Obras de BRT na Região Metropolitana do Recife sem prazo de conclusão

Obras incompletas do corredot Leste/Oeste no Recife Foto Rafael Martins DP/D.A.Press
Obras incompletas do corredot Leste/Oeste no Recife Foto Rafael Martins DP/D.A.Press

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Anamaria Nascimento

Mais atrasos nas obras dos dois corredores de BRT da Região Metropolitana do Recife. Depois do anúncio em março, de que o corredor Norte/Sul – de Igarassu ao Centro do Recife – ficaria pronto em dezembro deste ano, a Secretaria das Cidades informou que “não há prazo estipulado” para a conclusão das obras. Sem data de conclusão também para o corredor Leste/Oeste, que vai de Camaragibe até a área central da capital pernambucana. Quando lançados, em 2010, os corredores exclusivos de ônibus deveriam ficar prontos para a Copa do Mundo de 2014.

Estação de BRT da Benfica com obras paradas Foto Rafael Martins DP/D.A.Press
Estação de BRT da Benfica com obras paradas Foto Rafael Martins DP/D.A.Press

De acordo com o cronograma inicial do Programa Estadual de Mobilidade Urbana (Promob), o Leste/Oeste seria entregue em dezembro de 2013. E o Norte/Sul ficaria pronto três meses depois, em maio de 2014. De lá para cá, várias datas foram divulgadas. Em março deste ano, o secretário das Cidades, André de Paula, disse que, “se tudo corresse de acordo com o previsto”, até o fim deste ano “a maioria das intervenções seria concluída”. Segundo ele, essa era uma exigência do governador Paulo Câmara, que havia definido os trabalhos de mobilidade como prioridade número 1.

O Diario visitou estações inacabadas. No corredor Norte/Sul, a Estação Complexo do Salgadinho, que está pronta, ainda necessita de conclusão do sistema viário do entorno para começar a operar. Rodeada de tapume e com um matagal crescendo ao seu redor, a estação permanece fechada. A Estação da Benfica, do corredor Leste/Oeste, está com as obras completamente paradas.

Fonte: Diario de Pernambuco

Estação de BRT do Complexo Salgadinho não teve o entorno concluído Foto Rafael Martins DP/D.A.Press
Estação de BRT do Complexo Salgadinho não teve o entorno concluído Foto Rafael Martins DP/D.A.Press

Sobre os atrasos, a Secretaria das Cidades informou que está finalizando a contratação da empresa para concluir as obras do Leste/Oeste e abandonadas pelo consórcio de empresas contratado para a execução dos serviços. Com relação ao corredor Norte-Sul, a Secid está buscando uma programação com a empresa para finalizar os serviços. Mas sem definir prazo.

Frota de ônibus está ociosa

O atraso na conclusão das obras do BRT causa prejuízos aos veículos que já estão prontos para rodar, mas que permanecem ociosos. Nas garagens das empresas do Consórcio Conorte – formado pelas operadoras Itamaracá, Rodotur e Cidade Alta e que opera no corredor Norte/Sul – 26 coletivos novos estão sem uso há um ano e três meses.

No total, são 88 BRTs do consórcio, dos quais 62 estão rodando. “Temos um custo de manutenção porque esses ônibus se desgastam pelo não uso. Colocamos os veículos para circularem internamente nas garagens para retardar esse desgaste”, explicou o diretor institucional da Conorte, Gbson Pereira, sem precisar, no entanto, o valor mensal do prejuízo. A frota parada fica dividida nas garagens das três empresas do consórcio.

Segundo Gbson, o preço de um ônibus que opera no sistema BRT é três vezes maior que um convencional. Já os custos de operação dos veículos são de 30 a 40% maiores que os dos ônibus tradicionais. “A licitação previa um sistema de operação integrada e com vias segregadas. Sem as vias segregadas, a operação, que custa caro, é comprometida”, afirmou Pereira.

 

Nem BRT, nem faixa azul. Agamenon Magalhães é caos de uma ponta a outra

Avenida Agamenon Magalhães, perimetral do Recife, travada. Foto: Ricardo Fernandes DP/D.A.Press
Avenida Agamenon Magalhães, perimetral do Recife, travada. Foto: Ricardo Fernandes DP/D.A.Press

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Rosália Vasconcelos

O ramal do sistema Bus Rapid Transit (BRT) da Avenida Agamenon Magalhães corre risco de não sair do papel. Após vários prazos vencidos para o início das obras, o projeto está sendo avaliado pelo governo do estado, que vai decidir se o trecho é prioritário no atual momento. Embora ainda não tenha descartado oficialmente a implantação do BRT na artéria, a Secretaria de Cidades já não trabalha mais com prazos e diz que não sabe se a pauta vai entrar nos planos do estado.

Diante da falta de perspectivas para o projeto, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) estuda implantar uma Faixa Azul na Agamenon Magalhães, com o objetivo de melhorar o fluxo do transporte coletivo no corredor. A velocidade média da via, em horários de pico, é de 17km/h.

“Houve a contratação de empresa para a implantação do Ramal Agamenon Magalhães, mas a companhia não tem interesse em continuar. Está ocorrendo processo de distrato contratual”, informou, através de nota, a assessoria da Secretaria das Cidades de Pernambuco.

Segundo o gerente de Mobilidade da pasta, Gustavo Gurgel, há um termo de compromisso entre a secretaria e a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 120 milhões, para a realização das obras. Ele acrescenta que o grau de prioridade do serviço será uma avaliação administrativa que não se deve à falta de recursos. No inicío do ano, contudo, a pasta justificou que as obras, previstas inicialmente para serem entregues antes da Copa do Mundo, estavam atrasadas porque a verba do governo federal não havia sido liberada.

Análises
Por causa da intenção de implantar o ramal, a via ficou de fora das prioridades da CTTU para a Faixa Azul, sistema de faixas exclusivas para ônibus e táxis com passageiros que deve abranger 60km até o fim de 2016. “A possibilidade de implantar uma Faixa Azul na avenida não está descartada, mas depende dos resultados de uma série de análises técnicas e simulações de engenharia de tráfego, que indiquem a viabilidade de garantir um aumento considerável na velocidade dos transportes coletivos que circulam no local”, ponderou a CTTU, por nota. O órgão afirmou que os estudos serão realizados.

 

Agamenon Magalhães - Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Solução eficaz para os ônibus

O consultor em transporte público Germano Travassos comenta que os ônibus ocupam apenas 30% da Agamenon Magalhães atualmente, e, com as faixas exclusivas, o uso do espaço viário pelo transporte coletivo poderia até 20 vezes mais eficiente.

