Igreja de skatistas entrega praça aos moradores do Coque

Área de lazer foi comemorada pelo moradores. Fotos: Julio Jacobina/DP/D.A Press
Área de lazer foi comemorada pelo moradores. Fotos: Julio Jacobina/DP/D.A Press

Depois de promover um final de semana de congresso sob o Viaduto Capitão Temudo, no Coque, bairro de São José, os integrantes da Ação de Rua e Cultura Alternativa (Arca), igreja que surgiu em 1999 a partir da ideia de cinco skatistas do Recife, deixaram a comunidade com a sensação de dever cumprido. Além disso, uma praça toda montada de materiais recicláveis foi entregue para o lazer dos moradores da comunidade, que já foi considerada uma das mais violentas do Recife. Durante o evento foram debatidos temas como violência contra a mulher e contra a criança, violência e exploração sexual infantil, violência urbana, além de fé e política.

Várias atividades foram desenvolvidas durante o final de semana sob o viaduto
Várias atividades foram desenvolvidas durante o final de semana sob o viaduto

O encontro foi aberto ao público e gratuito e teve ainda apresentações artísticas, culturais, bazar e uma feirinha com a comunidade. A auxiliar de serviços gerais Edjane Maria da Silva, 34 anos, participou do congresso e aprovou a iniciatava da Arca em montar a praça. “O evento foi uma coisa muito boa para todos nós. É muito importante isso que a Arca está fazendo aqui. A praça ficou uma maravilha. Agora cabe à população preservar esse espaço”, ressaltou Edjane.

Simone, as filhas e a sobrinha já aproveitaram o novo espaço durante o congresso
Simone, as filhas e a sobrinha já aproveitaram o novo espaço durante o congresso

A telefonista Simone Batista, 39, também é moradora do Coque. Ontem pela manhã acompanhava a filha e a sobrinha nas atividades do congresso. “Essa iniciativa foi ótima. Tenho quatro filhas e todas elas adoraram a praça que foi montada nesse espaço. Foi um bem muito grande para a população. Eu já inaugurei um dos bancos quando assisti ao culto no sábado”, contou Simone.

A administradora Girlene Correia Braz, 40, faz parte da Igreja Apostólica Viva de Boa Viagem e participou do evento. “Achei muito impactante a escolha do local e o modo como foi feito todo o trabalho na comunidade. Nunca tinha vindo no Coque e não sei se viria se não fosse dessa forma. Todos que participaram da iniciativa irão sair ganhando, os participantes e os moradores da comunidade”, ressaltou Girlene. Na manhã de ontem, banda Sal da Terra fez todo mundo dançar ao som do forró pé-de-serra.

Pastor Daniel Oliveira, conhecido como Caveira, é um dos fundadores da Arca
Pastor Daniel Oliveira, conhecido como Caveira, é um dos fundadores da Arca

De acordo com Daniel Oliveira, mais conhecido como Caveira, todo o evento foi desenvolvido a partir de doações e parcerias. “Além de todas as discussões de temas que fizemos aqui, tivemos a iniciativa de deixar esse espaço de lazer para a comunidade. Fizemos arquibancadas para assisterem aos jogos, bancos e até mesinhas para a diversão do pessoal. Em todos nossos eventos, montamos um espaço de conviniência. Nesse daqui vamos deixá-lo para a população do Coque”, destacou Caveira, que é pastor e um dos fundadores de igreja.

Arca
A Arca nasceu como o Ministério Skatistas de Cristo e, inicialmente, seus integrantes – uma turma de jovens skatistas e frequentadores da cena underground – encontravam-se nas dependências da Primeira Igreja Batista do Recife, no Centro do Recife. A ideia era reunir pessoas que não se encaixavam em modelos pré-fabricados, mas que desejavam ouvir mensagens da Bíblia. O grupo atua no cenário urbano com trabalhos voltados para alcançar pessoas à margem da sociedade, como os dependentes de drogas.

