Espinheiro, Zona Norte do Recife, é bairro dos sonhos dos ciclistas

 

Rua do Futuro, no bairro do Espinheiro é rota de fuga dos ciclistas Foto  Paulo Paiva DP/D.A.Press
Rua do Futuro, no bairro do Espinheiro, com estacionamento nos dois lados da via,  é rota de fuga dos ciclistas Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press

O bairro do Espinheiro tem tudo para ser um futuro reduto de ciclistas. O bairro serve de rota de fuga para ciclistas que precisam usar as avenidas Rui Barbosa ou Rosa e Silva. Na queda de braço entre tirar espaço para o carro e abrir caminho para os ciclistas, o mais novo foco dos cicloativistas é a Rua do Futuro, no bairro do Espinheiro, pelo menos para começar.

A proposta é que o município acabe com os estacionamentos em um dos lados da via e crie uma ciclofaixa bidirecional. “Do lado esquerdo, onde há estacionamento noturno para que os moradores dos prédios estacionem seu terceiro ou quarto carro, no lugar de ceder um espaço que é público e será muito mais aproveitado”, defendeu Guilherme Jordão, coordenador da Ameciclo.

Uma pesquisa feita pela Ameciclo revelou que nove em cada 10 pessoas têm vontade de fazer os deslocamentos de bicicleta, mas apenas uma entre dez consegue por em prática. “E a principal razão é a falta de uma estrutura adequada. Mais pessoas poderiam ser encorajadas a deixar o carro em casa, especialmente para pequenos deslocamentos”, comparou Guilherme Jordão.

Conheça a cidade que limitou a presença dos carros nas ruas

A mudança de conceito de cidade uma das maiores metrópoles mundiais não ocorreu por acaso, mas de uma decisão. Nova Iorque fez a opção pelas pesoas. E não faz muito tempo. As cidades brasileiras também podem fazer essa escolha, desde que ofereçam um transporte público de qualidade. Lá eles têm um eficiente sistema de metrô, aqui ainda estamos patinando entre o modelo de VLT e BRT. Acompanhe esse vídeo e assista como é possível transformar uma cidade para as pessoas.

Mudanças não acontecem por acaso e Nova York está aí para provar. No início dos anos 2000, o recém-eleito prefeito Michael Bloomberg e a Secretária de Transportes Janette Sadik-Khan começaram a planejar uma série de alterações no uso das ruas da cidade, tudo para reduzir a circulação de veículos automotores no espaço urbano.

As intervenções começaram timidamente, com a simples pintura de solo, a construção de pequenas praças, a proibição do estacionamento de carros nas ruas e a implantação de faixas exclusivas para ônibus e bicicletas. Os motoristas, é claro, reclamaram. Mas, aos poucos, todos foram entendendo que a mudança estava valorizando a vida na Big Apple. E o que era experimental foi se consolidando. A própria secretária falou sobre esse processo em sua visita a São Paulo, em 2013.

O vídeo “New York Streets Metamorphosis”, produzido pelo Departamento de Transporte de Nova York e editado por Clarence Eckerson Jr., mostra como essas alterações foram sendo realizadas desde 2005, em locais como Times Square, Kent Avenue, Madson Square, Sands Street, Herald Square, Queensboro Bridge, 9th Avenue e Clinton Street, entre outras ruas.

Fonte: Portal Mobilize

Conheça os maiores obstáculos dos ciclistas nas ruas do Recife

Obstáculos que os ciclistas encontram nas ruas do Recife Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Obstáculos que os ciclistas encontram nas ruas do Recife Foto – Bernardo Dantas DP/D.A.Press

Pedalar pela cidade pode ser uma atividade perigosa para os ciclistas, mesmo para os mais experientes. Motoristas de ônibus que não respeitam a distância mínima, buracos e ciclofaixas irregulares são apenas alguns dos obstáculos enfrentados diariamente para quem usa a bicicleta como meio de transporte principal ou como lazer e esporte. Para o organizador do grupo Kansadus Ciclo Aventuras, Amâncio dos Santos, o que mais o preocupa na hora de sair de casa com a bike, além do fluxo de carros nos horários de pico, é a má estrutura.

“Faltam faixas exclusivas para bikes e as estradas, ruas e avenidas são impróprias. Se durante o dia as ciclofaixas mal existem, imagina pedalar à noite, com tantos buracos”, conta Amâncio, que também fala da dificuldade de pedalar em dias de chuva.