“A Faixa Azul é uma alternativa barata e simples de melhorar a mobilidade, que deve ser prioritária para as pessoas e não para os veículos. O espaço viário é finito”, opina Travassos. Na Avenida Mascarenhas de Morais, por exemplo, onde os congestionamentos são constantes, foi possível aumentar a velocidade média de 21 km/h para 35,42 km/h.

O consultor disse, no entanto,  que no caso da Agamenon Magalhães, a solução da faixa azul para acomodar os veículos BRT do corredor Norte/Sul é totalmente inadequada, pois compromete os conceitos da operação dos sistemas BRT, e inviabiliza o uso daquela via perimetral na rede estrutural de transporte público da RMR e, em especial, do Recife.
O Ramal de BRT da Agamenon Magalhães faria parte do Corredor Norte/Sul, que liga Igarassu ao Centro do Recife. A proposta era de que o corredor, quando chegasse na altura do Shopping Tacaruna, se bifurcasse. Um outro ramal, que passa pela Avenida Cruz Cabugá até a Avenida Guararapes, está quase concluído. No caso da Agamenon, o corredor se integraria ao Terminal de Joana Bezerra.

Mais de 80% das Estações de BRT da Região Metropolitana do Recife já sofreram algum tipo de dano

Vidros da estação Riachuelo, no Centro do Recife, estão quebradas há seis meses - Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press
Vidros da estação Riachuelo,  Centro do Recife, estão quebradas há seis meses – Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press

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Marcionila Teixeira

O sistema BRT ainda nem foi totalmente implantado no estado, mas sua estrutura já amarga prejuízos da depredação e do descaso com a manutenção do bem público. Dados do Consórcio Grande Recife revelam um número preocupante: de um total de 37 estações em funcionamento nos dois corredores de transporte, 31 já apresentam algum dano, ou seja, 83,8%. A manutenção das estações em operação é de responsabilidade do consórcio. Até agora, no entanto, a empresa não investiu qualquer valor na recuperação dos danos. O pior: não há previsão para início das reformas. Algumas delas exigem licitação, como a troca de vidros quebrados.

caminhão que passou pela faixa do BRT, ainda não segregada, arrancou parte da cobertura da Estação Tacaruna - do corredor Norte/Sul
caminhão que passou pela faixa do BRT, ainda não segregada, arrancou parte da cobertura da Estação Tacaruna – do corredor Norte/Sul

Segundo o consórcio, as primeiras paradas passaram para os cuidados da empresa em julho do ano passado. Ao todo, 17 estações do Norte/Sul e 14 do Leste/Oeste já sofreram atos de depredação. Os registros apontam principalmente vidros quebrados, além de pichações e quebras de quadro de aviso. “90% dos vidros das estações de BRT são laminados, que não são facilmente encontrados no mercado. Os vidros vêm da região Sudeste e, como todo órgão público, a partir de valores maiores, temos que fazer um processo licitatório público para aquisição”, diz um trecho da nota enviada pela assessoria de imprensa do Grande Recife.

Enquanto isso, na Estação Riachuelo, na rua de mesmo nome, na Boa Vista, os vidros estão rachados nos dois lados da estrutura pertencente ao corredor Norte/Sul. Segundo funcionários, adolescentes em situação de rua jogaram pedras contra os vidros há cerca de seis meses. “Eu não estava aqui, mas falaram que ainda era cedo da noite quando os meninos fizeram essa bagunça”, comentou um jovem que trabalha no local.

Estação São Francisco, ainda não foi inaugurada e já  se encontra pichada. Foto - Paulo paica DP/D.A.Press
Estação São Francisco, ainda não foi inaugurada e já se encontra pichada. Foto – Paulo paica DP/D.A.Press

A poucos minutos dali, outra estação do Leste/Oeste, a Tacaruna, na Avenida Cruz Cabugá, em Santo Amaro, foi danificada pela ação de um motorista de caminhão. “Por esse lado da via somente é permitida a passagem de BRT, mas os caminhões insistem em passar. Esse era muito alto e levou um pedaço do teto”, comentou uma funcionária. Do outro lado, parte do teto também já caiu, deixando buracos à mostra. O mesmo problema com o teto é verificado na Estação do Derby, que compõe o corredor Leste/Oeste.

Pichações e pó acumulado durante meses nos vidros da estação de BRT São Francisco de Assis, em Paulista, é outra prova da falta de cuidado com o espaço público. A estação ainda não foi sequer inaugurada e por isso sua manutenção ainda é de responsabilidade da Secretaria das Cidades.

Passarela da Estação do São Francisco ainda não foi montada e já apresenta ferrugens e pichações - Foto : Paulo paiva DP/D.A.press
Passarela da Estação do São Francisco ainda não foi montada e já apresenta ferrugens e pichações – Foto : Paulo paiva DP/D.A.press

Os buracos do sistema
com as obras inacabadas

No corredor Leste/Oeste, o primeiro consórcio responsável pela obra do corredor formado pela Servix e a Mendes Júnior, paralisou as obras desde janeiro deste ano, após problemas financeiros resultado do envolvimento na Operação Lava Jato. De acordo com a Secretaria das Cidades, o governo optou por uma nova licitação e uma empresa que apresentou proposta está com os documentos sendo analisados. “ Até a próxima semana, concluiremos a análise e homologaremos a licitação”, afirmou Gustavo Gurgel, secretário executivo da pasta.
No corredor Leste/Oeste, o secretário explicou que ainda estão pendentes os terminais da 3ª e 4ª perimetral, a conclusão de seis estações da Avenida Conde da Boa Vista, a Estação Benfica, além das quatro estações de Camaragibe. Toda a obra está sem previsão de entrega.
No corredor Norte/Sul, a Estação Complexo do Salgadinho, que está pronta, ainda necessita de conclusão do sistema viário do entorno. Já o terminal Abreu e Lima, faltam a ligação de energia e água e o ajuste no portão de acesso. As duas obras estão previstas para o final do ano.

