Jogo virtual ajuda os pequenos a identificarem boas e más ações

Ben é um personagem fictício que busca fazer o melhor por aqueles que cruzam seu caminho. Quando presencia alguém praticando bullying contra uma criança obesa, escolhe ficar na companhia dela no lugar de seguir com a turma de amigos. Se testemunha um idoso tentando atravessar a rua sozinho, aproxima-se e ajuda no percurso. Cenas corriqueiras, que são parte de nosso cenário real, mas que nem sempre recebem a atenção que deveriam ter.

Arthur e Heitor Santos, de 4 e 3 anos, aprovaram o jogo e, apesar da pouca idade, acertaram todas as respostas (CRISTIANE SILVA/ESP.DP/D.A PRESS)

Escolher entre o certo e o errado pode parecer simples, mas às vezes o discurso fica só na teoria. E as crianças podem fazer a diferença caso aprendam desde cedo a praticar a chamada cultura de paz. Baseada em uma experiência desenvolvida de forma pioneira na Colômbia, a equipe da Secretaria de Segurança Urbana do Recife criou o jogo virtual A turma do Ben. Com leves toques na tela de um tablet, meninos e meninas de até 12 anos avançam no jogo quando optam por ajudar o próximo. Se a escolha é inversa, a brincadeira volta para o início. Quando ganham o desafio, ficam imunizados contra a violência. É algo como uma vacina do bem.

A ideia será lançada no Dia das Crianças, neste sábado, no Parque da Jaqueira e em mais quatro pontos da capital (Parque 13 de Maio, Parque Dois Irmãos, Parque Dona Lindu e Academia das Cidades dos Torrões). Cerca de 15 mil meninos e meninas deverão ser “imunizados”. “Especialistas afirmam que a idade crucial para a formação cidadã está entre 1 e 7 anos. Se a criança cresce em um ambiente de agressão familiar ou de uso de drogas, por exemplo, tenderá a repetir o comportamento mais tarde”, analisou o secretário Murilo Cavalcanti. A brincadeira estará disponível para as famílias das 8h às 17h.

DHPP vai analisar imagens para identificar assassino de garçom

As imagens da câmera de segurança da Secretaria de Defesa Social (SDS) devem ser entregues hoje ao delegado responsável pela investigação do assassinato do garçom José de Miranda Uchôa Neto, 28 anos, morto na noite da última quarta-feira. José foi assassinado com um tiro no peito quando parou sua moto em um semáforo da Avenida Beberibe, na Zona Norte do Recife, após uma suposta briga de trânsito.

Sombrinho da vítima estava inconsolável. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press
Sobrinho da vítima estava inconsolável. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press

O corpo dele foi enterrado ontem à tarde, no Cemitério de Santo Amaro. Os familiares de José de Miranda estão revoltados com o crime e cobram justiça para o caso. O delegado Victor Hugo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), começará a investigar o crime hoje.

Durante o velório, parentes da vítima disseram que ela era uma pessoa muito calma e que não tinha inimigos. “Meu filho não era marginal. Ele era querido por todo mundo e não tinha inimizade com niguém. Nós queremos que seja feita justiça. Ele já estava chegando perto da casa dele quando aconteceu essa tragédia. Estamos todos destruídos”, declarou a mãe, a dona de casa Rejane Bento de Melo, 53.

De acordo com a Polícia Militar, testemunhas afirmaram que o crime pode ter acontecido devido a uma discussão entre o garçom e o motorista de um Celta prata de placa não anotada. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ainda foi acionado para tentar socorrer a vítima, mas ao chegar ao local José já estava sem vida.

Ladrões num HB20 roubam clientes em espetinho na Zona Sul do Recife

Depois de correr meus quase cinco quilômetros na orla de Boa Viagem, na noite dessa quinta-feira, resolvi repor as energias comendo alguns espetinhos na barraca de um amigo lá na Avenida Visconde de Jequitinhonha, na Zona Sul do Recife. Depois que terminei meu pequeno lanche e seguia para pegar o meu carro, avistei de longe uma aglomeração estranha e alguns carros dando ré.

