Golpe do Bolsa Família desmontado em Paulista

A facilidade de conseguir parceria numa empresa de cursos técnicos e autorização para utilizar duas salas de uma escola para a realização de uma palestra, por pouco, não levou dezenas de pessoas carentes da cidade de Paulista, no Grande Recife, a caírem num possível golpe. Os moradores receberam comunicados os convidando para uma conversa na Escola Municipal José Firmino da Veiga, no Centro da cidade, onde seriam explicadas suspotas alterações no Programa Bolsa Família.

Beneficiários assistiram palestra nesta escola municipal. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Beneficiários assistiram palestra nesta escola municipal. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Na palestra, os beneficiários disseram que foram orientados por um homem identificado como José Ricardo Rezende a fazer inscrições em cursos profissionalizantes com mensalidades de R$ 50, como condição de não serem excluídas do benefício. Procurado pelo Diario, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome informou que nenhum beneficiário é obrigado a fazer curso profissionalizante para se manter no Bolsa Família.

Comunicado foi deixado na casa dos moradores na semana passada
Comunicado foi deixado nas casas dos moradores da cidade na semana passada

Uma dona de casa de 59 anos ficou preocupada após participar da palestra e decidiu não fazer o curso. O Projeto de Lei (2105/2015) apresentado na Câmara no final de junho pela deputada federal Giovania de Sá (PSDB/SC) propõe que um membro da família do beneficiário esteja matriculado, frequente e conclua um curso de educação profissional ou tecnológica, no prazo de 90 dias a partir da data de concessão de benefício como condição para permanência no programa. A proposta ainda está sendo apreciada. “Quem recebeu a carta ficou com medo. Na palestra disseram que as pessoas que não fizessem o curso iriam perder o benefício. Perguntaram se eu teria os R$ 50 para pagar naquela hora, mas eu não paguei”, revelou a dona de casa.

Cerca de 60 pessoas participaram da palestra no último sábado. Muitas delas chegaram a fazer um cadastro para só então efetivar a matrícula amanhã, quando aconteceria a primeira aula. “Quando chegamos na escola, as pessoas nos informaram que o curso seria pago parte pelo governo federal e parte por nós. Não paguei nada, pois achei muito estranho”, declarou uma comerciante que fez cadastro do filho e de uma sobrinha. As aulas oferecidas seriam de computação básica, operador de telemarketing, entre outros e aconteceriam num curso no Centro de Paulista.

O Diario esteve na empresa e falou com o proprietário. O empresário que preferiu não ter a identidade revelada disse que José Ricardo Rezende procurou sua empresa, se apresentou como integrante de uma ONG carioca e propôs que ele concedesse desconto para algumas pessoas ligadas ao Bolsa Família fazerem cursos profissionalizantes. “Não sabíamos do teor das informações que foram repassadas por ele na palestra, apenas aceitamos abrir 50 vagas com preços mais baixos como forma de fazer uma ação social. Agora vou analisar com meu advogado que medidas iremos tomar, pois a minha empresa ficou exposta”, ressaltou o empresário.

Em entrevista por telefone, o homem que confirmou ser José Ricardo Rezende disse ser integrante de um projeto social do Rio de Janeiro que roda várias cidades do país prestando serviços de assistência social. “Não fizemos nenhuma cobrança em dinheiro, nem pegamos documentos de ninguém. Nossa ideia era apenas informar aos beneficiários sobre as possíveis mudanças que podem acontecer no programa caso o projeto de lei seja aprovado”, declarou Rezende. Ele afirmou que contratou jovens para distribuir os comunicados em algumas casas e que a cidade de Paulista teria sido indicada pelo projeto social do qual é voluntário.