Saiba mais:

Diagnóstico atual dos dois corredores de BRT
37 é o total de estações em operação nos dois corredores
31 estações já sofreram algun tipo de dano
83,8 % das estações foram danificadas em um ano de operação
R$ 2 milhões foi o custo de construção de cada estação de BRT
R$ 20 mil é o custo para manter cada estação em operação

* Consórcio não fez nenhum reparo nas estações danificadas desde que assumiu a operação do sistema há um ano

O que está operando e o que ainda falta operar:

Leste/Oeste:
Hoje
15 estações em operação
3 linhas
60 mil passageiros
Futuro
27 estações
7 linhas
155 mil passageiros

Norte/Sul:
Hoje
22 estações em operação
5 linhas
50 mil passageiros
Futuro
28 estações
8 linhas
180 mil usuários

Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano

 

Um ano após a Copa e os corredores de BRT no Recife ainda incompletos

 

Estação de BRT do corredor Leste/Oeste com obras paradas na Benfica Foto: Gustavo Glória Especial DP/D.A.Press
Estação de BRT do corredor Leste/Oeste com obras paradas na Benfica Foto: Gustavo Glória Especial DP/D.A.Press

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Marcionila Teixeira (Diario de Pernambuco)

A lógica se inverteu. Quase 12 meses depois da abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho do ano passado, algumas obras de mobilidade voltadas para facilitar a vida das pessoas durante e após o mundial estão atrasadas ou paralisadas.

Os principais entraves estão no corredor Leste-Oeste e no Ramal Cidade da Copa, cujas obras estão suspensas por problemas financeiros enfrentados pelo consórcio Mendes Jr./SERVIX, investigado na Operação Lava-jato. O corredor Norte-Sul, por sua vez, ganhou nova previsão de conclusão para dezembro, já que duas estações sequer foram iniciadas. Segundo Gustavo Gurgel, gerente geral de mobilidade da Secretaria das Cidades, até o fim deste mês o governo abrirá licitação para contratar a empresa responsável por levantar o que deixou de ser executado pelo consórcio. Somente depois haverá nova licitação para contratação de outra empresa para assumir o serviço.

De forma geral, a maior causa do atraso, segundo Gurgel, foram as desapropriações. Além disso, a existência de linhas de energia elétrica e telefônicas e redes de esgotamento sanitário ao longo do caminho geraram demora. “Existe uma prática no Brasil de prazos não serem cumpridos. Os governos apostam em recursos não disponíveis e subestimam cronogramas de obras”, analisa Germano Travassos, engenheiro consultor em mobilidade urbana.

Nas ruas, os sintomas do atraso são sentidos no dia a dia por motoristas, passageiros e pedestres. Na Cruz Cabugá, por onde passa o corredor Norte-Sul, a desordem é generalizada. “Estou participando de uma seleção de emprego e fiquei surpresa com a situação da avenida. Somos obrigados a andar no meio do mato e do lixo porque não tem calçada”, disse Gilvanice da Silva, 29 anos, na altura do Armazém Coral, onde está em obras uma das estações de BRT.

Gustavo Gurgel ressaltou que a secretaria trabalhou com cronogramas factíveis. “Os prazos são trabalhados para darem certo. Infelizmente as desapropriações têm prazos imprevistos. Muitas vezes o problema em um só imóvel atrasa todo um trecho”, destacou. Ainda segundo o gerente geral, o custo total das obras subiu 20% e o permitido por lei é 25%. Gurgel disse, ainda, que a verba para conclusão das intervenções está garantida pelo governo federal.

Não é BRT o sistema implantado nos corredores do Grande Recife

 

Corredor BRT na Avenida Cruz Cabugá com velocidade de 4km/h Foto- Aline Soares Especial DP/D.A.Press
Corredor Norte/SUl com ônibus no tráfego misto na Avenida Cruz Cabugá a uma velocidade de 4km/h Foto- Aline Soares Especial DP/D.A.Press

O criador do sistema BRT, o urbanista Jaime Lerner, primeiro a implantar um modelo de transporte com corredores exclusivos e segregados para ônibus, estações em nível e pagamento antecipado, na década de 1970 em Curitiba, afirma que o sistema implantado no estado não condiz com as premissas de seu modelo.

Exportado para o mundo inteiro na sigla de Transporte Rápido por Ônibus (Bus Rapid Transit), foi também escolhido para dois corredores de transporte da RMR: Norte/Sul e Leste/Oeste. Previstos para serem entregues até a Copa, os dois corredores chegaram ao primeiro semestre de 2015 sem operar da forma prevista.

Sistema de BRT de Curitiba com faixa exclusiva e segregada em todo o seu percurso Foto: Hedelson Alves Especial DP/D.A.Press
Sistema de BRT de Curitiba com faixa exclusiva e segregada em todo o seu percurso Foto: Hedelson Alves Especial DP/D.A.Press

Sem faixa segregada ao longo do seu percurso, os ônibus do BRT ficam presos nos congestionamentos e até mesmo nos trechos onde a faixa é exclusiva ocorrem invasões por falta de segregação do espaço. Pelo menos duas estações de BRT (Tacaruna e Prefeitura) tiveram parte do teto danificado por caminhões na faixa destinada ao ônibus. “Não acompanhei as obras, mas isso não é BRT”, ressaltou Jaime Lerner em entrevista durante um seminário de mobilidade promovido, na última quarta-feira, pela Volvo, em Curitiba.

A Cruz Cabugá é um dos trechos mais complicados do Norte/Sul. O corredor tem nova promessa de ser entregue no fim de junho. Ainda faltam seis estações e o terminal de integração de Abreu e Lima. A operação chegou a Igarassu no sábado.

Já o Leste/Oeste não tem nem previsão de ficar pronto. Faltam os terminais da 2ª e 3ª perimetrais e das estações de Camaragibe e Conde da Boa Vista. Também não há faixa exclusiva em Camaragibe e alguns trechos da área central da cidade. “O sistema perdeu o R de rápido. Sem segregação não há confiabilidade. Ele precisa ser concluído”, apontou o professor da UFPE Leonardo Meira.

O gerente de operações do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, André Melibeu, reconhece as dificuldades operacionais. “Enquanto o corredor de ônibus não estiver segregado, ele não será um BRT puro. Não sei quando haverá a segregação. Mas o corredor tem que operar como trem sem nada na frente. Mas a obra ainda não está pronta”, afirmou. A Secretaria das Cidades informou que a segregação dos corredores será feita após a conclusão das estações e que o projeto da circulação com intervenções necessárias depende de aprovação da CTTU. As obras foram iniciadas em 2012.

