O que falta na nossa engenharia de tráfego?

Coluna Mobilidade Urbana – publicada no Diario de Pernambuco no dia 21.05.12

Por Tânia Passos

A operacionalização do trânsito do Recife não é e nunca será uma tarefa fácil. Exige complexidade não apenas na estrutura humana, mas também em relação a tecnologia disponível. Muito se diz sobre a ausência de agentes de trânsito, mas temos hoje um efetivo de 600 agentes, muito acima de muitas capitais do Nordeste e, proporcionalmente, somos superior ao efetivo da maior metrópole do país. O que nos falta então?

Um dos maiores desafios da engenharia de tráfego do Recife é conseguir se antecipar aos acontecimentos e tentar minimizar os efeitos de uma situação já estabelecida. Para isso é preciso perceber, rapidamente, o que se passa, onde e porque. São informações importantes para que as providências sejam tomadas. Em muitas situações essa percepção não acontece. Ou ocorre tardiamente.

Vamos relembrar aqui alguns incidentes: um semáforo travado no vermelho na Avenida Boa Viagem, entre às 6h e 8h, provocou um engarrafamento gigantesco. O primeiro agente de trânsito só chegou ao local duas horas após o incidente. Apesar da avenida dispor de câmeras de monitoramento. E mais recentemente, uma das faixas do Viaduto Capitão Temudo amanheceu fechada. A construtora “esqueceu” de reabrí-la para o tráfego. O trânsito na Zona Sul travou em todas as vias. O problema só foi resolvido quatro horas depois.

São situações evitáveis ou que poderiam ser minimizadas com maior rapidez, desde que fossem percebidas pela nossa engenharia de tráfego. O olhar para o trânsito é tão levado a sério em São Paulo, que há agentes de trânsito em cima dos prédios olhando com binóculos se algum motorista está fazendo alguma bobagem que atrapalhe o trânsito. Fico imaginando que falta faz o olhar de um agente ou das próprias câmeras para avisar os pontos de conflito e agilizar as soluções. Olhar para o trânsito na sua totalidade, talvez seja isso que falte à nossa engenharia. E de preferência logo cedo. A experiência tem mostrado que no amanhecer a engenharia ainda está de olhos bem fechados.

Carro abandonado

 
A internauta Vanessa Ramos nos enviou a foto de um carro abandonado na Rua Gervásio Fiorante, nas Graças. Segundo ela,o carro foi deixando no local há meses.

De acordo com Vanessa, o local tem deficiência de vagas devido a ocupação dos espaços por clientes de um centro comercial sediado na via e dos pais de alunos do Colégio Encontro, que se sentem à vontade de fazer fila dupla, bloqueando o tráfego local. A quem devemos apelar: CTTU, DETRAN, APEVISA?

Na verdade Vanessa, como se trata de uma via pública, a responsabilidade é da CTTU.E nós esperamos que os agentes de trânsito tomem alguma medida.

Foto e informação enviados por Vanessa Ramos.

 

Por que faltam táxis no Recife?

Diario de Pernambuco
Por Tânia Passos

Trânsito demais ou carga horária de menos? Qual é a razão de faltarem táxis no Recife em determinados horários e eventos? Com uma frota de 6.125 veículos a serviço e uma proporção de uma unidade para cada 251 moradores, a capital pernambucana tem a melhor média de táxis por habitante no Nordeste, mas está longe de servir de exemplo. O serviço costuma falhar quando mais se precisa dele. Os taxistas põem a culpa no trânsito, mas muitos admitem que fazem o horário que lhes é conveniente, justamente para fugir do trânsito. Pela legislação do município, os táxis deverão estar sempre à disposição do usuário, mas a lei não estabelece uma jornada fixa. A CTTU pretende implantar taxímetros biométricos para controlar as horas trabalhadas e adequar mudanças no serviço se houver necessidade.

De acordo com a presidente da CTTU, Maria de Pompéia, o controle da jornada é importante para medir a oferta de táxis na cidade, de dia e à noite. “Cada taxista tem direito a dois motoristas auxiliares e se cada um cumprir uma carga horária de oito horas, o dia fica coberto”, explicou Maria de Pompéia. Segundo ela, o taxista não pode fazer a carga horária que quiser, sem levar em conta a demanda. “Embora o motorista seja autônomo, o serviço é licenciado e tem que haver táxi à disposição da população a qualquer hora do dia”, afirmou.