Governo federal e prefeitura negam exigência

Após receber os comunicados, alguns beneficiários do Bolsa Família procuraram a Secretaria de Políticas Sociais, Esportes e Juventude de Paulista para saber se as mudanças no programa eram verídicas. Segundo a coordenadora do programa na cidade, Mariana Bezerra, a exigência de curso profissionalizante para recebimento do Bolsa Família é ilegal. “Informamos às pessoas que essa informação era falsa. Não há nenhuma legislação que informe isso. As exigências para permanecer no programa são quanto à frequência escolar e os cuidados com a saúde”, explicou Mariana.

Secretário Augusto Costa disse que quem se sentiu lesado deve procurar a polícia
Secretário Augusto Costa disse que quem se sentiu lesado deve procurar a polícia

O secretário Augusto Costa ressaltou que nenhum beneficiário recebe comunicado ou telefonema do governo federal para tratar sobre o Bolsa Família. “Esses contatos são realizados através dos agentes públicos, que vão até as casas dos beneficiários, ou através dos extratos de pagamento dos benefícios. Quem se sentiu lesado deve procurar a polícia e fazer a denúncia”, destacou Costa.

Sobre a utilização das salas de aula da Escola Municipal José Firmino da Veiga, a Secretaria de Educação de  Paulista esclareceu que “autorizou a utilização das salas na escola baseada na falsa informação de que uma empresa ofereceria capacitação aos beneficiários do Bolsa Família sem qualquer custo.” Após o episódio, o secretário Carlos Júnior pedirá aos diretores de escolas mais rigor para autorizar a liberação de salas de aulas para eventos externos.

Já o Ministério do Desenvolvimento Social ressaltou que “beneficiários não são obrigados a fazer cursos profissionalizantes para manterem o Bolsa Família.” O ministério ressaltou ainda que o governo federal oferece, de forma gratuita, cursos profissionalizantes do Pronatec para os beneficiários do Bolsa Família e para as famílias que estão no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal por meio de parcerias com o sistema S e instituições públicas, mas não obriga ninguém a participar deles.

Risco de incêndios e choques no Complexo Prisional do Curado

Por Marcionila Teixeira

Caixas de distribuição de energia expostas e gambiarras por todos os lados. O Complexo Prisional do Curado, no Recife, é uma verdadeira bomba-relógio prestes a explodir em um incêndio de grandes proporções. Inclusive esse pode ser o motivo das chamas registradas, na madrugada da última terça-feira, na unidade prisional, quando dois reeducandos morreram. Segundo funcionários do complexo, em períodos chuvosos a situação piora e os riscos de incêndio e choque elétrico aumentam.

Instalações elétricas expostas são riscos para presos, servidores e familiares. Foto: WhatsApp/Divulgação
Instalações elétricas expostas são riscos para presos, servidores e familiares. Foto: WhatsApp/Divulgação

Imagens da caixa de distribuição trifásica do Pavilhão A do Presídio Agente de Segurança Penitenciária Marcelo Francisco de Araújo (Pamfa), onde foram registradas as mortes, foram enviadas para o blog e comprovam a precariedade das instalações. Em dias de visita, os familiares dos presos, incluindo crianças, também correm risco de choque e de morte. “Os curto-circuitos acontecem principalmente em dias de chuva porque são muitas ligações elétricas mal feitas. Às vezes, provocam incêndio e em outros casos algum preso morre eletrocutado”, denunciou uma funcionária.

Enquanto a equipe de engenharia da Secretaria de Ressocialização (Seres) providencia o conserto do espaço, 518 homens estão provisoriamente na igreja do Pamfa. O espaço, obviamente, não dispõe de qualquer estrutura para abrigar a população carcerária. Por isso, homens do Grupo de Operações de Segurança da Seres foram disponibilizados no local, de acordo com a Seres. A previsão é deque os presos voltem para o pavilhão dentro de 48 horas.