Voluntários para Varas de Infância e Juventude estão sendo selecionados pelo TJPE

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) vai abrir inscrições para seleção de Agente de Proteção no período de 21 de setembro a 5 de outubro de 2015. Os agentes irão atuar como voluntários na Vara Regional da Infância e Juventude da 1ª Circunscrição (que abrange o Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, São Lourenço da Mata, Camaragibe, Abreu e Lima, Paulista), como também na Vara Regional de Palmares.

Processo seletivo foi estabelecido pelo Edital nº 07/2015, publicado na última sexta-feira (4/9) no Diário de Justiça Eletrônico (DJE).  Para a Vara Regional das cidades da Região Metropolitana, serão aceitas 117 inscrições. Para Palmares, 36. A inscrição deve ser efetivada a partir de 21 de setembro na página de concursos e seleções do site do TJPE, onde o candidato também poderá imprimir seu comprovante de participação.

Para se inscrever, o candidato precisa ser maior de 18 anos e possuir o nível médio completo.  Ao todo são 51 vagas, sendo 12 delas direcionadas a Palmares. O processo de seleção é coordenado pela Secretaria de Gestão de Pessoas, e terá duas fases: aplicação de prova subjetiva e entrevista. O resultado final será publicado no Diário de Justiça Eletrônico de 14 de dezembro deste ano.

A função do agente é assegurar a efetivação dos direitos referentes às crianças e aos adolescentes, executando fiscalizações nos espaços públicos e privados. O horário de atuação será no período matutino, vespertino ou noturno, com carga horária de 20 horas mensais, correspondente a quatro atuações de cinco horas. “O agente tem direito ao certificado a partir da primeira atuação”, explica a chefe da Unidade de Seleção e Acompanhamento do Serviço Voluntário, Renata Albuquerque.

O prazo máximo de atividade como Agente de Proteção é de dois anos, permitida uma recondução por igual período. De acordo com o edital, com base na Resolução 360/2013 do TJPE, a atividade de voluntariado não assegura nenhum direito trabalhista de servidor público ou recebimento de remuneração. Confira a Resolução 362/2014, que instituiu a função pública de Agente de Proteção no âmbito da Justiça Estadual de Pernambuco.

Com informações da assessoria de imprensa do TJPE

Ministério da Justiça promove palestra sobre estrangeiros presos no Brasil

Do Ministério da Justiça

O Ministério da Justiça, por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Secretaria Nacional de Justiça, e o Ministério das Relações Exteriores promoveram nessa sexta-feira (11), no Palácio Itamaraty, palestra sobre a situação de pessoas estrangeiras privadas de liberdade no Brasil. Direcionado a diplomatas e cônsules, o evento teve como objetivo informar as autoridades estrangeiras sobre procedimentos adotados pela Administração Pública na prisão de pessoas estrangeiras.

Os temas abordados foram a estrutura das instituições brasileiras que lidam com a questão do preso estrangeiro, a legislação aplicável a casos concretos e a evolução das políticas públicas sobre a matéria. O encontro também buscou obter informações dos participantes sobre eventuais dificuldades que os agentes consulares têm na prestação de assistência aos presos.

Participaram do encontro o secretário Nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, o diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Renato De Vitto, e o subsecretário das Comunidades Brasileiras no Exterior, Carlos Alberto Simas Magalhães.

Leia mais sobre o assunto em:

Estrangeiros presos em Pernambuco contam suas histórias

Acusado de golpes milionários com falso minério preso em Olinda

Braço de uma organização criminosa que aplicou golpes milionários em empresas multinacionais foi preso em Olinda. Segundo a polícia, Amadeu Delanhy Bertho da Silva, 42 anos, foi detido no último dia 4, quando saía de casa, no Bairro Novo, em Olinda. A prisão foi realizada pelo Departamento de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio (Depatri) e apresentado nesta quinta-feira pelo delegado Mauro Cabral. A polícia estima que os golpes aplicados pelos acusados cheguem ao valor de U$ 10 milhões.