“A ciclovia móvel na rua Vinte e Um de Abril, em Afogados, disponível nos domingos, passa do mesmo lado que a faixa de ônibus, o que não deveria ocorrer”, afirma. Segundo ele, os ciclistas que trafegam por lazer pelo local passam por apuros quando os ônibus param nos pontos de passageiros. A área seria, supostamente, um espaço para a ciclofaixa.

Para Roberta Tavares, do grupo Amigos Para Sempre (APS – Ciclismo Cultural), um dos problemas dos ônibus é o vácuo de ar provocado quando o veículo passa em alta velocidade próximo ao ciclista. “Com a rapidez e o tamanho do ônibus, o vento que bate depois pode desestabilizar a bicicleta”, justifica ela, que indica pedalar em locais de pouco movimento e em grupo para quem está começando.

Em seus percursos, acidentes como o de um colega que teve que desviar de um carrinho de som que vinha na contramão são mais difíceis de acontecer, mas causam bastante estrago. Já quedas em ladeiras são mais comuns. “Um parceiro nosso desceu uma ladeira em alta velocidade, passou por um buraco pequeno, mas seguiu o percurso, mesmo tendo perdido um pouco do equilíbrio. O que ele não contava é que vinha uma lombada logo em seguida. A queda foi inevitável”, relata Roberta.

Pedalando há 3 anos, como esporte e lazer, o engenheiro Guilherme Aires conta que, para ele, o principal elemento de proteção é não estar sozinho. “Você se sente mais seguro, dificilmente um carro se aproxima tanto do grupo como quando você pedala só”, diz. Foi quando voltava, sozinho, de uma pedalada com o grupo APS no dia das mães deste ano, que sofreu um acidente com um táxi.

“Ele foi me espremendo em direção à calçada e fui me afastando, mas a lateral do carro bateu no guidão da bike e me desequilibrei. Caí no asfalto, o taxista parou o carro pra ver o que aconteceu, mas não prestou socorro. Levei algumas semanas para me recuperar, usando uma tala no braço”, afirma Guilherme Aires.

Veja os 11 itens mais comuns dos obstáculos no Bike PE

Motoristas de ônibus do Recife vivem dia de ciclistas em treinamento

Motoristas de ônibus tiveram a oportunidade de se colocar no lugar dos ciclistas que enfrentam, diariamente, o trânsito da Região Metropolitana do Recife (RMR). A experiência fez parte do treinamento da empresa de ônibus Itamaracá.

A ação, coordenada pela Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo), simulou situações de risco, entre elas, como quando precisam passar pelos coletivos. O treinamento, planejado pelo setor de desenvolvimento pessoal da empresa, tem o objetivo de sensibilizar a categoria e evitar acidentes com os ciclistas.

Aprenda a andar de bicicleta com segurança pelas cidades

Bicicletas - Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press

Por

Talita Inalba

Alguns acidentes trouxeram à tona uma grande discussão sobre a segurança do uso da bicicleta nas grandes cidades. No interior do país (o que corresponde a 90% dos municípios) a bike é o meio de transporte mais popular. No entanto, nas cidades maiores o papo é diferente. E não é que as pessoas prefiram o carro, não. Tem muita gente super disposta em fugir do trânsito e, de quebra, incluir um exercício na sua rotina. A pergunta que não quer calar é: os centros urbanos estariam preparados para este tipo de transporte?

Uma pesquisa divulgada pelo Clube de Cicloturismo do Brasil revelou que 95% dos ciclistas não estão satisfeitos com a atual infraestrutura cicloviária brasileira. A autora, Andressa Paupitz, apontou a ausência de ciclovias, a alta incidência de roubos, o descaso das autoridades, a falta de sinalização e informação e a dificuldade no transporte e estacionamento de bicicletas como as principais queixas. Mesmo no Rio de Janeiro, a cidade com a maior malha cicloviária do Brasil (344 quilômetros), não há integração entre bairros e o centro através das vias especiais, nem bicicletários apresentáveis.

Outro problema grave é o compartilhamento das vias por motoristas e ciclistas. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) define que em locais que não há ciclovias, ciclofaixas ou acostamento, as bicicletas devem circular no mesmo sentido dos outros veículos e têm preferência sobre os demais meios de transporte. Os ciclistas devem sinalizar, com os braços, sempre qui quiserem atravessar, virar a rua ou mudar de pista. Mas, muitas vezes, não prestam atenção e esquecem desse “pisca-alerta”. Por sua vez, o artigo 201 do mesmo documento, obriga motoristas a guardarem uma distância segura de um metro e meio ao passar ou ultrapassar o ciclista. Será que a maioria respeita esse limite?

