Roubos em pontes do Recife assustam pedestres

Andar pelo Centro do Recife exige muita atenção de quem faz a travessia em pelo menos duas das mais conhecidas pontes da cidade. Segundo comerciantes da região e populares que circulam pelo local, roubos e furtos na Ponte da Boa Vista – também conhecida como Ponte de Ferro – e na Ponte 6 de Março, a Ponte Velha, acontecem com frequência e a qualquer hora do dia. Relógios, telefones celulares e bolsas são os objetos mais cobiçados. A polícia diz que muitos casos não são registrados, mas informou que irá reforçar o policiamento na área.

Na Ponte de Ferro, assaltos acontecem a qualquer hora do dia. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Na Ponte de Ferro, assaltos acontecem a qualquer hora do dia. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

“Eles agem muito rápido e quase sempre conseguem fugir com as coisas que roubam”, conta o comerciante Paulo Gomes, 46 anos, que há 25 trabalha perto da Ponte da Boa Vista. As principais vítimas são mulheres e estudantes. O horário preferido é o meio-dia. “Quase não tem policiamento aqui nessa área”, disse o comerciante.

Quem costuma cruzar a Ponte de Ferro conta que a saída dos ambulantes melhorou a passagem para os pedestres, mas acredita que as pessoas ficaram mais vulneráveis. “Já vi garotos roubando bolsas de mulheres aqui e saírem correndo. Agora o caminho ficou mais livre”, aponta um vendedor que preferiu não ter o nome revelado.

Outra queixa dos comerciantes das proximidades é em relação à falta de policiamento ostensivo no local. “Ficamos aqui expostos ao perigo. Nas duas cabeceiras dessa ponte (de Ferro) existem câmeras de monitoramento, mas quando tem um assalto nunca aparece polícia”, reclama um comerciante.

Na Ponte Velha, crimes acontecem com frequência nos finais de semana
Na Ponte Velha, crimes acontecem com frequência nos finais de semana

Apesar das reclamações, a Polícia Civil de Pernambuco informa que os números de furtos dimuíram em relação ao ano passado na Área Integrada de Segurança (AIS) 5. De acordo com o delegado Darlson Macedo, responsável pelas delegacias da região, além da queda no número de furtos houve aumento no encaminhamento de inquéritos concluídos à Justiça.

Dados da polícia apontam que 1.949 ocorrências de furtos foram registradas na AIS 5 nos seis primeiros meses do ano passado. Já entre os meses de janeiro e junho deste ano, foram notificados 1.679 casos de furto, o que representa uma redução de 13,9%. A AIS 5 corresponde aos bairros da Boa Vista, São José, Santo Amaro, Recife Antigo, Joana Bezerra, Coelhos, Ilha do Leite, Paissandu e Derby.

Também há reclamações de que a Ponte da Boa Vista está às escuras à noite. A Emlurb informou que oito refletores da ponte foram roubados e que a Prefeitura do Recife está providenciando a reposição.

Menos transitada, numa área mais deserta, a Ponte Velha costuma ser evitada pelos transeuntes. Ela seria o caminho mais próximo para levar o pedestre até a Estação Central do Recife. Segundo uma comerciante que trabalha perto da ponte, os assaltos costumam acontecer à noite e nos finais de semana. “Aqui passa mais carro que pedestres, então os ladrões aproveitam para agir quando tem pouca gente atravessando. Nos finas de semana, só trabalho até 13h, porque depois disso já fica muito perigoso”, revela.

Polícia Militar reforçará policiamento

Uma das dificuldades para investigar os responsáveis pelos assaltos nas pontes de Ferro e Velha é a falta do registro do Boletim de Ocorrência. Segundo o comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Jailton Pereira, poucas pessoas procuram a polícia para relatar os assaltos. Informado pelo Diario sobre as queixas em relação à insegurança, o oficial afirmou que irá analisar a área e determinar reforço policial nos pontos mais críticos.

“Até o momento não temos recebido denúncias nem queixas de crimes praticados nas pontes. Além disso, existe uma dificuldade muito grande para concluir os flagrantes porque muitas vezes os assaltantes não são capturados com os produtos do roubo. E quando são presos com os produtos, às vezes as vítimas não aparecem”, explica o oficial.

Segundo ele, duas viaturas e motos fazem o policiamento no centro, e o reforço dependerá da análise da situação. “É preciso também que a população denuncie. O telefone do batalhão é o 3181-1791. Também temos o celular do oficial que fica responsável pela coordenação do turno, que pode ser encontrado no número 9488-5722”, informou o tenente-coronel.