Dois presos morreram no Pamfa durante um incêndio. Foto: TV Clube/Reprodução
Dois presos morreram no Pamfa durante um incêndio. Foto: TV Clube/Reprodução

“Imagine um espaço feito para 400 presos que hoje atende 2 mil, como o Pamfa.Claro que o sistema de energia deveria ter sido readequado, mas isso não aconteceu. Em dias de visita, crianças circulam no espaço correndo o risco demorrerem de choque elétrico. Basta tocar nos fios”, disse um agente penitenciário. Qualquer contato com os parafusos dos disjuntores oferece risco de morte. O local deveria estar protegido.

A Seres reconheceu, através da assessoria de imprensa, que as instalações elétricas são realmente antigas e precárias. Informou que, na semana passada, uma equipe do governo reuniu-se com o Corpo de Bombeiros para ver as necessidades do complexo com relação ao plano de incêndio.

O Instituto de Criminalística deve divulgar nos próximos dias os motivos do incêndio e das mortes. Há indícios de que Reginaldo Francisco da Silva, 36 anos, e Manoel Alexandre Ludugero, 33, morreram asfixiados pela fumaça. Eles não tinham marcas de violência ou de queimaduras, segundo a Seres.

No último dia 29 de janeiro, o estado decretou estado de emergência nocomplexo pelo período de 180 dias. “Estamos próximos do término dessa data e, das recomendações da Corte Interamericana de Direitos Humanos, apenas a revista vexatória foi suspensa. O complexo encarcera sete mil presos para2.100 vagas. O Pamfa tem 1.885 presos para 465 vagas, ou seja, quatro vezes a população recomendada, um déficit de aproximadamente 330%. Essa situação é de responsabilidade do estado e não do preso”, denunciou Wilma Melo, peticionária da Corte.

Segundo Wilma Melo, a situação do sistema elétrico foi denunciada à Corte. “Quantos extintores existem nessa unidade? Qual o plano emergencial existente para ocorrências de incêndio?”, questionou. Ela informou que entregará um relatório à Organização dos Estados Americanos (OEA).

Três indiciados por crime em Pau Amarelo

O delegado Salatiel Patrício informou ontem que o inquérito que apurou a morte da garota Hilda Beatriz, 3 anos, e da tia dela, Janaína Rodrigues de Azevedo, 39, assassinadas em Pau Amarelo, Paulista, no último dia 10, foi encaminhado à Justiça. Segundo o delegado, os suspeitos Washington Gusmão Júnior, 33, e o casal Eudes Luís dos Santos, 40, a mulher dele, Maria do Socorro Oliveira, 52, foram indiciados por duplo homicídio, uma tentativa de homicídio e ainda por ocultação de cadáver.

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Washington Gusmão foi preso em flagrante. Foto: Luiz Fabiano/Cortesia

“O inquérito já foi remetido à Justiça. Washington foi o autor dos crimes, mas o casal articulou tudo junto com ele. Irão responder pelos mesmos crimes. Já a quarta pessoa presa ainda está sendo investigada”, relatou o delegado. Ainda segundo a polícia, a motivação dos crimes só será revelada após a investigação contra a quarta suspeita. O delegado não confirma a hipótese do crime ter ligação com ritual de magia negra.

No último dia 10, Washington matou Janaína e Hilda Beatriz e ainda feriu a facadas outra tia da criança. Ele foi preso horas após o crime e o corpo da criança localizado à noite enterrado na casa do casal que também foi preso suspeito de participar do crime. “ Teremos até 15 de agosto para encaminhar o inquérito para a Justiça”, Salatiel Patrício.

Bancos assaltados após encerrar expediente no Recife

Assaltantes de bancos da Região Metropolitana do Recife (RMR) estão escolhendo um novo horário para fazer suas investidas criminais. Duas agências foram assaltadas ontem por volta das 17h, uma na Zona Norte outra na Zona Sul do Recife. Nos dois casos, segundo a polícia, os vigilantes tiveram as armas levadas pelos criminosos. Também nos dois assaltos, os suspeitos foram quatro homens que estavam em duas motos. Segundo o Sindicato dos Bancários, 33 bancos foram assaltados em Pernambudo do início do ano até ontem. Nas duas ocorrências não houve registro de feridos e até o fechamento desta edição nenhum suspeito havia sido preso.