O pior é que esse encontro entre motoristas e ciclistas pode ser desastroso. Em São Paulo, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou um crescimento de 6% nas mortes de ciclistas: foram 49 em 2011 e 52 em 2012. O Rio de Janeiro não possui estatísticas e, segundo o Diretor da ONG Transporte Ativo e integrante do Grupo de Trabalho para Ciclovias da prefeitura, Fernando José Lobo, essa carência de dados é um obstáculo importante.

No entanto, Lobo defende a cidade como uma bike friendly (ela está em 12° no ranking das cidades mais amigas dos ciclistas). “O Rio tem condições muito favoráveis ao uso da bicicleta na mobilidade urbana, com uma malha cicloviária que na América Latina fica atrás apenas de Bogotá. Com relação aos acidentes, a bicicleta é o veículo mais seguro. Ciclistas representam 7% dos deslocamentos e 4% dos acidentes. Já os carros são usados em 24% dos deslocamentos e estão envolvidos em 27% dos acidentes”, compara.

Para dar uma freada no número de acidentes, Jilmar Tatto, secretário de transportes de São Paulo, já garantiu a construção de 150 km de ciclovias (com separação física dos automóveis). Outra medida tomada pela prefeitura da capital paulista é diminuir a velocidade dos carros onde não há ciclovia, viabilizando o uso da bicicleta com maior segurança. No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes anunciou recentemente medidas para melhorar a segurança dos ciclistas na cidade: ampliação do horário de preferência dos atletas, controle da infração de motoristas pela Rio Ônibus e um sistema de fiscalização mais sofisticado.

E então: vai pedalar? Anote as dicas de José Eduardo Urso, professor da Body Fit, treinador do ciclista Matheus Guido e presidente da ONG ProjetoPedalar. “Todo ciclista deve sair com no minimo o capacete, óculos com armação em plásticos evitando entrada de qualquer objeto nos olhos, luvas que protegem as mãos e sapatilhas ou tênis para proteger os pés”, ensina. E, para que fique bom para todo mundo – pedestres, motoristas e ciclistas – veja outras dicas de segurança apontadas por Urso e boa pedalada!

– Pedale sempre com muito cuidado e atenção, obedecendo e respeitando as leis de transito e as regras de circulação do ciclista;
– Não circule nas calçadas;
– Respeite o espaço do pedestre;
– Use as ciclovias e onde não existirem, procure caminhos mais seguros, sinalizados e de menor movimentos;
– Nas vias de fluxo rápido e intenso, preste muita atenção às curvas, cruzamentos e pontos de ônibus;
– Cuidado ao passar por carros estacionados: as portas podem se abrir de repente e causar acidentes;
– Fazer malabarismos na via, bem como pedalar segurando o guidão com uma mão e a outra puxando outra bicicleta, é perigoso e pode lhe custar a vida;
– Circule sempre pelo lado direito da via, bem próximo ao meio-fio e no mesmo sentido dos veículos;
– Nunca na contramão de direção, nem na frente de veículos motorizados;
– Não pegue carona na traseira de veículos motorizados;
– Numa freada brusca é impossível evitar um acidente;
– Nunca circule em zigue-zague. Mantenha sempre sua posição a direita da pista;
– Para atravessar a rua, desça da bicicleta e empurre-a ao seu lado, observando todas as regras para pedestres;
– Transportar passageiro, só na garupa e acima de sete anos de idade;
– Dê preferência ao pedestre. Quando este já estiver iniciado a travessia, seja educado com eles;
– Sinalize através de gestos manuais sua intenção antes de executar manobras, visando alertar e prevenir os demais usuários da via (usar gestos manuais quando virar ou parar);
– Respeite a sinalização. Lembre-se que você também faz parte do trânsito;
– A audição é muito importante para o ciclista, portanto, não faça uso de aparelho de som enquanto você pedala;
– Sempre leve documento onde conste nome, endereço, fator RG e tipo sangüíneo;
– Nunca retire a mão do guidom;
– Não conduza animais;
– Circule a uma velocidade segura de forma a não criar perigo para a sua segurança e a dos outros.