Clientes foram obrigados a entregar pertences. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Clientes foram obrigados a entregar pertences. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

A notícia logo chegou onde eu havia parado para acompanhar a movimentação de longe. “É um assalto”, gritou uma mulher que estava trabalhando em outro ponto de espetinho na mesma avenida. Decidi então chegar mais perto para ver o que havia acontecido. Sim, havia acontecido um assalto. Vários clientes que estavam nas cadeiras espalhadas na calçada foram abordados por homens armados que levaram suas carteiras e telefones celulares.

O crime aconteceu por volta das 22h30 dessa quinta-feira (10). Os criminosos, segundo as vítimas, chegaram em um carro HB20, da Hyundai, cor branca, e mandaram todas as pessoas deitarem no chão, ameaçando matá-las. Mais de 30 clientes estavam no local no momento da abordagem. Os consumidores viram uma espingarda com os bandidos, que não estavam de rosto coberto.

Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Vítimas acionaram a PM para tentar pegar os ladrões. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Policiais militares foram acionados e fizeram buscas pelo bairro de Boa Viagem. Os assaltantes fugiram pela Avenida Boa Viagem. “Eu estava mexendo no meu celular quando eles desceram do carro armados e já foram recolhendo tudo. Eles diziam que quem se mexesse iria morrer. Foi um momento de terror”, disse uma das vítimas. Moradores das proximidades afirmaram que falta policiamento na localidade.

Índice de assassinato de jovens negros preocupa autoridades brasileiras

A violência contra a juventude negra foi debatida pela Comissão de Direitos Humanos do Senado, nessa quinta-feira. De acordo com o estudo A Cor dos Homicídios no Brasil, feito pelo coordenador da área de estudos da violência da Faculdade Latino-Americana (RJ), Júlio Jacobo Waiselfisz, de 2001 a 2010, enquanto a morte de jovens brancos no país caia 27,1%, a de negros crescia 35,9%.

Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

Com base em dados do Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde, a pesquisa revela que no Brasil as maiores vítimas de violência são jovens negros, com baixa escolaridade. O racismo é a maior motivação para os crimes. Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pará, Distrito Federal e Pernambuco são as unidades da Federação que mais registram casos de homicídios contra negros.

Outro dado da pesquisa mostra que em 2010 quase 35 mil negros foram assassinados no país. “Os números deveriam ser preocupantes para um país que aparenta não ter enfrentamentos étnicos, religiosos, de fronteiras, raciais ou políticos. Representam um volume de mortes violentas bem superior ao de muitas regiões do mundo, que atravessaram conflitos armados internos ou externos” avalia o pesquisador.

“É uma situação alarmante que coloca o Brasil entre piores lugares do mundo em relação a homicídio – sétimo lugar – mas em relação a morte de jovens negros, nós somos um dos primeiros países. O governo reconhece que é um problema histórico que afeta especificamente a juventude negra”, disse Fernanda Papa, da Secretaria Nacional da Juventude da Presidência da República.

Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

Segundo Fernanda, a criação do Plano Juventude Viva, no ano passado, foi uma primeira resposta do governo federal ao problema. Em diferentes programas, a estratégia tem cerca de 40 ações em conjunto com estados e municípios com objetivo de colocar a juventude negra na pauta das políticas públicas.

Representantes de vários movimentos sociais cobraram uma ação mais forte nas áreas de educação e segurança para frear a violência contra jovens negros. “O racismo é um problema que vai além dos livros. Falta um grande pacto social para que as políticas públicas toquem as pessoas de uma maneira geral. Não adianta só chegar a verba, tem que chegar o verbo para que haja uma transformação”, disse o rapper e escritor Gog.

Da Agência Brasil