Motoqueiros levaram dinheiro dos caixas e celulares em Boa Viagem. Fotos: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Motoqueiros levaram dinheiro dos caixas e celulares em Boa Viagem. Fotos: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A primeira agência assaltada foi a da Caixa Econômica Federal (CEF) da Rua da Hora, no bairro do Espinheiro. De acordo com a polícia, os assaltantes chegaram à agência após o horário de expediente e entraram pela porta do auto-atendimento. O grupo seguiu até a porta que dá acesso à área interna do banco e ordenou que o segurança abrisse a porta. Com a negativa do segurança, os suspeitos deram chutes na porta e conseguiram entrar no local. Todos os suspeitos estavam com os rostos cobertos por capacetes. “Eles renderam o vigilante e levaram o revólver dele, além disso, fugiram com dois malotes, sendo um de documentos e outro de dinheiro. Os criminosos estão agindo no horário de fragilidade na segurança dos bancos”, ressaltou o diretor executivo do Sindicato dos Bancários, Wellington Trindade.

Porta do Banco do Brasil foi destruída com um tiro
Porta do Banco do Brasil da Domingos Ferreira foi destruída com um tiro

O segundo caso foi registrado na Avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem. Nesse banco, os suspeitos também entraram como se fosse utilizar o auto-atendimento e seguiram armados para a porta que isolava a área interna do banco. Um dos criminosos fez um disparo e quebrou uma das portas de vidro da agência. “Eles levaram dinheiro dos caixas e telefones celulares de clientes e funcionários. Três foram até a área interna do banco e um deles ficou no salão do auto-atendimento. Chegamos a fazer rondas no bairro, mas, infelizmente, não encontramos ninguém”, revelou um militar do 19º Batalhão.

Na CEF da Rua da Hora criminosos estavam todos de capacetes
Na CEF da Rua da Hora criminosos estavam todos de capacetes

Investigação
O assalto à agência da CEF será investigado pela Polícia Federal (PF). Já a investida ao Banco do Brasil será apurada pela Delegacia de Repressão ao Roubo da Polícia Civil. “Os dois grupos realizaram os assaltos com as mesmas características e praticamente no mesmo horário. Os bancos precisam estar mais atento a esse horário em relação ao número de vigilantes nas agências e a polícia precisa se fazer mais presente”, ressaltou Wellington Trindade.

Tenente da PM recorre da sentença condenatória

O tenente da Polícia Militar Sebastião Antônio Félix recorreu da condenação de 150 anos e seis meses de reclusão. O oficial foi acusado pelo Ministério Público de Pernambuco de duplo homicídio triplamente qualificado e 11 tentativas de homicídio. O anúncio da condenação aconteceu no final da noite da quarta-feira. O oficial permanecerá em liberdade até que o recurso seja julgado.

Sebastião Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Sebastião Félix vai aguardar em liberdade. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

O oficial é acusado de comandar um grupo de policiais militares que obrigou 17 adolescentes a pular no Rio Capibaribe, no carnaval de 2006, provocando a morte de dois por afogamento. Os meninos teriam sido confundidos com um grupo que praticava arrastões. O episódio divulgado com exclusividade pelo Diario de Pernambuco na época ficou conhecido como caso Ponte Joaquim Cardoso.

No mês de maio, quatro PMs estiveram no banco dos réus. Três deles foram condenados e um absolvido. Os três PMs condenados pegaram 96 anos de reclusão. As condenações foram pelo homicídio triplamente qualificado de Diogo Rosendo, e nove tentativas de homicídios. Os outros três militares serão julgados pela morte de Zinael José de Souza, 17, e pelas tentativas de homicídios contra outros dois adolescentes, em data a ser definida.