Fonte: Portal do Trânsito

Primeiro diagnóstico dos ciclistas recifenses

AMECiclo/divulgação

Por

Laís Araújo

Compensar omissões do poder público é uma característica em comum entre organizações civis que buscam uma melhor convivência nas cidades. Com a intenção de conhecer melhor o ciclista recifense, a Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (AMECiclo), em conjunto com a empresa Valença e Associados, realizou dois estudos que traçaram comportamento de quem pedala em três pontos distintos da cidade. As pesquisas foram apresentadas em evento aberto ao público, que contou ainda com um breve debate, nesta terça-feira (28), em auditório da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Zona Norte da cidade.

Os números encontrados pela pesquisa “Contagem de Ciclistas” desmistificam a ideia errônea de que não há demanda para a expansão do escasso sistema cicloviário do Recife. A pesquisa foi realizada em dois pontos da Zona Norte (cruzamento da Rua Amélia com a Rui Barbosa nas Graças, e na Avenida Beberibe e entre a Av. Professor José dos Anjos, no Arruda) e em um da Zona Oeste (entre a Avenida do Forte e a Rua Dr. Miguel Vieira Ferreira, no Cordeiro). A média mais alta de ciclistas foi encontrada no ponto da Zona Oeste, onde 295,93 passam a cada hora. O número é bastante significativo e, sozinho, é superior a soma das médias de cinco pontos distintos da região central do Rio de Janeiro (266/h), em pesquisa semelhante realizada pela Associação Transporte Ativo em 2012.

Foto - Laís Araujo /Esp/ DP/D.A.Press

Entre os outros resultados encontrados, o de que cerca de 92% dos que pedalam na cidade são homens. “O número de mulheres pedalando é muito baixo em relação ao de homens e eu acredito que isso esteja intimamente ligado à hostilidade do trânsito, acentuada pela falta de estrutura cicloviária”, opina Guilherme Jordão, defensor público federal e diretor-geral da AMECiclo, que apresentou o estudo.

A média mais alta foi encontrada na região da Av. do Forte (12%), único ponto próximo a uma estrutura fixa – a atualmente desgastada Ciclofaixa Tiradentes – enquanto nos outros pontos apenas 5% dos ciclistas são do sexo feminino. Outro tópico abordado pela pesquisa foi a utilização de capacete, acessório de segurança não-obrigatório de acordo com Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A incidência do seu uso foi baixíssima, com pico de uso (9%) no bairro das Graças, predominantemente habitado pela classe média. Nos outros, a média foi de 1%.

A utilização da contramão pelos ciclistas é tópico controverso, que também foi apurado pela pesquisa de contagem. Guilherme Jordão lembra que a escolha pela contramão é feita muitas vezes por conta da falta de uma melhor opção. “Muitos ciclistas optam em pedalar contra o tráfego porque as vias são muito distantes uma das outras. É preciso lembrar que a bicicleta é movida a propulsão humana”. A incidência da contramão foi mais alta nas Graças (25%).

A pesquisa “Mobilidade por Bicicleta no Recife: diagnóstico e ações estratégicas para sua promoção” apresentada por Antônio Valença, que declarou estar contente de associar a Valença e Associados aos estudos de mobilidade urbana, apurou que 90% dos entrevistados que utilizam a bicicleta por lazer não vão ou não iriam ao trabalho de bicicleta.

A falta de estrutura é o que mais afasta o recifense de se deslocar ao trabalho de bicicleta. Além disso, a insegurança, distância entre trajetos, preferência pessoal e condições inóspitas de trânsito são apontados como motivos para não pedalar cotidianamente. Aos que vão ou iriam, a economia de tempo e dinheiro, o aumento de qualidade de vida e a fuga do trânsito são apontados como principais razões. Junto com a pesquisa, foi elaborada uma revista virtual com oito pontos principais, escolhidos após pesquisa e filtragem de importância, para melhorar as condições dos que pedalam na cidade.

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Ser ciclista em São Paulo e não morrer tentando

Bicicletas e carros - Foto - Cecília Sá Pereira DP/D.A.Press

Assim comprovou tragicamente um jovem que ia para o trabalho em sua bicicleta passando pela Avenida Paulista nas primeiras horas de domingo quando foi atingido por um carro. O motorista, um estudante de 22 anos, fugiu do local do acidente levando consigo o braço amputado de David Santos de Souza e jogando depois o membro em um córrego.

Horas depois, o motorista se entregou à polícia.