Na prática, não é bem assim que acontece e o próprio presidente do Sindicato dos Taxistas de Pernambuco, Everaldo Menezes, admite que o taxista tem liberdade para fazer a sua carga horária. “Ele é livre para fazer o horário que quiser. Tem gente que trabalha durante o dia e outros à tarde”, afirmou. Sobre o taxímetro biométrico, Everaldo Menezes disse que não conhecia o sistema. “Não sei como funciona, mas somos parceiros da CTTU e, se houver necessidade de melhorar o serviço, nós podemos colaborar”, declarou.

Mais da metade da frota de táxis do Recife está ligada às empresas que exploram o serviço por telefone. Também nesses casos, o taxista chega e sai na hora que quer. “Quem faz o meu horário sou eu. Prefiro pegar cedo e largar cedo”, afirmou José Barbosa de Andrade, 56 anos. Valdemir Lúcio diz que nos horários de pico não compensa ir para a rua. “Com o trânsito travado, a gente só sai se já tiver cliente certo”.

Mesmo com as limitações de horário, sempre é possível ver táxis circulando na cidade, mas a maioria está ocupada com passageiros. “No horário de almoço é muito difícil encontrar táxi livre na rua”, constata a contadora Vera Lúcia, 56 anos. A freira Juraci Nunes, 57, também se queixa: “Algumas vezes é difícil encontrar táxi até mesmo por telefone”.

Taxista há mais de 40 anos e prestes a se aposentar, Arlindo da Silva, 83, admite que o serviço é insuficiente em determinadas situações. “Há momento em que não há táxis para todos, mas isso acontece principalmente nos grandes eventos”, raciocina. Já o taxista Alexandre da Silva acredita que a frota existente é bastante para atender a cidade. Para ele, o motivo da dificuldade é o trânsito. “A gente sai para fazer uma viagem e gasta mais de uma hora para retornar à praça”, declarou.

As estações do projeto de navegabilidade do Recife

O vídeo mostra como será o projeto de navegabilidade do Recife e a integração dos barcos com o metrô e os ônibus com uma única passagem. Dos três corredores previstos e que são mostrados no vídeo, apenas dois foram contemplados: Oeste e Norte. O corredor Sul, que tem um apelo principalmente turístico ficou de fora do Pac Mobilidade. Mesmo assim, o projeto irá trazer um novo panorama na concepção do transporte público no Recife.

Semáforos inteligentes no Recife

Diario de Pernambuco
Por Tânia Passos

Um semáforo com 100% de autonomia de energia, que seja também capaz de mudar a programação semafórica de acordo com a demanda de fluxo e que consiga interagir com os corredores de ônibus e os veículos de emergência. O semáforo “verde”, como está sendo chamado, começou a ser desenvolvido há quatro meses pela empresa pernambucana Serttel, que presta serviço à CTTU e à Companhia de Engenharia de Trágefo (CET) de São Paulo.

O desenvolvimento do software está sendo feito em parceria com o Centro de Tecnologia do Nordeste (Cetene), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A previsão é que o software fique pronto até o fim do ano. A otimização do tempo dos semáforos ajudará na melhoria do fluxo, mas atuará também na segurança. O equipamento tem condições de captar a presença do pedestre e o sinal do pedestre pode permanecer vermelho, caso a câmera enxergue um carro em alta velocidade, por exemplo.

A inteligência do semáforo será sem dúvida um ganho na engenharia do tráfego do município, mas há ainda fatores externos que causam danos aos equipamentos. Um semáforo quebrado causa transtorno no trânsito. Imagine quando há várias ocorrências ao mesmo tempo. O Recife dispõe de 643 semáforos. A CTTU registra uma média de 20 ocorrências por dia e nos dias de chuva esse número triplica.

Um painel eletrônico na central de monitoramento da CTTU avisa quando e onde há semáforos com problema. “Antes das baterias, o número de ocorrências no período de chuva era maior”, revelou Nelson Nogueira, gerente de sinalização semafórica da CTTU. Um total de 210 semáforos do Recife recebeu baterias para compensar a falta de energia. Em seis meses elas foram acionadas por 700 horas. As baterias desenvolvidas pela Serttel, a pedido da presidente da CTTU, Maria de Pompéia, têm autonomia de quatro horas. Além do Recife, o equipamento começou a ser usado em São Paulo.

A meta, no entanto, é conseguir 100% de autonomia de energia. “Hoje conseguimos armazenar quatro horas com fornecimento de energia da prestadora de serviço. Nós queremos fazer isso com a energia solar”, afirmou o presidente da Serttel, Angelo Leite. Ele reconhece que os fatores externos prejudicam o desempenho do equipamento. Há duas questões que são recorrentes: problemas no fornecimento de energia e entrada de água. No primeiro a autonomia de energia solar resolverá. No caso da água, a manutenção tem que ser constante”, reconheceu Angelo Leite.