Advogadas das vítimas conversaram com o delegado Mauro Cabral. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Advogadas das vítimas conversaram com o delegado Mauro Cabral. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Amadeu Delanhy estava sendo procurado pela polícia e pela Justiça de Alagoas, após ter sua prisão preventiva decretada. O mandado de prisão foi expedido pela 17º Vara Criminal de Alagoas. Os golpes praticados por Amadeu e demais integrantes do grupo envolviam a venda de minério, sem o respectivo envio para o comprador ou entrega de produto de baixa qualidade. Empresas de outros países foram enganadas. Ainda segundo a polícia, no mês de julho foi preso em Alagoas o homem suspeito de ser um dos líderes da organização criminosa, Álvaro Vieira de Melo Cativo,32 anos.

Acusados estavam enviando aos compradores minério falsificado
Acusados estavam enviando aos compradores minério falsificado

Também de acordo com a polícia, Amadeu se autointitulava ‘O rei do minério’ e aliciava as vítimas oferecendo-lhes uma sociedade para exportação de minério de tantalita, que é usado no mercado de eletrônicos. O mineral tantalita é muito valorizado no mercado, sendo importado por empresas que fabricam eletrônicos, por exemplo. O minério utilizado pelo estelionatário era retirado de uma mina no Rio Grande do Norte.

Amadeu andando de lancha com a estilista italiana que caiu no golpe. Foto: Polícia Civil/Divulgação
Amadeu andando de lancha com a estilista italiana que caiu no golpe. Foto: Polícia Civil/Divulgação

Uma das vítimas do golpe foi uma estilista italiana que queria investir no Brasil. De acordo com a advogada Nandízia Barbosa, sua cliente teve um prejuízo de R$ 400 mil reais. “Por pouco ela não perdeu mais R$ 2 milhões. O acusado Amadeu a convidou para ser sócia numa empresa de mineração e sumiu com o dinheiro dela. Quando reapareceu, propôs um novo negócio e apresentou o Álvaro como a pessoa que poderia ajudar a resolver os problemas, mas o golpe foi descoberto e ele preso”, contou a advogada.

Uma empresa exportadora da Costa Rica também foi vítima do golpe. A empresa fechou negócio na compra de tantalita com os acusados, que fizeram a entrega da remessa de 300 kg para os EUA. Os empresários dicidiram fazer novos pedidos após verificar o grau de pureza do minério enviado. Porém, as remessas seguintes foram de resíduos. De acordo com a advogada Adriana Falavigna, a empresa teve um prejuízo de U$ 2 milhões. Segundo ela, o dinheiro foi enviado para uma conta bancária em Miami, nos Estados Unidos.

Amadeu vai responder pelos crimes de exportação fraudulenta, evasão de divisas e estelionato. Amadeu foi encaminhado ao Centro de Triagem, em Abreu e Lima, mas deve ser recambiado para Alagoas. De acordo com a polícia, outras três pessoas estão foragidas. O processo, que corre em segredo de Justiça, é movido pela Justiça de Alagoas.

Conselheiros tutelares em perigo

Uma criança de 8 anos é abandonada sob um viaduto do Recife como castigo por brigar na escola. Em uma creche municipal do interior, meninos e meninas tomam banho com detergente. Histórias como essas são denunciadas diariamente por conselheiros tutelares. Nos últimos três anos, nove profissionais foram ameaçados por suas atuações, segundo a Associação dos Conselheiros e Ex-conselheiros de Pernambuco.

Foto: Hesiodo Goes/Esp.DP/D.A Press
Marli procurou a polícia e a Justiça. Foto: Hesíodo Goes/Esp.DP/D.A Press

Apesar disso, apenas um deles estaria com escolta policial e outro teria sido removido de cidade. O risco é real. Há sete meses, as ameaças feitas a três conselheiros de Poção, no Agreste, transformaram-se em chacina. Na última terça-feira, o pesadelo voltou a rondar a categoria.

Dois conselheiros de Abreu e Lima foram procurados na sede do conselho por homens armados. As ameaças teriam relação com a exoneração de outros dois conselheiros em 2012. A promotora de Justiça Liliane da Fonte vai requisitar à Secretaria de Defesa Social escolta policial para as vítimas. A PM garantiu estar com reforço na área do conselho. A SDS alega sigilo para não confirmar o número de conselheiros protegidos.