Banco do Brasil pode ser multado em até R$ 7 milhões

O Procon-PE propôs, ontem, em audiência de conciliação com o Banco do Brasil, a assinatura de um Compromisso de Ajustamento de Conduta diante da comprovação de venda de dólares falsos pela instituição. Para o Procon, o banco infringiu o Código de Defesa do Consumidor. Se não aceitar o compromisso, o BB pode pagar multa de até R$ 7 milhões.

Venda de dólares falsos aconteceu na agência Rio Branco. Foto: Rodrigo Silva/Esp.DP/D.A Press
Venda de dólares falsos aconteceu na agência Rio Branco. Foto: Rodrigo Silva/Esp.DP/D.A Press

O banco pediu 15 dias para dar uma resposta. Entre as cláusulas há o compromisso do banco capacitar seus colaboradores com relação aos direitos do consumidor, implementar em 30 dias um procedimento de prevenção contra a aquisição de moedas falsas e confeccionar, em 30 dias, cartilhas cujo modelo será determinado pelo Procon-PE, em quantidade que totalize R$ 50 mil. Caso o banco não responda a proposta em 15 dias, o processo administrativo irá para julgamento.

A venda de dólares falsos, ocorrida na agência Rio Branco, veio à tona depois que a estudante Amanda Parris e o pai dela, João Neto da Silva, foram surpreendidos quando tentavam depositar, em um banco de Galveston, Texas, US$ 2.820. O dinheiro foi comprado em 18 de junho. Ao todo, nove clientes foram lesados em operações com cédulas falsas.

O banco chegou a ser proibido de vender moeda estrangeira por 24 horas em Pernambuco. A decisão foi suspensa depois que o BB apresentou ao Procon medidas para solucionar o problema. O BB informou que a origem do problema foi a aquisição de US$ 24 mil, de terceiros, em 10 de setembro de 2014. Por uma falha, os dólares ficaram na tesouraria e foram vendidos entre 8 e 19 de junho.

Júri do Caso Ponte Joaquim Cardoso recomeça com ouvida de tenente

O segundo dia de julgamento do tenente da Polícia Militar Sebastião Antônio Félix iniciou na manhã desta quarta-feira com o depoimento do réu, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra. O oficial é acusado de comandar um grupo de policiais militares que obrigou 17 adolescentes a pular no Rio Capibaribe, no carnaval de 2006, provocando a morte de dois por afogamento. Antes de ser ouvido, o tenente deu entrevista à imprensa e voltou a declarar que é inocente.

Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006
Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006

Ontem foram realizado os interrogatórios de oito vítimas das agressões. Após a ouvida do tenente será feito o debate entre acusação e defesa e em seguida a votação dos jurados. A sentença deve sair no final da tarde de hoje. Pela manhã, três sobreviventes prestaram depoimento como testemunhas. Dois deles, presos por envolvimentos em crimes depois que ficaram maiores de 18 anos, foram trazidos do sistema prisional.

Sebastião Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Sebastião Félix disse que não comandou ações dos PMs. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Dona Maria do Carmo Simplício, mãe de Diogo Rosendo, uma das vítimas fatais, acompanhou o julgamento, como também o pai e a mãe de Zinael Souza, outro adolescente que morreu, o policial militar reformado Israel Ferreira e a dona de casa Zineide Maria de Souza. O episódio divulgado com exclusividade pelo Diario na época ficou conhecido como caso Ponte Joaquim Cardoso. No mês de maio, quatro PMs estiveram no banco dos réus. Três deles foram condenados e um absolvido.

À tarde, mais cinco testemunhas foram interrogadas. O conselho de sentença que vai decidir se o tenente é culpado ou não por duas mortes e 11 tentativas de homicídio é formado por quatro homens e três mulheres. O julgamento está sendo presidido pela juíza Fernanda Moura de Carvalho. A defesa do acusado pediu que oito testemunhas fossem ouvidas em plenário. Por esse motivo, houve um pequeno atraso no início do júri. Pois algumas vítimas tiveram que ser pegas em casa e no presídio.