Saiba mais

As premissas básicas do BRT

Corredor exclusivo e segregado
Estações com pagamento antecipado
– Monitoramento dos ônibus no corredor por um central de controle
– Regularidade das viagens

As nossas premissas

– Corredor com parte da faixa exclusiva na PE-15 (Norte/Sul)
– Corredor com faixa exclusiva na Caxangá (Leste/Oeste)
– Estações com pagamento antecipado
– Ausência de monitoramento dos corredores
– Sem previsão de regularidade das viagens

Operação atual dos corredores

Norte/Sul
De 5 a 10 minutos de intervalo
Velocidade média de 16km/h

Leste/Norte
De 6 a 10 minutos de intervalo
Velocidade média de 20km/h

Projetado para o Norte/Sul

– 180 mil é a demanda estimada
– 26 estações previstas
– 15 em operação
– 6 sem operação
– 5 pendentes

Pedestres sem vez na Avenida Cruz Cabugá, corredor do BRT no Recife

Ser pedestre na Avenida Cruz Cabugá não exige apenas disposição para superar a ausência de passeios seguros, mas também um pouco de sorte. Até mesmo para quem não vai atravessar a via de um lado para outro, mas deseja apenas caminhar no sentido do fluxo.

Falta calçada na Avenida Cruz Cabugá ao lado de uma das estações de BRT. Foto: Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press
Falta calçada na Avenida Cruz Cabugá ao lado de uma das estações de BRT. Foto: Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press

Um trecho complicado para quem anda a pé fica entre a Avenida Norte e a Rua Araripina, entre três quarteirões e quase um quilômetro de extensão. A opção de acessibilidade é zero e os pedestres enfrentam riscos por serem obrigados a caminhar na pista em um dos principais corredores de tráfego da Zona Norte e por onde passa o corredor Norte/Sul.

Há pelo menos duas situações que são emblemáticas e que tiveram ações diretas do poder público para resolver questões pontuais sem levar em conta as necessidades de deslocamento do pedestre. Em um dos pontos, nas imediações faixa de pedestre da estação do BRT na esquina da Rua Araripina, em um dos lados não existe calçada e o percurso é feito entre um trecho de areia da obra inacabada da Secretaria das Cidades, ou pela pista mesmo.

De acordo com o secretário executivo da pasta, Gustavo Gurgel , a calçada que falta será feita entre o fim de maio e começo de junho. “Teremos a calçada pronta quando a estação começar a funcionar”, afirmou. Até lá, fica como está.Para quem continua o percurso no sentido da Avenida Norte, ou faz o caminho inverso, irá se deparar também com outra situação. Dessa vez, entre a Rua 24 de agosto e a Avenida Norte, cujo quarteirão teve toda a calçada interditada em razão de risco de desabamento de uma marquise.

A ação foi feita por recomendação da Defesa Civil do município. Em nota, a Secretaria de Controle Urbano e Mobilidade justifica a interdição para evitar risco para pedestre. Só não oferece alternativa de separar parte da pista para quem faz a caminhada seguindo a sua linha de desejo.“É bastante complicado andar por aqui. A gente tem que olhar se vem carro e dar uma carreira para não ser atropelado”, Berenice Pereira, 30 anos, operadora de telemarketing

Pedestres se arriscam pela pista na Avenida Cruz Cabugá. Um quarteirão foi interditado por causa da ameaça de desabamento de uma marquise. E as pessoas não tem por onde passar. Foto: Guilherme Veríssmo DP/D.A.Press
Pedestres se arriscam pela pista na Avenida Cruz Cabugá. Um quarteirão foi interditado por causa da ameaça de desabamento de uma marquise. Foto: Guilherme Veríssmo DP/D.A.Press

Sem opção, o pedestre se arrisca entre os veículos. E para piorar o trecho interditado da marquise é uma parada de ônibus e os usuários são obrigados a seguir pela pista. “A gente pode se livrar da marquise, mas pode ser atropelado por um ônibus”, criticou a supervisora Michele Silva, 24 anos. Ainda segundo a assessoria, o pedestre tem a opção de atravessar para o outro lado da pista e seguir pela calçada oposta. Simples assim.

Saiba Mais

Perfil da Avenida Cruz Cabugá
– 22 mil veiculos circulam pela via
– 240 mil pessoas transportadas
– 58 linhas passam pela via
– 6 estações de BRT do corredor Norte/Sul
– 4  estações de BRT estão em operação

Fonte: CTTU e Grande Recife

Corredor de BRT Norte Sul do Grande Recife se arrasta para entrega em maio

 

Corredor BRT na Avenida Cruz Cabugá com velocidade de 4km/h Foto- Aline Soares Especial DP/D.A.Press
Corredor BRT na Avenida Cruz Cabugá com velocidade de 4km/h Foto- Aline Soares Especial DP/D.A.Press

A Secretaria das Cidades confirma a entrega do corredor Norte/Sul para maio deste ano. Mas nem tudo o que foi idealizado para o corredor de BRT deverá se confirmar em maio. Além de obras que vão continuar pendentes, entre elas 10 estações, urbanização da PE-15 e ampliação de três terminais: Igarassu, Pelópidas e PE-15, previstos no projeto original, o sistema denominado de Via Livre, opera de forma limitada em razão das invasões na faixa exclusiva e congestionamento no tráfego misto. A maior velocidade desenvolvida no corredor é de 34km/h, mas cai para 4km/h na Avenida Cruz Cabugá.

O congestionamento coloca em risco a principal característica do sistema: a regularidade.A faixa exclusiva para o BRT na Cabugá, também prevista,  ainda não é uma certeza.O sistema opera atualmente com 13 estações, das 26 previstas no atual projeto. Antes a previsão era de 33 estações. O Norte/Sul transporta, atualmente, uma média de 25 mil pessoas por dia, o que corresponde a  14% dos 180 mil passageiros estimados pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano para o trecho do corredor.

Ele também não contará, por enquanto, com a integração no Terminal de Igarassu. E assim como ocorreu em Camaragibe, no corredor Leste/Oeste, a cidade só deverá assistir o BRT passar por ela. O terminal de Igarassu não comporta um ônibus do porte do sistema  e haverá apenas uma estação a cinco quilômetros do terminal e nada mais.

Não é muito diferente de Abreu e Lima, apesar do terminal da cidade está previsto para ser entregue em maio, ele está localizado no cruzamento da BR-101, distante do centro e a única estação do município fica bem em frente ao terminal. Outro problema em Abreu e Lima é que a faixa que deveria ser exclusiva para o transporte público é constantemente invadida pelo tráfego comum.