Marli Nascimento, 41 anos, sente até hoje as repercussões de uma ameaça sofrida quando atuou no caso do abandono de uma criança sob um viaduto. “O padrasto do menino foi à minha casa e disse que se eu não colocasse uma pedra no assunto eu iria me arrepender”, lembra. Marli não se calou. Procurou a polícia e a Justiça. Hoje o autor das ameaças está proibido de se aproximar dela ou frequentar os mesmos lugares.
Geraílson Ribeiro, da associação, disse que a categoria propôs ao governo, em fevereiro,que a segurança dos conselhos seja feita por policiais militares da reserva, mas o pedido nunca foi atendido.

Cenas de guerra entre torcidas uniformizadas nos Aflitos

Do Superesportes

Mais uma noite de futebol em Pernambuco terminou manchada pela violência das torcidas organizadas. Poucos minutos após o fim do jogo entre Santa Cruz e Paysandu, vencido pela equipe paraense, facções dos dois clubes e do Náutico se encontraram no bairro dos Aflitos, em frente à sede alvirrubra, e protagonizaram cenas de selvageria que provocaram terror entre moradores da região.

Cenário de guerra aconteceu na sede do Náutico. Fotos: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Confusão aconteceu na sede do Náutico. Fotos: Roberto Ramos/DP/D.A Press

As imagens do conflito rapidamente viralizaram graças às redes sociais, e nelas é possível ver uma grande quantidade de pessoas ligadas à Inferno Coral invadindo a sede do Náutico através do portão da Avenida Rosa e Silva. Tudo começou quando a “Terror Bicolor” deixou o Arruda logo após o Paysandu fazer o segundo gol, que lhe daria a vitória. Diversos membros da Inferno Coral, então, perseguiram a facção paraense até a sede do Timbu, que teria sido ponto de apoio para a torcida organizada do Papão ao longo da tarde anterior à partida.

Comércio nos Aflitos teve a porta de vidro danificada
Comércio nos Aflitos teve a porta de vidro danificada

Segundo fontes que estavam presentes na hora do conflito, a quantidade de membros da Inferno Coral era muito superior à das facções de Náutico e Paysandu juntas – uma impressão que também fica clara nos vídeos. O prédio da sede alvirrubra não sofreu maiores danos, mas pelo menos dois carros estacionados no local foram depredados, bem como uma loja do outro lado da rua – esta, tomada por uma enorme quantidade de pedras. Logo chegaram várias viaturas da Polícia Militar, que dissiparam a multidão em direção à Rua da Angustura e gradualmente acalmaram os ânimos.

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Várias viaturas da PM foram acionadas para a ocorrência

Em conversa com a reportagem do Superesportes, o diretor de patrimônio do Náutico, Roberto Andrade, explicou que não foi possível para o clube impedir que membros da Fanáutico, organizada alvirrubra, entrassem na sede. “Alguns membros são sócios e estavam à paisana, não tinha como proibir”, alegou. Perguntado como a Terror Bicolor, do Paysandu, recebeu abrigo no local, Andrade justificou que os paraenses são “parceiros” da facção timbu. E prometeu que, finalmente, serão tomadas providências para impedir que novos incidentes como esse aconteçam. “A partir de agora, vai se tomar providências, proibir de entrar”, afirmou.

Alguns minutos depois do primeiro contato com a reportagem, Roberto Andrade voltou para contar mais detalhes. Ele fez questão de garantir que não partiu do Náutico o apoio logístico à facção do Paysandu. “Na verdade, a Terror não ficou nos Aflitos, eles foram apenas almoçar, ficaram um pouco e foram cedo para o estádio. Voltaram porque eles disseram para a PM que os Aflitos eram ponto de apoio deles, mas não foi o Náutico que deu guarida”, enfatizou.

Apesar da presença de pelo menos uma centena de torcedores no conflito, apenas três torcedores foram conduzidos pela Gaeco à Central de Flagrantes. Segundo o subcomandante do 23º Batalhão da PM, Major Daniel Dias, “a prioridade foi assegurar a integridade física da torcida do Paysandu, que estava em minoria, sendo atacada pela Inferno Coral”. A Secretaria de Defesa Social (SDS) fará coletiva de imprensa às 16h desta quarta-feira para falar sobre as providências a serem tomadas depois desse episódio de violência.