O promotor André Rabelo afirmou que vai pedir a condenação do acusado por duas mortes e 11 tentativas. Durante o início do júri, o promotor pediu à juíza que o acusado fosse colocado no banco dos réus, pois o tenente, que estava com a farda da polícia, estava sentado junto aos advogados de defesa. O pedido foi negado pela magistrada.

Tenente acusado de comandar ação na Ponte Joaquim Cardoso vai a júri popular nesta terça-feira

Está previsto para começar às 9h desta terça-feira o julgamento do tenente Sebastião Antônio Félix. O oficial é acusado de comandar um grupo de policiais militares que  obrigou 17 adolescentes a pular no Rio Capibaribe, no carnaval de 2006, provocando a morte de dois por afogamento. O episódio divulgado com exclusividade pelo Diario de Pernambuco na época ficou conhecido como caso Ponte Joaquim Cardoso. No mês de maio, quatro PMs estiveram no banco dos réus. Três deles foram condenados e um absolvido.

Sebastião Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
O tenente da Polícia Militar Sebastião Félix será julgado no Fórum Rodolfo Aureliano. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Os três PMs condenados pegaram 96 anos de reclusão. As condenações foram pelo homicídio triplamente qualificado de Diogo Rosendo, e nove tentativas de homicídios. Os meninos teriam sido confundidos com um grupo que praticava arrastões. Os outros três militares serão julgados pela morte de Zinael José de Souza, 17, e pelas tentativas de homicídios contra outros dois adolescentes, em data a ser definida. O tenente é acusado de comandar as duas ações. O oficial nega as acusações.

Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Após o primeiro julgamento, a Justiça determinou que Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi Evangelista e Ulisses Francisco da Silva cumpram a pena em regime inicialmente fechado na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá. Mas não há previsão de quando eles serão presos porque o advogado dos três, José Siqueira, entrou com recurso após o juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti terminar de ler a sentença.

Meninos foram agredidos com cacetetes pelos PMs. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Meninos foram agredidos com cacetetes. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press

Como todos estão em liberdade, permanecerão soltos até que a apelação seja julgada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. O quarto policial julgado foi absolvido. A Justiça entendeu que Irandi Antônio da Silva não participou dos espancamentos nem deu ordem para entrarem na água, pois estava na viatura. De acordo com o promotor André Rabelo, o PM estava a 300 m de onde tudo ocorreu.

O promotor do júri desta terça-feira será o mesmo, no entanto, o corpo de jurado, formado por sete pessoas, será escolhido antes do início do julgamento. A sessão será presidida pelo juíza Fernanda Moura de Carvalho.

Pai que esfaqueou filha em Lagoa de Itaenga comete suicídio em presídio

Após esfaquear a filha de apenas um ano e três meses no último sábado, na cidade de Lagoa de Itaenga e ser preso, o agricultor Marcelo Pereira da Silva, 51 anos, cometeu suicídio neste domingo. Ele estava detido no Presídio de Vitória de Santo Antão, onde se enforcou usando uma corda feita por lençóis.

Seres e polícia estão investigando o caso. Foto: Reprodução/Facebook
Seres e polícia estão investigando o caso. Foto: Reprodução/Facebook

A garota Jenifer Raquele da Silva Pereira segue internada na enfermaria do Hospital da Restauração (HR) e não corre risco de morte. De acordo com a assessoria de comunicação da unidade de saúde, Jenifer sofreu lesões superficiais e não teve nenhum órgão atingido. A mãe da menina, a agricultora Tatiane Maria da Silva, disse que brigava com o companheiro quando ele pegou uma faca e atingiu a menina. Segundo ela, o crime foi motivado por ciúmes.

Marcelo estava em liberdade condicional depois de cumprir pena na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, por assassinar o filho José Airton Simões Pereira. O crime aconteceu há 15 anos e ele foi condenado a 15 anos e quatro meses e estava em liberdade condicional.