“Muita gente comentou: ‘O que fazia um homem a essa hora (05h30) de bicicleta na Paulista?’. Ia trabalhar. Por acaso só os bêbados podem passar por lá?”, disse à AFP Willian Cruz, um analista de sistemas de 39 anos que há uma década adotou a bicicleta como meio de transporte.

No entanto, o ciclista, de 21 anos, admitiu que trafegava pela contramão no momento do acidente.

Cruz alimenta o site www.vadebike.org, onde fomenta o uso da bicicleta nesta cidade de 11 milhões de habitantes, com uma frota de 3,8 milhões de veículos motorizados e onde há apenas 60,4 km de ciclovias exclusivas.

Pouco amiga da bicicleta

Milhares de paulistas desafiam o tráfego, as ruas que sobem e descem e as longas distâncias para usar este meio de transporte mais barato, mais rápido e não poluente. Mas são poucos em relação ao exército de carros, motocicletas e ônibus que percorrem as ruas de São Paulo.

“Temos que aprender a conviver com tudo isso. São Paulo não é uma cidade amiga da bicicleta, mas está progredindo. Há cinco anos, quando comecei a pedalar, era muito pior”, comentou à AFP Aline Cavalcante, uma jornalista de 27 anos que junto a um grupo de amigos instalou um café e uma tenda de bicicletas.

No domingo, Aline participou do protesto que bloqueou a Avenida Paulista depois do acidente.

Segundo dados da pesquisa Origem/Destino de 2007, que o Metrô de São Paulo elabora a cada dez anos, em 1997, 0,5% das 31 milhões de viagens diárias na capital e na região metropolitana eram feitas em bicicleta. Esse percentual aumentou para 0,8% em 2007, de um total de 38 milhões de viagens, ou seja cerca de 300.000 viagens.

Mais bicicletas, mais mortes

Mas, apesar de ser mais barato e rápido do que utilizar um carro particular ou transporte público, se locomover de bicicleta é muito perigoso.

“Muitas pessoas veem na bicicleta uma alternativa para seu transporte diário, mas São Paulo não está preparada para receber essa demanda”, comentou à AFP Carlos Henrique Carvalho, pesquisador da área de transporte do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“São Paulo fez investimentos, ampliou um pouco a rede, mas ainda sim é muito pouco em relação ao necessário para essa demanda. O que está acontecendo é que o número de mortes tem aumentado”, alertou.

Segundo dados do Ipea, 12 ciclistas morreram em acidentes de trânsito em 1997 no estado de São Paulo. Em 2010, foram 290, 4% do total de mortes por acidentes terrestres no estado.

Só na cidade de São Paulo, 52 ciclistas morreram em acidentes de trânsito em 2012. Em 2010 foram 49, de acordo com números municipais.

Há um ano, a bióloga Juliana Dias, de 33 anos, morreu atropelada por um ônibus na Avenida Paulista, depois de ter perdido o equilíbrio ao discutir com o motorista de um outro ônibus que fechou a sua passagem. Sua morte provocou indignação.

Grupos que incentivam o uso de bicicletas, como o “Bike Anjo”, onde um ciclista experiente acompanha os novatos em seus primeiros dias; e o ‘BikeSampa’, o sistema de aluguel de bicicletas públicas, são sinais de que este meio de transporte está ganhando espaço nas ruas paulistanas.

Além das ciclovias, separadas dos outros veículos, existem 120 km de ‘ciclofaixas’ que funcionam aos domingos e feriados. Também há 58 km de ‘ciclorrotas’ localizadas geralmente em ruas laterais, sinalizadas com pintura especial e placas.

Em Bogotá, cidade com a maior extensão de ciclovias da América Latina, são 376 km destinados às bicicletas.

Santos de Souza trafegava pela ciclofaixa da Paulista quando foi atingido pelo veículo que amputou seu braço direito.

O atropelamento provocou comoção nas redes sociais. No Facebook foi criada uma página chamada “Um braço mecânico para o ciclista atropelado na Paulista”, enquanto no Twitter multiplicam-se as mensagens pedindo justiça.

Fonte: Portal do Trânsito

Vídeo-depoimento para ciclistas

 

Um concurso de vídeo-depoimento, intitulado “Pedalando Lado a lado” e um Passeio Ciclístico com saída do quartel do Derby, às 7h, no próximo domingo (23) são as novidades da  12º Edição da Feira de Educação de Trânsito – que integra as ações da Semana – e que acontece nesta quinta-feira (20) na Avenida Beira-Mar (próximo ao Hospital da Aeronáutica). Ambas as atividades fazem parte do Programa PEDALA PE, lançado recentemente pelo Governo do Estado com o objetivo de incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte, assim como estimular a integração e o convívio pacífico entre todos os modais de transporte.