Anistia Internacional: manual recomenda como limitar uso de armas pela polícia

Da Agência Brasil

A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional lançou nessa segunda-feira, em Londres, sede da ONG, um manual inédito que tem por objetivo mostrar às autoridades de todo o mundo como implementar princípios internacionais do uso da força e das armas de fogo por agentes da segurança pública. O evento marcou os 25 anos de adoção dos Princípios Básicos da Organização das Nações Unidas (ONU). Esses princípios servem como orientação para o uso da força e das armas de fogo pelas polícias.

Apesar de haver essa referência internacional, o assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Alexandre Ciconello, disse à Agência Brasil que nesses 25 anos foram registrados poucos avanços em termos da implementação desses princípios pelos países.

Analisando relações de direitos por parte das polícias em várias nações, a ONG percebeu que era necessário criar um manual ou guia que pudesse detalhar como os governos podem implementar, na prática, esses princípios da ONU “e, realmente, limitar o uso excessivo da força e de armas de fogo pela polícia, indicando em que circunstâncias isso pode ocorrer, quais os mecanismos de prestação de contas”.

Segundo Ciconello, há uma série de protocolos que não está ainda devidamente implementada na legislação dos países. Uma primeira medida sugerida no manual é que essas regras sejam reguladas por lei. Para o assessor, os Princípios da ONU não são um tratado internacional e, por isso, não têm força normativa. Trata-se de uma orientação que deve ser adotada pela legislação dos países.

Ciconello disse que no Brasil não existe uma legislação nacional que adote os princípios internacionais sobre o uso da força dos agentes de segurança. “Isso não existe nem na legislação nacional, nem nas legislações estaduais”. É preciso, de acordo com ele, incorporar na lei esses princípios mundiais. O que há, completou, são manuais internos que, “muitas vezes, não são transparentes. Mas não há uma lei que regule, que seja pública e possa ser discutida com a sociedade”, disse.

O Brasil é considerado um dos países que têm muitos casos em que a polícia usa a força de forma excessiva e desproporcional, ocasionando muitas mortes e abusos. Por isso, a iniciativa da Anistia Internacional é importante, afirmou o assessor de Direitos Humanos da ONG. Ele entende que os gestores brasileiros, a Secretaria de Segurança Pública, o Ministério da Justiça e o Congresso Nacional deveriam deixar mais claro e incorporar na lei e nos regulamentos das polícias as normas da ONU de uso da força.

O relatório de agosto da Anistia Internacional mostra que nos últimos dez anos (de 2005 a 2014), 8.466 pessoas foram vítimas de homicídios cometidos pela polícia no estado do Rio de Janeiro, onde existem dados disponíveis. Em outras unidades da Federação, segundo ele, há dificuldade de se obter informações sobre a letalidade provocada pela polícia. “Uma letalidade alta assim pressupõe que a força está sendo usada de forma desproporcional. Não é comum polícias em outros países terem um índice de letalidade tão alto como acontece no Brasil”.

De acordo com Ciconello, o Brasil precisa melhorar as informações nessa área, ter mais transparência, e isso o manual pode ajudar. “É preciso ter transparência para saber o que está ocorrendo e, depois, se tiver excessos, o próprio gestor e o policial têm de ser responsabilizados. Isso é algo que ainda falta muito no Brasil”. Ele ressaltou que essa deficiência ocorre também em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, por exemplo, em que a maioria dos 50 estados não tem incorporadas, na lei, normas de uso da força pela polícia.

O uso da força, segundo o assessor, é registrado também no policiamento de protestos e está disseminado no mundo.  “Isso é algo que precisa também de uma regulamentação. A polícia tem que ter bem delimitados o seu mandato e sua atuação”. Em vários países, a polícia utiliza gás lacrimogêneo, balas de borracha e outras armas em protestos, causando consequências sérias, que incluem morte e ferimento de pessoas, O importante, acentuou Ciconello, é que há referências, que devem ser aplicadas. “E hoje, elas não são”. A Anistia Internacional considera que na reação a manifestações públicas, a polícia prefere, muitas vezes, usar a força, em vez de buscar uma resolução pacífica para o conflito. Os Princípios Básicos da ONU têm recomendações específicas para esses eventos.