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou por meio de nota que o detento Marcelo Pereira da Silva estava em uma cela isolada no Presídio de Vitória de Santo Antão-PVSA quando foi encontrado morto com indícios de enforcamento. A Polícia Civil, o Instituto de Criminalística – I.C e o Instituto de Medicina Legal – IML foram chamados para investigação do caso, perícia do local e recolhimento do corpo. O secretário determinou ao superintendente de segurança e ao diretor da unidade a apuração do fato.

PF realiza palestras sobre drogas em escolas do Grande Recife

Alunos de escolas públicas e particulares do Grande Recife estão recebendo orientações sobre prevenção ao uso de drogas. Tem sido cada vez maior a procura de gestores dos colégios, inclusive os de alto padrão, pela palestra realizada por servidores da Polícia Federal (PF) nas instituições de ensino. Segundo a PF, mais de 100 escolas foram visitadas e mais de 10 mil alunos assistiram às palestras do início de 2014 até este mês.

Alunos de escolas públicas e particulares tiram dúvidas nos encontros. Foto: PF/Divulgação
Alunos de escolas públicas e particulares tiram dúvidas nos encontros. Foto: PF/Divulgação

Tipos de drogas, causas e consequências do uso, os danos causados à saúde e até uma demonstração com a participação de cães farejadores tem sido realizada nas escolas. Até a última sexta-feira, seis escolas já estavam com palestras agendadas para o mês de agosto e outras seis para setembro. “Nossas palestras são realizadas em escolas, igrejas, associações, órgãos públicos e até em empresas. Faz parte das ações preventivas para evitar que crianças e adolescentes entrem no mundo das drogas. As palestras são gratuitas e podem ser agendadas por telefone”, explica o chefe de comunicação social da PF, Giovani Santoro.

No mês passado, um colégio particular tradicional da Zona Norte do Recife solicitou a realização da palestra por duas vezes para seus alunos dos 1º e 2º anos do ensino médio. Em sua página na internet, a instituição escreveu que o encontro teve “o objetivo de oportunizar momentos de reflexão e esclarecimentos sobre questões presentes na sociedade.”

Cães da Polícia Federal são treinados para achar drogas e fazem demonstração nas palestras. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Cães da Polícia Federal são treinados para achar drogas e fazem demonstração nas palestras. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Segundo Giovani Santoro, os estudantes que assistem às palestras recebem informações sobre efeitos e consequências do uso da maconha, crack, lança-perfume, cola de sapateiro, drogas sintéticas, álcool e cigarro. “As palestras são gratuitas e os alunos tiram muitas dúvidas durante as apresentações. De acordo com a faixa etária do público, o tempo e os temas da palestra são ajustados. Às vezes, os estudantes são muito pequenos e em outras escolas já são adolescentes”, conta Santoro.

Um dos momentos em que os estudantes ficam mais atento é na demonstração dos cães farejadores procurando drogas. “Com autorização da Justiça, levamos uma pequena quantidade de droga para as escolas e escondemos no local onde a palestra está sendo realizada. Quando os cães farejadores entram no espaço, eles identificam a pessoa que está com a droga”, explica Giovani.

A iniciativa tem sido bem recebida por alunos e pelos pais. O médico Tadeu Calheiros tem duas filhas adolescentes e uma de nove anos que estudam em colégios particulares nos bairros do Paissandu e das Graças e disse ser a favor das palestras realizadas para os estudantes. “Tenho uma filha de 16 anos, uma de 13 e uma mais nova e acho que essa iniciativa das palestras é muito válida. Acredito que o conhecimento e o esclarecimento são as melhores armas no combate e prevenção ao uso de drogas. Orientar os filhos sobre esse tema é um papel da família, sem dúvidas, mas é importante que a escola também se preocupe com isso”, ressaltou Calheiros.