“Não há nenhum tipo de fiscalização. A faixa do ônibus fica engarrafada com o trânsito local. O melhor trecho é o de Paulista, onde há ações para inibir as invasões. Em Olinda, o descaso também é total”, afirmou o diretor da Conorte, que opera o Norte/Sul, Almir Buonora.

Em Olinda, o trecho da PE-15 também terá trechos compartilhados com o tráfego misto. Apenas o acesso às estações terá espaço exclusivo. Na Estação Matias Albuquerque estão sendo usados gelos-baianos para delimitar as faixas. A circulação na área da Estação Kennedy também está complicada. A faixa para o tráfego misto ainda está improvisada. A assessoria de comunicação da Secretaria das Cidades não informou quando as obras pendentes deverão ser entregues.

Diagnóstico do Norte/Sul com o BRT
* Prazo de entrega previsto: Maio de 2015
2 linhas implantadas até agora
26 veículos estão em operação
88 veículos foram comprados para operar no corredor
25 mil passageiros são transportados por dia
180 mil é a demanda estimada pelo Grande Recife

Dependência dos ônibus convencionais no corredor
33 linhas ainda estão em operação no trecho do Norte/Sul
117 mil passageiros são transportados por dia

Estações do Norte/Sul
26 estações  é a atual previsão, antes eram 33
13 em operação
8 sem operação
5 pendentes

Passo a passo das estações
1-Cruz de Rebouças (em obras)
2-Abreu e Lima (em obras)
3-José de Alencar (em operação)
4-Hospital Central(em operação)
5-São Salvador do Mundo (em operação)
6-Cidade Tabajara (em operação)
7-Jupirá (em operação)
8-Aloísio Magalhães (em operação)
9-Bultrins (ainda sem operar)
10-Quartel (em operação)
11-Sítio Histórico (em operação)
12-São Francisco de Assis (sem operar)
13-Matias de Albuquerque (sem operar)
14-Kennedy (sem operar)
15-Complexo Salgadinho (em obras)
16-Tacaruna (em operação)
17-Santa Casa da Misericórdia (em operação)
18-Treze de Maio (em operação)
19-Riachuelo (em operação)
20-Praça da República (em operação)

Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitana e Secretaria das Cidades

Corredor de BRT Leste/Oeste do Recife entra no quarto ano de obras

Estação da Benfica do corredor Leste/Oeste em obras - Gustavo Glória Especial DP/D.A.Press
Estação da Benfica do corredor Leste/Oeste em obras – Gustavo Glória Especial DP/D.A.Press

O Túnel da Abolição já foi a principal pedra no caminho do corredor Leste/Oeste, mas após sua entrega, mesmo com obras ainda para concluir, o túnel é a menor das preocupações das obras do Leste/Oeste.  Quase quatro anos depois das obras iniciadas, o corredor funciona com menos da metade das estações de BRT, não opera com os dois terminais de integração e transporta cerca de um quarto da demanda prevista pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano.

O atual governo chegou a anunciar a entrega do corredor para maio deste ano, mas já teve o prazo prorrogado para o fim do ano acumulando um saldo de descrédito por parte da população. A situação mais grave é no município de Camaragibe, porta de entrada da Arena Pernambuco e não dispõe de nenhuma estação de BRT na via principal da cidade. Nem mesmo a Copa garantiu a realização das obras. Os moradores precisam se deslocar até o Terminal do Sistema Estrutural Integrado (SEI) para pegar o BRT.

“Nossa preocupação é não causar um mal- estar na população, que precisa fazer um deslocamento maior para ter acesso ao BRT”, revelou o diretor institucional da MobiBrasil, operadora do Leste/Oeste.Mesmo com a precariedade do sistema, a MobiBrasil garante que uma pesquisa interna de satisfação foi bastante favorável. “Nós tivemos quase 60% dos usuários que atestaram a qualidade e o conforto do serviço. Isso significa que os quem têm acesso ao BRT aprovam o modelo”, ressaltou Djalma Dutra. O problema é os que não tem acesso, os três quartos restantes.

Obras do Terminal da 3ª Perimetral do corredor Leste/Oeste -
Obras do Terminal da 3ª Perimetral do corredor Leste/Oeste –

Ao longo do corredor, o trecho da Avenida Caxangá é o que dispõe de mais estações em operação. Mas ainda há ociosidade. Na Estação Engenho, o registro é de  menos de mil usuários por dia. A maior demanda é registrada na estação do Derby com quase 10 mil usuários por dia. O maior entrave é o não funcionamento dos dois terminais de integração, que se encontram em obras na Avenida Caxangá. O da 4ª Perimetral, a obra está em estado de abandono e o mato já cresce no local. Já o terminal da 3ª Perimetral está praticamente pronto, mas ainda sem previsão de ser inaugurado.

Depois da Caxangá, a estação da Benfica se encontra em obras e sem previsão. Passando pelo Derby, o problema volta na Conde da Boa Vista, onde estão previstas seis estações improvisadas com entrada pela porta da direita, mesmo assim não concluídas. Em nota, a Secretaria das Cidades reafirmou que o prazo final das obras é dezembro de 2015, mas não adiantou o cronograma das etapas.

Saiba Mais

Diagnóstico do Leste/Oeste

Novo prazo de entrega: dezembro de 2015

Estações de BRT:
26 estações
11 em operação
15 sem operação
04 não tiveram as obras iniciadas (Camaragibe)

Demanda de passageiros do Leste/Oeste
54 ônibus de BRT adquiridos para o corredor
42 ônibus do BRT em operação
38,5 mil passageiros/dia
160 mil passageiros é a demanda esperada

Terminais sem conclusão
Terminal da 4ª Perimetral
Terminal da 3ª Perimetral

Dependência do ônibus convencional
30 linhas de ônibus convencionais operam no trecho do Leste/Oeste
150 mil pessoas são transportadas pelas linhas convencionais