O manual traz dados de 58 países, onde foram coletados exemplos de leis, regulamentos internos e documentos da própria polícia, “para entender quais são as táticas hoje e como se pode avançar nessa área”. O objetivo é que a polícia dê prioridade máxima ao respeito e proteção da vida e da integridade física das pessoas, afirmou Alexandre Ciconello.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou, por meio de sua assessoria de imprensa,  que só irá se manifestar sobre o manual depois que houver a divulgação da publicação com as recomendações sugeridas.

Governo tenta reduzir violência no Agreste de Pernambuco

Do Diario de Pernambuco, por Larissa Rodrigues

O número de homicídios em Caruaru, no Agreste, cresceu 400% em agosto deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Até o último dia 30, foram assassinadas 25 pessoas na cidade, segundo a Secretaria de Defesa Social. No mesmo período de 2014, seis homicídios foram registrados.

Foto: Douglas Fagner/Divulgação
Governador participou de reunião em Caruaru. Foto: Douglas Fagner/Divulgação

O crescimento da violência tem preocupado o estado, que vai enviar 100 novos policiais a Caruaru e inaugurou uma delegacia na cidade ontem. O governador Paulo Câmara (PSB) também realizou a reunião do Pacto pela Vida na cidade de 315 mil habitantes. O encontro acontece toda quinta-feira para avaliar a política de segurança. Por ser uma cidade polo no Agreste, concentrando a maioria dos investimentos e oportunidades da região, e ter demonstrado crescimento expressivo no número de assasinatos, Caruaru foi escolhida. Câmara anunciou, ao todo, a chegada de 260 novos policiais militares ao Agreste. Os PMs devem começar a trabalhar em outubro.

Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Vinte e cinco mortes aconteceram na cidade em agosto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Das 315 pessoas assassinadas em agosto deste ano no estado, 92 foram mortas no Agreste. A maioria das vítimas de homicídio é do sexo masculino, com idades entre 17 e 45 anos. Grande parte das mortes (75) foram por arma de fogo. Depois da reunião, Câmara inaugurou a delegacia do bairro do Salgado, que passou por reforma de R$ 386 mil. A unidade terá condições de dobrar a capacidade de atendimento de 600 pessoas para 1,2 mil por mês.

O governador comentou que o Pacto pela Vida conseguiu ter êxito por sete anos consecutivos, mas em 2014 e 2015 houve aumento da violência em 10%. “O Agreste tem nos preocupado mais porque os números são muito altos, perto de 40%, Caruaru principalmente. Fizemos um planejamento para ajustar uma série de questões. A violência está muito associada ao tráfico”, declarou.

Condenados acusados da morte de torcedor atingindo por vaso sanitário

Da equipe do Superesportes

Ao fim de 13 horas de audiência, o plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Rodolfo Aureliano, foi tomado pelo choro e pela emoção. Se no dia 2 de maio de 2014, quando Paulo Ricardo Gomes da Silva, então com 26 anos, havia saído de casa para assistir a um jogo de futebol e nunca mais voltou, sua família chorou seu assassinato brutal e bárbaro, ontem, as lágrimas foram de redenção.

Foto: Hesiodo Goes/Esp/ D.A Press
Réus estão presos no Cotel, em Abreu e Lima. Foto: Hesiodo Goes/Esp/ D.A Press

Ao ouvir a sentença dos assassinos, as lágrimas foram de alívio pela sensação de justiça. Por outro lado, houve o choro de dor dos familiares dos três condenados ao conhecerem do juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques as sentenças de Everton Filipe, Luiz Cabral e Waldir Firmo Júnior pelo homicídio duplamente qualificado de Paulo Ricardo e, ainda, por três tentativas de homicídio. Juntos, eles terão mais de 78 anos de pena.