Na ocasião, o secretário das Cidades, Danilo Cabral, entregará o troféu “Trânsito é Vida. Condutor Nota 10” a 30 condutores que possuem a Carteira de Habilitação há mais de 43 anos e nunca foram multados e assina um convênio com a Secretaria de Educação para a criação do projeto “Piloto Cidadão” que, através do Instituto Pró-Cidadania (IPC), vai capacitar com aulas de trânsito e cidadania, com foco na prevenção de acidentes de motos, 25 mil alunos da rede estadual de ensino, com idade acima de 16 anos.

Serão 12 meses de aula pela internet oferecidas através de laboratórios móveis que irão circular, durante esse período, por 42 cidades escolhidas por estarem na Região Metropolitana, por apresentarem maior população e maior índice de mortalidade por acidentes de motos. O DETRAN-PE irá investir um montante de R$ 950 mil no projeto Piloto Cidadão.

 

Fonte: Secretaria das Cidaes

30 dias, um binário e muitas dúvidas

Por

Tânia Passos
Trinta dias após a implantação do binário Arraial/Encanamento, na Zona Norte do Recife, os caminhos ainda estão sendo ajustados. Motoristas, pedestres, ciclistas e os próprios agentes de trânsito tentam se adequar às mudanças. Nesta quarta-feira, 29, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) realiza uma audiência pública para ouvir sugestões da comunidade em relação ao binário. A audiência será realizada às 20h no Centro Comunitário Salesiano, na Estrada do Encanamento, ao lado da Igreja da Harmonia. A ideia é incorporar as sugestões que forem tecnicamente viáveis e tentar por fim às críticas da população desde que o binário foi implantado.

No próximo sábado, entrará em vigor a readequação da Rua Virgínia Loreto, que passará a ser mão única no sentido da Rua João Tude de Melo. Outra decisão é manter de forma permanente dois agentes de trânsito no entorno da Praça do Parnamirim. O papel dos agentes vai além dos tempos dos semáforos. Os agentes tentam reduzir os congestionamentos liberando ou fechando a passagem dos carros, independente do sinal está verde ou vermelho.

Também são os agentes que estão improvisando um ponto de passagem para os pedestres. A faixa de pedestre que existe nas imediações da praça no sentido de quem vem da Rua Padre Roma perdeu a função desde a remoção do semáforo. “Ninguém espera o pedestre passar. Os carros ficam em cima da faixa”, criticou a dona de casa Maria Estelita de Jesus, 54 anos.

Se para o pedestre o trânsito ainda está confuso, para os ciclistas a definição de uma ciclofaixa trouxe mais segurança, mesmo quando eles usam o contrafluxo. “Se eu não fizer o caminho de volta pela ciclofaixa, mesmo na contramão, terei que ir pela Avenida 17 de agosto, que não tem ciclovia. Acho melhor por aqui”, revelou o estudante Lucas Matos, 17 anos. Segundo ele, os carros estão respeitando o espaço da ciclofaixa e os ciclistas conseguem se entender. “A gente espera o outro passar se for preciso. Aqui na faixa a gente se entende”, afirmou o estudante.

Ainda totalmente insatisfeitos estão os motoristas, que não sentiram melhora no tráfego até agora. “Não melhorou nada. Entrei nessa rua porque esqueci que estava assim e já me arrependi”, disse o taxista André de Castro, 37 anos. Apesar de já admitir a necessidade de mudanças, a presidente da CTTU, Maria de Pompéia, faz um balanço positivo dos 30 dias da implantação do binário. “A introdução de um binário é sempre positiva porque permite mais segurança. Com a mão única se reduz o atrito lateral e permite mais fluidez”, revelou Pompéia. Em relação às críticas do binário, ela se defende. “É um ponto que já tinha problema e pode ter se acentuado depois do binário. Por isso é importante essa a audiência pública para que as pessoas possam trazer sugestões e contribuir para melhoria do tráfego. Estamos abertos a isso”, ressaltou.