Passo a passo das estações:
1- Guararapes – em operação
2- Conde da Boa Vista 1 (obras)
3- Conde da Boa Vista 2 (obras)
4- Conde da Boa Vista 3 (Obras)
5- Conde da Boa Vista 4 (obras)
6- Conde da Boa Vista 5 (Obras)
7- Conde da Boa Vista 6 (Obras)
8- Derby (em operação)
9- Benfica (Obras)
10- Caxangá/Estação Abolição (em operação)
11- Caxangá/Estação Getúlio Vargas(em operação)
12- Caxangá/Bom Pastor (em obras)
13- Caxangá/Estação Forte do Arraial (em operação)
14 – Caxangá /Estação Parque do Cordeiro (em operação)
15- Caxangá/Bom Pastor (em obras)
16 – Caxangá/TI 4° Perimetral (em operação)
17 – Caxangá/Estação Italiana Veículos (em operação)
18 – Caxangá/Estação Golf Clube (em operação)
19 – Caxangá/TI Capibaribe (em operação)
20 – PE-05/ Estação Padre Cícero (sem operação)
21 – PE-05/Estação Barreiras (sem operação)
22 – PE-05 Estação Areinha (em operação)
23 – Belmino 1 (não construida)
24 – Belmino 2 (não construída)
25 – Belmino 3 (não construída)
26 – Belmino 4 (não construída)

Fonte: MobiBrasil e Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano

Acessibilidade é um dos pontos fracos do BRT do Recife no Norte/Sul

 

Acessibilidade das estações de BRT do corredor Norte/Sul apresenta problemas para pedestres e cadeirantes Foto Tânia Passos DP/D.A.Press
Acessibilidade das estações de BRT do corredor Norte/Sul apresenta problemas para pedestres e cadeirantes Foto Tânia Passos DP/D.A.Press

A acessibilidade dos pedestres às estações de BRT do corredor Norte/Sul é hoje um dos desafios da obra, que tem como novo prazo de conclusão o mês de maio. Mesmo com um desenho já definido da PE-15, rodovia estadual onde foi implantado o corredor Norte/Sul, a logística da acessibilidade das estações de BRT – inseridas no canteiro central da via – apresenta soluções complicadas para o pedestre e pior ainda para os cadeirantes, pela topografia do terreno.

Falta continuidade das passagens dos pedestres e eles fazem seus próprios caminhos Foto Tânia Passos DP/D.A.Press
Falta continuidade das passagens dos pedestres e eles fazem seus próprios caminhos Foto Tânia Passos DP/D.A.Press

O Diario visitou as estações da PE-15 no trecho entre Olinda e Paulista. Nas quatro primeiras estações localizadas no sentido Paulista, as faixas de pedestre já foram pintadas. Em uma delas, já foi construído um pórtico, onde deverá ser instalado um semáforo. Nas outras, há sinais próximos que poderão ser relocados para as faixas.

Duas estações no trecho de Olinda são mais complicadas para os cadeirantes por causa do terreno. As estações ficam em um nível bem abaixo das pistas de rolamento do tráfego misto. E o corredor central fica separado entre dois paredões. Para fazer a acessibilidade foram construídas rampas acompanhando a descida do terreno até as estações. Além de estreitas e em desenho pouco flexível para um cadeirante, elas também apresentam uma alta declividade entre a rodovia e a calçada, o que pode impossibilitar, na prática, o acesso do cadeirante.

As rampas para os cadeirantes apresentam curvas pouco flexíveis e alta declividade Foto Tânia Passos DP/D.A.Press
As rampas para os cadeirantes apresentam curvas pouco flexíveis e alta declividade Foto Tânia Passos DP/D.A.Press

Outro problema é a falta de continuidade do traçado a ser feito pelo pedestre. Em vários momentos flagramos pedestres fora da faixa, que tem o desenho interrompido. A faixa começa em uma via e a continuação dela para a seguinte fica mais acima ou mais abaixo, dependendo do sentido. “Se for para atravessar na faixa eu tenho que subir até perto da estação. Como já estou na metade do caminho, eu sigo em frente”, afirmou a comerciante Meirevalda Silva, 43 anos.

Uma passagem estreita em forma de corredor é a opão de acesso à estação dos Bultrins Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press
Uma passagem estreita em forma de corredor é a opão de acesso à estação dos Bultrins Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press

Perto da casa onde mora, a aposentada Anita Rodrigues, 84, aguarda o ônibus na PE-15. Ela ainda não usa o BRT, cuja estação Francisco de Assis, em Paulista, não está pronta. Por causa da declividade do terreno, está sendo instalada uma passarela de ferro, que ao invés de tranquilizá-la trouxe mais apreensão. “Era mais fácil quando a parada ficava na calçada. Acho complicado ter que subir essa passarela, mas com a estação do outro lado, não tem outro jeito”, revelou.

De acordo com a Secretaria das Cidades, o projeto das obras de acessibilidade foi elaborado corretamente. “O projeto está dentro das normas, mas se houver algum problema na execução, nós iremos verificar”, afirmou o secretário executivo Gustavo Gurgel.

Paredões dividem a área das estações de BRT em trecho da PE-15 Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press
Paredões dividem a área das estações de BRT em trecho da PE-15 Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press

Requalificação ainda sem data definida

A conclusão das obras do corredor Norte/Sul em maio, caso se confirme, ainda não irá significar a requalificação da PE-15. A obra que prevê a melhoria das calçadas e o resgate da antiga ciclovia, orçada em R$ 14,5 milhões, ainda não tem data para ser iniciada, mas a expectativa da Secretaria das Cidades é dar a ordem de serviço neste semestre e com prazo de execução de seis meses.

A requalificação será feita com recursos do governo do estado e embora a obra tenha sido licitada no ano passado, o montante terá que ser incluído no orçamento do estado no exercício de 2015. “Estamos aguardando a inclusão no orçamento para darmos a ordem de serviço. Mas, temos ainda pendências de alvará com as prefeituras de Olinda e Paulista”, ressaltou o secretário executivo Gustavo Gurgel.

A obra irá abranger o perímetro de Abreu e Lima até as imediações do Complexo de Salgadinho, Olinda. Além das calçadas e ciclovias, está prevista melhoria dos acessos dos veículos e nova iluminação pública. “Há trechos da PE-15 sem calçada, mas o projeto teve essa preocupação de oferecer passeio ao longo do corredor de transporte”, afirmou Gustavo Gurgel.

Saiba Mais
Corredor Norte/Sul
33,2 km de extensão
R$ 151 milhões
300 mil passageiros/dia
27 estações previstas
16 estações em operação
11 estações em obras
3 estações deverão ser entregues em fevereiro

Fonte: Secretaria das Cidades

O fim e um outro começo para as obras de mobilidade no Recife

 

Túnel da Abolição no corredor Leste/Oeste será aberto para o tráfego em dezembro Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Túnel da Abolição no corredor Leste/Oeste será aberto para o tráfego em dezembro Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

O ano de 2014 chega ao fim deixando um número significativo de obras de mobilidade para serem concluídas até maio de 2015. É o que admite a Secretaria das Cidades ao constatar o atual ritmo das obras dos dois corredores de BRT, duas das sete obras incluídas na Matriz de responsabilidade da Copa. Problemas de desapropriação, remoções de intervenções no meio do caminho e até chuva são alguns dos entraves apontados pelo governo. A boa notícia é que dois importantes terminais e mais o túnel da abolição estarão operando até o Natal.