Desde cedo, antes mesmo do horário previsto para o início da audiência do Tribunal do Júri – marcado para as 9h -, inúmeros cidadãos e cidadãs se juntavam, à entrada do auditório da 2ª Vara do Júri, aos familiares e amigos da vítima.

O Ministério Público, através do promotor Roberto Brayner e da promotora Dalva Cabral, apresentaram seus argumentos acerca da autoria do delito e da forma covarde e fútil como o crime foi cometido.

Defesa em vão
Enquanto isso, os três advogados de defesa, no papel que lhes cabia, tentavam convencer o Júri que os três acusados haviam cometido sim o crime, mas com “culpa consciente”. Alegavam que – embora Everton Filipe, Luiz Cabral e Waldir Firmo tenham percorrido cerca de 120 metros com dois vasos sanitários nas mãos e atirado os objetos do alto da arquibancada, justamente no local onde passavam torcedores adversários – eles não tinham intenção de matar alguém.

Após as explanações de acusação e defesa, o juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques formulou os quesitos – 72 no total – a serem respondidos pelos jurados. Eles foram encaminhados a uma sala secreta, onde permaneceram cerca de três horas formulando, portanto, o veredicto. No fim, prevaleceu o argumento do Ministério Público, que viu os três acusados serem condenados na forma da denúncia.

No caso de Everton Filipe, cujo defensor alegava que sequer havia cometido homicídio (afirmando que apenas tinha praticado dano, ao arrancar os vasos sanitários), pesou contra ele – que teve a pena mais dura – o fato de não ser réu primário (condenado anteriormente por porte ilegal de armas), além de seu envolvimento anterior em brigas de torcida.

Ciods ganha mais espaço para atender chamados de emergências

Do Diario de Pernambuco

O crescimento da violência na Região Metropolitana do Recife levou a Secretaria de Defesa Social (SDS), a mudar o endereço do Centro Integrado de Defesa Social (Ciods). A unidade funcionava há 13 anos na SDS, na Rua São Geraldo, no bairro de Santo Amaro, em um espaço projetado para demandas daquela época. Ontem a central de despacho de viaturas mudou-se para o bairro de São José. O serviço que conta com 25 atendentes em quatro turnos funcionará no prédio da Agência Estadual de Tecnologia da Informação (ATI).

Foto: SDS/Divulgação
Central agora está funcionando no bairro de São José. Foto: SDS/Divulgação

Inaugurado em 2002, a central do Ciods já ultrapassa 8 mil ligações por dia. Em 2014, foram cerca de 1, 7 milhão de denúncias, enquanto, este ano, de janeiro a julho, as ocorrências já somam mais de 1,4 milhão. “A central de despacho é responsável pelo deslocamento de viaturas na rua, e com uma estrutura melhor aos servidores, o atendimento à população será agilizado”, declarou Alessandro Carvalho, secretário de Defesa Social.

Até o fim do ano, também deve mudar de endereço o call center que funciona com 30 atendentes ainda na rua São Geraldo, na sede da SDS. “Um dos principais objetivos é reduzir o tempo de atendimento ao cidadão. O intervalo de 12 minutos, por exemplo, pode ser reduzido com a nova estrutura. Esse tempo pode ser sempre melhorado, principalmente, se conseguirmos diminuir o número de trotes que acontecem diariamente”, comentou o tenente-coronel Ricardo Fentes, gerente-geral da unidade.

O Ciods faz parte do Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), atuando na execução de grandes eventos, além de ter acesso ao monitoramento das prefeituras com 900 câmeras nos municípios do Recife, Olinda, Caruaru e Petrolina. Já a Central de Viedeomonitoramento dispõe de cerca de mil câmeras espalhadas nos mesmos municípios.

Serviço no Ciods

13
anos de funcionamento

25
atendentes nos
quatro turnos

8 mil
ligações por dia

1,7 milhões
de ligações em 2014

1,4 milhões
de ligações de janeiro a julho de 2015

Central de
monitamento de vídeo:

900
câmeras distribuídas em:
Recife, Olinda, Caruaru e Petrolina