Encontrar o sinal verde e o trânsito fluindo é a alegria de qualquer motorista, mas o software que está em desenvolvimento quer priorizar os corredores de ônibus e os veículos de emergência. “Iremos instalar sensores em ambulâncias do Samu para quando ele se aproximar de um semáforo, o equipamento acelerar ou retardar a programação do tempo para facilitar a passagem do veículo de emergência”, explicou. Segundo ele, a mesma lógica será feita para os corredores de ônibus.

“Se houver muitos ônibus no corredor, o semáforo privilegiará o transporte público”. Matemático e programador dos tempos dos semáforos do Recife, o gerente de sinalização semafórica da CTTU, Nelson Menezes, 56 anos, ainda olha com desconfiança para os computadores “pensantes”. “Já houve uma experiência na Herculano Bandeira e Antônio de Góes do semáforo inteligente e não deu certo. O computador é burro. Conserta uma rua e atrapalha outra. Ele não atua em rede”.

Segundo Antônio Leite, o software em desenvolvimento trabalhará em rede. “Ele terá que fazer a leitura em rede. Não adiantaria nada resolver o problema de uma via e prejudicar todas as outras”. Para o especialista em mobilidade urbana e dirigente da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), César Barros, a melhora dos semáforos ajudará nos fluxos, mas não resolverá os congestionamentos. “É uma briga por segundos. O fluxo aumenta, mas o problema é que há carro demais. Outras frentes precisam atuar para restringir os veículos nas ruas”.

Casa Amarela debaterá implantação das ciclofrescas

 

A Pastoral da Saúde e o Escritório César Barros Arquitetura promovem, nesta quinta-feira (10), um debate com moradores do bairro de Casa Amarela sobre a implantação de ciclovias no local. O debate tem a finalidade de discutir o plano cicloviário do Projeto Comunidade Saudável e Sustentável, da Pastoral da Saúde, e a proposta das Ciclofrescas, do Escritório César Barros Arquitetura. As ciclofrescas são ciclovias arborizadas que unem natureza, saúde e baixo custo na sua execução, proporcionando uma relação mais harmoniosa no trânsito do Recife.

A parceria entre a Pastoral da Saúde e o escritório do arquiteto César Barros foi firmada no último dia 3, em reunião no salão paroquial do bairro de Casa Amarela, e tem o objetivo de realizar ações que viabilizem o ordenamento do trânsito da cidade do Recife, estimular e criar a cultura do uso das ciclovias como prática saudável e sustentável, promovendo o melhoramento a qualidade de vida e a preservação do meio ambiente.

O debate sobre as ciclovias em Casa Amarela será às 19h, no Centro Comunitário Salesiano, Estrada do Arraial, ao lado da Igreja Matriz de Casa Amarela, mas você já pode deixar sua opinião.

Acesse o link e comente.

 

 

 

Recife: mais de um milhão de carros até 2020


Diario de Pernambuco
Por Tânia Passos

Uma cidade com mais de meio de milhão de veículos e engarrafamentos a qualquer hora do dia. Agora imagine essa mesma cidade com o dobro de veículos daqui a apenas oito anos. Essa é a projeção que os especialistas já estão desenhando para o Recife até 2020.

O aumento da frota, dentro desta perspectiva, se dá em razão dos números atuais. De 2011 para 2012, o crescimento da frota do Recife foi de 8,2%. Isso significa que a cidade recebe uma média de 174 novos carros por dia útil, o que dá uma média de 3,8 mil carros a mais por mês. Se continuarmos neste ritmo vamos passar de uma frota de 580 mil veículos para 1.090 milhão no ano de 2020. Onde vamos parar?

A questão foi levantada ontem na última edição do Fórum de Mobilidade Urbana da Assembleia Legislativa. No encontro, a receita apontada pelos especialistas para a cidade não parar de vez é a melhoria do transporte público e a restrição ao uso do automóvel.

“Numa cidade onde serão abertas 10 mil vagas de estacionamento no Centro com os edifícios-garagem não está se restringindo o uso do automóvel. Pelo contrário, isso é um estímulo”, declarou o professor e engenheiro Maurício Pina, também crítico da construção dos viadutos na Avenida Agamenon. “Se hoje está ruim, ficará muito pior”, apontou Pina.

O vigilante Daniel Francisco, 48 anos, comemorou ontem a compra do seu segundo carro zero. Há cinco anos, ele trocou o transporte público pelo individual e acredita que ter carro hoje é uma necessidade. “Eu preciso do carro para agilizar os deslocamentos. Não tem como depender do transporte público”, relatou. O problema é quandos os carros não conseguirem mais trafegar na cidade.