Terminal da 3ª Perimetral deverá operar a partir de dezembro. Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Terminal da 3ª Perimetral deverá operar a partir de dezembro. Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Terminal de Abreu e Lima está praticamente pronto para operar em dezembro. Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Terminal de Abreu e Lima está praticamente pronto para operar em dezembro. Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

O Terminal de Integração (TI) da 3ª Perimetral, que faz parte do corredor Leste/Oeste, e o Terminal de Abreu e Lima, do corredor Norte/Sul, entrarão em operação em dezembro. O Túnel da Abolição também será aberto para o tráfego, mesmo que os acabamentos sejam concluídos no ano seguinte. Os dois corredores também sofreram atrasos e supressão de estações previstas nos projetos licitados.

Terminal da 4ª Perimetral no corredor Leste/Oeste só será entregue em 2015 Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Terminal da 4ª Perimetral no corredor Leste/Oeste só será entregue em 2015 Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

O corredor Leste/Oeste termina o ano sem conseguir entregar o TI da 4ª Perimetral e mais 12 estações, sendo seis na Avenida Conde da Boa Vista, uma na Benfica e cinco na Avenida Belmínio Correia, em Camaragibe. De acordo com o secretário executivo de mobilidade da Secretaria das Cidades, Gustavo Gurgel, todas as estações serão entregues até maio de 2015.

Paradas convencionais na Conde da Boa Vista para o BRT só em 2015. Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Paradas convencionais na Conde da Boa Vista para o BRT só em 2015. Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Na Conde da Boa Vista será mantido o modelo que era provisório e hoje é denominado de parada convencional. Em Camaragibe serão construídas duas estações no padrão BRT, as três restantes irão aguardar o processo de desapropriação, sem previsão de prazo. “Em Camaragibe serão construídas duas estações no padrão BRT nas áreas já desapropriadas. E para agilizar, enquanto não sai a desapropriação das outras três, nós vamos  construir duas no modelo convencional”, explicou o secretário.

Duas estações de BRT na Avenida Cruz Cabugá do corredor Norte/Sul só ficam prontas em 2015 Fotos Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Duas estações de BRT na Avenida Cruz Cabugá do corredor Norte/Sul só ficam prontas em 2015 Fotos Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Já o corredor Norte/Sul chega ao fim do ano com seis estações de BRT a menos do que era previsto no projeto. Das 33 licitadas, serão entregues 27. Também faltam entregar outras sete, que só serão concluídas em 2015. “Duas das estações estavam previstas em cima dos viadutos e foram descartadas e as outras quatro nós estamos avaliando da real necessidade de implantação”, explicou o secretário sobre a redução no número de estações. Cada uma orçada em R$ 2 milhões no padrão BRT e cerca de R$ 400 mil no modelo convencional.

Passageiros embarcando no BRT no Terminal de Pelópidas Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Passageiros embarcando no BRT no Terminal de Pelópidas Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Com um número reduzido de estações e terminais de integração, a operação dos dois corredores de BRT ficou limitada. A presença do BRT é quase insignificante em relação a dependência do sistema convencional. No corredor Leste/Oeste, o BRT responde atualmente por cerca de 23% da demanda esperada de 160 mil passageiros no sistema. Já os ônibus convencionais transportam atualmente cerca de 75% dos passageiros da rede, mas ficam presos no engarrafamento da Caxangá, enquanto o BRT segue livre com uma demanda que fica muito aquém.

Ônibus convencionais respodem por maior demanda no Norte/Sul Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Ônibus convencionais respodem por maior demanda no Norte/Sul Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

No Norte/Sul a dependência dos convencionais é ainda maior. Menos de 12% dos passageiros são transportados dos 160 mil previstos no sistema. Já os ônibus convencionais que atendem atualmente 33 linhas transportam mais de 80% dos usuários da rede.  A substituição dos ônibus convencionais pelo BRT ocorrerá aos pouco. “Nós dependemos da finalização das obras. O número de estações e terminais ainda é insuficiente para o BRT operar com uma demanda maior dentro do corredor”, explicou André Melibeu, gerente de operações do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano.

Ônibus convencionais serão mantidos no corredor Norte/Sul, mesmo com o BRT Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Ônibus convencionais serão mantidos no corredor Norte/Sul, mesmo com o BRT Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Mesmo quando o sistema for concluído em maio de 2015, como está previsto, o Norte/Sul ainda manterá linhas convencionais. A razão é que faltam estações de BRT no trajeto entre Igarassu e Abreu e Lima, cada uma com apenas uma estação de BRT ao longo do corredor. Uma boa razão para a Secretaria das Cidades rever onde relocar as estações que foram suprimidas.

Sem ampliação no Terminal de Igarassu, os ônibus fazem fila do lado de fora do terminal Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Sem ampliação no Terminal de Igarassu, os ônibus fazem fila do lado de fora do terminal Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

A entrada do Terminal de Igarassu, uma das pontas do corredor Norte/Sul , acumula uma fila de ônibus convencionais. Não há espaço para eles dentro do terminal, o que dirá do BRT. O terminal também está de fora da operação do BRT, que atualmente se inicia pelo Terminal de Pelópidas, em Paulista. Além da ampliação que não houve, a única estação de BRT do município localizada no distrito de Cruz de Rebouças só vai ficar pronta em 2015. Aos usuários de Igarassu foi disponilibilizado um ônibus novo, no mesmo modelo dos ônibus de BRT, que se encontra em teste, desde maio, mas não está incluído na operação do BRT e opera com cobrador.

Nenhuma das cinco estações de BRT previstas para a Avenida Belmínio Correia, em Camaragibe foram construídas. Previsão em 2015. Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Nenhuma das cinco estações de BRT previstas para a Avenida Belmínio Correia, em Camaragibe foi construída. Previsão em 2015. Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Em Camaragibe, uma das pontas do corredor Leste/Oeste, a situação é um pouco melhor. Embora o terminal não tenha sido ainda ampliado e grande parte dos ônibus convencionais usem o terreno da futura ampliação como estacionamento, o TI já recebe duas linhas de BRT, que não param em nenhuma das cinco estações prevista na Avenida Belmínio Correia, porque elas ainda não foram construídas, mas levam os usuários que usam o terminal até Recife. “As ampliações dos terminais de Igarassu, Camaragibe, PE-15 e Pelópidas foram incluídas no Pac das Grandes Cidades, explicou o secretário executivo de Mobilidade, Gustavo Gurgel. “É uma outra fonte de captação de recursos e nossa expectativa é que em 2015 as ampliações possam ser executadas”, revelou.