Ciclistas não usam equipamentos de segurança

 

Embora seja lei o uso de espelho retrovisor, campainha e sinalização noturna nas bicicletas que circulam pelo país, em Sorocaba, muitos ciclistas pedalam pelas vias da cidade sem esses equipamentos obrigatórios, uma vez que não há fiscalização. Nem os amarelinhos da Urbes – Trânsito e Transportes nem os policiais militares e guardas civis municipais do trânsito abordam os ciclistas infratores para aplicar-lhes multa e reter a bicicleta até que a situação seja regularizada. De acordo com a Urbes, faltam medidas e mecanismos necessários para que a fiscalização possa ter efeito, como o emplacamento de bicicletas. Pela letra da lei, o ciclista que circula sem aqueles equipamentos obrigatórios comete infração considerada grave, estando sujeito à multa de 120 Ufirs (equivalente a R$ 127,69) e, também, à retenção do veículo para a regularização. Um projeto de lei que tramita pelo Senado, e que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, pretende desobrigar o uso de espelho retrovisor e campainha.

Conforme especifica o artigo 105 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) no inciso VI, são equipamentos obrigatórios para as bicicletas, entre outros a serem estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo. Em 21 de maio de 1998, o Contran estabeleceu pela Resolução 46 que esses equipamentos são obrigatórios para bicicletas com aro superior a vinte polegadas. O espelho retrovisor tem de ficar do lado esquerdo, acoplado ao guidão e sem haste de sustentação. A campainha, independente de ser com dispositivo sonoro mecânico, eletromecânico, elétrico ou pneumático, deve permitir que outras pessoas identifiquem a aproximação de uma bicicleta. A sinalização noturna é a mais rigorosa: deve ser composta de retrorrefletores, com alcance mínimo de visibilidade de trinta metros, com a parte prismática protegida contra a ação das intempéries, e deve ser instalada na dianteira, nas cores branca ou amarela; na traseira, na cor vermelha; enquanto nos pedais e nas laterais pode ser de qualquer cor. Pela Resolução, esses equipamentos deveriam ser instalados obrigatoriamente a partir de 1º de janeiro de 2000.

No entanto, não há fiscalização para que a Resolução 46 e o artigo 105 do CTB sejam cumpridos. Diante da falta de medidas e mecanismos para fiscalizar, segundo informou a Urbes, o artigo 230 da mesma legislação deixa de ser cumprido em seu inciso IX, no qual é especificado que conduzir o veículo sem equipamento obrigatório ou ineficiente e inoperante é infração, tornando a pessoa passível à multa e à retenção da bicicleta. Devido a essa dificuldade apresentada pela empresa pública, não há nenhum registro de multa para ciclistas na cidade. Contudo, a Urbes faz uma ressalva, informando que para os veículos automotores há alguns enquadramentos que podem ser usados, como, por exemplo, o condutor deixar de guardar distância lateral de 1,5 metro ao ultrapassar um ciclista (art. 201 do CTB); ou ameaçar o ciclista (art. 170 do CTB).

Outra infração
Outra infração praticada comumente nas cidades, inclusive em Sorocaba, e que também não há fiscalização, é a de ciclistas utilizarem as calçadas, ou passeios, para locomoverem-se. De acordo com o artigo 255 do CTB, conduzir bicicleta em passeios onde não seja permitida a sua circulação, ou de forma agressiva, em desacordo com o disposto no parágrafo único do artigo 59 (desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios), o ciclista comete infração média e está, então, passível à multa de R$ 85,13 e à remoção da bicicleta, mediante recibo para o pagamento da multa.

Nesse ponto, a Urbes responde que a bicicleta é um veículo e, portanto, deve utilizar as faixas de rolamento, sendo proibida sua circulação nas calçadas (exceção somente quando autorizado pelo órgão competente e devidamente sinalizado). Mas também não há registro de multas a ciclistas nessa condição. Na nota enviada pela assessoria de comunicação, a empresa lembra que Sorocaba dispõe de um sistema cicloviário que, atualmente, está com quase 100 km de vias para bicicletas e que os ciclistas, para a própria proteção, devem optar por esse circuito de deslocamento pela cidade. Em locais em que não houver ciclovia ou ciclofaixa, o ciclista deve circular pela rua, ao lado dos veículos automotores, sempre mantendo o bordo da faixa da direita e no sentido do fluxo. Como orientação de segurança, a Urbes aconselha o ciclista a escolher vias em que o fluxo veicular seja menor e de velocidade mais baixa.

Fonte: Cruzeiro do Sul