Os custos dos congestionamentos

 

Faixa da Avenida Herculano Bandeira tinha faixa exclusiva até 2002
Faixa da Avenida Herculano Bandeira tinha faixa exclusiva até 2002

O impacto mais sensível dos congestionamentos, sem dúvida, está no tempo de percurso que se perde nos deslocamentos. E os que mais se prejudicam são os usuários do transporte público e os pedestres. Na prática, eles representam a parcela mais sensível na mobilidade urbana.

Para os usuários do transporte público, os engarrafamentos provocados pelo excesso de veículos nas vias reduz a velocidade dos ônibus. No Recife, apenas 67% das viagens programadas para os ônibus são executadas por dia. Com o trânsito parado, é preciso aumentar a frota de coletivos, o que acaba onerando o valor da tarifa.

Pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) e pela Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), entre 1997 e 1998, mostrou que os congestionamentos tinham um impacto de 15,8% nos custos de operação dos ônibus na cidade de São Paulo. Hoje, chega a 25%. Em Pernambuco, em 2009 a ANTP identificou um aumento de 10% nos custos operacionais do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife, provocado pelos engarrafamentos.

“Com uma faixa livre para o ônibus, a gente conseguiria reduzir a frota em torno de 20%, o que impactaria em uma tarifa menor”, afirmou o presidente do Grande Recife Consórcio de Transportes, Nélson Menezes. O diretor do Instituto Movimento de São Paulo, Eduardo Vasconcelos, estimou em R$ 10 bilhões o custo anual do congestionamento nas aglomerações urbanas do país. O cálculo teve como base o ano  2012.

Na Região Metropolitana do Recife, levantamento feito pelo Sindicado das Empresas do Transporte de Passageiros (Urbana-PE) constatou que, no período entre janeiro e julho deste ano, pelo menos 135 mil viagens deixaram de ser realizadas. Na prática, se o trânsito fluísse bem, os ônibus que circulam hoje na RMR poderiam fazer 22,5 mil viagens a mais por mês.

É como se a cada 30 dias, houvesse um dia sem ônibus. “Cerca de 86% de todas as viagens urbanas de transporte coletivo são feitas por ônibus. Ele é o modelo mais hegemônico e foi o mais prejudicado com o aumento da frota”, ressaltou Marcos Picalli, da Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU).

A velocidade média dos coletivos na RMR é de 16 km/h, um pouco acima da medida em São Paulo, que é de 14 km/h. Dependendo do horário e do trecho percorrido, a situação dos coletivos no Grande Recife é mais caótica.Na Avenida Agamenon Magalhães, sentido Olinda, entre o Hospital Português e o Parque Amorim, o ônibus trafega a uma velocidade de 3,5 km/h.

Na Avenida Rui Barbosa, no horário de pico da manhã, a velocidade é de 4,5 km/h. “Os ônibus ficam parados e aumentar a frota não é a alternativa. A gente precisa dar espaço para o ônibus passar. Isso já está sendo feito em outros lugares. Não sei porque é tão difícil fazer o mesmo aqui?”, disse o presidente do Urbana-PE, Fernando Bandeira.
A mobilidade foi um dos itens analisados pelo Observatório das Metrópoles, que lançou um índice de bem-estar urbano. Em uma escala de 0 a 1, a média nacional foi de 0,383, considerada ruim a péssima. O Recife ficou no patamar intermediário com 0,511 pontos. São Paulo teve apenas 0,032 pontos, mas ainda foi melhor que o Rio de Janeiro, que ficou com a pior pontuação: 0,015.

Os números só confirmam a opção que foi feita para o transporte individual. Na década de 1970, a distribuição dos modais se dava da seguinte forma: cerca de 30% dos deslocamentos eram feitos pelo transporte individual e 70% pelo transporte coletivo.

Na medida em que o transporte público era degradado, as pessoas migravam para o individual. Na última pesquisa de origem-destino de 2007, os deslocamentos feitos na RMR eram, 40,85 % por carro e 41,27% pelo ônibus. O restante ficou distribuído entre metrô, trem, táxi, moto e os não motorizados.

Acompanhe aqui o 2º vídeo da série Livre Acesso

8 Replies to “Os custos dos congestionamentos”

  1. “Os ônibus ficam parados e aumentar a frota não é a alternativa. A gente precisa dar espaço para o ônibus passar. Isso já está sendo feito em outros lugares. Não sei porque é tão difícil fazer o mesmo aqui?”, disse o presidente do Urbana-PE, Fernando Bandeira. Isso é uma pergunta que me faço até hoje!!! Saí Prefeito,entra Prefeito,saí Governador,entra Governador,e tudo continua a mesma coisa??? Só estão fazendo esses tais “corredores de ônibus” que só vai sair em um passo de magica,por causa da copa e mais nada!!! E ainda tenho minhas duvidas se essas obras de mobilidade realmente vão ficar pronta até antes da copa viu!!!

  2. A verdadeira solução para a mobilidade urbana do Recife é o Metrô. É preciso investir maciçamente neste tipo de transporte, pois ele não impacta no trânsito e nem é impactado por ele. Se tecnicamente não for possível construir um Metrô subterrâneo em Recife, que se construam elevados de estrutura metálica. Uma cidade do porte de Recife não pode ser refém do lobby das empresas de ônibus!

  3. O maior problema é a ausência de guardas de transito (federal, municipal, estadual) para ORIENTAR O TRANSITO nos horários críticos nos principais corredores. Pra se ter uma ideia quinta-feira à tarde quebrou um caminhão na BR 101 NORTE antes do Bariloche…na sexta feira o caminhão ainda estava no mesmo local.no mesmo horario..CADÊ A POLICIA RODOVIARIA FEDERAL para resolver o PROBLEMA…não age..
    Não EXISTE POLICIAMENTO PARA TENTAR DAR MOBILIDADE AO TRANSITO…

  4. ASOLUÇAO SERIA CRIAR PLATAFORMA SUSPENSA DE METORQUEFOSSEDOFINALDA DANTAS BARRETO AO FINAL DA CAXANGA OUTRA DA ABDIAS ATE CURADO

  5. Alexandre falou tudo. A solução é o metrô!! Quando é que a mídia vai colocar esse modal na mesa de debate?? Um dos grandes culpados neste quesito é a mídia que tem bastante poder mas em pernambuco parace que não fazer as perguntas certas e tem medo te colocar o “dedo na ferida” até vocês estão favorecendo o lobby dos donos de empresas de ônibus. O transporte público baseado no ônibus sempre será caro. É necessário pensar em longo prazo e ter o metrô como o grande modal. Porque vcs não fazem uma reportagem mostrando as grande cidades do mundo. Paris, New York, Tokio, Barcelona, Hong Kong, Amsterdã (que está a baixo do nível do mar) tem metrô.

  6. A realidade é que o poder público não tem interesse nenhum em resolver o problema, existe com certeza outros interesses, e termina o povão pagando o preço. Na realidade todo povo tem o governo que merece, a falta de respeito é muito grande, muito falatório e poucas ações, e tem mais, se não fosse os jornais e outros meios de informações, a situação estaria bem pior.

  7. Será que se usassem a pista esquerda da Av. Domingos Ferreira no sentido ida/volta exclusivamente para os ônibus daria certo? Sou rodoviário (despachante) e sinto na pele o que são esses congestionamentos.

  8. não endeuse os jornais Marconi Simões. eles tambem tem muita culpa por isso. por tratar quem usa ônibus como ralé. sempre endeusaram quem tem carro. nossa imprensa está comprometida com a campanha de”Dudu”a presidencia!