A carga horária e a mobilidade

Por
Tânia Passos

O que a carga horária e o horário de entrada e saída dos trabalhadores, seja da iniciativa privada ou pública, tem a ver com a mobilidade? Na verdade tudo. A discussão sobre o deslocamento dos horários de entrada e saída de funcionários já vem sendo alvo de intervenções para melhoria da mobilidade, mas na prática nada foi feito. Mas já existem reivindicações, pelo menos, na esfera federal, para redução da carga horária, tendo como principal argumento a mobilidade.

A ideia é acabar com a “famigerada” duas horas para o almoço, que divide o dia em duas partes, numa mesma proporção em praticamente todas as categorias. Todo mundo faz tudo ao mesmo tempo. E, na verdade, a maioria não tem condições de mobilidade para ir em casa almoçar, descansar e até tomar banho para retornar ao trabalho. Com exceção de quem usa esse tempo para resolver alguma pendência, são horas onde não se produz e não se descansa.

Uma das propostas de deslocamento dos horários é criar turnos em horários alternados e corridos. Por exemplo, uma parte entraria no trabalho entre 6h ou 7h e largaria entre 13h ou 14h, fora do horário de pico, no caso de uma carga horária de sete horas corridas. Já o outro turno, entraria no horário da tarde e só largaria após o horário de pico. Infelizmente essa ainda é uma parte da discussão de mobilidade, que dificilmente entra em pauta.

Certa vez, o supervisor de Planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Reginaldo Reinert, disse que a questão da ausência de deslocamento dos horários dos trabalhadores não é um problema do transporte público, mas de uma política de mobilidade. Outro ponto que poucos empresários ainda não perceberam é que muitos trabalhos podem ser executados em casa. Isso significaria menos deslocamentos, menos trânsito, menos poluição e mais qualidade de vida. Escrever é uma delas…