Obra da Via Mangue foi incluída no Pac Copa FotoDebora Rosa/Esp.DP/D.A.Press
Obra da Via Mangue foi incluída no Pac Copa
FotoDebora Rosa/Esp.DP/D.A.Press

Dentro da matriz de responsabilidade da Copa em Pernambuco, o ponto for a da curva parece ser a Via Mangue.  A obra acabou sendo beneficiada com recursos do PAC Copa, mas na prática não trouxe influência direta para a mobilidade durante a Copa. Dos dois corredores de BRT, o mais significativo, sem dúvida, no trajeto para a Arena Pernambuco foi o corredor Leste/Oeste, mas não precisou de muito esforço e operou na Copa com apenas duas estações: Guararapes e Derby.

Terminal Marítimo do Recife foi uma das sete obras da Matriz da Copa. Foto:  Maria Eduarda Bione/Esp.DP/D.A P
Terminal Marítimo do Recife foi uma das sete obras da Matriz da Copa. Foto:
Maria Eduarda Bione/Esp.DP/D.A P

Outras obras tiveram um impacto mais direto como a construção do Terminal Integrado Cosme Damião, que acabou sendo o principal acesso com o metrô como transporte de massa, mesmo com todos os problemas que foram registrados na Copa das Confederações e corrigidos a tempo para a Copa do Mundo. O ramal da Copa funcionou com uma das duas faixas previstas, mas foi importante para o acesso do BRT à Arena. Também deu conta do recado o Terminal Marítimo de Passageiros, que recebeu um público recorde de mexicanos e por fim a nova torre de controle do Aeroporto dos Guararapes, onde não foi registrado nenhum incidente.

Saiba Mais

7 obras  da Matriz de responsabilidade da Copa em PE

-Terminal Marítimo de Passageiros do Porto do Recife (concluído)
– Ramal Cidade da Copa ( Falta uma das duas faixas previstas)
– Corredor Norte-Sul (Faltam seis estações e o terminal da 4ª perimetral)
– Corredor Leste-Oeste (Faltam 12 estações previstas para 2015)
– Terminal Integrado de Passageiros Cosme e Damião (concluído)
– Via Mangue (Falta ser entregue a pista Leste/ sentido subúrbio/cidade)
– Torre de controle do Aeroporto Internacional dos Guararapes (entregue)

Legado dos corredores de transporte de BRT

Norte/Sul (pelo BRT)
2 linhas de BRT em operação
11,5% dos passageiros da demanda prevista de BRT
18 mil passageiros por dia
160 mil é a previsão com o sistema concluído

Norte/Sul (com ônibus convencionais)
33 linhas estão em operação
117 mil passageiros transportados por dia
84,7% a mais do sistema BRT até agora

Leste/Oeste
2 linhas em operação
23% dos passageiros transportados da demanda prevista de BRT
36,5 mil passageiros  por dia
160 mil é a previsão com o sistema concluído

Leste/Oeste (com ônibus convencionais)
30 linhas
150 mil passageiros transportados por dia
75,7% a mais do sistema BRT até agora

Entenda o modelo de operação do sistema

Operação do BRT no corredor Norte/Sul a partir do TI PE-15
2 linhas de BRT
PE-15/ Dantas Barreto
Pelópidas/Dantas Barreto

6 linhas convencionais  que passarão para BRT com o sistema concluído:
PE-15 /Prefeitura
Abreu e Lima/Dantas Barreto
Abreu e Lima/Prefeitura
Igarassu/Dantas Barreto
Igarassu/Prefeitura
Pelópidas/Conde da Boa Vista

Ônibus convencionais serão mantidos no corredor das linhas:
PE-15/Boa Viagem
PE-15/Afogados
TI Igarassu/Pelópidas
TI Abreu e Lima/Pelópidas
TI Pelópidas/PE-15
TI Pelópidas/TI Macaxeira (No futuro será BRT com a 4ª Perimetral)

Futuras linhas de BRT com o ramal Agamenon
Pelópidas/Conde da Boa Vista – convencional – ( passará a ser BRT)
PE-15/Joana Bezerra (passará a ser BRT )

Operação do BRT no corredor Norte/Sul a partir do TI Igarassu (futuro)
2 linhas de BRT
Igarassu/Prefeitura do Recife
Igarassu/Dantas Barreto

Ônibus convencionais
TI Igarassu/TI Pelópidas
TI Igarassu/TI Macaxeira

Operação do BRT no corredor Norte/Sul a partir do TI Abreu e Lima
2 linhas de BRT
TI Abreu e Lima/Prefeitura do Recife
TI Abreu e Lima/Dantas Barreto

Ônibus convencional
TI Abreu e Lima/TI Pelópidas

Operação do BRT no corredor Norte/Sul a partir do TI Pelópidas
2 linhas
TI Pelópidas/Prefeitura do Recife
TI Pelópidas/Dantas Barreto

Ônibus convencionais
33 linhas
205 veículos
117 mil passageiros
TI Pelópidas/Conde da Boa Vista (no futuro BRT com o ramal da Agamenon)
TI Pelópidas/Macaxeira ( no futuro BRT com o corredor da 4ª Perimetral)
TI Pelópidas/Joana Bezerra (no futuro BRT com o ramal da Agamenon)

Leste/Oeste

Operação do BRT no corredor Leste/Oeste a partir do TI Camaragibe
2 linhas de BRT em operação
Camaragibe/Derby (Será TI Joana Bezerra com o ramal Agamenon)
Camaragibe/Centro

Linhas convencionais que passarão para BRT com o sistema concluído
TI Caxangá/Centro
TI 4ª Perimetral/Centro
TI 4ª Perimetral/Joana Bezerra
TI 3ª Perimetral/Centro
TI 3ª Perimetral/Derby

Ônibus convencionais que trafegam na rede do Leste/Oeste
30 linhas
205 veículos convencionais
150 mil pessoas ainda são transportadas pelos convencionais

Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano