”, falando sobre as polêmicas pesquisas de torcida, feitas por amostragem. Veja o comentário AQUI.

Agora, não há mais o que fazer nesta década. O jeito, então, é esperar até 2020.

Metade das discussões de futebol poderiam ser encerradas com essa pergunda…

Perto de 500

Clássico dos Clássicos: Sport x Náutico (escudos antigos)

O Clássico dos Clássicos chega ao seu capítulo 497 no próximo sábado, nos Aflitos.

“Mas eu achava que o clássico entre Sport e Náutico já tinha passado de 500 jogos…”

A polêmica é antiga. Em 21 de outubro de 2006, o Leão e o Timbu se enfrentaram na Ilha do Retiro, também pela Série B. Parte da imprensa considerou aquela partida como o 500º clássico da história. O Leão venceu por 2 x 0, gols de Fumagalli.

Baseado nos números do pesquisador Carlos Celso Cordeiro (veja AQUI), o Diario de Pernambuco não considerou os confrontos válidos pelo Torneio Início, pois os jogos festivos (disputados de forma intermitente entre 1919 e 1981) duravam entre 15 e 40 minutos, longe do que se considera uma partida oficial de futebol.

Dois dias antes daquela partida em 2006, o Diario ‘recontou’ o clássico. Assim, foram retirados 21 jogos do extinto Torneio Início. Houve também uma vitória do Timbu que foi anulada, em 1934. Desta forma, o jogo de número 500 deverá acontecer no returno do Pernambucano de 2011. Aí sim, de fato e de direito.

496 jogos
193 vitórias do Sport (688 gols)
167 vitórias do Náutico (638 gols)
135 empates
1 jogo de placar desconhecido (disputado em 1931)

Vale lembrar que o centenário Clássico dos Clássicos é o 3º confronto mais antigo do país. Reveja os clássicos brasileiros mais antigos AQUI.

Onde a coruja dormia

Coruja

Antes de começar a partida no Durival de Bitto, uma coruja descansava tranquilamente em uma das traves do estádio em Curitiba. E foi lá que o goleiro Glédson defendeu a meta do Náutico no primeiro tempo, contra o Paraná. Valia a liderança da Série B.

Quer dizer… Ele tentou defender. O adversário marcou três gols nos primeiros 45 minutos, todos eles no ângulo onde a coruja dormia. Não teve jeito, ela voou dali.

O futebol do Timbu voou junto neste sábado.

No segundo tempo, o goleiro Juninho cobrou um pênalti e fechou a goleada paranaense, por 4 x 0. Assim, após três rodadas no topo, o Alvirrubro cai para o 2º lugar da Série B.

Cá pra nós… Ainda está ótimo! Já a defesa… Apesar de ter sofrido apenas duas derrotas na competição em 11 rodadas, o saldo de gols do Náutico é zero.

Mesmo com sete vitórias…?! Sim. O Alvirrubro marcou 19 gols e sofreu outros 19. Consequência direta das duas goleadas sofridas (Paraná 4 x 0 e São Caetano 5 x 0, ambas fora de casa). Agora, a coruja vai para os Aflitos.

Golaços do ano

Os 100 gols mais bonitos da temporada 2009/2010. Tem até gol pernambucano…

São dez minutos de um excelente futebol!

O segundo gol da lista foi marcado por Carlinhos Bala, vestindo a camisa alvirrubra, nos Aflitos. O golaço, numa bomba do meio da rua, saiu na vitória por 3 x 0 sobre o Atlético-PR, no Brasileiro da Série A do ano passado.

Para votar no gol mais bonito, no site da portuguesa TV Golo, clique AQUI.

Até a públicação deste post, o gol de Caio, do Eintracht Frankfurt, da Alemanha, era o líder da enquete, com 14% (2.225 votos). O tento é o número 73 do vídeo.

Confesso que escolher só um gol é sacanagem!

Qual foi o gol mais bonito do vídeo? Comente

Queimou o filme

Câmera Mini DV. Sony/divulgaçãoIlha do Retiro, terça-feira, Sport x Duque de Caxias. Último compromisso do Leão antes do clássico contra o Náutico.

O setor anexo da imprensa estava vazio.

Além dos jornalistas dos três principais jornais da cidade (o blogueiro era um deles), havia apenas uma rádio do interior no local. Ninguém do Rio de Janeiro cobria o Duque naquele setor.

Eis que chega um homem com uma mochila e retira calmamente o seu equipamento de vídeo, com uma câmera MiniDV e um tripé de apoio.

Ele instalou a câmera no local, numa cabine bem isolada, e começou a filmar a partida. Mas a gravação só durou 10 minutos… O rapaz foi reconhecido por diretores do Sport, que sentavam nas cadeiras próximas ao setor.

Era um integrante da comissão técnica do Náutico. O popular ” espião”. O objetivo era filmar a partida com o “campo aberto”, sem acompanhar o movimento da bola, para que Alexandre Gallo pudesse fazer um desenho tático dos rubro-negros.

O “cameraman” foi foi convidado a sair. “É melhor sair para não agitar o pessoal.”

Gallo, fique tranquilo! Caso não ocorra uma grande mudança, o Sport joga com três volantes (em casa ou fora), os laterais são fracos (considerando que Dutra foi expulso), o meia de ligação vem muito mal e no ataque é só ter cuidado com Ciro.

Não precisa de câmera para ver o óbvio…

A hora do adeus

Kuki, ídolo do Náutico. Foto: Gil Vicente/Diario de PernambucoLeonardo, ídolo do Sport. Foto: Heitor Cunha/Diario de PernambucoGoleadores. Faro apurado. Ambos marcaram época no futebol de Pernambuco.

Apesar dos 39 anos, Kuki brilhou na década vigente.

Três títulos estaduais com a camisa do Náutico e três artilharias do Campeonato Pernambucano.

O Baixinho dos Aflitos é o 4º maior artilheiro do Alvirrubro, com 179 gols.

Aos 36 anos, Leonardo foi um dos maiores ídolos do Sport na década de 1990.

Foram cinco títulos estaduais pelo Leão e duas artilharias do Pernambucano. O Baixinho da Ilha do Retiro é o 3º maior artilheiro da história do Rubro-negro, com 136 gols.

Ambos deixaram os gramados. A hora de parar realmente chegou para os dois ídolos. O limite físico impôs o fim da carreira profissional. O dia do adeus.

Primeiro, Kuki, que chegou em Rosa e Silva como uma aposta, já aos 29 anos. Venceu toda a desconfiança e cravou o seu nome no clube. Em abril deste ano, quando assinou um novo contrato com o Náutico – agora como coordenador técnico das categorias de base -, Kuki recebeu a garantia de um jogo de despedida (veja aqui).

Leonardo, que há alguns anos vem perambulando pelos times do interior, também resolveu pendurar as chuteiras. Quer virar técnico de futebol. Ele revelou o desejo durante o amistoso Gol Pela Vida. Leonardo também disse que gostaria de ter um jogo de despedida com a camisa do Sport, onde surgiu em 1994, aos 20 anos.

Na memória das duas torcidas, golaços e mais golaços. Foram 315 com as duas camisas agregadas. No domingo, eles atuaram juntos pela primeira vez.

As arquibancadas do Recife tremeram durante anos com os dois. Quase duas décadas. A ideia pode até ser surreal, mas bem que o jogo de despedida de Kuki e Leonardo poderia ser em um Clássico dos Clássicos pra lá de especial.

Prova do líder

Série B-2010: Náutico 3 x 2 Bahia. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Clássico duríssimo nos Aflitos.

Mesmo jogando com um público razoável em casa, apesar do sábado chuvoso no Recife, o Náutico foi surpreendido com um Bahia agressivo nos primeiros minutos. O gol do tricolor de Salvador, marcado por Vander, que encheu o pé, foi bem justo.

Uma dose a mais de pressão no líder da Série B. Era a hora de jogar com esse status. Eficiente e com volume de jogo. O suficiente para encurralar o adversário.

Pressionado pela própria torcida, o time do técnico Alexandre Gallo foi buscar o resultado. E foi exatamente assim, na base da pressão, que o Alvirrubo virou o placar ainda no primeiro tempo, com gols de Giovanni e Geilson.

Aos 31 e 35. Em dois lampejos individuais. No fim, Cristiano ainda ampliou, escorando um cruzamento rasteiro. Foram 45 minutos emocionantes em Rosa em Silva.

Ávine diminuiu no comecinho do 2º tempo. Jogo tenso! O Tricolor passou a acreditar no empate, já sem o seu técnico. Renato Gaúcho havia sido expulso.

Com dez em campo, o Náutico passou pelo último estágio para provar a liderança na partida. Conseguiu, invertendo o nervosismo no gramado.

Nos descontos, no desespero, o Bahia ainda teve dois jogadores expulsos.

Fim do clássico nordestino, com vitória timbu por 3 x 2.

O Náutico mantém a liderança isolada, pela terceira rodada seguida. Agora, com 23 pontos. O que parecia passageiro vai se consolidando em Rosa e Silva.

Quase uma Batalha

Nota oficial do Náutico pela convocação de Muricy Ramalho para treinar a Seleção Brasileira

Era a chance de uma vida.

Dirigir a Seleção Brasileira.

Durante a semana, ele recebeu um tratamento de popstar. A convocação da CBF era questão de horas. A felicidade era inegável.

Mídia, crônica esportiva, pessoas próximas à CBF. Todo mundo apontando o treinador do Corinthians como o sucessor de Dunga no comando da Canarinha.

Inúmeras pautas com Mano Menezes sobre a “missão de 2014” já estavam prontas.

Manhã de sexta-feira. E o convite foi para… Muricy Ramalho.

O que faltou? Como tanta gente poderia estar errada?

Campeoníssimo nesta década, de fato Muricy também era um nome digno para a tarefa de tentar conquista o hexacampeonato mundial. O técnico, conselheiro timbu, chegou a receber uma nota oficial de parabéns do Náutico, onde fez a base de sua carreira.

Mas veio o “não” do Fluminense. Parecia jogo de cena. Mas a recusa do tricolor carioca foi crescendo… Tomando um ar constrangedor para Ricardo Teixeira, que se encontrara horas antes com Muricy em um clube de golfe no Rio.

Um não à CBF, diratamente ao seu presidente? Era demais. Era surreal.

Como uma verdadeira Batalha dos Aflitos, a chance apareceu para Mano Menezes nos instantes finais de uma decisão que já parecia consumada. Perdida.

E ele não titubeou. É o novo técnico da Seleção (veja AQUI).

A nota oficial do Alvirrubro acabou sendo retirada do site. O orgulho de ver um técnico formado nos Aflitos acabou desfeito na mesma tarde. E não é que Mano Menezes é justamente o protagonista da Batalha dos Aflitos?

O futebol e as suas ironias…