Para o engenheiro e consultor em mobilidade urbana Germano Travassos, a aposta no transporte público tem que se refletir nos investimentos. “Acredito que nunca houve tanto investimento na mobilidade, em tão pouco tempo, como está sendo feito agora, mas é preciso observar que o transporte individual vem recebendo, proporcionalmente, mais recursos do que o transporte público”, apontou Travassos. Numa ordem de grandeza, o engenheiro destaca algumas obras.

“Se a gente comparar, por exemplo, o que será gasto nos corredores Norte/Sul e Leste/Oeste, que juntos somam cerca de 45km, com a obra da Via Mangue, que terá 4,3 km, proporcionalmente os recursos para o transporte individual são maiores”. Outra questão levantada no fórum pelo engenheiro e doutor em mobilidade urbana, Oswaldo Lima Neto, foi em relação ao planejamento das cidades.

“Há um Plano Diretor de Transporte Urbano, engavetado desde 2007, onde há projeções que precisam ser analisadas e atualizadas para o direcionamento do crescimento das cidades”, revelou. Durante seis meses, a Comissão de Mobilidade da Assembleia, fez audiências públicas com temas relativos à mobilidade. “Vamos reunir o material levantado nas audiências e apresentar propostas às autoridades”, disse o deputado Sílvio Costa Filho (PTB), que presidiu a comissão.

Saiba Mais

Projeção do crescimento da frota do Recife em 8 anos

2012 – 580 mil veículos
2013- 627 mil veículos
2014 – 679 mil veículos
2015 – 735 mil veículos
2016 – 795 mil veículos
2017 – 860 mil veículos
2018 – 931 mil veículos
2019 – 1007 mil veículos
2010 – 1090 mil veículos

**Projeção estimada para um crescimento de 8,2% ao ano, segundo percentual registrado de 2011 a 2012 com cálculos do engenheiro Maurício Pina.

Comparação de investimentos viários até 2014

Transporte Público                Transporte individual

13 novos terminais de integração        Alargamento do viaduto Capitão Temudo
R$ 80 milhões                                               R$ 50 milhões

Corredores Norte/Sul e Leste/Oeste        Via Mangue
33,2 kms + 12,5 kms                                         4,3 kms
R$ 598 milhões                                                 R$ 433 milhões

Corredor da Conde da Boa Vista        Túnel da Herculano Bandeira
R$ 14 milhões                                             R$ 28 milhões

Fonte: Secretaria das Cidades e Prefeitura do Recife

 

Rotina de acidentes nos ônibus da RMR

 

 

Além da lotação e do medo de assaltos, os passageiros que andam de ônibus pelo bairro de São José agora têm que se preocupar com mais um problema: os frequentes acidentes entre coletivos.

Um mês após dois ônibus se chocarem no cruzamento da Avenida Dantas Barreto com a Rua Imperial, em uma colisão que feriu sete pessoas, uma nova batida terminou com oito feridos na Avenida Sul. Por volta das 8h45 de ontem, um veículo da empresa Vera Cruz se chocou na traseira de um coletivo da Metropolitana que estava parado em um ponto de ônibus na pista exclusiva.

O Grande Recife Consórcio informou que só se pronunciará sobre os acidentes e possíveis providências após receber os laudos da CTTU e do IC sobre a última ocorrência, que também será investigada pela Delegacia da Boa Vista.

O ônibus da Metropolitana, da linha Vila Tamandaré, aguardava o desembarque de passageiros quando foi atingido por um veículo da linha UR-3 – Pantanal, da Vera Cruz, que estava a 50km/h no momento da colisão, segundo o IC.

“Ele (o motorista da Vera Cruz) disse que o Sol atrapalhou sua visão e ele não conseguiu calcular a distância”, informou o condutor Gilbério Lins de Aragão, que dirigia o outro coletivo. Gilbério. José Patrício Gomes, 51 anos, foi retirado das ferragens pelo Corpo de Bombeiros e levado pelo Samu ao Hospital da Restauração. Ele passa bem.

A cobradora do ônibus da Metropolitana, Maria do Carmo Paulino, 50, também foi encaminhada ao HR. Seis passageiros foram levados a UPAs com ferimentos leves.

Agreste

Dezesseis estudantes se feriram em um acidente com um ônibus escolar em Belo Jardim, ontem à tarde. Segundo testemunhas, o freio do ônibus falhou e o veículo capotou pelo menos três vezes. Os estudantes e o motorista foram encaminhados ao Hospital Júlio Alves de Lira e não correm risco de morte.